O IBGE divulgou na terça-feira os dados da produção industrial do Brasil referente a julho desse ano. No período, a indústria registrou queda mensal de 0,6%, na série com ajuste sazonal, abaixo do esperado pelos analistas (-0,3%). Na comparação com o mesmo mês de 2022 reportou retração de 1,1%, também pior que o esperado (-0,5%).
Diante do resultado de julho, a produção industrial brasileira acumula queda de 0,4% em 2023. No acumulado em 12 meses, a indústria apresentou variação nula pelo terceiro mês seguido nessa base de comparação.
Entre as quatro grandes categorias, os destaques negativos em julho foram: Bens de Capital (-7,4%) e Bens de Consumo Duráveis (-4,1%).
Dentro dessas duas categorias, as atividades que tiveram as maiores influências negativa foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (12,1%) e máquinas e equipamentos (-5%).
O programa de estímulo do governo para baratear o preço dos automóveis ajudou a queimar o estoque das montadoras, mas foi insuficiente para trazer crescimento da produção desses bens.
A taxa de juros elevada no Brasil encarece o crédito, que por sua vez, inibe a demanda por bens duráveis (veículos e linha branca) e investimentos no setor produtivo (máquinas e equipamentos). Por isso, as categorias bens de capital e bens de consumo duráveis registraram as piores performances, afinal, são bastante dependentes de capital barato para performarem positivamente.
Refletindo essa visão, vejam no gráfico abaixo que há uma relação inversa entre a taxa de juros no Brasil e o desempenho no acumulado em 12 meses das categorias Bens de Capital e Bens de Consumo Duráveis. Quando há um ciclo de queda de juros, há um crescimento na produção dessas categorias e quando há um ciclo de aperto monetário, há contração.
Apesar do setor industrial ter apresentado o melhor desempenho (+0,9%) entre os três setores da economia no segundo semestre, de acordo com os dados do PIB divulgados na última sexta-feira, o ano de 2023 será difícil para esse setor como mostrou o resultado de julho.
A taxa de juros elevada como dito acima seguirá sendo um empecilho para uma melhor performance desse setor esse ano, pois o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em agosto ocorrerá de forma parcimoniosa, o que deve manter a taxa Selic acima de dois dígitos pelo menos até meados de 2024.
Portanto, em um quadro de juros ao redor de 1% ao mês até o final desse ano, os investimentos seguirão engavetados, com o empreendedor preferindo rentabilizar seus recursos monetários junto ao mercado financeiro (renda fixa) ao invés do setor produtivo, o que impacta negativamente os bens de capital.
E com juros alto, o parcelamento de bens duráveis fica caro, também impactando negativamente a demanda desses produtos.
Ou seja, enquanto não houver uma redução da taxa de juros abaixo de 10%, a indústria deverá seguir tendo um desempenho bastante anêmico.
Os chineses estão preocupados com a janela de originação de soja de final de ano. Comentei no Mercados na Ásia que as processadoras
ainda precisam comprar pelo menos 20 milhões de toneladas de soja até final de janeiro. São duas preocupações:
– A capacidade de execução nos EUA, principalmente pelo Golfo;
– A capacidade do Brasil em continuar ofertando soja para a China para a janela de outubro a janeiro;
Negócios reportados no overnight a +265sx para embarque outubro, soja do Brasil. Ontem brokers da Agrinvest reportaram negócios para embarque setembro a equivalente 140 centavos por bushel acima do SX, soja que vai chegar na China por volta de +260sx, em linha com os negócios reportados hoje no destino.
A preocupação em relação ao Brasil se deve à falta de alternativas para continuar ofertando bons volumes de soja. Os portos do Norte e Santos estão comprometidos com o milho, restando o porto de Paranaguá e Rio Grande. Problemas:
Paranaguá: Todos já sabemos que o porto de Paranaguá está congestionado, o que tem causado grande atraso nos carregamentos e altos custos para os exportadores, o que vem sendo descontado nos prêmios. A diferença entre o sobre rodas em Santos e Paranaguá é de R$ 7,00 por saca, por volta de 65 centavos por bushel. Vender mais soja em Paranaguá não parece uma boa ideia, tendo em vista o compromisso do BL.
BL (fonte – COMEX): O Bill of Lading (BL) é o conhecimento de embarque marítimo, documento que assegura a condição da carga embarcada no modal aquaviário, além se der um contrato estabelecido entre o embarcador e o transportador. Trata-se do documento de navegação mais importante no comércio exterior.
Assim como em outros conhecimentos de carga (por exemplo, para o transporte rodoviário), o BL orienta as relações contratuais entre as partes e é considerado um título de crédito, pois a responsabilidade da carga é repassada ao transportador.
Desse modo, se a carga chega ao transportador com alguma avaria, o transportador – que nesse caso é o comandante do navio ou o representante do armador, como uma agência marítima -, deve indicar esse problema no BL para que a responsabilidade do dano da carga não recaia sobre ele. A cláusula clean on board indica que as mercadorias estão em bom estado aparente, de acordo com as marcas e numeração fornecidas pelo embarcador.
O BL é um documento cuja finalidade é, portanto, um recibo de entrega da mercadoria, pois a posse do BL comprova o recebimento da carga para transporte; um título de crédito, pois garante a retirada da mercadoria junto ao transportador no destino final e; um contrato de transporte entre embarcador e transportador, uma vez que é emitido após o embarque da mercadoria.
