O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Brasil acabou de definir a meta da taxa Selic para os próximos 49 dias. Em linha com a ampla expectativa do mercado, a taxa de juros no Brasil foi reduzida em 0,50 p.p., recuando de 12,25% para 11,75%, menor nível desde fevereiro de 2022 (10,75%).
Dessa forma, a nossa autoridade monetária manteve pela quarta reunião consecutiva o ritmo de afrouxamento monetário que havia iniciado na decisão de agosto. Vale salientar também, que novamente a decisão foi unanime entre os nove membros votantes.
A forte desaceleração da inflação acumulada em 12 meses no primeiro semestre de 2023 e recuo na expectativa inflacionária para esse ano, 2024 e 2025, foi um fator crucial para a continuidade do afrouxamento monetário no Brasil.
No final de abril de 2023, o mercado projetava IPCA em 6,05% para 2023. Na última estimativa (08/dezembro) havia recuado para 4,51%, abaixo do teto de 4,75%. Já para 2024, a projeção está em 3,93% bem distante do teto da meta de 4,50%, reforçando uma perspectiva de um cenário benigno para a inflação no país no médio prazo. E para 2025 está em 3,50%, também bem aquém do teto da meta de 4,50%.
Portanto, a somatória da inflação em patamar baixo e expectativa inflacionária melhorando significativamente, abriu espaço para que a nossa autoridade monetária pudesse ter estendido hoje o ciclo de afrouxamento de juros no Brasil.
Em linha com essa visão, a nossa autoridade monetária disse: “Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
A expectativa inflacionária ancorada abaixo do teto da meta permite ao Banco Central seguir sinalizando a manutenção do ritmo de corte da taxa de juros nas próximas reuniões. Por enquanto, uma aceleração no ritmo do afrouxamento monetário é pouco provável, pois apesar das expectativas inflacionárias estarem benignas, ainda seguem acima do centro da meta para 2024 e 2025, que são de 3,00%.
De acordo com o texto divulgado junto com a decisão: “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
Porém, o tamanho do ciclo de afrouxamento monetário ao longo de 2024 dependerá do cenário interno, já que o cenário externo que antes era uma preocupação, melhorou segundo o próprio Copom.
O risco para a continuidade de queda da taxa de juros no Brasil ao longo de 2024 vem da política fiscal. E no comunicado de hoje, novamente o Copom reforçou a necessidade da política fiscal austera para poder ter um ciclo maior de corte da taxa Selic ao longo de todo do ano que vem.
Segundo o comunicado: “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.
Resumindo, diante da sinalização do Copom de mais cortes, é certo que a taxa Selic baterá 10,25% no primeiro semestre de 2024 e vai depender da política fiscal do país para poder seguir caindo no segundo semestre, e dessa forma, ficar abaixo dos dois dígitos.
Atualmente, o mercado projeta uma taxa Selic em 9,25% ao final do ano que vem. Mas se o governo não for capaz de reduzir o déficit primário em 2024 (encerrará em -1,3% do PIB em 2023), a taxa de juros no país ficará acima de 10% até o final de 2024.
O IBGE divulgou na última terça-feira (12) o IPCA de novembro, que registrou alta mensal no período de 0,28%, levemente abaixo do esperado pelo mercado (0,30%), mas ligeiramente acima do reportado em outubro (0,24%).
No acumulado em 12 meses, o IPCA registrou desaceleração pelo segundo mês seguido, recuando de 4,82% em outubro para 4,68% em novembro. O resultado também ficou um pouco abaixo do esperado pelos analistas (4,70%).
No acumulado do ano de 2023 registrou alta de 4,04% até o décimo primeiro mês do ano.
Entre os nove grupos pesquisados pelo IBGE, seis registraram alta na variação mensal.
Os três grupos que tiveram os maiores impactos inflacionários em novembro foram Alimentação, Habitação e Transportes.
Após registrar deflação por quatro meses consecutivos, o grupo Alimentação e bebidas registrou inflação pelo segundo mês seguido em novembro, ao reportar alta mensal de 0,63% e impacto de 0,13 ponto percentual sobre o índice geral.
