O Banco Central do Brasil divulgou 2ª-feira o resultado do IBC-Br de junho desse ano. O indicador que é visto como uma prévia do PIB brasileiro, registrou no período crescimento mensal de 0,63%, levemente acima do esperado pelos analistas (0,60%). Esse resultado reverte parte da contração de 2,05% reportada em maio.
Diante do resultado de junho, a economia brasileira acumula crescimento 3,42% no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022.
Já no acumulado em 12 meses recuou de 3,51% em maio para 3,35% em junho, sendo a segunda desaceleração seguida nessa base de comparação.
Já na comparação com maio de 2022, registrou crescimento de 2,10%.
O resultado de junho reforça a visão do mercado de que o PIB brasileiro vai seguir desacelerando no acumulado em 12 meses nos próximos meses, após a surpresa agradável do primeiro trimestre de 2023, impulsionado pelo ótimo desempenho da produção agropecuária, em especial, a soja.
A taxa Selic em patamar elevado e a incerteza sobre o rumo da política fiscal no país, tem congelado os investimentos no Brasil, o que trará uma desaceleração da atividade econômica até o final do ano.
Além da paralisia nos investimentos, a taxa de juros ainda em patamar elevado apesar da queda na semana retrasada, também reduz a oferta de crédito no Brasil, o que tem impacto negativo sobre a demanda doméstica. Vale lembrar, que o consumo das famílias representa quase 70% do PIB nacional sob a ótica de demanda.
Ademais, apesar da recente desaceleração, a inflação deverá manter o consumo das famílias com desempenho muito modesto, o que também dificulta a expansão do PIB brasileiro. Como a inflação foi elevada nos últimos dois anos, reduziu o poder de compra da população nesse período e ainda deverá refletir negativamente sobre a demanda doméstica desse ano.
Corroborando com essa visão acima, o mercado projeta um crescimento modesto de 2,26% para 2023, após expansão de 2,9% no ano passado.
A economia brasileira só deverá voltar a registrar aceleração do crescimento a partir do ano que vem, caso não tenhamos surpresas negativas para o rumo das contas públicas e o dólar siga em queda no médio prazo (12 meses).
A inflação segue cedendo, apesar da expectativa inflacionária permanecer acima do teto para esse ano. Menor pressão sobre os preços tendem a dar continuidade ao processo de afrouxamento monetário iniciado no começo desse mês. A expectativa é que a taxa Selic encerre esse ano em 11,75% e em 2024 a 9% ao ano.
Portanto, deveremos começar 2024 com taxa Selic mais baixa que o observado no início desse ano. Isso por si só, já é um fato positivo para o PIB ter uma performance melhor no ano que vem.
Outro ponto é que com a inflação devendo ficar mais baixa para 2024 em relação à expectativa desse ano, o poder de compra das famílias deverá voltar a acelerar, também contribuindo para uma melhora do PIB brasileiro.
Ou seja, 2023 deverá ser um ano de um ajuste modesto do crescimento do PIB do país e a partir do próximo ano, deverá voltar a acelerar o seu crescimento.
Ontem comentei sobre a possibilidade de um programa de soja de 100 milhões de toneladas até dezembro, isso porque o programa voltou a crescer nas últimas semanas.
Há dois fundamentos importantes: a baixa vontade de venda de milho por parte do produtor e as margens de esmagamento negativas no Brasil.
Agora vou falar sobre os possíveis impactos de um programa de 100 milhões de toneladas.
Hoje foi mais um dia de queda dos basis da soja no destino. Os basis CFR China recuaram hoje com negócios reportados a +240sx para embarque outubro e +231sx para embarque novembro. A queda é de mais de 30 centavos por bushel em uma semana.
A queda se dá principalmente pela pressão do Brasil, o que também vem sendo acompanhado pelos níveis do Golfo. O embarque novembro no Golfo é ofertado a +110sx hoje, queda de 15 centavos em uma semana.
As margens na China estão muito boas para a janela de final de ano, graças aos futuros na CME e também aos basis do farelo e do óleo. Os basis do farelo em Tianjin para a janela de outubro a dezembro (OND) estão em 600 RMB acima do contrato janeiro na DCE e 240 acima do contrato maio para a janela de maio a setembro.