Rio Grande: Há duas dificuldades em vender no destino um navio de soja com origem em Rio Grande: 1) a dificuldade de originar. A safra do Rio Grande do Sul quebrou e os produtores continuam segurando, fortalecendo muito os basis locais – a figura 1 mostra a evolução dos basis em Passo Fundo, importante região produtora no Rio Grande do Sul; 2) os fretes estão subindo, 8% nas últimas duas semanas, mais ou menos 20 centavos por bushel de alta, encarecendo a originação; 3) a qualidade é uma limitação também. Muitos originadores estão comentando sobre o alto percentual de avariado na soja do Mato Grosso e Tocantins, soja fora do padrão do ANEC.
Na última semana os basis nos EUA subiram no CIF Nola e também no FOB Golfo. A alta foi de mais de 20 centavos para embarque outubro e novembro.
Nessa semana, os prêmios no FOB começaram a semana em queda, o que se explica pela mudança do clima. Traders nos EUA falam que o clima mais ameno pode reduzir o ritmo da alta dos fretes das barcaças.
A figura 2 mostra a alta dos fretes nas últimas semana para embarque curto, saindo de 450% para 875% em três semanas. No final de setembro do ano passado, o frete spot chegou a 2000% – o valor do frete é cobrado em percentual sobre um valor histórico.
Os mapas mostram redução das temperaturas e um pouco mais chuvas para os próximos dias, o que deve ajudar no nível do rio Mississippi. O efeito foi a queda dos prêmios no FOB, o que pode voltar a colocar a soja americana como a mais competitiva para a janela de final de ano.
Esse é um ponto fundamental para a continuidade de crescimento do programa americano de exportação, o qual está atrasado.
O mapa a seguir mostra a anomalia de chuvas do EC para 4 semanas. O mapa mostra mais chuvas para uma parte dos EUA.
Esse mapa também está associado à queda das temperaturas.
O ISM (Institute for Suply Management) divulgou na quarta-feira (06) o ISM Serviços nos EUA referente ao mês de agosto desse no. No período, foi registrado 54,5 pontos, superando a expectativa dos analistas (52,5 pontos) e o reportado em julho (52,7 pontos).
Vale lembrar, que para esse indicador, resultado acima de 50 pontos indica crescimento e abaixo retração. Ou seja, tivemos uma aceleração do crescimento do setor de serviços em agosto e foi o oitavo mês seguido de expansão desse indicador. Nos últimos 39 meses, o setor de serviços registrou crescimento em 38 meses, registrando contração apenas no mês de dezembro de 2022.
Em agosto, doze das quinze atividades do setor de serviços registraram crescimento no seu desempenho em comparação a julho. Foram as seguintes: Alojamento e Serviços de Alimentação; Outros serviços; Imobiliário, Aluguel e Leasing; Informação; Administração pública; Finanças e Seguros; Artes, Entretenimento e Recreação; Serviços educacionais; Construção; Comércio Atacadista; Serviços de utilidade pública; e Comércio Varejista.
Na ponta contrária, reportaram retração as três seguintes atividades: Agricultura, Silvicultura, Pesca e Caça; Mineração; e Serviços Profissionais, Científicos e Técnicos.
Com uma maioria esmagadora das atividades apresentando expansão, os dados sugerem que a demanda interna nos EUA segue aquecida, apesar da inflação seguir muito acima do desejado pelo Fed.
O consumo ainda em alta é reflexo do mercado de trabalho norte-americano aquecido, que possibilita ganhos salariais bem acima da média histórica aos trabalhadores daquele país e dessa forma, mantém o poder de compra da população mesmo com a corrosão da inflação.
Vale lembrar que o setor de serviços é responsável por 70% do PIB norte-americano. Por isso, com esse setor em contínuo crescimento, fica mais difícil o trabalho do Fed em controlar a inflação.
Diante desse cenário, os investidores enxergam uma maior probabilidade da autoridade monetária dos EUA de elevar novamente em 0,25 p.p. a taxa de juros daquele país na decisão do dia 01º de novembro.
Há uma semana atrás (01º de setembro), a probabilidade de nova alta de juros era de apenas 34%. Após a divulgação do dado do ISM Serviços, saltou para 43%. Já a expectativa de manutenção na penúltima decisão de 2023 recuou de 65% no dia 01º de setembro para 54% no dia 08 de setembro. Vale lembrar, que a taxa de juros na terra do tio Sam está em uma banda entre 5,25% e 5,50%.
Para a reunião do dia 20 de setembro é dado como certo que não haverá aperto monetário.
LOGÍSTICA E INFRAESTRUTURA
Mais uma vez, drones russos atacaram o sul de Odesa.
Este é o quarto ataque no distrito de Izmail nos últimos cinco dias.
Como resultado da invasão no 7 de setembro. Por “shaheeds”, instalações de infraestrutura civil e portuária, um elevador e um prédio administrativo foram danificados em vários assentamentos.
FRETE
As taxas de frete para o transporte de grãos por navios coasters a partir dos portos do Danúbio aumentaram ligeiramente.
Isso foi relatado pela Atria Brokers.
Em 31 de agosto de 2023, as taxas de frete para o transporte de milho por coasters de 6.000 toneladas dos portos de Reni e Ismail para a costa leste da Itália aumentaram em 1-2 USD/mt para 61-65 USD/mt. As taxas máximas para o Mediterrâneo aumentaram 2 USD/mt para 62 USD/mt, enquanto a mínima permaneceu no nível da semana passada – 58 USD/mt. As taxas máximas para Mármara e Espanha aumentaram 1 USD/mt para 46 e 73USD/mt, respectivamente, enquanto as taxas mínimas permaneceram inalteradas (45 e 68 USD/mt). O frete para Creta permaneceu no nível de 53-55 USD/mt.
COLHEITA
A colheita de girassóis e soja começou na Ucrânia – informou o Ministério da Política Agrária.
