O IBGE divulgou na manhã dessa terça-feira o IPCA-15 de novembro, que registrou alta mensal no período de 0,33%, levemente acima do esperado pelo mercado (0,30%) e superior a alta de 0,21% reportada em outubro.
Apesar da aceleração da alta na variação mensal, no acumulado em 12 meses houve uma desaceleração, recuando de 5,05% em outubro para 4,84% em novembro. Dessa forma, encerrou uma sequência de três meses em aceleração nessa base de comparação.
O efeito estatístico justifica a desaceleração, já que em novembro de 2022 a alta mensal havia sido de 0,53%. O resultado do décimo mês do ano nessa base de comparação também ficou ligeiramente acima do esperado pelos analistas (4,80%).
No acumulado do ano de 2023 registrou alta de 4,30% até novembro.
Entre os nove grupos pesquisados pelo IBGE, oito registraram alta na variação mensal. O grupo que teve o maior impacto inflacionário em novembro foi Alimentação e bebidas, ao registrar alta mensal de 0,82% e impacto de 0,17 p.p. sobre o índice geral. Ou seja, 50% da alta mensal do índice geral veio do grupo de alimentos e bebidas.
Dentro do grupo Alimentação e bebidas, a maior pressão inflacionária veio do item alimentação no domicílio (+1,06%), refletindo as altas nos valores dos seguintes subitens: cebola (30,61%), batata-inglesa (14,01%), arroz (2,60%), frutas (2,53%) e das carnes (1,42%). Na ponta contrária, houve recuo nos preços do feijão-carioca (-4,25%) e do leite longa vida (-1,91%).
A alimentação fora do domicílio subiu 0,22%, resultado similar ao de outubro (0,21%), refletindo o subitem refeição (0,22%) e lanche (0,35%).
Os sete grupos que também reportaram inflação no décimo primeiro mês do ano foram: Habitação (0,20% e impacto de 0,03 p.p.), Artigos de residência (0,24% e impacto de 0,01 p.p.), Vestuário (0,55% e impacto de 0,03 p.p.), Transportes (0,18% e impacto de 0,04 p.p.), Saúde e cuidado pessoal (0,08% e impacto de 0,01 p.p.), Despesas pessoais (0,52% e impacto de 0,05 p.p.) e Educação (0,03% e impacto de 0,00 p.p.).
O grupo Comunicação foi o único a reportar deflação, com queda de -0,22% e impacto de -0,01 ponto percentual sobre o índice geral.
A desaceleração no acumulado em 12 meses do IPCA-15 de novembro, reforça a visão do mercado e do Copom em manter o ritmo de corte da taxa de juros no país nas próximas reuniões. Dessa forma, se espera pelo menos mais três cortes de 0,5 p.p. nas próximas decisões do Copom.
Com sete dos nove grupos registrando desaceleração na variação acumulada em 12 meses, o cenário inflacionário segue benigno no país, possibilitando a nossa autoridade monetária a seguir cortando a taxa Selic nos encontros dos dias 13 de dezembro e 31 de janeiro e 20 de março de 2024.
Outro fator que corrobora para a continuidade do ciclo de queda de juros nas próximas três reuniões é a expectativa inflacionária que segue ancorada abaixo do teto da meta tanto para 2023 quanto para os próximos dois anos. Veja no gráfico abaixo as expectativas inflacionárias do mercado.
A partir da decisão de março do ano que vem, a extensão e o ritmo de corte de juros terá grande dependência da condução da política fiscal no país. Se o governo conseguir entregar as contas públicas relativamente em ordem, como sugere a meta de resultado primário, o Banco Central brasileiro poderá seguir cortando a taxa Selic no ritmo atual, levando a taxa de juros a encerrar 2024 ao redor de 9%.
Porém, se o governo falhar e ocorrer uma deterioração das finanças públicas, o corte de juros será bem mais limitado e a taxa Selic poderá seguir acima de dois dígitos até o final de 2024.
Assim como para a tendencia do câmbio no ano que vem, a política fiscal também será a responsável por direcionar a política monetária no país.
Muita atenção aos dados fiscais que o governo divulgará ao longo do primeiro semestre de 2024. Eles serão cruciais para direcionar o rumo dos nossos ativos no mercado financeiro e a condução da política monetária do país.