Importante: O basis é negociado em RMB/t sobre os futuros de referência na DCE, com referência ao embarque do farelo no mercado chinês.
Com margens boas e ofertas dos dois maiores exportadores, a cobertura da janela OND está andando rápido. A China praticamente já cobriu sua demanda para setembro, assumindo demanda de 5,5 milhões de toneladas. Até o dia 11 desse mês, a cobertura da China para a janela outubro está em pouco mais de 60% e novembro e dezembro com menos de 10% na média dos dois meses.
A figura mostra as coberturas por mês e o total que a China ainda precisa comprar até o final de cada mês. Veja que até o final de dezembro, a China ainda precisa comprar 20,5 milhões de toneladas, compras que estão se dividindo entre o Brasil e os EUA.
O programa brasileiro está em 86,6 milhões de toneladas, somando o total embarcado em 76,2 milhões até o dia 14 desse mês e um total nomeado de 10,4 milhões de toneladas, divididos entre agosto, setembro e outubro. Para um programa de 100 milhões de toneladas, ainda faltaria para o Brasil 13,4 milhões de toneladas de vendas adicionais para embarques ainda dentro desse ano.
Assumindo que 65% desse volume será vendido para China, deixaria um espaço de vendas para os EUA de aproximadamente 12 milhões de toneladas de vendas adicionais. No ano passado, a China virou o ano com uma posição comprada nos EUA em 26 milhões de toneladas em seu nome, somando o total embarco mais o total em aberto. Assumindo as compras adicionais de 12 milhões de toneladas até final de dezembro, o programa da China nos EUA chegaria em 15-17,5 milhões de toneladas – a China tem nos EUA em seu nome 3,75 milhões de toneladas e 5,5 milhões somando 50% da posição para destinos desconhecidos.
LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA
A Ucrânia deu início ao processo de registro de navios comerciais que estão preparados para atravessar os corredores temporários no Mar Negro, visando alcançar os portos ucranianos.
“Tudo ocorrerá sob a supervisão das Forças Armadas da Ucrânia. Estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para garantir a segurança. As inscrições já estão abertas e o coordenador já está trabalhando.” – Dmytro Pletenchuk, porta-voz da Marinha das Forças Armadas da Ucrânia.
Os armadores e capitães receberam alertas sobre as ameaças apresentadas pelos ocupantes, bem como os perigos relacionados às minas.
Além disso, conduzimos uma conversa direta com um especialista em frete para obter insights sobre um novo procedimento.
“Gennadiy Ivanov, diretor da BPG Shipping, abordou os detalhes e nuances exclusivas relacionadas à Agrinvest Commodities”, destacou.
“Não há carga nos mercados portuários da Grande Odesa, o que indica a ausência (até agora) de demanda por tonelagem da Ucrânia.
Quanto ao seguro: é muito provável que haja um procedimento para entrada nos portos, no qual os navios, depois de saírem do Bósforo, seguirão ao longo da costa da Bulgária e da Romênia. Quanto ao nível de implementação do mecanismo, é difícil dizer. Estamos em contato com armadores-transportadores, mas até agora não temos especificações.
O frete em geral no mundo está estagnado. Pode-se até dizer que o Mar Negro está em depressão, uma vez que a maior parte dos armadores está posicionando navios com a possibilidade de escalar a Federação Russa (negócio premium), e o volume de exportações da Romênia e da Bulgária absorve o restante da tonelagem, sem criar excesso de demanda (o que poderia aumentar as taxas de frete) – esta é uma grande água, ou seja, útil, supramax, panamax. As montanhas-russas se saem melhor no Mar Negro, em geral.
O custo de frete para navios úteis da Romênia está entre 6 000 e 7 000 USD por dia. Da Rússia, está de 1 000 a 3 000 USD mais alto.”
Após a conclusão do “acordo de grãos”, o primeiro navio partiu do porto de Odesa.
A embarcação inaugural utilizou o corredor temporário destinado a navios mercantes com destino ou provenientes dos portos da Grande Odesa. Na manhã de 16 de agosto, o navio porta-contêineres “JOSEPH SCHULTE”, sob bandeira de Hong Kong e atracado no porto de Odessa desde 23 de fevereiro de 2022, deixou o porto e seguiu o trajeto do corredor temporário estabelecido para embarcações civis entre os portos marítimos do Mar Negro da Ucrânia e o Bósforo. A carga a bordo totaliza mais de 30 mil toneladas, divididas em 2.114 contêineres, incluindo alimentos.
