O Bureau of Labor Statistics (BLS) divulgou há pouco os dados de inflação ao consumidor (IPC) nos EUA referente ao mês de julho. O índice núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, registrou alta de 0,2% na comparação mensal, em linha com o esperado pelos analistas e do reportado em junho.
No acumulado em 12 meses recuou de 4,8% no sexto mês do ano para 4,7% em julho, ligeiramente abaixo da expectativa dos analistas que era de estabilização em 4,8%. Vale salientar, que essa é a menor alta desde outubro de 2021 (4,6%). Apesar disso, o resultado segue ainda muito acima da meta que é 2%.
Já o índice cheio também registrou alta mensal de 0,2%, ficando em linha da estimativa do mercado e do registrado em junho. No acumulado em 12 meses registrou aceleração, subindo de 3,0% em junho para 3,2% no sétimo mês do ano, levemente abaixo do projetado pelo mercado (3,3%).
Vale lembrar, que o Banco Central dos EUA (FED) adota os índices inflacionários núcleo para adoção de sua política monetária, uma vez que eles sinalizam melhor a tendência de preço sem impactos sazonais e choques pontuais de oferta, como ocorre nos preços de energia e alimentos.
Repetindo os meses anteriores, a inflação do grupo moradia teve o maior impacto inflacionário na maior economia do mundo no mês de julho. No sétimo mês do ano, o grupo abrigo registrou alta mensal de 0,4%, igual ao registrado no mês anterior.
Com o resultado na variação mensal, o acumulado em 12 meses recuou de 7,8% para 7,7%, se distanciando da máxima em quarenta anos que foi reportado em março (8,2%). A desaceleração nessa base de comparação ocorreu porque em julho de 2022 havia reportado alta mensal de 0,6%.
Dentro desse grupo, os dois itens de maiores pressões inflacionárias foram aluguéis e OER (owner equivalent rente), que mede o valor do aluguel a ser pago pelo próprio dono do imóvel.
O valor do aluguel subiu 0,4% em julho, após alta de 0,5% no mês anterior. Diante desse resultado, o custo do aluguel em 12 meses recuou de 8,3% para 8,0%, reflexo do efeito estatístico. Em julho de 2022, a variação mensal havia sido de 0,7%.
Já o OER subiu 0,5% na variação mensal em julho, 0,1 p.p. acima do observado em junho. Apesar da aceleração mensal, no acumulado em 12 meses recuou de 7,8% no sexto mês do ano para 7,7% em julho. Em julho de 2022 a alta mensal foi de 0,6%.
A disparada no custo do financiamento imobiliário (de 3% para quase 7%), refletindo a alta da taxa de juros nos EUA, dificultou muito para boa parte da população a aquisição de uma casa própria. Sem condição de comprar um imóvel, a demanda por aluguel disparou, elevando significativamente o seu custo.
Entretanto, o preço dos imóveis tem registrado queda nos últimos doze meses nos EUA, o que já tem refletido em uma desaceleração no custo da moradia em 12 meses. Em linha com essa visão, após dezenove meses seguidos de aceleração no custo de moradia, entre setembro de 2021 e março de 2023, em julho registrou a quarta desaceleração seguida, o que sinaliza que o pior já passou.
Os outros grupos tiveram o seguinte desempenho na variação mensal em julho: Veículos novos (-0,1%), Carros e caminhões usados (-1,3%), Vestuário (0,0%), Produtos médicos (0,5%), Serviços de transporte (0,3%) e Serviços de assistência médica (-0,4%).
Em julho o grupo alimentação registrou alta mensal de 0,2%, igual ao reportado no mês anterior. No acumulado em 12 meses, registrou desaceleração pelo décimo primeiro mês seguido, recuando de 5,7% em junho para 4,8% em julho, menor nível desde setembro de 2021 (4,4%). Em julho de 2022 a alta mensal havia sido de 1%, por isso, a forte desaceleração no acumulado em 12 meses.
A forte desaceleração do grupo alimentos nos EUA acompanha o movimento desse grupo em outros países do globo, refletindo a queda do preço das commodities agrícolas no mercado internacional ao longo de 2023. No ano passado, a guerra entre Rússia e Ucrânia, impulsionou o preço dos grãos (trigo, milho e soja), o que encareceu o custo dos alimentos ao redor do mundo.
Dentro do grupo alimentos, o item alimentação fora de casa subiu 0,2% em julho e o item alimentação em casa teve alta de 0,3%.
No item alimentação em casa, quatro dos seis principais subitens de mercearias registraram aumento no sétimo mês do ano. O preço das carnes, aves, peixes e ovos subiu 0,5%, carne bovina alta de 2,4%, frutas e verduras aumento de 0,4% e outros alimentos em casa subiu 0,2%. O subitem laticínios e afins reportou alta de 0,5%, depois de cair em cada um dos quatro meses anteriores.
Já o grupo energia registrou leve alta de 0,1% em junho após alta de 0,6% no mês anterior. Apesar da alta mensal pelo segundo mês seguido, acumula forte queda de 12,5% no acumulado em 12 meses.
O item óleo combustível provocou a maior pressão inflacionária ao grupo energia, com forte alta mensal de 3% em julho, refletindo a escalada do preço do óleo diesel na bolsa de Nova York. No sétimo mês do ano, o preço médio diário desse combustível disparou 9,6%, passando de US$ 2,4233 o galão em junho para US$ 2,6553 o valor do galão em julho.