As projeções da produção brasileira de soja para a safra 2023/24 estão sendo constantemente atualizadas.
No início da campanha a expectativa do mercado era de uma safra cheia, com potencial de produção de 170 milhões de toneladas (157 milhões da temporada anterior + 7 milhões referente a quebra do RS + aumento de área de 3,5%).
Porém, conforme o tempo passou as chuvas previstas não se realizaram, atrasando muito no MT, piorando a condição das lavouras. Muitos produtores dizem que nunca viram uma estiagem desta magnitude em algumas regiões. Fato é que já existe uma quebra da produção da soja no MT, a Agrinvest considera hoje 10%, porém o percentual total ainda não é certo, as condições climáticas em dezembro que irão definir o tamanho da safra na região Centro-Oeste.
Já para a região Sul, a situação é oposta, o El Niño trouxe um excesso de chuvas para a região, que num primeiro momento eram positivas para a condição do plantio porém estamos entrando em um cenário onde o excesso de umidade tem começado a prejudicar e resultar em replantio. Ao que tudo indica poderemos não ter uma safra cheia no Sul (Paraná e Rio Grande do Sul), como todos imaginavam.
Os quadros abaixo refletem o acumulado de chuvas versus a média para as regiões Centro-Oeste e Sul.
O BEA (Bureau of Economic Analysis) divulgou na quinta-feira (30) o PCE Core (Personal Consumer Expenditures), que é o principal índice de inflação utilizado pelo Fed para adoção de política monetária nos EUA.
Referente a outubro, o índice que excluí a variação do preço de alimentos e energia, registrou alta mensal de 0,2%, em linha com o esperado pelos analistas e 0,1 p.p. abaixo do registrado no mês anterior.
No acumulado em 12 meses registrou recuo de 3,7% em agosto para 3,5% no décimo mês do ano, também em linha com o esperado pelo mercado. Vale salientar que essa foi a terceira desaceleração consecutiva nessa base de comparação. Porém, o número segue bem acima da meta de inflação que é de 2%.
O índice cheio do PCE registrou estabilidade na variação em outubro, 0,1 p.p. abaixo do esperado pelo mercado e 0,4 p.p. menor que o reportado no mês anterior. A diferença entre o índice cheio e o núcleo na variação mensal ocorreu por conta da pressão deflacionária exercida pelo grupo energia.
Em outubro, o grupo energia registrou forte queda mensal de 2,6%, após forte alta de 1,7% em setembro. No acumulado em 12 meses, o custo da energia para as famílias norte-americanas registrou forte deflação de 4,8%.
A forte queda mensal no custo de energia refletiu a forte desvalorização de 4,07% no preço médio diário do barril do petróleo na bolsa norte-americana. No décimo mês do ano, o preço médio diário do barril foi de US$ 85,47, contra US$ 89,10 em setembro.
Já o preço dos alimentos registrou alta mensal de 0,2% em outubro, 0,1 p.p. abaixo do verificado no mês anterior. No acumulado em 12 meses recuou de 2,7% em setembro para 2,4% no décimo mês do ano.
Juntamente com o índice inflacionário PCE Core, o BEA divulga também os dados de consumo pessoal e renda pessoal.
O consumo cresceu 0,2% em outubro em relação ao mês anterior, ficando em linha com o esperado pelo mercado. O contínuo crescimento da renda dos trabalhadores norte-americanos nos últimos meses, seguiu dando sustentação ao crescimento da demanda interna em outubro.
E por falar em renda, após subir 0,4% em setembro, registrou alta de 0,2% em outubro, também dentro da expectativa dos analistas. A escassez de mão-de-obra disponível segue obrigando as empresas a elevarem o salário ofertado tanto para contratar novos colaboradores, quanto para reter seus talentos. Esse movimento tem possibilitado ganho para a renda das famílias, que por sua vez, mantém o consumo aquecido, apesar da inflação elevada na maior economia do mundo.
O resultado do PCE Core em 12 meses registrando desaceleração pelo terceiro mês seguido e atingindo o menor nível desde abril de 2021 (3,1%), reforça a visão dos investidores de que o Fed não irá mais elevar a taxa de juros em 2023 na maior economia do mundo e que poderá iniciar o ciclo de queda de juros em maio do ano que vem.