Em um contexto relacionado, a Rússia retomou os ataques aos portos do Danúbio na Ucrânia.
Na noite de 16 de agosto, a Rússia lançou um novo ataque utilizando drones nos portos localizados no sul da região de Odesa – especificamente, em Izmail e Reni.
O objetivo principal desse ataque foi direcionado à infraestrutura portuária e de armazenamento de grãos na região sul. Consequência dos ataques inimigos a um dos portos do Danúbio, houve danos a armazéns e celeiros, que foram prontamente controlados pelos esforços dos funcionários do Serviço de Emergência do Estado.
Vale lembrar que o ataque maciço anterior, conduzido pela Federação Russa na noite de 2 de agosto, resultou em um aumento significativo nas tarifas de frete para embarcações no Danúbio, que duplicaram em um período de um mês – passando de EURO 18/mt para EURO 44/mt.
ANÁLISES
Análises indicam que a redução de 30% na área plantada terá um impacto direto na queda do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa é que a área de cultivos de inverno diminua em 1,5 milhão de hectares neste ano, levando a uma redução de 6 milhões de toneladas na produção de trigo e cevada.
No geral, é previsto um declínio de até 30% na produção de grãos para o próximo ano.
EFEITOS DO EL NIÑO JÁ COMEÇARAM?
Os modelos climáticos americano e europeu, estão apresentando um consenso de um clima bastante chuvoso nesta 2ª quinzena de agosto para a região Sul do Brasil, com níveis abundantes de precipitações.
Além das previsões de chuvas para os próximos dias, este ano, o inverno da região Sul, teve um clima bastante quente e úmido até agora (algo típico em ano de El Niño), fazendo com que diversos produtores estejam reportando problemas de Brusone, Gibberella e outras doenças fúngicas.
A maior preocupação, é sobre a qualidade do trigo da safra 2023, especialmente para o trigo do Paraná, onde 60% das lavouras estão suscetíveis a problemas de qualidade, já que 25% das áreas já estão em fase de maturação e 35% em fase de frutificação.
Por enquanto, apenas 4% das lavouras foram colhidas em todo o território nacional, de uma produção estimada em 10,5 Mi de t. Lembrando que a região Sul concentra mais de 90% da produção brasileira de trigo.
Vale lembrar, que os efeitos do fenômeno já trouxeram um clima mais seco durante a safra de inverno dos EUA, resultando em forte quebra para o trigo hard. Ao mesmo tempo em que a China teve quase 20 Mi de t de trigo comprometido pelas chuvas e a União Europeia, também está sofrendo problemas de qualidade e queda na produção.
Neste período de entressafra, as compras de trigo estão em ritmo lento no spot, com os moinhos já olhando alguma oferta de trigo da safra nova. Os produtores por sua vez, ainda estão concentrados nas vendas de soja e na colheita e comercialização de milho safrinha, que está bem atrasada no Paraná em relação à média para esta época.
Desta forma, os preços têm atuado de forma lateralizada, mesmo com o dólar saindo da casa dos R$ 4,70 e se aproximando dos R$ 5,00. Há pouquíssimos reportes de negócios para o trigo da safra nova e os níveis de preços continuam na faixa de R$ 1.280 CIF pedida produtor (região de Curitiba) para setembro e outubro, enquanto o comprador indica R$ 1.200-1250 CIF Curitiba e R$ 1.150-1.200 CIF interior.
No Rio Grande do Sul, as indicações teóricas oscilam em R$ 1.050-1.100 FOB entre as principais regiões, mas não há reportes de negócios.
Os preços do óleo de soja chegaram a subir mais de 2,5% nesta manhã refletindo dados de exportação de óleo de palma na Malásia e a divulgação dos estoques de óleo de soja nos EUA.
Na terça-feira, o NOPA divulgou os números de estoque de óleo de soja comercial disponível nos Estados Unidos. O mercado aguardava 1,69 bilhões de libras, uma estabilidade dos estoques em relação ao mês passado, porém o número foi de 1,53 bilhões, aproximadamente 73 mil toneladas a menos.