A alta acumulada em 12 meses levemente abaixo do esperado tanto para o índice núcleo quanto o cheio, reforça a visão do mercado de que o Fed não deverá mais elevar a taxa de juros na maior economia do mundo nas três reuniões que faltam em 2023. Vale lembrar que a taxa de juros norte-americana está em uma banda entre 5,25% e 5,50%, maior nível em quase vinte e três anos.
Com a inflação desacelerando continuamente e dados de atividade econômica sinalizando fraqueza, o Fed terá que parar de subir juros já na reunião de setembro, para evitar o risco de os EUA entrar em recessão no ano que vem e porque claramente já passou o pior do quadro inflacionário registrado no país.
Em linha com esse sentimento, após a divulgação dos dados do IPC nos EUA, os investidores reduziram suas apostas em mais uma alta da taxa de juros até o final de 2023. Agora, as apostas indicam apenas 23% de chance de novo aperto monetário de 0,25 p.p. até dezembro. Ontem as chances eram de 25% e há um mês atrás de 29%.
Com relação a expectativa de estabilidade da taxa de juros até dezembro, está em 63% ante 65% ontem e para uma possibilidade de queda de 0,25 ponto percentual, subiu de 9% ontem para 12% hoje.
Os ativos de risco têm uma sessão bastante positiva após a divulgação dos dados de inflação na terra do tio Sam, pois foi reduzido o risco de o Fed ter que realizar ainda mais um aperto monetário na reunião de setembro.
Nesse cenário, as bolsas norte-americanas registram fortes altas nesse momento entre 0,9% e 1,1%, enquanto o dólar IDX recua 0,3%.
Em linha com o movimento externo, o dólar comercial no Brasil tem forte queda 1,22%, cotado a R$ 4,850. Já o Ibovespa sobe 0,45%, cotado a 118.949 pontos.
As condições das lavouras americanas de milho e soja continuam bem abaixo dos últimos anos. Apesar disso, o mercado considera que a produtividade não deverá cair muito, tendo em vista os mapas de clima para agosto.
Condições: As chuvas já vêm ocorrendo no Meio Oeste nos principais estados afetados pela forte seca e temperaturas elevadas durante o mês de junho. O acumulado de chuvas em Illinois, Indiana, parte de Iowa e Missouri nos últimos 30 dias varia entre 100 mm a 150 mm, chuvas acompanhadas de temperaturas mais amenas. No entanto, apesar da melhora no clima, as condições das lavouras ainda não mudaram muito. No caso do milho, o CCI voltou a cair 6 pontos na semana para 345 pontos. Para a soja o CCI da soja se manteve em 340 pontos, muito abaixo da média recente. De forma geral, as condições no Meio Oeste continuam muito abaixo das média de 5 anos. As condições de clima ainda precisam seguir muito favoráveis para entregar a previsão de produtividade que o USDA trouxe no relatório de O&D de julho – milho em 177,5 bushels por acre e soja 52 bushels por acre.
O CCI: As figuras de 1 a 3 mostram a forte piora das condições das lavouras de soja e milho nas últimas semanas, resultado da quase total ausência de chuvas para o Meio Oeste durante o mês de junho. Para agosto se espera que dados de campo tragam mais revisões para baixo na produtividade.
As tabelas mostram dois pontos importantes com relação às mudanças das condições:
Maiores variações de área: A área da soja perdeu 4 milhões de acres, sendo que os estados do Meio Oeste foram os que mais importantes. Nos I States, estados que começam com a letra I, perderam 1,3 milhão de acres, seguido do estado da Dakota do Norte Missouri e Kansas. No caso do milho, os estados que mais ganharam área foram os I States, com 800 mil acres, e Missouri e o estado do Texas.
Certamente que a produtividade final da soja terá um potencial menor em função dessas mudança e do milho talvez não, uma vez que são nos I States que as produtividade são as maiores.
EUA: Reduziu a produtividade do milho em 2,4 bushels por acre para 175,1 b/a. A produção americana foi reduzida em 5,3 milhões de toneladas em relação ao relatório anterior, mas ainda é 35 milhões de toneladas maior em relação ao ano passado. O estoque americano ficou em 56 milhões de toneladas, muito acima dos últimos três anos – 2020/21 em 31,4 milhões de toneladas, 2021/22 em 35 milhões e 2022/23 em 37 milhões.
Mundo: O estoque global caiu de 313,83 milhões de toneladas para 311 milhões. Apesar da revisão para baixo, o estoque global é 13 milhões maior em relação à safra passada;
China: Cortou a produção em 3 milhões de toneladas, mas manteve a importação em 23 milhões. Importante acompanhar a passagem do tufão Kanu nesse final de semana sobre as regiões produtoras de milho e soja;
Correndo por fora: Duas quentões importantes
EUA: Reduziu a produtividade da soja em 1,1 bushels por acre para 50,9 b/a. A produção americana foi reduzida em 2,6 milhões de toneladas em relação ao relatório anterior para 114,5 milhões de toneladas de toneladas, 2 milhões de toneladas abaixo da temporada passada. O estoque americano ficou em 6,67 milhões de toneladas, queda de 1,5 milhão em relação ao relatório anterior. Esse nível de estoque é compatível a um bushel de $13,0/$13,50.
Mundo: O estoque global caiu de 121 milhões de toneladas para 119,4 milhões. Apesar da revisão para baixo, o estoque global é 16,3 milhões maior em relação à safra passada. Onde está esse estoque? O grande crescimento é no Brasil. O USDA projeta estoques de soja no Brasil de 33 milhões de toneladas para 2022/23 e 40,2 milhões para 2023/24 – estoque no dia 1º de outubro.