Esse sentimento reflete as expectativas do mercado com relação ao nível que a taxa de juros estará nos EUA nas decisões dos dias 13 de dezembro e 01º de maio de 2024.
Segundo o FedWatch da CME, o mercado vê 95% de chance de manutenção da taxa de juros entre 5,25% e 5,50% na reunião do dia 13 dezembro. Para o encontro de maio do ano que vem, as apostas indicam 48% de corte de 0,25 p.p., 27% de corte de 0,5 p.p. e apenas 22% de manutenção.
Diante da expectativa de uma política monetária mais frouxa nos EUA, os ativos de risco ao redor do globo tiveram uma excelente performance em novembro. As bolsas norte-americanas acumularam ganhos entre 9% e 11% no décimo primeiro mês do ano, enquanto o dólar IDX tombou 2,9% no período. Já as bolsas na Europa acumularam fortes ganhos de 6,45% em novembro.
Beneficiado pelo forte apetito ao risco no exterior, os ativos brasileiros também tiveram uma ótima performance em novembro. O Ibovespa acumulou forte alta de 12,5%, enquanto o real se valorizou 2,3% frente a divisa norte-americana.
E caso não tenhamos nenhuma surpresa de repique inflacionário nos EUA no curto prazo, os ativos de risco deverão seguir performando positivamente nos próximos meses.
Ucrânia continua colheita de grãos tardios e oleaginosas – em 23 de novembro, 74,8 milhões de toneladas de colheita foram colhidas, incluindo:
* Sementes de girassol: foram debulhados 5 milhões de ha (99% da área), com produtividade média de 2.380 kg/ha, e colhidas 11,9 milhões de toneladas;
* Soja: foram debulhados 1,8 milhão de ha (99%), com produtividade média de 2.650 kg/ha, e colhidas 4,9 milhões de toneladas.
* Milho: foram debulhados 3,3 milhões de ha (82%) de milho com produtividade média de 7.480 kg/ha, sendo colhidas 24,9 milhões de toneladas.
Dados: Ministério da Política Agrária
EXPORTAÇÃO
A Ucrânia exportou mais de 2,1 milhões de toneladas de produtos agrícolas pelos portos em novembro.
Há planos para carregar mais 1,3 milhão de toneladas de produtos agrícolas nos portos do Mar Negro e 400.000 toneladas nos portos do Danúbio.
Atualmente, as tarifas de mercado para transporte por transporte aquaviário são:
– Izmail — Constanta: EURO 22-28/mt (1-3 mil toneladas);
– Chornomorsk — leste. Itália: USD 40-45/mt (16-20 mil toneladas);
– Chornomorsk — Espanha: USD 37-43 (25-35 mil toneladas);
– Chornomorsk — Espanha: USD 35-41 (55-65 mil toneladas).
Em geral, as taxas de frete normalizaram. No entanto, a oferta limitada de frotas navais disponíveis durante os riscos de guerra pode novamente elevar as taxas.
PREÇOS
Os preços do girassol na Ucrânia atingiram uma máxima de três meses.
De acordo com os dados de monitoramento da IA “APK-Inform”, no final de novembro, os preços da demanda por girassol na Ucrânia atingiram a máxima desde o início de setembro, o que foi contribuído por uma série de fatores: alta demanda de empresas de processamento, aumento dos preços e taxas de embarque no mercado de exportação de óleo de girassol durante o mês especificado, além de conter a venda de matérias-primas pelos agricultores, embora os participantes do mercado tenham relatado um aumento gradual na oferta.
* Os preços máximos de demanda foram tradicionalmente anunciados na parte sul do país, bem como em algumas regiões centrais – USD 365-381/mt base CPT. No entanto, para grandes volumes de óleo, bem como para matérias-primas com alto teor de óleo e para girassol altamente oleico, os processadores estavam prontos para pagar significativamente mais.
A segunda-feira (27), foi marcada por uma forte queda nos preços futuros do trigo em Chicago e na Euronext, depois que a Rússia decidiu reduzir seu imposto de exportação de trigo, se tornando ainda mais competitiva no mercado de exportação.