Também foi divulgado o volume de esmagamento para o mês de julho, e os números também surpreenderam, mas positivamente. O mercado aguardava 171 milhões de bushels, e o número final ficou em 173 milhões, uma diferença de 54 mil toneladas a mais e recorde histórico para o mês de julho.
O que chama a atenção é que os estoques disponíveis de óleo de soja reduziram em relação ao mês anterior mesmo com o esmagamento de esmagamento mais alto, o que indica que a demanda interna está realmente aquecida.
Nos gráficos abaixo podemos observar o movimento dos RIN’s (crédito de biodiesel) no mercado interno americano durante o mês de julho, subindo forte, indicando a demanda aquecida. Em linha com o movimento dos RIN’s, o basis do mercado interno americano também segue próximo às máximas sendo cotado a U$c 7,00/lb.
A demanda interna por óleo de soja está aquecida, o que deve oferecer um suporte aos preços do óleo de soja na Cbot. A entrada da safra de soja americana, que não deverá ter quebras significativas, deverá pressionar os preços do complexo soja e milho, porém o óleo de soja deve ser a ponta mais forte do complexo, caindo mesmo. O que mostra isso é a força do oil-share (percentual de participação do óleo de soja no custo da soja em relação ao farelo), que hoje sobe mais de 2% atingindo a maior marca desde dezembro de 2022.
Nos próximos meses e anos deveremos entrar em um novo padrão de relacionamento dentro do complexo soja, onde o produto de maior valor deverá deixar de ser o farelo de soja, que passará o bastão para o óleo de soja.
100% dos novos investimentos no setor da soja, seja nos Estados Unidos ou Brasil, estão voltados para o aumento da demanda dos biocombustíveis, cujas matérias-primas são, em parte, os óleos vegetais. O grande fator de risco é que o setor de biocombustíveis atende a bandeira global da sustentabilidade, através da mistura obrigatória na distribuição do diesel, e sua demanda é definida artificialmente, ou seja,
politicamente. Quanto mais inclinado for o governo para questões ambientais, mais demanda pode ser criada (aumento da mistura obrigatória), porém o contrário também é verdadeiro, se um governo for menos inclinado a questões ambientais parte da demanda pode ser destruída.
Portanto a demanda do mercado global da soja deverá refletir cada vez menos a China e cada vez mais as políticas de biocombustíveis.
Dados do dia 31 de Julho.
De meados de junho até a última sexta-feira, os preços da ureia CFR Brasil acumularam um aumento de 52,2%, saindo de US$ 278/t no dia 16 de junho para US$ 440/t CFR Brasil no dia 04 de agosto. No curto prazo, o tender indiano deverá determinar os rumos do mercado. As ofertas serão aceitas até o dia 09 de agosto. Portanto, nesta semana, os “players” terão uma ideia do tamanho da oferta e também dos preços que a IPL (Indian Potash Limited) receberá. Além disso, o apetite da companhia também será importante. As expectativas são de que a empresa compre entre 1,0 e 1,5 milhão de toneladas do nitrogenado. Na cena internacional, os cortes na produção egípcia ainda geram um sentimento de incerteza.
Até mesmo os preços FOB Egito estão acima de US$ 450/t FOB para entrega em agosto. No mercado doméstico brasileiro, ainda há demanda para milho de verão em algumas regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com cotações nessas áreas superando R$ 2.600/t. Analisando as importações de ureia, segundo o MDIC, cerca de 650 mil toneladas do fertilizante foram desembarcadas nos portos brasileiros em julho. No acumulado de janeiro a julho, esse montante totaliza 3,457 milhões de toneladas, representando uma redução de 8,0% em comparação ao mesmo período do ano passado. Cerca de 20% desse volume originou-se do Catar, seguido de Omã com 19,7% e Nigéria com 14,8%. Quanto ao sulfato de amônio, os preços também tiveram aumentos consideráveis, com as cotações atuais situando-se em torno de US$ 220/t CFR Brasil, enquanto eram negociadas a US$ 155/t CFR em meados de junho. A China é o maior fornecedor desse fertilizante para os consumidores brasileiros, sendo que cerca de 90% do volume importado tem origem chinesa. Finalmente, em relação ao nitrato de amônio, os aumentos são bastante significativos, com os preços FOB MAR Báltico situados em cerca de US$ 305/t, o que acumula um incremento superior a 120% em 30 dias.
