O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na manhã dessa terça-feira o PIB do Brasil referente ao 3º trimestre de 2023. No período, a economia brasileira apresentou crescimento inesperado de 0,1% em relação ao trimestre anterior, acima do esperado pelo mercado (-0,2%), mas abaixo do reportado no segundo trimestre desse ano (1,0%). Esse foi o terceiro crescimento trimestral consecutivo.
Entre os setores da economia, o destaque de crescimento ficou para serviços e a indústria, ambos com expansão de 0,6% na variação trimestral. Na ponta contrária, o setor agropecuário encolheu 3,3% no terceiro trimestre frente ao segundo trimestre.
Dentro do setor de serviços, as atividades que tiveram destaques positivos foram: Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,3%), Atividades imobiliárias (1,3%), Informação e comunicação (1,0%), Outras atividades de serviços (0,5%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,4%) e Comércio (0,3%). Por outro lado, a atividade de Transporte, armazenagem e correio recuou 0,9%.
O crescimento da indústria no terceiro trimestre foi impulsionado pela atividade Eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos, com forte expansão trimestral de 3,6%. A temperatura mais quente no país no terceiro trimestre, impulsionou a demanda por eletricidade e água, o que proporcionou esse ótimo desempenho dessa atividade.
As demais atividades da indústria tiveram a seguinte performance: Indústrias extrativas (0,1%), Indústrias de transformação (0,1%) e a Construção recuou 3,8%.
O recuo da atividade agropecuária era esperado, já que a produção recorde da safra de soja foi registrada toda no primeiro semestre desse ano. Sem o peso da soja, principal cultura agrícola do país, é natural uma queda no terceiro trimestre.
Porém, vale salientar que no acumulado dos três primeiros trimestres do ano, o setor agropecuário reporta forte crescimento de 18,1% na comparação com o mesmo período de 2022.
Sobre a ótica da demanda, o grande destaque no terceiro trimestre de 2023 ficou para o Consumo das Famílias com forte expansão trimestral de 1,1%, o maior crescimento desde o segundo trimestre do ano passado (1,9%) nessa base de comparação.
Essa boa performance refletiu o bom desempenho do mercado de trabalho e a desaceleração da inflação ao longo desse ano. A combinação desses dois fatores garante um crescimento da renda do trabalhador via aquecimento do mercado de trabalho e melhora do poder de compra pelo controle inflacionário.
No acumulado de janeiro a outubro desse ano, o Brasil criou 1,784 milhão de vagas com carteira assinada, o que proporcionou um aumento real de 4% da renda real do trabalhador em outubro desse ano na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Ademais, a desaceleração da inflação de 5,79% em dezembro de 2022 para 4,82% em outubro desse ano é outro fator de melhora do poder de compra da população e aumento da renda real.
Outro fator positivo para o aumento do consumo das famílias é o aumento do valor do programa Bolsa Família esse ano.
Outro grupo de demanda a registrar impacto positivo sobre o PIB no terceiro trimestre foi a balança comercial do país. As exportações cresceram 3% na variação trimestral enquanto as importações recuaram 2,1%. Diante dessas variações, o saldo comercial positivo cresceu e contribuiu para a expansão da economia do país entre julho e setembro desse ano.
A super safra de soja e milho e preço elevado do barril do petróleo no mercado internacional garantiram o crescimento das exportações.
Já a Formação Bruta de Capital Fixo (Investimento) registrou queda na variação trimestral de 2,5%, sendo o quarto trimestre consecutivo a registrar contração nessa base de comparação. O nível elevado da taxa de juros no Brasil e nos países desenvolvidos, encareceu o crédito ao longo desse ano, levando os investidores a congelarem seus projetos de aumento da capacidade de produção e contraindo a atividade da construção civil.
O resultado acima do esperado no terceiro trimestre traz uma expectativa de que o PIB esse ano tende crescer 3% ou levemente superior a isso. O crescimento acumulado de 3,2% nos nove primeiros meses do ano reforça essa expectativa.
Os dados mensais recentes do IBC-Br (Proxy do PIB) haviam frustrado as expectativas dos analistas e levado os mesmos a revisarem a expectativa do PIB de 2023 de 3% para 2,8%. Porém, o resultado do terceiro trimestre sinaliza que o crescimento deverá ser de pelo menos 3%, mesmo que haja contração no quarto trimestre.