China: Aumentou a importação da China em 1 milhão de toneladas para 2022/23 para 100 milhões de toneladas e manteve em 99 milhões para 2023/24.
Correndo por fora: Questões importantes.
O IBGE divulgou há pouco o IPCA de julho, que registrou tímida alta mensal no período de 0,12%, levemente acima do esperado pelo mercado (0,07%) e revertendo a deflação marginal de 0,08% reportado em junho.
No acumulado em 12 meses, o IPCA voltou a registrar aceleração, saltando de 3,16% em junho para 3,99% em julho. Dessa forma, encerrou uma sequência de doze meses seguidos de desaceleração. O resultado de julho ficou ligeiramente acima do esperado pelos analistas (3,93%).
No acumulado do ano de 2023 registrou alta de 2,99% até o sétimo mês do ano.
Entre os nove grupos pesquisados pelo IBGE, cinco registraram alta na variação mensal. O grupo que teve o maior impacto inflacionário em julho foi Transportes. Se esse grupo fosse isolado do índice geral, o resultado do sétimo mês do ano teria sido de deflação.
O grupo Transportes registrou forte alta mensal de 1,50% e teve impacto de 0,31 p.p. sobre o índice geral.
Dentro desse grupo, o item que gerou o maior impacto inflacionário foi combustível, com forte alta de 4,15%. Essa variação foi impulsionada pelo preço da gasolina, que subiu 4,75% e foi o subitem de maior contribuição individual com impacto de 0,23 p.p. sobre o índice do mês. Portanto, se excluíssemos o subitem gasolina do IPCA geral, o resultado de julho teria sido de deflação de 0,11%.
A forte alta no preço da gasolina refletiu a reoneração de impostos, com a volta da cobrança da alíquota cheia de PIS/Cofins.
Os preços dos demais combustíveis sofreram as seguintes variações: etanol (1,57%), óleo diesel (-1,37%) e gás veicular (3,84%).
Além do combustível, a alta de 4,97% na passagem aérea e 1,65% para veículos novos, também ajudaram a impulsionar a inflação do grupo Transportes, porém com impactos bem menores.
Os outros quatro grupos que também reportaram inflação no sétimo mês do ano foram: Artigos de residência (0,04% e impacto de 0,00 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (0,26% e impacto de 0,03 p.p.), Despesas pessoais (0,38% e impacto de 0,04 p.p.) e Educação (0,13% e impacto de 0,01 p.p.).
O grupo Comunicação registrou estabilidade em julho.
Três grupos registraram deflação mensal em julho. Os dois grupos de maiores pressões deflacionárias foram Habitação e Alimentação e bebidas.
O grupo Habitação registrou forte queda mensal de 1,01% e impacto de -0,16 p.p. sobre o índice geral. Esse resultado refletiu a forte baixa de 3,89% no custo da energia elétrica residencial. A queda do preço desse item espelhou a incorporação do Bônus de Itaipu, que foi creditado nas faturas emitidas no mês de julho.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgou no final de junho o valor de R$ 405,4 milhões referentes ao Bônus de Itaipu, para o mês de julho de 2023. Pelos cálculos da ANEEL, 81 milhões de unidades consumidoras foram beneficiadas, através de crédito nas faturas de energia elétrica.
A Tarifa Bônus de Itaipu decorre de saldo positivo na Conta Comercialização da Energia Elétrica de Itaipu (Conta de Itaipu) em 2022. São beneficiários os consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN), das classes residencial e rural, que tiveram ao menos um mês, em 2022, consumo faturado inferior a 350 KWh.
Assim, as distribuidoras de energia elétrica devem repassar às unidades consumidoras o valor correspondente a Tarifa Bônus de Itaipu multiplicada pelo respectivo consumo destes consumidores no ano de 2022, relativo aos meses em que seu valor foi inferior a 350 kWh, como crédito nas faturas de energia elétrica a serem emitidas entre 1º e 31 de julho de 2023.
O grupo Alimentação e bebidas registrou queda de 0,46% na variação mensal em julho, após recuo de 0,66% em junho. O impacto deflacionário no sétimo mês do ano foi de -0,10 ponto percentual.
Dentro desse grupo, o item de maior pressão deflacionária foi alimentação no domicílio com baixa de 0,72%. Essa variação refletiu a queda no preço dos seguintes subitens: feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). Na ponta contrária, o preço das frutas subiu 1,91%.
O terceiro grupo a registrar deflação foi Vestuário, com queda de 0,24% e impacto de -0,01 ponto percentual.
Na semana passada, o Copom decidiu cortar a taxa Selic em 0,5 p.p., surpreendendo o mercado que esperava uma queda mais conservadora de 0,25 ponto percentual. Diante da surpresa, os investidores passaram a especular se a autoridade monetária brasileira não poderia vir acelerar o ritmo de corte de juros nas últimas reuniões de 2023.
Porém, o resultado do IPCA de julho reforça a visão do próprio Copom, que escreveu explicitamente no comunicado e na ata, que deverá manter o ritmo de queda da taxa Selic em 0,5 p.p. nas três últimas reuniões desse ano. Dessa forma, a taxa de juros no Brasil deverá encerrar esse ano em 11,75%.
Para que houvesse espaço para uma aceleração no ritmo do corte de juros, os números de inflação teriam que vir razoavelmente abaixo do esperado, algo que não ocorreu em julho.