Dentro desse grupo, o item alimentação no domicílio subiu 0,75% no décimo primeiro mês do ano, refletindo as seguintes variações: cebola (26,59%), batata-inglesa (8,83%), arroz (3,63%) e carnes (1,37%). No lado das quedas, os destaques foram o tomate (-6,69%), a cenoura (-5,66%) e o leite longa vida (-0,58%). Ainda nesse grupo, o item alimentação fora do domicílio subiu 0,42%, refletindo as altas da refeição (0,48%) e do lanche (0,19%).
O segundo grupo de maior pressão inflacionária foi Habitação, com alta mensal de 0,48% e impacto de 0,07 p.p. sobre o índice geral. Dentro desse grupo, o destaque ficou para a energia elétrica residencial, que subiu 1,07% no mês, refletindo os seguintes reajustes em quatro capitais do país: Goiânia (6,13%), Brasília (4,02%), São Paulo (2,80%) e Porto Alegre (0,91%).
Ainda nessa grupo, o custo da taxa de água e esgoto registrou alta de 1,07%, repercutindo os reajustes de 14,43% em Fortaleza e 10,23% no Rio de Janeiro.
Outro grupo a destacar a alta em novembro foi Transportes com alta mensal de 0,27% e impacto de 0,06 p.p. sobre o índice geral. O resultado foi puxado pela forte alta de 19,12% no item passagens aéreas.
Os outros três grupos que também reportaram inflação no décimo primeiro mês do ano foram: Saúde e cuidado pessoal (0,08% e impacto de 0,01 p.p.), Despesas pessoais (0,58% e impacto de 0,06 p.p.) e Educação (0,02% e impacto de 0,00 p.p.).
Os três grupos que registraram deflação foram: Artigos de residência (-0,42% e impacto de -0,01 p.p.), Vestuário (-0,35% e impacto de -0,02 p.p.) e Comunicação (-0,50% e impacto de -0,02 p.p.).
A desaceleração do IPCA pelo segundo mês consecutivo no acumulado em 12 meses em novembro, mantém o espaço para que o Copom siga reduzindo a taxa Selic ao longo de 2024.
Com a inflação controlada e as expectativas inflacionárias ancoradas bem abaixo do teto da meta para 2024, 2025 e 2026, a nossa autoridade monetária tem espaço para reduzir a taxa de juros para casa de 9% ao longo do ano que vem.
Diante da melhora do cenário externo, com a forte queda no rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), o único risco para que o Copom não consiga reduzir a taxa Selic abaixo de dois dígitos em 2024 é a política fiscal brasileira.
Se não houver uma melhora no resultado primário do ano que vem na comparação com esse ano, a autoridade monetária terá dificuldade em cortar mais de 1,5 p.p. a taxa Selic em 2024.
Para 2023, o déficit primário deverá ficar em 1,3% do PIB. O governo precisará melhorar esse
número para pelo menos -0,7% do PIB em 2024 para manter espaço para que a taxa de juros possa vir a encerrar em torno de 9% no ano que vem.
É quase impossível o governo conseguir zerar o resultado primário em 2024 como pretende o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Mas conseguindo reduzir em torno de 50% o tamanho do déficit já será bem visto pelo mercado e não terá impacto negativo sobre a política monetária do nosso país, o que permitiria a taxa Selic a recuar abaixo de 10% ao final do ano que vem.
O Diretor Operacional da empresa agropecuária \TAS-Agro Victor Belkot falou sobre o preço de custo do milho em regime de ex-fábrica e as atitudes dos agricultores em relação à venda do milho: eles seguram, oferecem…
O preço de custo do milho em nosso país é de cerca de 135 USD/mt. Varia de acordo com a região. No Sul, onde a seca reduziu a produtividade, ela é maior na parte central e ligeiramente menor na parte norte.
O preço é em média cerca de 110 USD em armazém.
É possível esperar um aumento de preços, mas não há certeza de que será possível exportar produtos facilmente. Por isso, não colocamos a pessoa na “caixa longa” e entregamos sempre que possível.