A colheita das principais culturas oleaginosas – girassol e soja – começou na Ucrânia.
Assim, até 31 de agosto, os girassóis foram colhidos em 25,6 mil hectares (0,5% da previsão), dos quais foram colhidas 49,4 mil toneladas de oleaginosas com rendimento de 1930 kg/ha. A soja foi debulhada em 11,2 mil ha (0,6%), 30,6 mil toneladas de soja foram debulhadas com rendimento de 2730 kg/ha.
Já as culturas de grãos e leguminosas, foram debulhadas em 6,642 milhões de hectares (ou 61% do previsto) na data especificada, das quais 29,184 milhões de toneladas de grãos foram debulhadas com rendimento de 4390 kgs/ha.
Em termos de culturas, a dinâmica de colheita é a seguinte:
TRIGO – foram debulhados 4,69 milhões de hectares (101% da previsão), com produtividade de 4720 kg/ha, 22,142 milhões de toneladas colhidas;
CEVADA – Foram debulhados 1,498 milhão de hectares (100%), com produtividade de 3880 kg/ha, sendo colhidas 5,809 milhões de toneladas.
ANÁLISES
A colheita de soja na Ucrânia aumentará 18% este ano.
De acordo com previsões da associação Danúbio Soja, a colheita de soja deste ano na Ucrânia será de cerca de 4,410 milhões de toneladas, 18,2% a mais do que no ano passado.
Neste ano, foram semeadas com soja, que é o maior número dos últimos cinco anos. Os indicadores positivos da produtividade esperada foram assegurados pelo fato de que, em geral, as condições climáticas deste ano foram muito favoráveis para a soja.
CLIMA QUENTE E SECO IMPACTANDO AS LAVOURAS DE TRIGO AO REDOR DO GLOBO
O El Niño está praticamente confirmado para o período da primavera e verão 23/24, mas seus efeitos começaram já há alguns meses. A começar pelo drástico corte na área de produção de trigo da Austrália, que por si só já corresponderia a uma menor safra, mas que ainda, foi impactada por um clima quente e seco nos últimos meses, fazendo a produção de trigo do país cair drasticamente.
Na segunda-feira (04), o Gabinete Australiano de Economia e Ciências Agrícolas, trouxe mais um corte de 800 mil toneladas para a produção de trigo da Austrália, que fica agora estimado em 25,4 Mi de t, ou seja 14 Mi de t abaixo das 39 Mi de t do ano passado, que foi recorde. Esse novo número também está 4 Mi de t abaixo que as estimativas do relatório do USDA de agosto, dando margem para um novo corte pelo departamento americano no relatório de oferta e demanda de setembro.
Outros países como Canadá e Argentina, também tiveram revisões para baixo nos últimos dias, devido aos efeitos do clima mais quente e seco para a época. Na Europa, o trigo da Alemanha registra perdas pelas chuvas em plena a colheita e, sendo o segundo maior produtor e exportador de trigo da UE, também corresponde por uma participação importante no quadro da oferta global.
Mesmo que a grande safra da Rússia acabe pressionando os preços do cereal no curto prazo. Estamos caminhando para o menor estoque global de trigo em 23/24 num intervalo de cinco anos e, o que é necessário levar em conta é a grande restrição de trigo alimentar e alta proteína.
Tivemos recentemente a colheita de trigo da China, em que pelo menos 20 milhões de toneladas foram comprometidas devido as inundações, sendo destinadas para trigo ração. Isso pode elevar os níveis de importação de trigo pelo país, que estão atualmente em 9 Mi de t pelo USDA.
Os EUA também sofreram uma grande quebra na safra de trigo de inverno de alta proteína, diminuindo a oferta do grão para moagem. A UE também apresenta o mesmo quadro. Logo, há grande oferta de trigo soft e baixa proteína, elevação na oferta de trigo feed, mas um quadro de menor disponibilidade de trigo de alta qualidade.
A curva dos preços do trigo soft americano na Bolsa de Chicago está inclinada, apresentando valorização para o grão nos contratos mais longos.
Atenção para a entressafra do trigo no Hemisfério Norte, em que o seu período mais crítico vai de janeiro até maio. Esse período também concentra parte do inverno rigoroso na região, refletindo em menor ritmo de operações nos portos, especialmente na Rússia.
Durante os meses de dezembro a fevereiro, a Rússia diminui a sua participação nas exportações global de trigo e, por esta razão é que podemos ver algum suporte nos preços, onde os demais exportadores, possuem uma boa janela para aumento em sua demanda de exportação.
Vale lembrar, porém, da entrada da safra de milho e soja americana dentro de alguns meses, algo que pode pressionar os grãos na CBOT e levar o trigo na carona. Logo, mesmo com um cenário apontando suporte para a elevação dos preços do trigo no médio e longo prazo, especialmente pelo cereal estar hoje em seu menor nível em três anos, ainda existem lacunas que podem trazer alguma pressão até o final do ano.
Ainda nos últimos dias, além dos cortes que tivemos na produção de trigo em importantes países produtores, também vimos uma movimentação quanto a possibilidade da retomada do acordo de grãos do Mar Negro.
Nesta 2ª-feira (04), o presidente da Rússia, Vladmir Putin, se reuniu com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para tratar sobre a Iniciativa de Grãos.
Contudo, a postura de Putin continua a mesma, só deve retornar ao acordo, se as demandas de exportações de grãos e fertilizantes da Rússia forem atendidas. Isso envolve a reintegração do banco Rosselkhozbank ao sistema de pagamentos internacional SWIFT, remoção de sansões para contratação de seguros e resseguros para transporte de cargas russas, além do desbloqueio de restrições à importação de implementos e maquinários agrícolas.