Diante dessa expectativa, a economia brasileira deverá apresentar um desempenho muito próximo do reportado no ano passado, quando o PIB do país cresceu 3%.
O desempenho surpreendentemente positivo em 2023 não deverá se repetir em 2024. A expectativa do mercado é de desaceleração, com crescimento inferior a 2%.
A desaceleração trimestral do primeiro para o segundo trimestre e do segundo para o terceiro trimestre, aliado a expectativa de pequena contração no quarto trimestre, tendem a colocar nossa economia “andando de lado” no primeiro semestre de 2024, o que dificultaria repetir o bom desempenho desse ano.
Mesmo a queda da taxa de juros ao longo do ano que vem não deverá ter força para impulsionar a economia de forma significativa, pois o impacto da política monetária na atividade econômica demora em torno de seis meses. Ou seja, os frutos positivos com a queda de juros em 2024 deverão ser colhidos apenas em 2025.
Outro fator é o desempenho do setor agropecuário, que terá enorme dificuldade de repetir em 2024 o excepcional desempenho desse ano dado a situação climática atual no Centro-Oeste.
O BLS (Bureau of Labor Statistics) divulgou há pouco os dados do mercado de trabalho nos EUA referente ao mês de novembro. No período, a maior economia do mundo criou 199 mil novos postos de trabalho, um pouco acima do esperado pelos analistas (180 mil). O resultado de outubro foi mantido em 150 mil novas vagas criadas.
Em relação ao número de criação de postos de trabalho em outubro, 150 mil foi na iniciativa privada, praticamente em linha com o esperado pelo mercado (153 mil). Já o governo criou 49 mil postos de trabalho, com destaque para as prefeituras que geraram 32 mil, enquanto os Estados criaram 17 mil. O governo federal teve resultado zero.
A atividade de saúde foi o destaque da criação de postos de trabalho nos EUA em novembro, gerando 77 mil vagas e ficando acima média mensal nos últimos 12 meses que foi de 54 mil. Dentro dessa atividade, tivemos os seguintes destaques no décimo primeiro mês do ano: saúde ambulatorial (36 mil), hospitais (24 mil) e enfermagem e residências (17 mil).
Essa atividade tem sido o destaque de criação de vagas de trabalho em 2023, totalizando 622,6 mil postos e sendo responsável por 24,4% de todos os empregos gerados esse ano.
O bom desempenho dessa atividade em 2023 é uma recuperação a grande perda gerada durante a pandemia. Entre março de 2020 e setembro do ano passado, a atividade de saúde acumulava perda de 51,6 mil vagas de trabalho.
Durante a pandemia da Covid-19 as pessoas estavam receosas em trabalhar na área da saúde com medo do contágio. Mas com o fim da pandemia no ano passado, essa atividade voltou a atrair interesse da mão de obra e já se recuperou de toda a perda gerada naquele período, acumulando a criação de 733 mil desde março de 2020.
Outro destaque fica para a atividade bares e restaurantes que registraram a criação de 38,3 mil novos postos de trabalho em novembro, após acréscimo de apenas 9,5 mil no mês anterior.
A taxa de desemprego na maior economia do mundo recuou de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro, contrariando as expectativas dos analistas que esperavam estabilidade no décimo primeiro mês do ano. Dessa forma, a taxa de desemprego volta abaixo de 3,8%, nível que ficou em dezoito dos últimos vinte e um meses.
A taxa de desemprego segue baixa, refletindo a taxa de participação da população apta a trabalhar que procura emprego ainda aquém do observado no período pré-pandemia.
Em fevereiro de 2020, 63,4% das pessoas em idade de trabalho procuravam emprego ou estavam trabalhando. Em novembro desse ano esse número foi de 62,8% e ficou 0,1 p.p. acima do reportado em outubro. Desde o início da pandemia, esse número nunca mais ficou acima de 63%.
Após o início da pandemia, estima-se que mais de 2 milhões de trabalhadores norte-americanos em idade ativa decidiram antecipar suas aposentadorias, reduzindo a oferta de mão-de-obra disponível.
Além disso, a pandemia trouxe outros dois problemas estruturais ao mercado de trabalho na maior economia do mundo.
Primeiramente, com a dificuldade em encontrar mão-de-obra, setores administrativos das empresas passaram a buscar colaboradores que trabalhavam em creches, já que esses recebiam baixos salários.