A segunda-feira (27), foi marcada por uma forte queda nos preços futuros do trigo em Chicago e na Euronext, depois que a Rússia decidiu reduzir seu imposto de exportação de trigo, se tornando ainda mais competitiva no mercado de exportação.
Isso significa que a demanda de exportação por trigo americano e europeu, que estão menos competitivos que o trigo russo atualmente, possa ser ainda menor que as previsões do USDA. Lembrando que o departamento americano, já trabalha com um volume de exportação de trigo dos EUA para a temporada 23/24, como o menor em mais de 50 anos.
Exportação menos, significa estoques internos maiores, de uma safra de inverno que já teve uma produção maior que o esperado. É por este motivo, que o trigo americano está encontrando fortes impasses para recuperação e continua operado muito próximo das mínimas de 3 anos.
De acordo com o relatório de progresso de safra do USDA de ontem (27), mais de 90% das lavouras de trigo de inverno já emergiram, ficando praticamente em linha com a média de cinco anos. Desse montante, 50% das áreas estão classificadas entre boas a excelentes, contra 34% da mesma época do ano passado e 46% da média dos últimos cinco anos.
Lembrando que este foi o ultimo relatório de qualificações das lavouras este ano, já que em breve, a neve cobrirá as plantas. Mas é possível perceber que as classificações estão bem melhores que o ano passado, em que o país enfrentou severa condição de seca e as áreas tiveram a pior classificação em mais de 30 anos no último relatório do ano. Olhando para a média de cinco anos, as classificações também estão superiores, o que mostra boas perspectivas para produção da safra de inverno 24/25, ao menos por enquanto.
Com a pressão sobre o fraco ritmo de exportações de trigo dos EUA, forte concorrência da Rússia e boas perspectivas para a safra de trigo de inverno americana 24/25, os preços futuros tanto do trigo hard da Bolsa do Kansas, como o trigo soft em Chicago, recuaram bem nas últimas.
Entretanto, o trigo do Kansas foi ainda mais penalizado, devido ao ajuste para a cima da produção de trigo de inverno dos EUA na temporada 23/24 pelo USDA. Desta forma, o spread entre o trigo KCBT e CBOT, está em seus menores níveis desde setembro de 2022.
Considerando que a Rússia deverá reduzir seu ritmo de exportação início do ano, devido as más condições climáticas, quebra na safra da China e Austrália (que fornece para a China), associada a uma redução na oferta de trigo de boa qualidade ao redor do globo. Diria que o trigo hard de inverno americano está num bom nível para aquisição pelos compradores internacionais. Veremos se isso vai se confirmar, através do ritmo das vendas semanais.
1) EPA x Corte de Apelação Americana:
Na semana passada, mais especificamente na sexta-feira, o mercado americano de biocombustíveis teve uma grande surpresa negativa em relação à perspectiva de demanda interna.
Desde a implementação do mandatório de utilização de biocombustíveis nos EUA, pequenas refinarias de petróleo pedem isenção junto à EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA), com posterior aval do presidente do país, alegando que o custo adicional da compra dos RINs influencia diretamente na saúde economia da companhia. Para alguns casos a EPA acata a solicitação e para outros nega.
Foi o que aconteceu em em abril e junho de 2022. Em abril, 31 pequenas refinarias entraram com as petições para isenção da obrigatoriedade da mistura o que foi negado, em junho do mesmo ano mais 69 pequenas refinarias também entraram com o pedido e também foi negado.
6 pequenas refinarias recorreram dessa decisão, alegando que a decisão da EPA leva em conta uma nova abordagem de avaliação das isenções divulgada em dezembro de 2021, e que é ilegal. A corte de apelação americana (Fifth Circuit) julgou favoravelmente às pequenas refinarias dizendo que a negação das isenções foi ilegal, portanto existe o direito à isenção.
O mercado reagiu negativamente à notícia, o preço do óleo de soja caiu mais de 4% na sexta-feira, refletindo aversão ao risco e insegurança em relação a manutenção da forte demanda americana por biocombustíveis.
2) Decisão da ANP:
Na última quinta-feira a ANP (Agência Nacional de Petróleo) respondeu à uma consulta encomendada pela CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) em dezembro de 2022 referente a possibilidade de importação de biodiesel pelo Brasil para um volume de até 20% da obrigatoriedade de mistura. Na época o cenário era de escassez de óleos vegetais e consequentemente óleo de soja, que estava onerando a cadeia energética brasileira, a obrigatoriedade da mistura estava encarecendo o preço do diesel.