Entretanto, somente pelo fato de Vladmir Putin, aceitar um diálogo sobre o assunto, este já é um grande passo. Mesmo assim, os ataques com drones entre Rússia e Ucrânia continuam acentuando o risco de navegação pela região do Mar Negro, o que tem aumentado os preços de frete marítimo e seguros para navios que transportam grãos de ambos os países em guerra.
Apesar da indefinição na reunião de ontem, Erdogan disse que continuará buscando novas alternativas para a retomada do Acordo de Grãos do Mar Negro.
“Compartilhei com Putin que estamos preparando um novo pacote de propostas em consulta com a ONU. Acredito que conseguiremos êxito nessas tratativas, resultando numa solução para o acordo de grãos, que deve ser alcançada num futuro próximo”, disse Erdogan.
Na última semana, foram divulgados os estoques semanais dos combustíveis nos Estados Unidos, a surpresa veio por conta do petróleo.
O mercado aguardava uma redução de 3,3 milhões de barris porém o número final foi de uma redução de 10,6 milhões, a quarta redução seguida atingindo o menor nível do ano.
O principal motivo apontado é o de aumento do custo de carregamento de estoques. Com a alta da taxa de juros, os custos de estocagem subiram drasticamente desincentivando a manutenção dos estoques. Este cenário deve se estender por boa parte de 2024, colocando pressão sobre os estoques americanos. Hoje, o país conta com 25 dias de reserva quando observamos os estoques comerciais, e quando adicionamos os estoques da reserva estratégica o número sobe para 48 dias de consumo apenas.
Sondas em operação reduzindo
O acordo de Paris em 2015 mudou completamente a dinâmica do mercado de combustíveis nos Estados Unidos. O incentivo à redução da emissão de carbono tirou muitas linhas de financiamento para novas operações do mercado de combustível fóssil, sendo novas sondas ou novas refinarias. Desde então o número de sondas em atividade nos Estados Unidos já reduziu em 60%! Saindo de 1800 para 631, que é o menor número desde fevereiro de 2022.
Além dos juros elevados no momento, a tendência de produção do petróleo é de queda, aumentando cada vez mais o risco de choque de oferta por falta de combustível.
Resumo de forças – Petróleo
1)Encarecimento do carregamento dos estoques: Juros altos desincentivam a armazenagem e os estoques são pressionados, tendência de alta para os preços para justificar o carregamento.
2)Redução do número de sondas em atividade: Desde 2015 o número de sondas vem reduzindo drasticamente sem incentivos financeiros para novas operações. O preço deverá fazer o papel de incentivador da oferta.
3)Cortes da OPEP: A Organização dos Países Exportadores de Petróleo devem manter os cortes de produção por mais um mês durante outubro e a Arábia Saudita também deve estender o seu corte individual de 1 milhão de barris por dia durante o mês de outubro, na sua totalidade os cortes de produção atingem cerca de 4,5 milhões de barris por dia. O objetivo da OPEP é claro, estabilidade dos preços do petróleo acima de U$90/bbl.
4)Aumento de produção do Irã e Venezuela: A aproximação dos Estados Unidos com o Irã e Venezuela vem aumentando a expectativa da volta destes dois países ao mercado de exportação, aumentando a oferta.
Óleo de soja deve receber suporte na Cbot
O correlação entre o óleo de soja e o mercado de combustíveis tem se tornado cada vez mais relevante.
Após o fomento da energia renovável pelas principais economias do mundo de 2015 pra cá, uma das medidas é de redução da utilização do diesel fóssil e substituição por diesel renovável, ou biodiesel. Com isso foi criada uma demanda adicional para o óleo de soja, que até então era utilizado para consumo humano, através da caneta.
O diesel é uma das principais fontes de energia no mundo, junto com o carvão e o gás natural. A substituição obrigatória do diesel fóssil pelo diesel da soja (biodiesel) pode criar uma demanda praticamente infinita para o biodiesel, uma vez que 1 ponto percentual de substituição obrigatória em uma economia como a dos EUA ou União Europeia, ou mesmo o Brasil já se traduz em uma forte alta na demanda.
Daqui pra frente o preço do óleo de soja será direcionado por dois fatores principais:
1)Política: Cada vez mais as decisões políticas deverão pesar sobre o preço do óleo de soja mundo afora, aqui no Brasil a decisão de elevação do B10 para o B12 ao invés do B15, resultou em uma estagnação no preço do óleo elevando para níveis os volumes de exportação, por falta de demanda interna. Porém se no ano que vem o governo decidir por aumentar os mandatórios diretamente para B15, será adicionada uma demanda importante para o mercado interno devendo reequilibrar os preços.
2)Mercado energético: Como agora o biodiesel passa a ser um concorrente do diesel, os preços do óleo de soja passam a se correlacionar muito mais com os preços do diesel e passa a ser um seguidor.
Como resultado todo investimento no setor de esmagamento de soja está sendo feito para benefício do óleo de soja em detrimento do farelo, portanto o impacto da entrada da safra americana deverá pesar menos no preço do óleo de soja do que no resto do complexo, elevando definitivamente o oil-share para a banda entre 50% e 60%.
Dados do dia 21 de Agosto
Após um forte movimento de alta na ureia que durou do final de junho até o começo de agosto, nas últimas três semanas os preços do fertilizante recuaram mais de 15%. Inclusive, na última sexta-feira, as cotações do nitrogenado pairaram em US$ 370/t CFR Brasil. Além da derrocada no Brasil, os outros polos consumidores e produtores também precificaram quedas nos preços. No Egito, os contratos futuros negociados na CBOT mostram que os níveis de negociação atualmente variam entre US$ 355/t e US$ 365/t FOB, enquanto no começo de agosto as cotações superavam US$ 450/t FOB. Nos EUA, os preços praticados para a ureia estão entre US$ 325/st e US$ 335/st FOB em Nola.