Ao retirar funcionários das creches, houve uma queda de oferta de vagas para esse setor, o que dificultou as famílias a conseguirem colocar seus filhos nesse período escolar. Portanto, o marido ou a esposa tiveram que deixar o mercado de trabalho para poder ficar em casa para cuidar de seus filhos, já que não havia vagas em creches para todo mundo.
Outro problema estrutural foi a redução de mão de obra de imigrantes ilegais, que retornaram aos seus países de origem na pandemia e não conseguiram mais regressar aos EUA, reduzindo a oferta desse tipo de mão-de-obra barata. O setor de serviços, especialmente, de bares e restaurantes, são as áreas que mais sofreram com essa redução de oferta de mão de obra estrangeira.
A escassez de mão-de-obra disponível a trabalhar nos EUA segue obrigando as empresas a elevarem os benefícios para os seus colaboradores, seja para contratação ou retenção do seu quadro de funcionários. Por conta disso, o salário do trabalhador segue registrando crescimento acima da média histórica.
Em novembro, a alta acumulada em 12 meses do salário nos EUA ficou em 4,0%, em linha com o esperado pelos analistas e do reportado em outubro. O número segue bem acima da média histórica que é de 2,8%.
Após os dados do mercado de trabalho e inflação divulgados em novembro sugerirem que haveria espaço para o início de um corte de juros nos EUA em março do ano que vem, os resultados reportados hoje reduzem a chance desse movimento do Fed no terceiro mês de 2024.
Com o mercado de trabalho voltando a apresentar aceleração na criação de postos de trabalho e a taxa de desemprego recuando inesperadamente, é mais provável que o Fed só inicie o ciclo de afrouxamento monetário em maio do ano que vem.
Em linha com esse sentimento, a probabilidade de queda de 0,25 p.p da taxa de juros em março está hoje em 47% segundo o FedWatch da bolsa CME. Ontem essa probabilidade estava em 55%. Já a chance manutenção de juros saltou de 35% para 49%. Ainda há 3% de probabilidade de queda de 0,5 p.p. e 1% de alta de 0,25 ponto percentual.
Diante do recuo da possibilidade de queda da taxa de juros na terra do tio Sam em março do ano que vem, as bolsas de valores operam em queda e o dólar registra alta.
Nos EUA, o mercado acionário opera com perdas entre 0,1% e 0,2%. Já o dólar IDX (contra cesta de moedas de países desenvolvidos) registra nesse momento alta de 0,46%.
Por aqui, o dólar comercial opera em alta de 0,12%, cotado a R$ 4,9150. Na máxima do dia, logo após a divulgação do número do Payroll, bateu R$ 4,9360. A redução dos ganhos da moeda norte-americana em nosso país se deve pela alta das commodities hoje e fluxo comercial muito positivo para o nosso país esse ano.
Agora os investidores aguardam pelo dia 12 de dezembro, quando teremos a divulgação dos dados de Índice de Preço ao Consumidor nos EUA referente ao mês de novembro. E no dia seguinte teremos a decisão de juros pelo Fed.
É dado como certo que a autoridade monetária norte-americana irá manter a taxa básica de juros inalterada entre 5,25% e 5,50%. A atenção do mercado estará para a atualização das projeções do Fed para a inflação e a taxa de juros para o final de 2024 e 2025. A estimativa para a taxa de juros ao final do ano que vem vai sinalizar qual o tamanho do corte de juros que o Fed pretende realizar.
Atualmente, o mercado espera um corte total de 1,25 p.p. na taxa de juros em 2024, enquanto a ultima projeção do Fed indica apenas 0,5 ponto percentual de queda. Se o ajuste da projeção do Fed trazer uma expectativa de corte menor que o mercado espera hoje, os ativos de risco deverão reagir negativamente, com bolsas para baixo e dólar para cima.
COLHEITA
Quase 77 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas foram colhidas:
SEMEADURA
Até 27 de novembro de 2023, a Ucrânia semeou quase 6 milhões de hectares de culturas de inverno para a safra de 2024.
EXPORTAÇÃO
Um pouco de informação sobre a dinâmica das exportações de grãos e oleaginosas.
ANÁLISES
O processamento de soja na Ucrânia está aumentando no contexto de altas exportações de farelo de soja de acordo com os dados operacionais da Agência de Informação “APK-Inform”, em novembro o processamento de soja na Ucrânia atingiu o volume máximo mensal desde abril de 2020, totalizando cerca de 184 mil toneladas, que superou o número de outubro em 17% e o resultado de novembro de 2022 em 43%.