Agora o mercado vai aguardar o IPCA de agosto, que será divulgado antes da decisão do Copom de setembro (dia 20) para bater o martelo sobre a expectativa sobre o tamanho da queda nessa próxima reunião. Mas tudo leva crer que será de 0,5 ponto percentual.
LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA EM MEIO A CONFLITO: ATAQUE E DESAFIOS
A região de Odesa testemunhou um confronto tenso quando a Rússia lançou uma série de ataques contra o porto de Izmail, cuja operação posteriormente foi suspensa.
Os ataques empregaram drones que resultaram na destruição de edifícios no porto e na paralisação das atividades de embarque de grãos ucranianos, desafiando assim o bloqueio retomado pela Federação Russa em meados de julho. Essas ações impactaram negativamente quase 40 mil toneladas de grãos destinados a países africanos, China e Israel.
“Os atos de Moscou parecem buscar uma catástrofe global. Em sua postura insensata, eles aparentemente almejam o colapso dos mercados globais de alimentos, agravando uma crise de preços e provocando interrupções no fornecimento”, declarou o presidente Volodymyr Zelenskyy.
Registros de rastreamento de embarcações comerciais indicam que várias embarcações internacionais estão ancorando na foz do rio Danúbio, muitas das quais possivelmente tinham como destino o porto de Izmail. Isso aparenta ser uma tentativa de contornar o bloqueio russo.
Do lado romeno, membro da OTAN, encontra-se um porto situado do outro lado do rio, que se configura como a principal rota alternativa para as exportações de grãos provenientes da Ucrânia.
Os militares russos empregam suas armas mais avançadas para realizar ataques a portos ucranianos e infraestruturas. Eles têm empregado munições projetadas originalmente para neutralizar porta-aviões, como os mísseis X-22, conhecidos como AS-4 Kitchen pelos membros da OTAN, com um peso de 5,5 toneladas. Esses projéteis são utilizados para atingir minas e infraestruturas.
Após a Rússia retirar-se unilateralmente do acordo de grãos em 17 de julho, ela tomou medidas drásticas, incluindo a destruição de milhares de toneladas de grãos. Essa ação abrupta representa um desafio adicional no cenário já volátil.
Este episódio enfatiza as implicações profundas que a logística e a infraestrutura possuem em contextos de conflito. A região permanece em alerta, enquanto os eventos se desenrolam, exibindo a complexidade das dinâmicas geopolíticas envolvidas.
COLHEITA
Com um esforço notável, os agricultores ucranianos já conseguiram debulhar aproximadamente 16,6 milhões de toneladas de grãos, assegurando assim um suprimento não apenas suficiente para atender às demandas internas do país, mas também para possibilitar a exportação. O anúncio foi realizado pelo primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal.
“É graças à dedicação incansável dos nossos agricultores que estamos colhendo uma segunda safra em meio a um período de conflito. Para além dos números expressivos de milhões de toneladas de grãos, há um esforço diário árduo por parte de dezenas de milhares de indivíduos, muitos dos quais enfrentam riscos pessoais”, observou Denys Shmyhal.
O primeiro-ministro ucraniano ressaltou a significância crucial de possuir rotas logísticas terrestres estáveis que ofereçam capacidade substancial. Essas rotas desempenham um papel fundamental não somente na garantia de um fluxo contínuo de grãos, mas também na sustentação da autossuficiência alimentar e na possibilidade de explorar o mercado de exportação.
Essa conquista, em um cenário de adversidades, demonstra a resiliência e a determinação da nação ucraniana em garantir a segurança alimentar e contribuir para a economia global. Enquanto os desafios persistem, a capacidade de colher, armazenar e transportar grãos de forma eficaz torna-se ainda mais crucial para o bem-estar e a prosperidade da Ucrânia.
FORTE AUMENTO NAS VENDAS DE EXPORTAÇÃO DE TRIGO DOS EUA
O USDA divulgou há pouco o seu relatório de vendas líquidas e exportações semanais de grãos. Entre o período de 21 a 27 de julho, a comercialização de trigo safra 23/24 contou com 567,6 mil toneladas, com incremento de 35% em relação a semana anterior e 86% acima da média das últimas quatro semanas.
Este é o maior volume de trigo americano comercializado na exportação desde o começo da temporada 23/24, iniciado em 1º de junho.
Em contrapartida, as exportações caíram 31% em uma semana e 8% a menos que a média de quatro semanas anteriores, totalizando 352 mil toneladas. Os principais destinos foram: México (101.600 t), Filipinas (57.900 t), Taiwan (52.700 t), Equador (35.300 t) e Coréia do Sul (35.200 t).
O ponto principal que este aumento nas vendas de exportação de trigo dos EUA nos traz, é que diante dos riscos de guerra na região do Mar Negro, os países importadores estão preferindo pagar um pouco mais pelo trigo de outros países, que possuem maior segurança no cumprimento do contrato e entrega.
Na semana passada, a Ucrânia atacou uma região portuária da Rússia, refletindo na queda dos embarques semanais de suprimentos da Rússia, o que não acontecia há mais de seis meses.
Ou seja, fica claro que as tensões entre Rússia e Ucrânia, acabaram dando um empurrão na demanda de trigo americano.
A maior dúvida hoje, é se esse movimento vai continuar acontecendo, o que seria altista para o trigo Chicago. Na 3ª-feira, a Rússia ganhou uma licitação para fornecimento de trigo ao Egito, mostrando que ainda continua participando do comércio internacional, mesmo com os riscos de guerra e, apresentando preços muito mais baratos que os demais players já colocados no destino.