Em relação ao sulfato de amônio, os preços estão na casa de US$ 200/t, havendo rumores de negociação a até US$ 180/t CFR Brasil. Por fim, quanto ao nitrato de amônio, as cotações no Báltico, que haviam superado US$ 300/t FOB, agora são vistas na faixa de US$ 270/t FOB, refletindo uma queda nos preços no Brasil. No mercado doméstico brasileiro, o sentimento de demanda enfraquecido permanece. No final de junho até meados do mês de agosto, as compras para a safra de verão 2023-24 se aqueceram consideravelmente. Agora, essas aquisições estão na reta final, restando pequenos volumes a serem negociados. Para a segunda safra, as incertezas são numerosas; os produtores estão cautelosos e preocupados com a semeadura que se iniciará nos próximos dias. A consequência disso é um arrefecimento importante nas negociações. Analisando os preços em reais por tonelada, percebe-se que nos últimos quinze dias, as cotações da ureia recuaram cerca de R$ 300/t e agora situam-se entre R$ 2.400/t e R$ 2.500/t. Quanto ao sulfato de amônio, os preços no Mato Grosso variam entre US$ 310-320/t FOB em Rondonópolis. Em relação às importações de ureia, os lineups apontaram um acumulado de 3,88 milhões de toneladas, considerando o período de janeiro até agosto. Portanto, trata-se de um volume muito semelhante ao observado no mesmo período do ano passado.
Depois de uma forte alta nas cotações dos fertilizantes fosfatados, na última semana, os preços do MAP CFR Brasil ficaram praticamente estáveis, com poucas negociações acontecendo. O mercado global ainda está atento aos desdobramentos que estão ocorrendo no sudeste asiático. Em notícia publicada pela Argus e considerando os números divulgados pelo National Fertilizer Development Centre (NFDC) do Paquistão, os estoques de DAP do país estão apertados, reflexo de um baixo volume importado nos primeiros seis meses do ano. Tudo indica que os importadores paquistaneses deverão acelerar suas compras visando as aplicações para a temporada que começará em outubro. Outro país asiático que está movimentando o mercado é Bangladesh; a nação realizou um tender buscando adquirir fosfatados para os próximos meses. Do lado da oferta, os chineses serão fundamentais para atender às necessidades de seus vizinhos, lembrando que os preços do DAP FOB China estão em torno de US$ 565/t FOB. Em trinta dias, as cotações subiram mais de 26% no gigante asiático.
No mercado doméstico brasileiro, os fornecedores estão focados nas entregas da soja 2023-24. Em meio a isso, a demanda para o milho safrinha está “travada”. No Mato Grosso, percebe-se que os produtores estão mais concentrados nas compras da soja 2023-24 do que nas aquisições para a 2ª safra..
Os preços do cloreto de potássio não têm apresentado grandes movimentações nos últimos trinta dias. Na última semana, as cotações do KCl CFR Brasil situaram-se entre US$ 350-360/t. Os participantes do mercado ainda aguardam respostas mais claras em relação à negociação envolvendo os indianos e a Canpotex. Vale lembrar que esse assunto está presente no mercado há pelo menos dois meses e meio. Até mesmo na semana passada, surgiram rumores de que a Índia teria chegado a um acordo com a empresa canadense. Isso implicaria em revisões para baixo nos preços d0 cloreto para os indianos, porém, nada foi confirmado oficialmente. No que diz respeito aos preços no Brasil, as indicações para a safra 2024-25 estão em torno de US$ 500/t FOB em Sinop.
Curto prazo: As temperaturas devem seguir acima do normal para os próximos dias para todo os EUA e também para o Canadá. As chuvas ficaram abaixo do normal em 10 a 50 mm. O quadro de seca vai continuar, o que passa a ser uma preocupação logística. A execução dos contratos de exportação pode ser prejudicada pelas condições de navegação do Rio Mississippi e aumento dos custos das barcaças
AO: Os modelos mostram que o AO deve mudar para sua fase positiva para os próximos 10 dias, reforçando o cenário de clima desfavorável. A figura 2 mostra a projeção do padrão.