11 meses depois, diante de um cenário completamente diferente, a ANP responde a consulta aprovando a importação de até 20% do volume de mistura, atingindo em cheio o setor de biocombustíveis, que já estava pedindo por um percentual maior de mistura. (B12 em 2023 e B13 em 2024). O cenário atual é de um excedente de oferta, o Brasil hoje conta com capacidade de esmagamento para atender um possível B16 em 2024, porém se a aprovação da ANP for acatada pela CNPE isso significaria uma volta para o B10.
Países como os Estados Unidos e a União Europeia vem bloqueando as importações de biodiesel da Argentina há alguns anos para evitar o anti-dumping e não prejudicar a indústria local, já o Brasil está indo na contramão, beneficiando as usinas argentinas às custas das brasileiras.
Em um cenário de quebra no Brasil e safra cheia na Argentina as margens de esmagamento devem cair no Brasil principalmente no primeiro semestre do ano, agora uma quebra na Argentina pode manter as margens suportadas durante o ano de 2024.
Dados do dia 20 de Novembro
Os preços da ureia ao redor do globo encerraram mais uma semana em queda. As cotações CFR Brasil já pairam US$350/t, ou seja, as ofertas retornaram aos níveis observados no final de agosto. Nos últimos trinta dias, os preços do nitrogenado acumulam uma derrocada de 13,6%. Esse movimento também é observado em outros polos. No Egito, as cotações do fertilizante caíram aproximadamente US$20/t em sete dias e as negociações ocorrem na faixa de US$365/t FOB. Já no Oriente Médio, os preços da ureia foram vistos entre US$335 e US$345/t FOB. Por fim, nos EUA, as ofertas do fertilizante nitrogenado estão na casa de US$325/st FOB Nola.
Recentemente, a notícia de que a China interromperia as exportações de fertilizantes nitrogenados voltou a circular no mercado. Até o momento, não houve nenhuma reação nos preços por esse acontecimento. Cabe salientar que no começo de setembro, os chineses já haviam sinalizado que dariam preferência ao mercado interno. Essa notícia, por sinal, foi responsável por ocasionar uma reviravolta nas cotações, com a ureia subindo praticamente US$100/t em 24 horas.
Em relação ao sulfato de amônio, os preços seguem a mesma tendência da ureia. Na última semana, as cotações do SAM foram observadas na faixa de US$180/t CFR Brasil. Portanto, em um intervalo de 30 dias, os preços do nitrogenado caíram mais de 17%.
No mercado doméstico brasileiro, aos poucos, as cotações da ureia mostram sinais de enfraquecimento. As ofertas observadas em Paranaguá ficaram próximas de US$450/t FOB, enquanto em Rondonópolis, houve indicações na faixa de US$515/t FOB. O índice semanal de preços divulgado pela Agrinvest Commodities aponta uma tonelada de ureia a R$2.510. A situação da soja ainda suscita muitas desconfianças entre os produtores, o que dificulta as negociações para a 2ª safra.
Em relação aos fosfatados, os preços do MAP não apresentaram grandes variações nas últimas três semanas. As ofertas observadas no mercado ainda estão entre US$555 e US$565/t CFR Brasil. Mesmo com um recorde nas importações, a disponibilidade de produto a curto prazo é limitada, o que dificulta um possível movimento de queda nos preços do fosfatado. Além disso, a oferta chinesa de P é cada vez mais incerta. Ainda do lado dos asiáticos, as ofertas de DAP para a Índia estão muito escassas. Recentemente, os indianos tentaram comprar o fosfatado US$100/t abaixo do preço de mercado, porém, não tiveram sucesso. O corte nos subsídios levou a uma queda no poder de compra dos importadores, dificultando as negociações. Se, por um lado, o MAP está estável, por outro,
observa-se uma queda no superfosfato simples. O preço do SSP 19% é visto na faixa de US$180/t CFR. Para concluir, o superfosfato triplo tem se mantido estável, próximo de US$435/t CFR Brasil.