Como observam os analistas da agência, apesar da dificuldade de formação de uma base de matéria-prima nas fábricas devido à acirrada concorrência com os exportadores, o principal incentivo para o aumento do processamento foi a alta demanda por farelo de soja no mercado externo.
Em três rodadas de compras, China levou 770 mil t de trigo americano.
Os futuros do trigo em Chicago finalizaram a sessão de segunda-feira (04), com uma valorização de 4%, voltando a operar em seus maiores patamares desde o mês de agosto.
Esse otimismo do mercado, veio por uma grande venda de trigo americano para a China, totalizando 440 mil toneladas. Em apenas três reportes de vendas diárias de trigo dos EUA para a China entre novembro e dezembro, o gigante asiático adquiriu 770 mil toneladas com entrega na temporada 23/24.
Ano após ano, os EUA vêm registrando uma queda em sua participação no mercado de exportação de trigo. A baixa competitividade do trigo americano, principalmente nos últimos meses, com o trigo do Mar Negro a preços muito descontados, deve levar o país a ter o seu menor ritmo exportável em mais de 50 anos na temporada 23/24.
Entretanto, essas compras recentes da China mostram muita coisa. A começar, pela crescente demanda chinesa por trigo para moagem, diante da forte perda qualitativa dos grãos em sua última colheita. A Bloomberg, comenta que das quase 140 milhões de toneladas de trigo colhidas na China na última temporada, pelo menos 30 a 40 milhões de toneladas foi prejudicada pelas chuvas e deverá ser direcionada para uso em ração.
Isso irá levar a China aumentar sua demanda de importação de trigo para moagem, devendo se tornar o maior importador de trigo em 23/24, ultrapassando o Egito. A perspectiva do USDA é que a China importe 12 milhões de toneladas de trigo, mas traders comentam que este número pode chegar a 14 milhões de toneladas.
O segundo ponto, é por que a China não está comprando trigo da região do Mar Negro, já que os preços por lá estão mais descontados? A reposta vem de dois fatores. A forte alta recente dos fretes marítimos para a aquela região, assim como, as más condições climáticas, que já estão reduzindo a capacidade de execução e embarques dos grãos para exportação.
Historicamente, os meses de janeiro e fevereiro, os embarques de trigo da Rússia e Ucrânia caem bem, levando os compradores a migrarem para outros players.
Depois de alcançar a sua mínima de 3 anos novamente na segunda-feira passada (27/11), o contrato de mar/24 do trigo CBOT subiu quase 11% ou 60 centavos por bushel. Isso mostra que, se o trigo do Mar Negro realmente se manter pouco competitivo ou indisponível, os preços devem se estabilizar.
Vale lembrar ainda, que devido a maior oferta do que o esperado para a safra de inverno dos EUA 23/24, o spread entre o trigo do Kansas e Chicago, está em seu menor nível desde set/22. Isso corrobora para um cenário em que o trigo americano está voltando a ficar interessante no mercado internacional, especialmente em um momento que a oferta global de trigo de alta proteína está mais apertada.
Desde setembro deste ano o oil-share (percentual de participação do óleo na margem de esmagamento) vem sendo pressionado e atingiu a mínima de fevereiro de 2021, pressionado principalmente pela forte alta do farelo. Os fundos de investimento foram os grandes atores deste movimento. Porém nas últimas três semanas a tendência mudou.
FARELO DE SOJA
Os preços do farelo de soja já caíram 10% desde a máxima de novembro. Os principais fatores são:
– Ritmo de esmagamento nos Estados Unidos: o mês de outubro apesar de ter atingido recorde histórico de processamento ficou aquém da capacidade máxima, que era amplamente aguardada pelo mercado, considerando a ampliação do parque industrial americano em aprox. 12%. O atraso da largada das novas plantas de esmagamento afetou o volume do processamento para outubro, mas já foi normalizada para o mês de novembro, reduzindo o aperto de estoques no mercado interno americano.
– Clima mais benéfico na Argentina: Nas últimas semanas o clima permitiu o avanço do plantio na soja no país vizinho, que já vem sofrendo com o clima há 3 anos. Este fator tirou uma parte do prêmio de risco adicionado ao preço do farelo de soja nos últimos meses. O país é o maior exportador de farelo e óleo de soja no mundo.