EXPORTAÇÃO
A exportação de milho ucraniano em 2023/24 ultrapassou 7 milhões de toneladas.
De acordo com dados operacionais do Serviço de Alfândega do Estado, até 13 de dezembro, desde o início de 2023/24, a Ucrânia exportou 14,697 milhões de toneladas de grãos e leguminosas, das quais 1,6 milhão de toneladas foram embarcadas no mês corrente, informou o serviço de imprensa do Ministério de Política Agrária da Ucrânia.
PREÇOS
Esta situação deve-se ao número insuficiente de ofertas no mercado devido à restrição das vendas pelos agricultores, à elevada concorrência de cereais entre empresas de transformação e de exportação, bem como a um aumento gradual dos
preços dos cereais no mercado de exportação. No entanto, vale ressaltar que um aumento mais significativo no preço do trigo foi contido por dificuldades com a venda de farinha devido à moderada demanda do consumidor e seu acúmulo significativo.
Assim, a partir de 13 de dezembro, os preços de demanda para o trigo do 2º e 3º grau são mais frequentemente fixados dentro da faixa de 162 – 197 USD/mt e 149 – 181 USD/mt, respectivamente, o que é 3-5 USD/mt mais alto do que os indicadores do final da semana passada.
APÓS ESCALADA EM NOVEMBRO, COTAÇÕES DO TRIGO ARREFECEM
Os preços do trigo iniciaram o mês de dezembro com desvalorização, após obterem fortes ganhos durante os meses de outubro e novembro, período que marcou o alto da colheita da safra no Sul do Brasil.
As complicações com a qualidade e rendimento das lavouras, especialmente no Rio Grande do Sul, ocasionaram forte ímpeto de alta para o cereal, que chegou a acumular uma alta acima de 50% para o mercado de lotes do trigo tipo 1 paranaense desde a mínima atingida ao final de agosto.
No início da colheita do trigo do PR, as indicações de preços para o trigo tipo 1 chegou a ficar em R$ 850-900/t FOB, e na sua máxima, há duas semanas, tivemos ofertas de R$ 1.400/t FOB. Os negócios consolidados nos maiores patamares, ficaram entre R$ 1.350-1.400/t CIF, mas nos últimos dias, os preços recuaram, com a saída dos moinhos do mercado e entrada da safra da Argentina.
Com o mercado brasileiro do trigo já tendo precificado as perdas qualitativas e produtivas da safra 2023, os preços do trigo têm operado com algumas perdas no mercado interno, dado o cenário do fim dos leilões de PEP/PEPRO agora no mês de dezembro, assim como a entrada da safra da Argentina.
Como os preços do trigo do país vizinho ao Brasil recuaram bem, com a perspectiva de uma safra maior que o esperado e maior saldo exportável, os níveis de paridade de importação enfraqueceram. Isso então, estabelece um teto para as cotações internas do trigo.
Para uma nova valorização do grão, os preços internacionais ou o câmbio precisam se fortalecer. Nas últimas seis sessões, o trigo americano subiu bem na Bolsa de Chicago, o que trouxe reação também ao trigo argentino, mesmo assim, para que se mantenha competitivo na exportação, o trigo ARG, precisa ser mais atrativo que o trigo russo, seu principal concorrente, quando observamos para quem a Argentina fornece o seu grão.
Vale lembrar, que neste momento, a Rússia reduz a sua capacidade de escoamento devido ao mal tempo provocado pelo inverno rigoroso, dando a oportunidade para a Argentina retomar suas vendas no mercado de exportação, o que pode manter os preços mais firmes, algo que está acontecendo também com o trigo americano neste momento.
Em contrapartida, a partir de março, a perspectiva é que a Rússia volte a ser a origem mais barata, o que pode colocar um “break” na recuperação dos preços.
Aqui no Brasil, boa parte dos moinhos já se abasteceram com o trigo nacional durante a colheita e agora, devem retornar aos negócios somente a partir do final de fevereiro e março. No final do ano, as pausas para férias coletivas, limpeza e manutenção, além de um menor consumo nos derivados do trigo, devem reduzir a necessidade de reposição pelos compradores da indústria local.