No mercado doméstico brasileiro, as cotações do MAP FOB em Rondonópolis estão entre US$680 e US$700/t FOB. Já em Paranaguá, uma tonelada de fosfato monoamônico é ofertada por volta de US$650/t FOB. Por fim, para o superfosfato simples, algumas ofertas de SSP 19% foram observadas entre US$280 e US$290/t FOB em Barcarena (granel). No Mato Grosso, houve relatos de cotações a US$310/t para o superfosfato simples 21% FOB em Sinop.
Os preços do cloreto de potássio estão buscando as mínimas de 2023. Atualmente, os preços do KCl CFR Brasil estão entre US$320 e US$340/t. O que está direcionando o mercado é um quadro de oferta bastante favorável. Ao analisar os volumes já importados, somados ao que está em linha para importação, há uma grande possibilidade deste ano ser marcado por um novo recorde nas importações de KCl. Os levantamentos apontam para um volume de 13 milhões de toneladas; caso isso se concretize, as importações superarão 2021, momento em que o Brasil importou o maior volume da história. No mercado doméstico, os preços do KCl FOB em Paranaguá ficam próximos de US$390/t. No Mato Grosso, há relatos de ofertas na faixa de US$460/t FOB em Rondonópolis.
Melhora das condições – atualização (dia 25/Nov)
Enso: O NOAA está mantendo sua projeção para a anomalia da temperatura das águas na região 3.4 para os meses de dezembro a fevereiro. Hoje a leitura está em +1,62 °C, a qual deve ainda subir para +2 °C. As projeções do NOAA mostram que as águas nas regiões 3.4 e na região 1+2 começarão a se resfriar durante o ano de 2024, o que afastaria a possibilidade de um super El Niño.
Argentina: As temperaturas na Argentina devem subir para os próximos dias e as chuvas deverão permanecer mal distribuídas. As regiões de Cordoba, La Pampa e Buenos Aires continuarão predominantemente mais secas que o normal para 10 dias. O plantio da soja e do milho continuam avançando rápido, sendo que as condições até esse momento são favoráveis.
Brasil: A queda do AAO para a fase negativa reforça as previsões de mais chuvas para o Norte do Brasil. No entanto, o modelo Europeu continua mostrando chuvas abaixo do normal e temperaturas acima do normal para as próximas 4 semanas. Para o Sul, o modelo continua mostrando chuvas e temperaturas acima do normal, o que é favorável à doenças como a ferrugem asiática.
Os futuros da soja e do milho caminham para encerrar a semana na estabilidade. A soja chegou a subir bem na 3ª-feira, mas acabou entregando os ganhos na 5ª-feira e hoje. Os futuros do milho subiram bem ontem, mas hoje estão em queda. O destaque de queda é o farelo de soja – queda de $22 por tonelada curta na semana, ou quase 5%. Depois da vitória de Milei na semana passada, parece que a escassez de farelo acabou – estou sendo irônico. Milei vai brigar com os sindicatos? Parece que vai. Para fazer qualquer coisa, Milei antes de tudo precisa cortar gastos, sendo que o setor público seria a fonte de cortes mais imediata, o que inclui os sindicatos. Para o agro, o importante são os sindicatos dos transportadores, dos fiscais sanitários e dos operários dos portos e indústrias. Se a brigar se estender, o escoamento vai empacar, a exemplo das exportações de farelo em dezembro de 2020 – é o menor dezembro do histórico. Apenas 641 mil toneladas embarcadas. Em Dalian a semana também foi uma desgraça. O farelo encerrou com queda de 1,78%, 2ª semana de queda seguida. Nessa semana o basis do farelo no interior veio para o lado negativo (-20 RMB por t), o que mostra que realmente está difícil vender farelo. Os futuros do milho em Dalian encerraram com queda de 1,95%, 2ª semana de queda, e os futuros do suíno encerraram com queda de 5,2%, seguido de queda semanal de quase 3%. Realmente os preços do suíno na China não mostram qualquer sinal de estabilização, forçando produtores a um processo de desova de animais devido aos prejuízos crescentes. O que fazer para proteger as margens de esmagamento? Só gerando alguma falta de farelo. Estão falando que o centro de quarentena na China está dificultando a liberação de licenças de navios de soja GMO, o que então poderia retardar a entrada de soja nos portos. Para quem tem estoque de soja seria uma boa.