ÓLEO DE SOJA
Durante a forte alta do farelo os preços do óleo ficaram em segundo plano, e caíram para as mínimas de maio deste ano. O fundamento continua refletindo um aperto dos estoques no mercado interno americano. No mês de novembro o estoque divulgado pelo NOPA foi o menor em 9 anos, mesmo com o esmagamento recorde, indicando que a demanda interna segue bem aquecida. No momento os preços do óleo de soja estão consolidando o fundo gráfico, com um potencial mais forte de alta à medida que o cenário do farelo de soja vai aliviando. Com isso, o oil-share que atingiu as mínimas de 2021, já vem ganhando espaço nas últimas semanas.
Dados do dia 20 de Novembro
A semana passada foi marcada por uma queda expressiva nos preços da ureia CFR Brasil. As cotações do nitrogenado atingiram US$300-320/t CFR, ou seja, houve uma queda superior a 10% em sete dias. No mês de novembro, a ureia acumula uma queda maior que 20%. Vale lembrar que no começo de setembro, os preços do fertilizante tiveram um aumento de praticamente US$100/t em vinte e quatro horas. Naquela ocasião, o mercado se deparou com a notícia de que a China restringiria as exportações e, além disso, a Índia anteciparia seu tender, dois fundamentos cruciais para elevar os preços. Neste momento, o cenário é outro: a demanda se mostra mais fraca e a oferta global não apresenta nenhum sinal de problema.
Um ponto importante a ser destacado é que o menor preço da ureia CFR Brasil do ano foi presenciado em meados de junho, momento em que uma tonelada era ofertada na casa de US$278/t CFR Brasil. Em outras localidades, os preços da ureia também recuaram. Nos EUA, as cotações do fertilizante nitrogenado ficaram abaixo de US$300/st, enquanto no Egito os preços atuais estão em torno de US$350/t FOB. Seguindo a mesma tendência da ureia, as cotações do sulfato de amônio foram vistas próximas de US$150/t CFR, ou seja, temos uma queda superior a 25% em novembro. Contudo, no mercado doméstico brasileiro, a retração nos preços é mais contida.
A ureia FOB Paranaguá recuou 14% em novembro, já o sulfato de amônio apresentou um declínio de 15% considerando a mesma praça. Segundo as fontes consultadas pela Agrinvest Commodities, os preços da ureia em Mato Grosso ficaram próximos de US$480/t FOB Rondonópolis, ou seja, em sete dias, as cotações recuaram US$35/t. Em reais, as cotações da ureia voltam a se aproximar de R$2.350/t. Mesmo com esse movimento, os preços atuais ainda se distanciam das mínimas do ano, quando a tonelada do nitrogenado era adquirida abaixo de R$2.000/t no interior do Brasil.
Sem movimentações expressivas, os preços do MAP continuam sendo vistos entre US$555-565/t CFR Brasil. No mês de novembro, as cotações do fosfato monoamônico praticamente não tiveram nenhuma alteração. Das mínimas atingidas em junho, quando as cotações flertavam com US$430/t, até agora, houve um incremento nos preços do MAP superior a 30%. No mercado internacional, não é diferente: os preços do DAP FOB China seguem sem grandes movimentações há pelo menos quatro semanas. Atualmente, observa-se que as ofertas do fosfato diamônico pairam em torno de US$585/t FOB China, ou seja, os preços na origem estão mais elevados do que os praticados para o mercado brasileiro; portanto, esse fundamento é um obstáculo para uma correção nos preços do MAP no Brasil.
Do lado do superfosfato simples, nas últimas semanas, os preços tiveram um comportamento diferente, e as cotações do SSP são vistas abaixo de US$200/t CFR Brasil, ou seja, registramos uma queda da ordem de 15% no mês de novembro. No mercado doméstico brasileiro, as indicações de SSP ficam próximas de US$320/t FOB Rondonópolis. Com essas cotações, percebe-se que o superfosfato simples se mostra mais atrativo que o MAP, levando os produtores a anteciparem algumas compras para a temporada 2024-25. Por fim, em relação ao superfosfato triplo, a tendência permanece semelhante a vista no MAP, ou seja, não tiveram grandes alterações nas últimas semanas.