Competitividade: Os prêmios da soja e do milho nos EUA para embarque outubro e novembro encerram a semana em alta, puxando os basis nos destinos, reduzindo a competitividade dos grãos americanos. O prêmio FOB da soja para embarque na 1ª quinzena de outubro subiu 33 centavos em uma semana e o embarque novembro subiu 15 centavos. No destino os basis para embarque outubro subiram mais de 30 centavos – as ofertas na 6ª-feira passada (25) para embarque outubro a partir do Golfo estavam em +228sx, subindo para +260sx na última 6ª-feira. A alta do frete das barcaças e do frete marítimo são os motivos principais, o que está diretamente relacionado ao clima. A alta do frete das barcaças está sendo causada pela redução do draft das barcaças e também pela redução do tamanho dos comboios. No início de agosto o percentual do valor do frete de Saint Louis para o Golfo estava em 725% para embarque outubro. Ontem estava em 875%, muito parecido com o ano passado. No final de setembro do ano passado, o frete spot chegou a 2000% – o valor do frete é cobrado em percentual sobre um valor histórico. Normalmente uma barcaça trabalha com draft entre 11 a 12 pés, o que corresponde a uma capacidade de 55 mil bushels de soja e até 70 mil bushels de milho, 1500 toneladas. Hoje as barcaças estão trabalhando com 9,6’, sendo que já falam em 9 pés. O tamanho dos comboios é normalmente de 40 barcaças, podendo cair para menos de 20, como no ano passado. No final das contas, são necessárias mais barcaças para levar o mesmo volume. Talvez a alta do frete não chegue aos níveis do ano passado, uma vez que o programa é bem menor e o Brasil tem mais soja e mais milho comparativamente, o que sempre é uma alternativa para os importadores. Os fretes marítimos Golfo-China também estão subindo, o que se explica pela alta do petróleo e congestionamento no Canal do Panamá. O frete do Golfo para os portos no Norte da China subiu de $46 por tonelada de meados de julho para $54 nessa semana. A administração do Canal está vendendo o direito de não ficar na fila, como se fosse uma fila expressa. O valor normal da travessia é de $400 mil. A fila expressa está saindo a $2,4 milhões, segundo o site oficial. Os navios que saem do Golfo para a Ásia possuem três alternativas principais, uma mais cara que a outra, 1) Canal de Suez; 2) contornar a Terra do Fogo na Argentina e; 3) contornar o Cabo da Boa Esperança na África. De qualquer forma, são 10 dias a mais de viagem para quem não quiser a linha expressa, encarecendo o frete. O spread entre o frete Santos e Golfo, ambos para o Norte da China, subiu de $9 por tonelada para $12. É claro que tudo isso não ajuda os programas de exportação americanos, que já estão atrasados.
O grau em que o ar do Ártico penetra nas latitudes médias está relacionado ao índice AO, que é definido pelos padrões de pressão atmosférica na superfície. Quando o índice AO é positivo, a pressão superficial é alta na região polar. Isso ajuda a corrente de jato de latitude média a soprar forte e consistentemente de oeste para leste, mantendo assim o ar frio do Ártico preso na região polar. Quando o índice AO é negativo, tende a haver baixa pressão na região polar, ventos zonais mais fracos e maior movimento do ar polar gelado nas latitudes médias.“ (NOAA)
Foram destaques nessa semana: a desvalorização do iuan, as fracas vendas de farelo na China e as revisões de produção de milho no Brasil.
Enquanto estou escrevendo o iuan continua fazendo mínimas. O câmbio na China rompeu os 7,348 nessa 6ª-feira, máxima do dia 11 de novembro do ano passado, quando a China ainda estava no covid-zero. A próxima resistência é os 7,8 e os 8, níveis de 2008. Faz algum tempo que o BC chinês tem tentado defender os 7,30, mas sem muito sucesso. O BC tem estabelecido a taxa média de abertura perto dos 7,2 com oscilação de 2% para cima ou para baixo. Sistematicamente o mercado tem jogado a taxa perto do limite máximo de 2%, o que mostra que a pressão de venda continua grande. Os motivos da depreciação são: 1) grande diferencial de inflação entre a China e o resto do mundo. Em relação aos EUA, a taxa de inflação ao consumidor chinês em julho foi de -0,3% na variação anual, e nos EUA foi +3,2%. A pegada dos BC´s é completamente diferente – o FED subindo juros e reduzindo liquidez. O PBoC cortando juros e aumentando liquidez. O diferencial de juros entre os papeis de 10 anos da China e dos EUA está perto de suas mínimas históricas; 2) o dinamismo econômico da China não é mais o mesmo sem seu motor da construção civil. O BC chinês está cortando juros sobre as hipotecas, tentando liberar mais dinheiro para os chineses gastarem em outras coisas. Naturalmente as pessoas não gastam mais porque a despesa diminuiu, mas sim porque se sentem confiantes de que sua renda vai continuar crescendo; 3) a guerra digital com os EUA é outro fator de pressão sobre o câmbio. Investidores estão saindo de ativos chineses, sem falar no estrangulamento que as empresas de tecnologia do ocidente estão vivendo. Nessa semana o governo pediu para os funcionários públicos não usarem iPhone no trabalho. O Nasdaq vai fechar a semana com queda de 1,5%. A Huawei anunciou o lançamento do seu novo celular com sua tecnologia própria de microchip, o que indica que a China pode ter conseguido reduzir sua dependência de fornecimento de tecnologia do ocidente.
Para a bolsa de Dalian o câmbio subindo não é bom. A soja e os óleos importados ficam mais caros e a capacidade de reação do consumidor chinês parece cada vez mais incerta. O farelo encerrou a semana com queda de 0,5% e o contrato da soja importada com queda de 2,3%. Os futuros do óleo de soja encerraram a semana com queda de 2,8% e o óleo de palma com queda de 5,2%. Os futuros do suíno vivo encerraram a semana com queda de 0,8%, 2ª semana de queda seguida e 5ª queda em 6 semanas. Parece que vai ficando cada vez mais claro que não vamos ver o rally dos preços da carne como no ano passado, o que pode reduzir muito o ímpeto das fábricas de rações na composição de estoques de farelo de soja. As vendas diárias de farelo de soja não caíram, despencaram. A média móvel de 5 dias até o fim da 1ª quinzena de agosto foi de 220 mil toneladas, caindo para perto de 30 mil nessa 6ª-feira. O que falam é que as fábricas de ração aumentaram seus estoques de 15 dias para 25/30 dias, além da mudança de sentimento em relação ao pico do consumo de carne e margens do setor de suínos para os próximos meses. Todos querem ver como serão as vendas dos restaurantes e viagens durante a Golden Week, feriado prolongado no início de outubro. Esse feriado vai dar uma boa ideia de como está o bolso do consumidor.