Posso dizer que os vídeos de lavouras de soja em péssimo estado já não estão mais impactando o mercado como no início. Muitos reclamam do USDA, mas o acompanhamento da safra do NASS tem um papel de uniformizar a informação quanto às condições das lavouras, o que é muito importante para calibrar o tamanho da safra. Se tivemos um NASS brasileiro certamente o bushel e os prêmios estariam em outro patamar. Há dois pontos que prejudicaram os futuros e também os prêmios da soja: 1) o modelo EC vem mantendo as previsões de boas chuvas para a próxima semana, volumes para o MT que variam de 40 a 80 mm no acumulado de 7 dias, benéfico portanto para o enchimento de grão; 2) os fretes marítimos estão matando. Os fretes subiram mais de $10 por tonelada na rota Golfo-China em uma semana e metade disso na rota Santos-China. A diferença entre Santos e Golfo para China saltou para $20 por tonelada – esse spread normalmente gira em torno de $6 a $9 por tonelada. Isso quer dizer que somente olhando o frete, a soja americana é mais cara que a do Brasil em 55 centavos por bushel CFR China, fora a diferença de prêmio no Fob – para fevereiro, o Brasil hoje oferta um cargo em Santos na paridade (zero de prêmio), e no Golfo o prêmio Fob para embarque fevereiro é de +60h. Isso quer dizer que o replacement da soja americana CFR China para fevereiro é 105 centavos por bushel mais cara em relação ao Brasil. O programa americano de exportação vem crescendo mais rápido nas últimas semanas, o que deveria dar suporte aos futuros, mas a dúvida não deixa. Chineses continuariam comprando soja americana bem mais cara em relação ao Brasil em dois casos: 1) A Sinograin dá continuidade às suas compras para reservas para embarque de fevereiro a abril. A pergunta é quanto mais a Sino ainda poderia comprar. Nas minhas contas a Sino já teria comprado nos EUA mais de 80 barcos de soja desde o encontro de Xi e Biden no começo de novembro; 2) as crushers privadas têm apenas 3 milhões de toneladas compradas nos EUA para embarque janeiro, 1,5 milhão de toneladas para fevereiro, 900 mil toneladas para março e praticamente nada para outros meses – total de 5,3 milhões para a janela JFM. No ano passado, a posição “bookada” nos EUA nessa mesma época estava em 3 milhões para janeiro, 1,45 para fevereiro, 1,9 milhão para março, 800 mil para abril e 200 mil para maio – 7,35 milhões para a janela JFMAM. No ano passado, quando começou a ficar mais claro que o Brasil ia atrasar o programa da soja, não por quebra, mas devido ao programa do milho maior e mais longo que o esperado e o alongamento do ciclo da soja, a China aumento a posição para a janela JFMAM para 11 milhões – hoje está em 5,3 milhões. Qual a diferença? Se até o final de fevereiro a China comprar mais 5,0-6,0 milhões de toneladas nos EUA e outros destinos 3-3,5 milhões, então o programa americano de exportação chegaria a 42 milhões de toneladas comprometidos ao final de fevereiro, ou 88% do programa projetado pelo USDA (Set-Ago). É um ritmo muito bom, mas que não demandaria necessariamente revisões por parte do USDA, a não ser que a safra brasileira comece a ficar cara devido à quebra. Não adianta, não há como os EUA enfrentarem um aperto de estoque sem necessariamente uma quebra no Brasil a ponto de encarecer os basis desde o interior. Caso contrário, os futuros na CBOT me parecem em um estado de equilíbrio, tanto para o spot entre 13,0-13,5, como o carry de 6-7 centavos por mês, o que remunera o custo do dinheiro no tempo.
Rápidas da manhã: Bolsas em leve alta no Ocidente. Inflação na Zona do Euro abaixo do previsto e China com dificuldades de reanimar sua economia foram os destaques da semana; O CSI300 perdeu as mínimas do ano a 3550, abrindo espaço para os 3000 pontos, mínima de 2018 – as ações chinesas são a de pior desempenho esse ano; petróleo estável a $76 o barril. Apesar do corte da OPEP+, o mercado achou pouco; ouro continua sendo o destaque de alta; O EC continua mostrando boas chuvas para o Norte do Brasil a partir da 2ª-feira.