Ou seja, mesmo com rumores de que o frete marítimo e seguro de navios já subiram para operações na região do Mar Negro. Ao menos por enquanto, a Rússia ainda é mais competitiva, criando um impasse para o crescimento da demanda de importação do trigo dos EUA, Canadá e UE.
Dessa forma, mesmo com o cenário otimista visto hoje para as vendas de exportação de trigo dos EUA, os futuros de Chicago não apresentam muita força para alta, com o contrato de set/23 operando com ganhos de apenas 3 centavos por bushel.
Divulgado na última quarta-feira os estoques semanais de combustíveis.
Os estoques comerciais de petróleo dos Estados Unidos surpreenderam para cima, subindo 5,8 milhões de barris contra um esperado de alta de apenas 567 mil barris. Já os estoques de destilados caíram 1,7 milhões de barris contra um esperado de 60 mil barris de variação para cima, atingindo o segundo menor nível em 20 anos, em um período que sazonalmente ocorre o abastecimento dos estoques para maior consumo do inverno.
Este cenário mostra que o problema para o abastecimento de destilados (diesel) está concentrado na capacidade de refino americana. Não falta petróleo, mas está faltando diesel. Os preços já reagiram e subiram cerca de 40% em 2 meses, e se não fosse a redução do consumo interno retratado pela retração da atividade industrial os preços poderiam estar em patamares ainda mais elevados.
Durante boa parte do primeiro semestre deste ano a grande discussão macro econômica do mercado era a chance de recessão na maior economia do mundo. As elevadas taxas de inflação levaram o Fed a subir os juros em um ritmo forte, ameaçando a uma recessão mais profunda. Neste cenário, o mercado precificou o pior. Em uma recessão o consumo de combustível é menor e com isso os preços caíram mesmo com os níveis dos estoques em níveis historicamente baixos. Hoje o cenário já é outro, a possibilidade de redução da inflação sem grandes impactos na economia já está sendo avistado, o desemprego continua baixo, o consumo doméstico com modesto crescimento e com os ganhos salariais reduzindo, a economia americana está em curso para o “soft landing”.
Dados do dia 31 de Julho.
A última semana terminou com uma forte alta nas cotações da ureia ao redor do globo. Além dos cortes na produção egípcia de fertilizantes nitrogenados (30% determinados em 17/07), devido a uma medida governamental visando racionar o uso de gás natural para refrigerar as residências e comércios em meio a um verão rigoroso, na última semana foi anunciado um tender indiano. Dessa vez, a IPL (Indian Potash Limited) saiu ao mercado visando adquirir mais de um milhão de toneladas de ureia. As ofertas poderão ser enviadas até o dia 9 de agosto, e os carregamentos poderão ocorrer até 26 de setembro. Como resultado desses desdobramentos, os preços da ureia no Brasil subiram praticamente 50% em menos de dois meses.
Na última semana, os preços médios ficaram em torno de US$ 415/t, e na sexta-feira as indicações no mercado futuro já saltavam para US$ 430-435 CFR Brasil. Nas demais localidades, as altas também foram expressivas, e os preços no Egito superaram US$ 450/t FOB. Até mesmo falando do país do norte da África, ainda não há previsão para que a produção volte ao normal. Além disso, outras nações também sofreram cortes em suas produções, como é o caso da Nigéria. Portanto, os incrementos vistos nos últimos tempos estão ligados a esse desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Por fim, e não menos importante, os produtores brasileiros também se mostram mais ativos em suas compras para as aplicações nos próximos meses. Esse também é um fator importante para sustentar incrementos nas cotações. Em relação ao contrato mensal de amônia em TAMPA (EUA), os preços foram negociados US$ 10,00/t acima do mês passado.
Sulfato de amônio e Nitrato: Indo na mesma tendência, os preços do sulfato de amônio, que chegaram a ser negociados a US$ 150/t no mês passado, agora são vistos na casa de US$ 200/t CFR Brasil. Ao que tudo indica, se a escalada na ureia continuar, os preços do sulfato de amônio também continuarão subindo no curto prazo. Quanto ao nitrato de amônio, as cotações atingiram US$ 300/t CFR Brasil, um aumento de 25% em sete dias. Poucas empresas estão ofertando o produto, o que pressiona ainda mais as cotações.
Diferentemente do cenário visto no começo de julho, em que as cotações dos fosfatados estavam subindo no Brasil e recuando em outros polos consumidores e exportadores, na última semana observou-se uma alta generalizada nas cotações. Os preços do MAP CFR Brasil ficaram em torno de US$ 480/t, ou seja, com um aumento de aproximadamente 2,0% em sete dias. Na China, os preços do DAP também subiram, com as cotações no gigante asiático ficando entre US$ 445-448/t, acumulando um incremento de US$ 20/t em sete dias. Na Índia, as cotações também subiram, com os preços CFR já sendo vistos novamente na casa de US$ 445-450/t. No mercado doméstico brasileiro, as compras para a safra de verão 2023-24 também são encaradas como fatores que impulsionam as cotações. Os preços do MAP no interior do Brasil ficam em torno de R$ 3.000/t. Além disso, em algumas regiões, o sentimento de escassez de fosfatados continua presente para entregas no curto prazo. Contudo, espera-se que no mês de agosto haja quantidades expressivas de superfosfato simples desembarcado nos principais portos do país. Até mesmo os preços do SSP pairam em torno de US$ 230/t CFR Brasil.