Os preços dos fosfatados seguem subindo, e as cotações do MAP, que alcançaram US$ 430/t em meados de junho, agora estão sendo observadas próximas de US$ 500/t CFR Brasil. O aumento nas cotações dos fertilizantes fosfatados tem sido impulsionado por uma demanda mais robusta nos últimos 50 dias, tanto no Brasil quanto no sudeste asiático. É importante notar que no mês passado, enquanto as cotações dos fosfatados subiam para os consumidores brasileiros, os preços em outras regiões ainda apresentavam sinais de queda. Atualmente, verifica-se que na China, os preços do DAP aumentaram de US$ 425/t FOB no final de julho para US$ 470-475/t na última semana, portanto, o cenário mudou. Vale destacar que as exportações de fosfato diamônico pelos chineses superaram 900 mil toneladas no mês de junho, representando um forte crescimento em comparação com o ano passado. Na Índia, outro importante player do setor, os preços também estão em ascensão, e as cotações do DAP CFR estão se aproximando de US$ 500/t. No mercado doméstico brasileiro, os preços do MAP ultrapassaram a marca de R$ 3.000/t. Além disso, há um sentimento de escassez de produtos disponíveis para entrega imediata, não apenas no caso do MAP, mas também do superfosfato simples e triplo. Analisando o panorama das importações, de acordo com o MDIC, os volumes importados de MAP cresceram em cerca de 3,5% em 2023 em comparação com 2022, considerando o período de janeiro a julho. O último relatório da ANDA indicou que as entregas de P2O5 realmente aumentaram 2,3% em relação ao ano passado, representando um volume recorde para o período (jan-mai). Isso demonstra que a demanda antecipada por fosfatos foi significativamente maior. Por fim, os preços do superfosfato simples estão na faixa de US$ 230-235/t CFR Brasil, enquanto o superfosfato triplo está em torno de US$ 400/t CFR.
As cotações do KCl situam-se na faixa de US$ 345-360/t CFR Brasil. A empresa canadense Nutrien, uma gigante do setor, anunciou em seu último balanço que não planeja aumentar a capacidade de produção por tempo indeterminado. As cotações do cloreto de potássio foram impulsionadas no mercado doméstico brasileiro devido a uma demanda mais robusta nas últimas semanas. Os preços no porto de Paranaguá estão em torno de US$ 410-420/t FOB.
Condições mais benéficas para os EUA deverão se estender para os próximos 10 dias (atualização 12/Ago)
As temperaturas devem seguir abaixo do normal para os próximos dias, principalmente para o Leste do Cinturão. Ainda assim, há áreas que continuarão enfrentando clima mais seco e quente para os próximos dias. As condições nas Planícies seguirão desfavoráveis, enquanto no Leste do Cinturão as condições permanecerão mais favoráveis.
AO: Os modelos mostram que o AO deve seguir em sua fase negativa para 15 dias, reforçando o cenário de clima favorável para o Meio Oeste, muito importante para a soja. A figura 2 mostra a projeção do padrão.
Acumulados: Nos últimos 7 dias, os acumulados se concentraram desde o Norte dos EUA, Nebraska, Missouri e sul dos Estados de Illinois e Indiana. Poucos acumulados nas Planícies e em todo o coração do Meio Oeste. Nos últimos 7 dias, as temperaturas voltaram a cair. Provavelmente, a combinação de queda nas temperaturas e mais chuvas para 15 dias serão fatores de melhora das condições das lavouras para as próximas semanas.
A semana chega ao fim. Destaques: O El Niño continua ganhando força; demanda da China; margens de esmagamento no Brasil.