Os preços do cloreto de potássio CFR Brasil estão praticamente no patamar mínimo de 2023. A grande oferta disponível no mercado brasileiro é fundamental para justificar o comportamento dos preços desse fertilizante. Como mencionado, em 2023, foi registrado um recorde de importação de KCl no período de janeiro a outubro, e os lineups ainda indicam quantidades significativas previstas até o final do ano. No mercado doméstico brasileiro, os preços ainda se encontram US$30-40/t acima das mínimas vivenciadas em junho deste ano. As referências FOB Rondonópolis estão próximas de US$465/t.
Melhora das condições – atualização (dia 25/Nov)
Argentina: As temperaturas na Argentina devem subir para os próximos dias e as chuvas deverão permanecer mal distribuídas. As regiões de Cordoba, La Pampa e Buenos Aires continuarão predominantemente mais secas que o normal para 10 dias. O plantio da soja e do milho continuam avançando rápido, sendo que as condições até esse momento são favoráveis.
Brasil: O EC continua mostrando chuvas mais frequentes para o MT, RO e GO. Os modelos mostram consenso quanto à redução de chuvas e temperaturas mais elevadas para BA, MG e SP. As temperaturas de forma geral continuarão acima da média para quase todo Brasil. Para 4 semanas o modelo mostra uma mudança. Parte dos estados do MT e MS será mais úmido e mais quente, enquanto o padrão para os estados de BA, GO, MG, SP e TO será de temperaturas mais elevadas. O RS, PY e uma parte da Argentina continuarão mais úmidos.
Hoje é dia de USDA, ou melhor, dia do menos importante WASDE do ano. Como o americano fala, nesse relatório o USDA apenas juta a lata rua abaixo, jogando ajustes mais importantes para janeiro, quando divulga sua última revisão de área plantada e colhida para os EUA e o estoque trimestral do dia 1º de dezembro. Mas o USDA pode trazer mudanças para outros países, essa é a expectativa. Mas o histórico também mostra que o USDA é conservador para a América do Sul, aguardando para janeiro ou fevereiro para ajustes mais importantes. Mas eu diria que deve seguir a CONAB, trazendo um pequeno ajuste para baixo para o Brasil no milho e soja, o que todos já esperam. A expectativa para o WASDE na soja é 160 milhões de toneladas e para o milho 127 milhões (safra total) – queda de 3 milhões para a soja e queda de 2 milhões para o milho. Dei uma olhada nas variações para a CBOT 14 dias depois da divulgação desse relatório desde 2006. Dos 17 anos, o milho subiu 12. A alta variou de 20 centavos a 40 centavos no acumulado, e a queda foi de menos de 10 centavos. Dos 17 anos, a soja encerrou em alta apenas 9. A alta variou de 20 centavos até mais de $1 por bushel, e a queda foi por volta de 20 a 50 centavos. Eu não diria que o WASDE tem algo a ver com o movimento do milho e da soja, mas sim a transferência da demanda. Essas mudanças vem como reflexo dos programas brasileiros de exportação – encerramento do milho e início da soja. É o que estamos vendo nesse ano novamente, em especial para o milho. Nessa semana comentei sobre como o milho brasileiro está impossível, isso porque o custo de originação está variando de 60 a 100 centavos por bushel acima do nível de venda no Fob. Nessa semana falaram em troca de origem de milho na China, 10 barcos de milho brasileiro vendidos para um consumidor final, milho que deve vir dos EUA. As vendas semanais nos EUA já confirmam essa tendência. A média móvel de 4 semanas das vendas semanais nos EUA saiu de 990 mil toneladas no início de novembro para 1,6 milhão na última semana. Para o milho americano parece que esse é o caminho, a não ser que comece a ficar caro, ou a Argentina muito barata. Nessa semana os prêmios no Fob PNW saltaram de +102h para +125h para embarque fevereiro e março e a Argentina continua perto dos +55/60h para embarque março e abril – o diferencial de frete até a Ásia é de $16 por tonelada, ou 40 centavos por bushel (a Argentina mais cara). Isso quer dizer que a Argentina já seria mais competitiva em relação ao PNW. As tradings na Argentina já registraram na exportação 9,4 milhões de toneladas até setembro.