Os preços do cloreto de potássio terminaram a última semana na casa de US$ 345/t CFR Brasil; no entanto, algumas ofertas foram observadas acima de US$ 360/t CFR. Os incrementos presenciados recentemente são frutos de uma demanda mais aquecida no Brasil e de algumas incertezas do lado da oferta, envolvendo os canadenses. Contudo, o que chama a atenção é que os preços no Canadá, FOB Vancouver e no Sudeste asiático recuaram, ou seja, o movimento altista não é generalizado – Mercado domestico: Como visto nos últimos trinta dias, os produtores brasileiros avançaram nas compras para a safra 2023-24, e a resposta para esse movimento veio através de um incremento nas cotações no mercado doméstico. Os preços do KCl no porto de Paranaguá subiram por volta de 14% em um mês e meio, enquanto as cotações CFR tiveram incrementos inferiores a 7,0% nesse período. No interior do Brasil, as cotações que estavam em torno de R$ 2.100/t no mês passado, agora estão mais próximas de R$ 2.400-2.500/t.
Condições mais benéficas para os EUA (atualização 28/jul).
Curto prazo: As temperaturas devem seguir abaixo do normal para os próximos dias, principalmente para o Leste do Cinturão. Ainda assim, há áreas que continuarão enfrentando clima mais seco e quente para o início de agosto. As condições nas Planícies seguirão desfavoráveis, enquanto no Leste do Cinturão as condições permanecerão mais favoráveis.
AO: Os modelos mostram que o AO deve seguir em sua fase negativa para 15 dias, reforçando o cenário de clima favorável para o Meio Oeste, muito importante para a soja. A figura 2 mostra a projeção do padrão.
Acumulados: Nos últimos 7 dias, os acumulados se concentraram desde o Norte dos EUA, Nebraska, Missouri e sul dos Estados de Illinois e Indiana. Poucos acumulados nas Planícies e em todo o coração do Meio Oeste. Nos últimos 7 dias, as temperaturas voltaram a cair. Provavelmente, a combinação de queda nas temperaturas e mais chuvas para 15 dias serão fatores de melhora das condições das lavouras para as próximas semanas.
E os EUA continuam vendendo soja para a Europa. No relatório de vendas semanais, Alemanha e Países Baixos compraram 180 mil toneladas. A União Europeia comprou e carregou 5,02 milhões de toneladas de soja nos EUA nessa temporada, praticamente igual à temporada passada. A mudança é que a Alemanha quase 50%. O que está acontecendo é que a ABCD estão exportando soja americana para suas fábricas na Europa e estão importando o biodiesel. A importação de biodiesel em junho foi de 139 mil toneladas, crescimento mensal de 17% e crescimento de 180% de crescimento anual. Dos 139 mil toneladas, a Alemanha representa quase 60%. O ponto é que a capacidade de processamento dos EUA está tomada, mesmo assim não há óleo suficiente para a demanda crescente de biocombustíveis. Para receber o subsídio de $1 por galão,
as indústrias americanas precisam processar a soja americana. A lei não diz se a soja precisa ser processada em solo americano. Como esse cenário complexo vai afetar as margens de esmagamento no Brasil?
Na verdade, já estão afetando quando você olha os prêmios do óleo de soja e as margens. Hoje pode-se dizer que os futuros do óleo na CBOT já não são mais um bom instrumento de hedging para as indústrias nacionais. O consumidor de óleo no Brasil que produz biodiesel precisa comprar o óleo e vender CBOT, ficando long basis no óleo. No começo de junho, o futuro do óleo setembro estava a 46 centavos por libra peso, saltando para 65 centavos até o final de julho. Nesse período, o prêmio do óleo setembro no Brasil saiu de -7 centavos para -22 centavos por libra peso, um descasamento fatal para as margens. Para a margem de esmagamento esse cenário também é desafiador. Não está faltando soja, mas a margem está em queda livre nos últimos dois meses. A margem no spot caiu de $40 por tonelada para $5 a $10 negativa – quanto mais para o sul, mais negativa. Os prêmios do óleo nas mínimas históricas e os prêmios do farelo continuam teimosamente baixos, mesmo com os futuros na CBOT bem abaixo das máximas do ano e com uma redução de 5 milhões de processamento na Argentina entre janeiro e junho. Vai sobrar mais soja para exportação. Nessa semana os brokers da Agrinvest reportaram vários negócios no Porto de Rio Grande, soja que está vindo de processadoras locais no Mato Grosso. As nomeações de soja no porto de Rio Grande quase dobraram entre junho e a semana passada, chegando perto de 2 milhões de toneladas. Essas processadoras estão vendo que é mais vantagem vender a soja na exportação do que processar – a diferença chega a R$ 8,0 por saca entre o prejuízo do esmagamento e a margem da originação para a exportação – confirmando o que o cenário de médio prazo já está nos mostrando – o Brasil cada vez mais um exportador de soja e os EUA esmagando soja pelo óleo.