As exportações de óleo de soja no Brasil mantém o rítmo em dezembro.
Estamos nos encaminhando para o final do ano e as exportações do óleo de soja segue próximo ao recorde observado no ano passado. Até o momento a soma do embarque mais linep-up é de 99 mil toneladas, próximo das 110 mil exportadas em novembro. O volume acumulado se aproxima dos 2,2 milhões de toneladas.
O grande volume de exportação de 2023 foi fomentado em sua totalidade pela escassez de farelo de soja no mercado internacional, causado pela quebra na Argentina, este cenário deve mudar em 2024, o volume disponível para exportação deverá ser bem menor. A oferta de ambos os derivados da soja deve crescer em 2024, tirando o incentivo (margem) ao esmagamento aqui no Brasil. As margens de esmagamento deverão ser pautado pela oferta e demanda local, que deverá suportar as margens em alguns momentos temporários ao longo do ano.
Oferta x Demanda de Petróleo
Os preços do petróleo estão nas mínimas de junho de 2023, quando o mercado precificava uma recessão nos Estados Unidos, devido às elevadas taxas de juros e a dificuldade me reduzir a inflação.
Hoje o cenário é outro. Grande parte do impulso aos preços da commodity vieram de duas frentes, crescimento da China e cortes da OPEP, porém estas fontes estão secando. No final de novembro a OPEP divulgou o volume das reduções de produção do cartel, que era amplamente aguardada pelo mercado, os números surpreenderam negativamente, totalizando 2,2 milhões de barris por dia. Inicialmente este número é positivo para os preços, porém dentro dele está a extensão do corte voluntário de 1 MBD da Arábia Saudita e o corte voluntário de 300 mil BD pela Rússia, ou seja, em suma a redução de produção foi de apenas 900 mil BD, frustrando as expectativas.
A Arábia Saudita não tem mais para onde correr. Os países membro do cartão já estão relutando em cortar mais produção e o volume produzido pela Arábia Saudita é o menor desde agosto de 2021. O país precisa do preço do Brent acima de U$ 80,00 para pagar suas contas internas, o que está ficando cada vez mais difícil de conseguir.
EUA
A produção de petróleo nos Estados Unidos não para de crescer, os preços elevados dão conta para aumento da produção do petróleo vindo do xisto, na região norte do país. O custo de produção gira em torno de U$ 60,00/bbl o que gera uma resultado excelente para os produtores.
CHINA
O grande contraponto deveria vir da China, a EIA projeta que 50% do crescimento da demanda global de petróleo em 2024 viria da China, porém os números não refletem esse crescimento. Na segunda-feira foram divulgados os números de inflação na China que vieram com uma leitura de -0,5% contra um esperado de -0,1%, este é o menor número desde a pandemia. Outro indicador que foi divulgado foi o da inflação ao produtor (PPI), que também surpreendeu negativamente a -3% contra uma expectativa de -2,8%.
O PMI chinês também está a quem do esperado, indicando contração em sua última leitura a 49,40.
Resumindo, a oferta segue subindo e a demanda, seja no ocidente ou o oriente, segue estagnada.
Dados do dia 04 de Dezembro
A média semanal dos preços da ureia CFR Brasil ficou entre US$ 310-330/t CFR, em comparação com US$ 300-325/t na penúltima semana de novembro, ou seja, podemos constatar, uma ligeira alta nas cotações do nitrogenado. Além disso, ocorreram alguns rumores de negociações concretizadas a US$ 340/t CFR Brasil, contudo não houve confirmação. No mercado internacional, as negociações FOB Egito foram vistas na casa de US$ 340/t, ocorrendo uma queda de US$ 10/t. Nos EUA, as barcaças FOB Nola ficaram entre US$ 295-305/st. É importante salientar que no final da sexta-feira (01/12), as cotações da ureia começaram a demonstrar sinais de aumento.
Segundo alguns traders, os preços do nitrogenado ao redor do globo subiram US$ 20/t.
Os próximos dias serão cruciais para determinar os rumos do N, sobretudo visando as compras para a 2ª safra.