O El Niño continua ganhando força. Esse é um ponto de muita atenção. Incêndios, excesso de chuvas em alguns locais e a superfície da terra bem mais quente, em especial de todos os oceanos. O El Niño fechou essa semana com alta de 0,1 °C em relação à 6ª-feira passada. Agora a anomalia da temperatura das águas na região 3.4 está em +1.12 °C. Os modelos jogaram mais para cima a projeção até dezembro, para +2,6 °C. Só vai começar a cair em janeiro, um mês depois do normal. Tem cientista dizendo que a queda da anomalia vai ser pequena para o 2024, o que abre a possibilidade de um 2º ano de El Niño, só que mais forte. Indicadores de que o clima está uma bagunça: Onda de calor nos EUA no final de agosto, o NOAA fala em mais furacões esse ano, mais incêndios no Canadá, mais chuvas nas regiões produtoras de grãos na China, clima mais quente no sudeste da Ásia. Para o Brasil os modelos ainda não mostram consenso sobre as chuvas em setembro e outubro – podem atrasar. Para os próximos dias dois pontos são os mais importantes: a onda de calor nos EUA pode reduzir a chance de elevação da produtividade da soja no relatório de setembro, mudança que o mercado já estava dando como certa. Mais chuvas e clima nublado para as províncias de Jilin, Liaoning e Heilongjiang, as principais províncias produtoras de milho e soja. Para o milho, a qualidade pode ser o ponto mais preocupante para as fábricas de rações na China. Lembro que em 2021, depois da passagem de tufões, os alagamentos e o clima nublado foram os fatores que derrubaram a qualidade do milho na China, forçando a importação para o blend.
A demanda de soja está forte. As margens de esmagamento na China continuam boas, dando liquidez às vendas combinadas do Brasil e dos EUA. A cobertura da China está avançando rápido, o que também explica porque os basis estão caindo, mesmo com margens boas. Ontem foi mais um dia de queda para os prêmios no FOB no Brasil. Nas últimas semanas o número de barcos negociados está numa média alta, variando entre 35 até 45 por semana. Para o Brasil isso significa preços mais elevados na paridade, acima do que a indústria consegue pagar. As margens ontem pioraram um pouco mais para a safra velha. Agora as margens negativas estão se aproximando de $20 por tonelada. No Brasil a cobertura das fábricas está curtíssima. No levantamento feito pelos brokers da Agrinvest essa semana: processadoras no Rio Grande do Sul com cobertura até 15 de setembro. No Paraná, final de setembro. No Mato Grosso do Sul até a 1ª quinzena de outubro. Em Goiás até a 1ª quinzena de outubro e no Mato Grosso até final de outubro. Com margens ruins e uma demanda interna por farelo nada animadora, a oferta de farelo pode começar a ficar menor. O lineup de farelo no Brasil já mostra isso. O total embarcado mais o nomeado até o dia 16 desse mês, 11 dias úteis, ficou em 3 milhões de toneladas, 300 mil toneladas menores em relação ao mês passado. Na Argentina o total nomeado mais o embarcado está em 1,5 milhão de toneladas, em linha com o mês passado. O Paraguai embarcou para a Argentina até o mês de julho um total de 4,3 milhões de toneladas de soja, 110% acima do ano passado. No geral, os embarques de farelo somando a Argentina e o Brasil entre janeiro e julho estão 4,3 milhões de toneladas abaixo do ano passado, mas mesmo assim os preços do farelo não dão qualquer sinal de que está faltando, o que me diz que a pressão sobre as margens na Argentina e no Brasil deve continuar.