E estão falando bastante da falta de diesel no Brasil. Coisa séria. Até agora vi reportes localizados em Minas Gerais. O problema é muito simples. A última referência que tenho sobre a dependência do Brasil de diesel importado é 30%, isso no ano passado. Com a economia mais aquecida, esse número já pode ser maior. Não é só a Petrobras que importa, mas outras empresas médias e grandes, todas independentes. Hoje falam que importar e vender no Brasil nos preços da Petrobras dá um prejuízo de 80 centavos por litro. A Petrobras daria conta do recado sozinha? Parece que não, senão não estaria faltando. O que aconteceu? O novo conselho da Petro mudou a política de preços de reajuste, levando em conta umas métricas bem subjetivas: 1) O custo alternativo do cliente; 2) o valor marginal para a Petrobras. Não é fácil de entender o que quer dizer, mas no final das contas é como isso interfere no equilíbrio do mercado. Está muito parecido como a Argentina pensa – se o preço do diesel internacional está caro, vamos deixar de importar. Lá, essa sábia decisão levou a redução na oferta interna. Para balancear a conta, aumentaram o Biodiesel de 7,5% para 12%. Será que aqui vai vir algo assim, mudança no B12? Alguns já me falam que a demanda das distribuidoras está maior. Como isso afeta o agro? A soja que está saindo do MT para o porto de Rio Grande viaja 2700 Km. Tudo bem que o prêmio da soja em Rio está firme, mas o diesel barato está ajudando muito. O diesel no MT está por volta de R$ 2,00 por litro abaixo do ano passado. Essa moleza vai acabar. No 1º de setembro o governo vai elevar o PIS e o COFINS para 9,85% sobre o diesel, além da defasagem de 22% do preço em relação ao importado – cálculo da Abicom. Se o frete subir e a demanda por caminhões também, o frete vai subir novamente. Isso quer dizer que o basis interno da soja e do milho vai ficar mais fraco. Para a safra velha, eu diria que vai ser repassado para os prêmios – Brasil mais caro. Para a safra nova da soja eu diria que vai ser repassado no basis interno – as tradings precisam precificar fretes mais caros. Uma das grandes operadoras logísticas no Brasil chamou as tradings para falar de reajuste para cima no frete ferroviário para o próximo ano. Se o frete ferroviário subir, o rodoviário vai acompanhar. Tudo isso me diz que o farmer selling da soja e do milho ficarão ainda mais atrasados, mais concentrados na boca da safra.
Rápidas da manhã: Bolsas americanas e europeias de lado. Inflação americana veio em linha com o esperado, mas fica evidente que velocidade da queda é muito lenta. Além disso, novamente energia e alimentos foram os grandes contribuidores para a queda; IDX de lado e títulos americanos de 10 anos voltou a subir forte, sinal de que os investidores de renda fixa não estão convencidos da queda da inflação; O CSI300 encerrou a semana com queda de 3,4%, a maior queda semanal em 20 semanas; a maior construtora chinesa deu default temporário no pagamento de $1 bilhão em juros – tem 1 mês para renegociar. Investidores acreditam que os reguladores estão sem saída, terão que afrouxar as regras das 3 linhas vermelhas sobre as construtoras do país; petróleo estável $82,9 o barril; ouro caindo 0,15% e o Bitcoin caindo 0,25%; o índice das commodities da Bloomberg estável; risco de inundações na China. O tufão Kanu passa no dia 12 nas regiões produtoras de milho e soja;
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 04 de agosto, os analistas revisaram para baixo as expectativas para a taxa Selic e o câmbio ao final de 2023. A estimativa para o PIB subiu marginalmente, enquanto a projeção para o IPCA desse ano ficou inalterado.
O destaque do relatório ficou para a queda na projeção da taxa de juros ao final desse ano, que recuou de 12% para 11,75% ao ano. Essa redução refletiu a surpresa da decisão do Copom da semana passada, quando cortou em 0,5 p.p. a taxa Selic. O mercado esperava uma redução mais conservadora de 0,25 ponto percentual.
Como o Copom já sinalizou no comunicado e na ata que deverá manter o ritmo de corte em 0,5 p.p. para as três ultimas decisões desse ano, a taxa Selic deverá encerrar esse ano em 11,75%.
Refletindo uma expectativa de taxa de juros mais baixa esse ano, o mercado elevou marginalmente a estimativa de crescimento do PIB em 2023, passando de 2,24% para 2,26%.
Para o dólar, os analistas reduziram de R$ 4,91 para R$ 4,90 a projeção ao final desse ano. Essa foi a terceira semana seguida de queda na expectativa para a moeda norte-americana.
A estimativa para o IPCA ficou inalterada em 4,84%.
Vendas acima do esperado para a safra nova de milho e algodão. Boas vendas para a safra velha de soja.
DESTAQUES
Soja: As vendas para a safra nova ficaram dentro do esperado. Já para a safra velha as vendas surpreenderam para cima. Os maiores compradores da safra velha foram Alemanha e Países baixos. Tradings americanas têm exportado soja para suas plantas na Europa, voltando com o Biodiesel. Essa triangulação vem ficando mais comum para o aproveitamento do crédito do biodiesel nos EUA – a regra diz que a soja deve ser americana. O crescimento da importação de biodiesel pelos EUA está bem acima do normal, em especial da Alemanha e Países Baixos. A China comprou 753 mil toneladas para a safra nova. Além de mais cara, as ofertas do Brasil estão escassas. O farmer selling no Brasil perdeu ritmo e a logística está voltada para o milho, reduzindo a liquidez do Brasil para a safra velha.
Milho: As vendas continuam muito fracas para a safra velha, o que pode mudar. O Brasil está ficando caro para embarques curtos. Para a safra nova, Os EUA venderam bem, mas ainda muito concentrado no México.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a primeira semana de agosto 1,42 milhão de toneladas. Em agosto de 2022 o total foi de 5,94 milhões de toneladas.