Nessa semana o IMEA, o Emater e o Deral divulgaram suas estimativas de área e produção de milho para 2024. O Imea reduziu a área do milho safrinha no Mato Grosso em 2,8% e também reduziu a produtividade. O IMEA reduziu o potencial da safra de 52,5 milhões de toneladas em 2022/23 para 43,3 milhões em 2023/24. O Deral reduziu a área de milho verão em 317 mil hectares e o EMATER em 1,6%. Minas Gerais vai reduzir a área de milho verão também. No geral, diria que a produção potencial de milho verão pode ser de 3 a 4 milhões de toneladas menor e a produção de milho safrinha mais de 10 milhões de toneladas menor – somando a queda no potencial do MT com outros estados que também deverão reduzir área e tecnologia para o milho safrinha. Meu colega Jeferson Souza tem dados apurados do atraso da compra de insumos para o milho safrinha, o que também reforça a ideia de que a produção de milho no Brasil para 2024 será bem menor em relação a esse ano – para piorar o cenário de produção, a ureia subiu mais de 20% nessa semana. Isso abre algumas possibilidades: 1) o balanço de O&D para 2024 ficará mais enxuto. A curva na B3 nos mostra isso – forte carry. O maior risco é o mês de outubro. Se as chuvas não firmarem, haverá atraso no plantio da soja e atraso no plantio do milho safrinha, o que certamente levaria mais produtores a reduzir o investimento. Importante acompanhar a paridade de preço entre o FOB Argentina e Brasil para julho. Provavelmente a Argentina vai ficar mais competitiva. No Brasil não há oferta para safrinha 2024 e na Argentina a BAGE elevou o potencial do milho para 55 milhões de toneladas (esse ano foi de 23 milhões); 2) o programa de exportação de milho para 2024 será menor, liberando mais espaço para a soja. Maior concorrência com o programa Americano 2024/25. Hoje a relação SX24/CZ24 está dizendo para o produtor americano plantar mais soja e menos milho. Esse cenário reforça a redução da oferta global de milho para 2024, mas cria um cenário potencial de baixa para os futuros da soja 2024/25.
Rápidas da manhã: Bolsas na Europa e Ásia em leve queda – O SP500 caminha para encerrar a semana em queda de 1,5% e os índices europeus com queda de 1,2%; na China, o CSI300 encerrou a semana com queda de 1,4%; o câmbio na China continua subindo. Hoje rompeu a máxima de 2022 a 7,346 – agora está a 7,36; o IDX vai encerrar a semana com alta de 0,7%, 8ª semana seguida de alta; ouro subindo 0,3% e o petróleo caindo 0,2% a $86,20 o barril; índice de commodities da Bloomberg estável; a Huawei anuncia seu novo celular com tecnologia própria. Ao mesmo tempo o governo pede para os funcionários públicos não utilizarem Iphone no serviço; CBOT e Dalian em queda; Argentina revisa para cima os potenciais de produção de milho, soja e trigo – milho 55 milhões de toneladas, soja 50 milhões e trigo 16,5 milhões.
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil. Para a semana encerrada no dia 01º de setembro, os analistas revisaram para cima as expectativas para o PIB e o IPCA de 2023. Já a expectativa para a taxa de câmbio e a taxa Selic ao final de 2023 foram mantidas inalteradas.
O destaque do relatório ficou para o aumento na projeção do PIB desse ano, que saltou de 2,31% para 2,56%. Essa melhora significativa refletiu o resultado bem acima do esperado para o PIB do segundo trimestre, que foi reportado no dia 01º de setembro de agosto. Segundo o IBGE, a economia brasileira cresceu 0,9% no período frente ao trimestre anterior. Os analistas esperavam uma expansão de apenas 0,3%. A projeção para o IPCA subiu de 4,90% para 4,92%, repercutindo o resultado do IPCA-15 de agosto acima do esperado (Real: 0,28%/Expectativa: 0,17%). O mercado aguarda para semana que vem o número do IPCA de agosto para realizar novos ajustes. A expectativa para a taxa Selic ao final desse ano foi mantida em 11,75% pela segunda semana seguida. O tom do comunicado e da ata do Copom, sugerindo mais três quedas na taxa de juros do Brasil em 0,50 p.p., está em linha com a perspectiva de que a taxa Selic encerre 2023 em 11,75%. A taxa de câmbio foi mantida em R$ 4,98.
Soja: Vendas acima do esperado para a safra velha e perto da banda de cima das estimativas para a safra nova. A temporada americana 23/24 começou com vendas de 15,94 milhões de toneladas, contra 24,4 milhões no ano passado. A relação entre vendas antecipadas e o total projetado é de 32%. No ano passado a relação começou o ano em 44% e a média de 7 anos é de 40%.
A soja brasileira está competindo com a americana para a janela OND, o que vem reduzindo o potencial do programa. A janela de plantio da soja no Brasil será crucial para a definição do tamanho do programa americano e o estoque de passagem.
Milho: O programa americano de exportação americano começou em linha com o ano passado, porém a safra é muito maior. O programa começou com 10,4 milhões de toneladas em vendas contra 11,7 milhões no ano passado. Como na soja, o programa do milho está muito atrasado, isso porque o grão americano não é competitivo para destinos mais distantes. A única forma de acelerar o programa americano é o Brasil ficando mais caro. Aos poucos isso está acontecendo.
Farelo: Ao contrário do milho e da soja, o programa do farelo está à frente dos anos anteriores. A demanda interna americana não está boa, sobrando mais farelo na exportação. A concorrência está forte.
O programa de exportação brasileiro de soja fechou o mês de agosto com 8,38 milhões de toneladas. Em agosto de 2022 o total foi de 5,94 milhões de toneladas.