E a soja? Bom, como os números mostram, nos últimos 17 anos, 9 anos o mês de dezembro foi de alta. Nos anos de alta, o que prevaleceu foram problemas climáticos e/ou baixa disponibilidade de soja até a entrada da safra e dificuldade de executar o início do programa. Nessa temporada temos um grande SE para os futuros da soja: a soja americana está cara, mas as vendas continuam. O grande comprador é a Sino. Do total do programa americano, a China tem se nome 17,5 milhões de toneladas, 55% do total. Se você adicionar a metade da posição para desconhecidos, a posição da China em relação ao total passa para 62%. Essa proporção está dentro do histórico, mas o que não está dentro do histórico é a posição para a Sinograin. Na minha conta, a Sino já comprou nos EUA mais de 100 barcos desde o jantar no início de novembro entre tradings e estatais chinesas e tradings americanas. Falam que a motivação é política, por isso o grande SE. Quanto mais a Sino vai comprar nos EUA? Há uma limitação de capacidade de armazenagem, isso porque os embarques serão concentrados entre dezembro a março, e a Sino tem a sua disposição a soja argentina ofertada muito mais barata que a soja americana a partir de maio – Golfo oferta soja para março CFR China a +220h e Argentina a +55k, ou +70h, uma diferença de $1,5 por bushel. Me pergunto quando a Sino virá para colocar toda essa soja americana à disposição do seu mercado interno via leilões.
Rápidas da manhã: Bolsas de lado no Ocidente e no Oriente. Bolsas na China encerraram em queda de 2,3% na semana, 4ª semana seguida; BC do Japão vai abandonar a NIRP – taxas de juros negativas. Qual será o impacto para o Brasil do ponto de vista do Carry trade? Petróleo subindo bem hoje, a $71 o barril; ouro caindo 0,2%. Índice de commodities da Bloomberg subindo 0,7%; quase nenhuma chuva nas últimas 24h em todo Centro-Oeste e poucas chuvas para 10 dias;
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 01º de dezembro, os analistas alteraram suas expectativas para o IPCA e o dólar ao final desse ano. As projeções para o PIB e a taxa Selic ao final de 2023 ficaram inalteradas. O resultado levemente acima do esperado para o IPCA-15 de novembro (Expectativa: 0,30% / Real: 0,33%), levou os analistas a subirem marginalmente suas projeções para o IPCA em 2023. Subiu de 4,53% para 4,54%.
A taxa cambial ao final desse ano foi reduzida de R$ 5,00 para R$ 4,99. Apesar da leve baixa, a sazonalidade de valorização do dólar no final do ano é que faz com que o mercado mantenha a projeção do dólar mais alto que o nível atual (R$ 4,91).
A projeção para o crescimento do PIB brasileiro desse ano foi mantida em 2,84%, com o mercado aguardando pela divulgação do PIB do terceiro trimestre.
O mercado manteve em 11,75% ao ano a projeção para a taxa Selic ao final desse ano, sendo a décima sexta semana de estabilidade na expectativa para a taxa de juros no país.
DESTAQUES
Soja: As vendas vieram dentro do esperado. A China comprou 565 mil toneladas, compras dentro do esperado. Na semana passada traders reportaram vendas de pelo menos 10 barcos para a Sinograin para embarque de janeiro a março. Essa semana a Sino continua comprando. A grande pergunta é quanto ainda a Sino teria para comprar nos EUA. Traders nos EUA falam que se não fosse a Sino, a demanda estaria muito parada.
Farelo: Depois de semanas de fortes vendas, o encarecimento do flat price acabou reduzindo o interesse dos compradores. Os prêmios no Brasil caíram bem nas últimas duas semanas, deslocando a demanda. Ainda corre por fora a forte redução do processamento na Argentina para os próximos meses.
Milho: O milho americano passou a ser mais competitivo para embarque janeiro em relação ao Brasil. Grandes importadores na Ásia foram compradores de milho americano essa semana. Reportes de vendas de milho Fob PNW a níveis bem competitivos. A China comprou trocou 274 mil toneladas de desconhecidos.
O programa de exportação brasileiro de soja fechou o mês de novembro 5,20 milhões de toneladas. Em novembro de 2022 o total foi de 2,52 milhões de toneladas.
As exportações em sete meses desse ano atingiram volumes máximos na série histórica. Estão nomeadas para dezembro exportação de 3,58 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 101,60 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 78,72 milhões de toneladas, consequência da quebra da safra no país.
De janeiro a novembro o Brasil embarcou para a China 71,19 milhões de toneladas, contra 55,36 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,98 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho encerrou novembro 7,40 milhões de toneladas. Em novembro do ano passado o total foi de 5,89 milhões de toneladas.