Em julho foram embarcadas 9,69 milhões de toneladas, o segundo melhor mês de julho da série histórica, ficando atrás apenas de 2020, quando foram embarcadas 9,95 milhões de toneladas. Estão nomeadas para agosto exportação de 7,04 milhões de toneladas, portanto, o comprometido para o mês é de 8,46 milhões de toneladas. Se todo o nomeado for embarcado, o mês de agosto vai ser recorde. O comprometido nos primeiros oito meses do ano é de 80,93 milhões de toneladas.
De janeiro a junho, o Brasil embarcou para a China 50,42 milhões de toneladas, contra 42,98 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,5 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 4 dias úteis de agosto 1,32 milhão de toneladas. Em agosto do ano passado o total foi de 7,44 milhões de toneladas.
Estão nomeadas para agosto exportação de 7,81 milhões de toneladas, portanto, o comprometido para o mês é de 9,12 milhões de toneladas. Se todo o nomeado for embarcado, o mês de agosto vai ser recorde. O comprometido de fevereiro a agosto é de 18,85 milhões de toneladas. A logística brasileira está lidando com dois grandes programas de exportação ao mesmo tempo, soja e milho, o que aumentou o tempo de espera principalmente no porto de Paranaguá, que saiu de 20 dias no início de julho para 43 dias no final de julho.
No acumulado do ano, o Brasil embarcou para a China 1,27 milhão de toneladas do cereal. Somente em julho foram embarcadas 902,11 mil toneladas.
O programa de exportação de farelo de soja embarcou até a primeira semana de agosto 554 mil toneladas. No oitavo mês de 2022 o total foi de 1,81 milhão de toneladas.
O Brasil atinge recordes na exportação do farelo de soja após a Argentina sofrer a pior quebra da história, colhendo apenas 19 milhões de toneladas. Em julho foram embarcadas 2,20 milhões de toneladas, o melhor mês de julho da série histórica. Estão nomeadas para agosto exportação de 1,66 milhão de toneladas, portanto o comprometido para o mês é de 2,22 milhões de toneladas. Se todo o nomeado for embarcado, o mês de agosto vai ser recorde. O comprometido nos primeiros oito meses do ano é de 15,19 milhões de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a primeira semana de agosto 23,10 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 62,80 mil toneladas.
Julho apresenta os menores volumes embarcados da fibra natural, por conta do período de entressafra. No acumulado do ano, foram exportadas 520,28 mil toneladas, volume que está bem abaixo do esperado.
O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 117,19 mil toneladas de janeiro a junho.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 4 dias úteis 41,30 mil toneladas. Em agosto de 2022 o volume total foi de 202,23 mil toneladas.
Em julho foram embarcadas 160,07 mil toneladas, em linha com a média dos últimos três anos. No acumulado do ano foram exportadas 1,07 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. No primeiro semestre a China comprou 604,81 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 649,63 mil toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a primeira semana de agosto 16,70 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 113,60 mil toneladas.
No acumulado do ano foram embarcadas 691,9 mil toneladas, recorde na série histórica. No mesmo período do ano passado o volume embarcado foi de 587,30 mil toneladas. No primeiro semestre, a China comprou 252,89 mil toneladas da carne suína brasileira, volume 14,22% superior a 2022.
Brasil - Boletim Focus
Brasil - IBC-Br - Índice de Atividade Econômica do Bacen
China - Produção Industrial
China - Vendas no Varejo
EUA - Condição e Evolução das Lavouras – USDA
Zona do Euro - Sentimento Econômico - ZEW
EUA - Vendas no Varejo
EUA - Índice de Atividade Industrial – NY Empire State
EUA - Variação dos Estoques de Petróleo Bruto – API
Zona do Euro - PIB – Produto Interno Bruto
Zona do Euro - Produção Industrial
EUA - Construção de Casas Novas
EUA - Produção Industrial
EUA - Variação dos Estoques de Petróleo – EIA
EUA - Ata da Reunião de Política Monetária - FOMC
EUA - Pedidos Iniciais de
Auxílio-Desemprego
EUA - Índice FED Filadélfia
EUA - Vendas Semanais – USDA
Zona do Euro - CPI – Índice de Preços ao Consumidor
Estrategista de Commodities
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MODELO CHINÊS: A concessão de crédito na China tombou em julho. A concessão de novos créditos caiu de 4,22 trilhões de iuan em junho para 508 bilhões em julho. Na compração anual, houve queda também. Em julho do ano passado, a concessão foi de 778 bilhões de iuans.
No acumulado de 12 meses até julho, a concessão ficou em 32,26 trilhões de iuans, queda de 5,86% na comparação anual. É o 2º mês de queda seguido no comparativo de 12 meses.
PRESSÃO SOBRE AS MOEDAS EMERGENTES: Essa semana foi cheia de surpresas. A Fitch ratings cortou a nota de crédito dos EUA de AAA para AA+. A S&P havia cortado em grau a nota dos EUA em 2011 pelo mesmo motivo – continuidade da tendência de alta do endividamento do governo americano.
Como resultado, os investidores passaram a se perguntar até onde podem ir as taxas de juros de longo prazo dos papeis de dívida do tesouro americano – a taxa vai na direção contrária do preço.
INFLAÇÃO DE ALIMENTOS: O arroz no mercado internacional está subindo. A redução das monções esse ano e as inundações no ano passado obrigaram o governo indiano a limitar as exportações.
A Índia é o maior exportador global de arroz com 30% das exportações globais. Seu produto carro chefe é o arroz quebrado, ou tipo 2, mais barato que o tipo 1 e que tem dois destinos principais, países pobres da África e para China – no caso da China vai para rações.