Em agosto as exportações de soja atingiram recorde na série histórica, superando o recorde anterior de 8,12 milhões em 2018. Estão nomeadas para setembro exportação de 6,23 milhões de toneladas e para outubro exportação de 3,35 milhões de toneladas, portanto, o comprometido para o ano é de 90,44 milhões de toneladas.
De janeiro a agosto o Brasil embarcou para a China 56,69 milhões de toneladas, contra 47,40 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,7 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho encerrou agosto com 9,32 milhões de toneladas. Em agosto do ano passado o total foi de 7,44 milhões de toneladas.
Em agosto as exportações de milho atingiram recorde na série histórica, superando o recorde anterior de 7,44 milhões em 2022. Estão nomeadas para setembro exportação de 8,77 milhões de toneladas e para outubro exportação de 1,24 milhão, portanto, o comprometido para o ano é de 29,05 milhões de toneladas. A logística brasileira está lidando com dois grandes
programas de exportação ao mesmo tempo, soja e milho, o que aumentou o tempo de espera principalmente no porto de Paranaguá, que saiu de 20 dias no início de julho para 51 dias agora.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 3,62 milhões de toneladas do cereal, sendo 2,35 milhões somente em agosto – recorde para um mês. Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gingante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo de soja embarcou em agosto 2,41 milhões de toneladas. No oitavo mês de 2022 o total foi de 1,81 milhão de toneladas.
Agosto também foi recorde nas exportações para o farelo, que superou o recorde anterior de 1,81 milhão de toneladas do ano passado. O Brasil atinge máximas na exportação do farelo de soja
após a Argentina sofrer a pior quebra da história, colhendo apenas 19 milhões de toneladas. Estão nomeadas para setembro exportação de 1,72 milhão de toneladas e para outubro 270 mil toneladas, portanto, o comprometido para o ano é de 17,34 milhões de toneladas. O principal comprador de farelo do Brasil essa temporada é a Tailândia (2,5 mmt), seguido pela Indonésia (2,37 mmt).
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 1,77 milhão de toneladas.
O programa de exportação de algodão encerrou agosto com 104 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 62,80 mil toneladas.
Esse foi o segundo melhor agosto da série histórica, ficando atrás apenas de agosto de 2020 quando foram embarcadas 108 mil toneladas. No acumulado do ano foram exportadas 601 mi toneladas da fibra natural no mesmo período do ano passado o volume foi de 914 mil toneladas.
O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 125,79 mil toneladas de janeiro a agosto.
O programa de exportação de carne bovina fechou agosto com 184,25 mil toneladas. Em agosto de 2022 o volume total foi de 202,23 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,22 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China comprou de janeiro a agosto 719,42 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 780,48 mil toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou em agosto 109,41 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 113,60 mil toneladas.
Esse foi o melhor agosto da série histórica e o maior volume mensal embarcado em 2023. No acumulado do ano foram embarcadas 784,34 mil toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado foram embarcadas 700,90 mil toneladas. No primeiro semestre a China comprou 282,94 mil toneladas da carne suína brasileira, volume 5% superior a 2022.
China - Base Monetária
Brasil - Boletim Focus
EUA - Condições das lavouras
Europa - Percepção econômica ZEW
Brasil - IPCA
EUA - Oferta e Demanda - WASDE
EUA - OPEP: Oferta e demanda
Zona do Euro - Produção Industrial
EUA - Inflação ao Consumidor
EUA - Estoques de petróleo
Brasil - Crescimento setor de serviços
Europa - Decisão Juros - BCE
EUA - Inflação às empresas
EUA - Vendas no Varejo
China - Produção industrial
China - Vendas no Varejo
China - Investimento ativos fixos
EUA - Produção Industrial
EUA - Confiança Consumidor
Estrategista de Commodities
(41) 3094.0228
marcos@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
(41) 3094.0221
eduardo@agrinvest.agr.br
Analista Macro
(41) 3094.0220
thiago.davino@agrinvest.agr.br
Mercado de Trigo
(41) 3094.0357
guilia.zenidin@agrinvest.agr.br
Analista de Fertilizantes
(41) 3094.0229
jefersonsouza@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
(41) 3094.0200
guilherme.jacomini@agrinvest.agr.br
GUERRA DIGITAL: A guerra digital entre China e os EUA continua escalando. Nessa semana o governo chinês pediu para seus funcionários não utilizarem aparelhos iPhone no serviço.
As ações da Apple tombaram. A Apple vai lançar o iPhone 15 e um novo Apple Watch, mas não sabe como será sua capacidade de produção.
A Apple não só depende de seus fornecedores na China, mas é o seu 2º maior mercado depois dos EUA.
O CÂMBIO NA CHINA CONTINUA SUBINDO: O câmbio na China rompeu os 7,348 nessa 6ª-feira, máxima do dia 11 de novembro do ano passado, quando a China ainda estava no covid-zero. A próxima resistência é os 7,8 e os 8, níveis de 2008.
Faz algum tempo que o BC chinês tem tentado defender os 7,30, mas sem muito sucesso. O BC tem estabelecido a taxa média de abertura perto dos 7,2 com oscilação de 2% para cima ou para baixo. Sistematicamente o mercado tem jogado a taxa perto do limite máximo de 2%, o que mostra que a pressão de venda continua grande.
COMMODITIES: A desvalorização do iuan e o menor crescimento global foram temas recorrentes na última semana. Quando se fala em problemas na China logo vem à cabeça as commodities, mais precisamente as metálicas.
O índice da Bloomberg de metais industriais encerrou a semana com queda de 2,9% e queda acumulada de quase 15% no ano, muito parecido com o desempenho das bolsas chinesas.
O cenário continua o mesmo: estagnação da economia chinesa e manutenção do tom duro contra a inflação nas economias do ocidente.