Quanto ao sulfato de amônio, os preços também apresentaram um ligeiro aumento nos últimos dias, ficando entre US$ 155-160/t CFR Brasil. É fundamental dizer que um aumento nos preços da ureia tende a ocasionar um incremento também para o SAM. Em relação ao nitrato de amônio, os preços atuais ficam entre US$ 180-200/t FOB Báltico, o que deixaria os preços CFR Brasil entre US$ 225-240/t.
Falando sobre o mercado doméstico brasileiro, os preços da ureia FOB Paranaguá chegaram a ser ofertados abaixo de US$ 400/t, porém, as médias vistas foram de US$ 410-415/t FOB. O Índice semanal de preços para o mercado doméstico divulgado pela Agrinvest Commodities apontou para uma ureia a R$ 2.265/t. Em Mato Grosso, os preços da ureia FOB Rondonópolis ficaram em US$ 465/t. Quanto ao sulfato de amônio, as cotações ficam entre US$ 300-310/t FOB.
Novamente, é fundamental frisar que precisamos acompanhar com bastante atenção como o mercado global de nitrogenados se comportará nos próximos dias.
Em relação aos fosfatados, o MAP continua estável, operando entre US$ 555-565/t CFR Brasil. Os preços do fertilizante permanecem nesses níveis há mais de 25 dias. No mercado internacional, o sentimento predominante foi de aumento nos preços do DAP. Os paquistaneses adquiriram 15 mil toneladas de fosfato diamônico dos chineses a US$ 620/t CFR, ou seja, nos últimos tempos houve mais um incremento. Já a companhia Ma’aden, da Arábia Saudita, reportou uma venda de DAP para o Vietnã a US$ 630/t CFR. Em relação aos preços na China, o DAP varia entre US$ 585-588/t. Por fim, a Índia continua lutando para comprar suas necessidades de fosfatado após os cortes nos subsídios. Dessa forma, conclui-se que as cotações do MAP praticadas no Brasil estão com um grande desconto em comparação ao mercado asiático.
Quanto ao superfosfato simples, o cenário parece ser outro: as ofertas observadas, principalmente para a safra 2024-25, estão proporcionando uma relação de troca próxima da média para os produtores. Assim, o SSP se mostra mais vantajoso que o MAP na hora das aquisições para a próxima temporada. Na página 13, é feita uma análise mais detalhada sobre a situação das relações de troca para a safra 2024-25. Para concluir, algumas empresas que operam no mercado doméstico brasileiro reduziram as cotações do MAP, e as referências FOB Paranaguá ficam em torno de US$ 630/t.
Os preços do cloreto de potássio permaneceram estáveis na última semana, com as cotações atuais próximas de US$ 320/t CFR Brasil. O sentimento predominante é que as importações desse fertilizante serão recordes em 2023. Assim, é fundamental uma resposta da demanda brasileira para equilibrar o quadro de oferta e demanda. As compras adiantadas para a temporada 2024-25 precisam ser acompanhadas com atenção. As relações de troca se mostram atrativas para os produtores, o que poderá incentivá-los a avançar ainda mais nas negociações até o final deste ano. As referências FOB Rondonópolis ficam próximas de US$ 450/t.
Argentina: As temperaturas na Argentina devem cair para 10 dias e o volume de chuvas deve aumentar para os Pampas, o que vai ser muito benéfico para as lavouras de milho e soja. As regiões de Cordoba, La Pampa e Buenos Aires continuarão recebendo volumes regulares de chuvas, mantendo o potencial produtivo. O plantio da soja e do milho continuam avançando rápido, sendo que as condições até esse momento são favoráveis.
Brasil: O EC reforça a projeção de clima mais quente que o normal para grande parte do Brasil, principalmente a região central e Norte. Na parte Sul as temperaturas seguirão mais amenas e tempo nublado, o que aumenta o risco de disseminação da Ferrugem Asiática – Revendas no PR comentam que os produtores não estão bem preparados. A maioria comprou fungicida para 2 ou 3 aplicações, o que seria insuficiente em caso de aumento da pressão do número de esporos da doença. O modelo mostra menos chuvas que o normal para toda a parte central do Brasil para 10 dias. Depois desse intervalo o modelo mostra mais chuvas.