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil. Para a semana encerrada no dia 24 de novembro, os analistas alteraram suas expectativas para o IPCA e o PIB. As projeções para a taxa cambial e a taxa Selic ao final de 2023 ficaram inalteradas.
Ainda refletindo o resultado abaixo do esperado do IPCA de outubro, o mercado reduziu a projeção do IPCA de 2023 pela terceira semana seguida, cortando de 4,55% para 4,53%.
A projeção para o crescimento do PIB brasileiro desse ano recuou de 2,85% para 2,84%, sendo a segunda semana consecutiva de corte. O resultado abaixo do esperado para o IBC-Br de setembro justificou novamente essa queda na estimativa.
O mercado manteve em 11,75% ao ano a projeção para a taxa Selic ao final desse ano, sendo a décima sexta semana de estabilidade na expectativa para a taxa de juros no país.
A taxa cambial ao final desse ano também foi mantida inalterada em R$ 5,00. A sazonalidade de valorização do dólar no final é que faz com que o mercado projete dólar mais alto que o nível atual (R$ 4,91).
DESTAQUES
Soja: As vendas ficaram bem acima da banda de cima das estimativas. A China comprou 892 mil toneladas e destinos desconhecidos 295 mil. Na semana passada traders reportaram vendas de pelo menos 10 barcos para a Sinograin para embarque de janeiro a março. Essa semana a Sino continua comprando.
Farelo: Depois de semanas de fortes vendas, o encarecimento do flat price acabou reduzindo o interesse dos compradores. Os prêmios no Brasil caíram bem nas últimas duas semanas, deslocando a demanda. Ainda corre por fora a forte redução do processamento na Argentina para os próximos meses.
Milho: O milho americano passou a ser mais competitivo para embarque janeiro em relação ao Brasil. Grandes importadores na Ásia foram compradores de milho americano essa semana. Reportes de vendas de milho Fob PNW a níveis bem competitivos. A China comprou 131 mil toneladas e desconhecidos 726,6 mil.
Trigo: Vendas bem acima do esperado. A China comprou 197,3 mil toneladas, acima também do esperado – traders falavam em apenas 2 barcos para essa semana para China. A China está comprando trigo no Canadá e cevada na Austrália. A logística na Rússia está muito ruim.
Brasil: Boletim Focus
EUA: Pedidos de bens duráveis
China: PMI Composto 22h45: PMI Serviços Caixin
Europa: PMI composto
Europa: PMI serviços
Europa: Inflação às empresas
Brasil: PIB
Brasil: PMI composto
Brasil: PMI serviços
EUA: PMI composto
EUA: PMI serviços
EUA: PMI ISM
EUA: JOLT’s
Europa - Vendas no varejo
EUA - ADP
China: Balança Comercial
Europa: PIB
EUA: Vendas semanais
EUA: Pedidos de seguro desemprego
EUA: Payroll
China: Inflação ao consumidor
China: Inflação às empresas
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A PIOR BOLSA DO MUNDO: As bolsas na China continuam performando muito mal. Foi mais uma semana de queda generalizada para ações de consumo, alimentos e tecnologia. O cenário está tão ruim que a Alibaba cancelou a famosa semana de liquidações conhecida como Double 12.
A figura mostra o gráfico do CSI300, o principal índice acionário. Essa semana o índice perdeu os 3500 pontos, mínima de 2022, abrindo caminho para as mínimas de 2018 a 3000 pontos.
VENDA DE FARELO DE SOJA NA CHINA: As vendas de farelo de soja na China estão indo muito mal, pressionando os preços locais e as margens. O motivo principal continua sendo o derretimento do preço da carne suína.
FARELO DE SOJA: O destaque de queda na CBOT essa semana foi o farelo de soja – queda de $22 por tonelada curta na semana, ou quase 5%.
Depois da vitória de Milei na semana passada, parece que a escassez de farelo acabou – estou sendo irônico. Milei vai brigar com os sindicatos? Parece que vai. Para fazer qualquer coisa, Milei antes de tudo precisa cortar gastos, sendo que o setor público seria a fonte de cortes mais imediata, o que inclui os sindicatos.