É claro que não posso encerrar a semana sem falar dos indicadores da China. Hoje nos jornais a manchete de que a Evergrande finalmente jogou a toalha, entrou com pedido de falência em NY. Desde 2021 já vinha atrasando o pagamento de juros sobre bonds emitidos em Hong Kong, investidores estrangeiros. Quantas mais irão fazer a mesma coisa? É o que os fundos americanos e europeus com exposição estão se perguntando. Destaque também para o movimento do BC chinês, tentando defender o iuan no offshore. Desde 5ª-feira estava atuando em Londres vendendo dólar e comprando sua moeda, tentando segurar o valor da moeda – o iuan bateu no offshore 7,344 na máxima da semana, maior nível desde outubro do ano passado. É a maior cotação do câmbio desde que começou a ser negociado fora da China. Hoje o BC chinês entrou estabelecendo o ponto de abertura do câmbio no mercado chinês, onshore, a 7,2, a maior divergência entre a abertura e o fechamento do dia anterior desde que a pesquisa é feita – funciona assim: no mercado chinês, o BC estabelece o ponto médio da cotação do dia, com variação máxima diária de 2% em relação a esse ponto. Desde 2018 o mercado faz uma pesquisa de qual será o ponto médio do dia. Essa diferença hoje foi a maior desde que a pesquisa começou a ser feita. O que falam é que o BC Chinês está com as mãos amarradas, precisa desesperadamente cortar juros, mas não tem como fazer isso sem aumentar a pressão de desvalorização sobre seu câmbio – hoje a diferença entre um papel chinês de 10 anos e o americano está em 1,73 ponto percentual a favor do americano, mínima histórica. Em 2021, o papel soberano da China pagava 2,5 pontos percentuais a mais. Qual o problema de deixar a moeda se desvalorizar? Há dois problemas: 1) a grande classe média chinesa se sentirá mais pobre em dólar. É por isso que as marcas de luxo estão performando muito mal – a China é seu maior mercado; 2) empresas chinesas endividadas em dólar sentirão a dor de tomar empréstimo em moeda estrangeira. Por isso, a Evergrande e outras podem optar pela RJ, aumentando a aversão a ativos chineses, em especial empresas frequentadoras do mercado de Bonds em Hong Kong. Para o crescimento da China isso é muito ruim, é menos uma fonte importante de financiamento.
Rápidas da manhã: Bolsas americanas e europeias em queda. O CSI 300 encerrou em queda de 1,4% e queda de 2,6% na semana – 2ª semana de forte queda. A diferença de rendimento entre títulos de 10 anos da China e dos EUA bateu a mínima histórica ontem a -173 pontos base – um papel americano paga 1,73 ponto percentual a mais que um papel chinês. Câmbio na China encerra a semana a 7,31 depois de muita intervenção do BC chinês; petróleo caindo 0,3% a $80.1; IDX estável e o rendimento dos títulos americanos de 10 anos continuam subindo – ontem o T10 bateu 4,3% – máxima de 14 anos; ouro encerra a semana abaixo dos $1900 a onça; futuros da soja na CBOT subindo; onda de calor nos EUA para 7 dias.
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 11 de agosto, os analistas revisaram para cima as expectativas para o PIB e a taxa cambial ao final de 2023. A estimativa para o IPCA e a taxa Selic ao fim desse ano foram mantidas inalteradas.
O destaque do relatório ficou para a alta na projeção do PIB brasileiro para esse ano pela segunda semana seguida, passando de 2,26% para 2,29%. Resultado melhor que o esperado em junho para o setor de serviços, motivou a melhora na projeção do PIB do nosso país. Segundo o IBGE, o setor de serviços cresceu 0,2% no sexto mês do ano, ante expectativa de 0,1%.
A taxa cambial subiu de R$ 4,90 para R$ 4,93, refletindo a piora do humor externo na primeira quinzena de agosto. Foi a primeira alta dessa projeção após três meses seguidos em queda.
Para a taxa Selic, os analistas mantiveram suas projeções em 11,75% ao final desse ano, em linha com a sinalização do Banco Central de mais três cortes de 0,5 p.p. até dezembro de 2023.
A estimativa para o IPCA ficou inalterada em 4,84% pela segunda semana seguida.
Vendas acima do esperado para a safra nova de soja. Para o restante, vendas dentro do intervalo das expectativas.
DESTAQUES
Soja: As vendas para a safra nova ficaram acima do esperado. Para a safra velha, tradings americanas continuam exportando soja para suas plantas na Europa, voltando com o Biodiesel. Essa triangulação vem ficando mais comum para o aproveitamento do crédito do biodiesel nos EUA – a regra diz que a soja deve ser americana. O crescimento da importação de biodiesel pelos EUA está bem acima do normal, em especial da Alemanha e Países Baixos. Para a safra nova, a China comprou 940 mil toneladas, em linha com a expectativa de mercado de 45 barcos negociados na semana entre Brasil e os EUA. Agora a conta está mudando. O Brasil está voltando a vender mais que os EUA, o que pode colocar um freio nas vendas semanais.