Nos últimos quatro meses as exportações de milho atingiram recorde na série histórica. Estão nomeadas para dezembro exportação de 5,89 milhões e para janeiro 1,20 milhão de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 50,76 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 46,59 milhões de toneladas, e no ano retrasado 20,78 milhões de toneladas.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 13,13 milhões de toneladas do cereal, sendo o recorde mensal 3,46 milhões em outubro. Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gigante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo embarcou em novembro 1,87 milhão de toneladas. No décimo primeiro mês de 2022 o total foi de 1,51 milhão de toneladas.
No terceiro e no quarto bimestre do ano as exportações ficaram acima de 2 milhões de toneladas, com uma média de 2,30 milhões de toneladas. Estão nomeadas para dezembro exportação de 1,75
milhão de toneladas e para dezembro, portanto, o comprometido no ano é de 22,40 milhões de toneladas (volume recorde) – no ano anterior o total foi de 20,36 milhões.
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 2,07 milhões de toneladas.
O programa de exportação de algodão encerrou novembro 253,63 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 268,63 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,27 milhão de toneladas da fibra natural – no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,63 milhão, e do ano retrasado 1,74 milhão. O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 176,08 mil toneladas de janeiro a novembro.
O programa de exportação de carne bovina fechou novembro 187 mil toneladas. Em novembro de 2022 o volume total foi de 148,26 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,79 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China representa 60% das vendas brasileiras e comprou de janeiro a outubro 1,08 milhão de toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,14 milhão de toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou em novembro 91,20 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 90,88 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,08 milhão de toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado o volume foi de 988,5 mil toneladas. De janeiro a novembro a China comprou 361,80 mil toneladas da carne suína brasileira, contra 406,35 mil toneladas em 2022.
Brasil: Boletim Focus
Europa: Índice ZEW de percepção econômica
Brasil: IPCA
EUA: Inflação ao consumidor - CPI
Europa: Produção Industrial
Brasil: Crescimento setor de serviços
Brasil: Decisão taxa de juros - BCB
EUA: Inflação às empresas
EUA: Decisão taxa de juros – FED
EUA: Coletiva de Jerome Powell
Inglaterra: Decisão taxa de juros – BOE
Brasil: Vendas no varejo
Europa: Decisão taxa de juros – BCE
EUA: Vendas semanais
EUA: Vendas no varejo
China: Produção industrial
China: Vendas no varejo
Europa: PMI composto
EUA: Produção industrial
EUA: PMI composto
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A GRANDE SURPRESA: O BC do Japão jogou a toalha, vai abandonar sua política de juros negativos – NIRP. A inflação de salários e a desvalorização da moeda são as principais alavancas da inflação.
Os melhores exemplos são: Toyota e a Honda chegaram a um acordo de 5% de reajuste de salários com o sindicato. A Nintendo vai subir salários em 10% e muitos varejistas já subiram salários em 40% desde 2022. O Japão está na mesma situação dos demais países do G20 – população envelhecendo rapidamente e mais pessoas se aposentando.
PARA ONDE O DINHEIRO ESTÁ INDO: Os investidores estão dando alguns sinais de que o marginalismo vai voltar. O ouro renovou máximas históricas e as moedas digitais estão nos maiores níveis desde que os BC´s jogaram a toalha, reconhecendo que a inflação não seria passageira – por volta de março de 2022.
O ouro está subindo devido ao seu uso como moeda forte e de reserva, percepção que se acentua quando as taxas de juros reais nas economias maduras começam a virar de sinal – agora estão positivas.
OS EFEITOS DA QUEDA DO PETRÓLEO: A semana vai ser novamente negativa para o petróleo e demais combustíveis. A queda acumulada é de 4,5%, a 7ª semana seguida de queda.
Um dos efeitos da queda do petróleo é a queda do açúcar em NY. Os futuros eram um dos destaques de alta durante esse ano dentre as commodities, alta puxada pelo clima seco em regiões produtoras de cana na Ásia. A queda do petróleo vem derrubando os preços da gasolina nos EUA e do etanol. Para o Brasil, a queda da gasolina e do etanol reforçaria a opção das usinas de cana pelo açúcar, o que no tempo também poderá aumentar a oferta global.
Do pico, os futuros do açúcar já acumulam queda de 17%, próximo de entrar no bear market – queda superior a 20% em relação ao pico.