Milho: As vendas continuam fracas para ambas as safras. O milho americano continua dando conta apenas para seus compradores mais próximos.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a segunda semana de agosto 3,76 milhões de toneladas. Em agosto de 2022 o total foi de 5,94 milhões de toneladas.
Em julho foram embarcadas 9,69 milhões de toneladas, o segundo melhor mês de julho da série histórica, ficando atrás apenas de 2020 quando foram embarcadas 9,95 milhões de toneladas. Estão nomeadas para agosto exportação de 4,41 milhões de toneladas, portanto, o comprometido para o mês é de 8,17 milhões de toneladas. Se todo o nomeado for embarcado o mês de agosto vai ser recorde. O comprometido nos primeiros oito meses do ano é de 80,64 milhões de toneladas.
De janeiro a junho o Brasil embarcou para a China 50,42 milhões de toneladas, contra 42,98 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,5 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 9 dias úteis de agosto 3,15 milhões de toneladas. Em agosto do ano passado o total foi de 7,44 milhões de toneladas.
Estão nomeadas para agosto exportação de 5,46 milhões de toneladas, portanto, o comprometido para o mês é de 8,62 milhões de toneladas. Se todo o nomeado for embarcado o mês de agosto vai ser recorde. O comprometido de fevereiro a agosto é de 18,33 milhões de toneladas. A logística brasileira está lidando com dois grandes programas de exportação ao mesmo tempo, soja e milho, o que aumentou o tempo de espera principalmente no porto de Paranaguá, que saiu de 20 dias no início de julho para 43 dias no final de julho.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 1,27 milhão de toneladas do cereal. Somente em julho foram embarcadas 902,11 mil toneladas.
O programa de exportação de farelo de soja embarcou até a segunda semana de agosto 1,12 milhão de toneladas. No oitavo mês de 2022 o total foi de 1,81 milhão de toneladas.
O Brasil atinge recordes na exportação do farelo de soja após a Argentina sofrer a pior quebra da história, colhendo apenas 19 milhões de toneladas. Em julho foram embarcadas 2,20 milhões de toneladas, o melhor mês de julho da série histórica. Estão nomeadas para agosto exportação de 1,05 milhão de toneladas, portanto o comprometido para o mês é de 2,17 milhões de toneladas. Se todo o nomeado for embarcado o mês de agosto vai ser recorde. O comprometido nos primeiros oito meses do ano é de 15,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a primeira semana de agosto 62,20 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 62,80 mil toneladas.
Julho apresenta os menores volumes embarcados da fibra natural, por conta do período de entressafra. No acumulado do ano, foram exportadas 559,40 mil toneladas, volume bem abaixo do esperado.
O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 117,19 mil toneladas de janeiro a junho.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiras 9 dias úteis 83,30 mil toneladas. Em agosto de 2022 o volume total foi de 202,23 mil toneladas.
Em julho foram embarcadas 160,07 mil toneladas, em linha com a média dos últimos três anos. No acumulado do ano foram exportadas 1,09 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. No primeiro semestre a China comprou 604,81 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 649,63 mil toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a segunda semana de agosto 43,90 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 113,60 mil toneladas.
No acumulado do ano foram embarcadas 719,1 mil toneladas, recorde na série histórica. No mesmo período do ano passado o volume embarcado foi de 587,30 mil toneladas. No primeiro semestre a China comprou 252,89 mil toneladas da carne suína brasileira, volume 14,22% superior a 2022.
Alemanha - PPI – Índice de Preços ao Produtor
Brasil - Boletim Focus
EUA - Condição e Evolução das Lavouras – USDA
Brasil - Início do Encontro do BRICS – África do Sul
EUA - Vendas de Casas Usadas
EUA - Variação dos Estoques de Petróleo Bruto – API
Zona do Euro - PMI Composto - HCOB
EUA - PMI Composto – S&P
EUA - Vendas de Casas Novas
EUA - Variação dos Estoques de Petróleo – EIA
EUA - Pedidos Iniciais de
Auxílio-Desemprego
EUA - Índice de Atividade Nacional – FED Chicago
EUA - Vendas Semanais – USDA
Alemanha - PIB – Produto Interno Bruto
Alemanha - Índice Ifo
Brasil - IPCA-15 – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – ref. dia 15
EUA - Confiança do Consumidor – Universidade de Michigan
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