Essa semana foi marcada pela volta da Argentina aos mercados. O que todos se perguntam é quanto a Argentina ainda tem para vender de safra velha. No caso da soja, falam em 7 milhões de toneladas de soja no total em estoque, sendo parte disso nas mãos das processadoras – uma ideia de quanto dessa soja está nas mãos de processadores é o volume de licenças para exportação. Há 2,5 milhões de toneladas de licenças emitidas e ainda não utilizadas da safra 2022-23. O que fazer com a soja remanescente nas mãos das processadoras já que as margens estão ruins. A Argentina está ofertando na exportação embarque janeiro – nas minhas contas por volta de +200f CFR China, está mais ou menos no preço do PNW e mais barato que o Brasil em 40 centavos. Acho que nesses níveis seria de interesse da Sinograin e também de crushers privadas. Talvez o maior impacto que uma Argentina agressiva na venda de milho e soja traria é para a safra nova – embarque abril. O total vendido de soja para a safra 2024 está em 1 milhão de toneladas apenas e no milho em 4,4 milhões. As licenças de exportação de farelo estão em apenas 680 mil toneladas e óleo apenas 110 mil. A pressão sobre as margens no Brasil está muito forte, o que tem gerado uma paralisia para os negócios no interior. As processadoras no Brasil estão indicando preços abaixo da PPE, o que tem mantido a cobertura muito baixa. Para as processadoras será um ano bem difícil, com margens ruins, quebra de safra no Norte e aumento da capacidade de esmagamento. Esse ano a capacidade deve aumentar em 5%, ou 10 mil toneladas por dia. Mas mesmo com o aumento, tudo indica que a capacidade utilizada vai cair. Esse ano a capacidade utilizada girou em torno de 77%. Diria que para 2024 a capacidade utilizada vai cair para 72-73%, ou um processamento de 52,5 milhões – esse ano deve fechar com 53,6 milhões (Abiove). Ao longo do ano, a capacidade utilizada pode cair até mais se as margens não melhorarem. A pressão para saltar de B12 para B15 vai ser cada vez maior, mas essa é uma decisão política.
A Sinograin continua comprando soja nos EUA. Ontem o USDA anunciou mais 400 mil toneladas para desconhecidos. Essa semana o USDA reportou vendas de 730 mil para essa temporada. Na semana traders estimam compras de 12 barcos de soja americana pela Sino até ontem, em linha com os 730 mil reportados pelo USDA. Nas minhas contas a Sino já comprou mais de 120 barcos desde novembro nos EUA, completando as compras para dezembro e quase 90% para janeiro. Para fevereiro e março a China ainda teria que comprar 11 milhões de toneladas. Será que a Sino vai comprar parte desse volume nos EUA? Eu diria que sim, e o motivo seria um hedging contra um grande atraso na execução no Brasil. Os mapas de chuvas mostram volumes muito acima do normal para janeiro e dentro do normal para fevereiro. Mas o mais importante é que quase 30% do MT plantou soja em novembro, soja que vai ser colhida na 1ª quinzena de fevereiro. Outros estados do Norte e Nordeste também estão atrasados. Se a colheita atrasar, combinada a muita chuva, os problemas serão atraso e qualidade abaixo do padrão exportação. Hoje o programa da soja americano projetado pelo USDA está em 47,8 milhões e o total comprometido está em 33,4 milhões de toneladas.
O programa brasileiro do milho continua crescendo, de forma bem mais lenta, mas já se aproximando dos 52 milhões. O ritmo de crescimento de novas nomeações caiu bem, mas ainda continua grande. Para dezembro está em 5,2 milhões de toneladas e para janeiro está parado em 1,1 milhão – até dia 11. A margem negativa de originação continua muito grande, mesmo assim ainda não se ouve falar em reversão de milho para o mercado interno, isso porque a conta da reversão é cara – a multa do take-or-pay gira em torno de 70%. Se o exportador contratou um frete ferroviário até Santos a R$ 350 por tonelada, sua multa vai ser de mais de $1,2 por bushel. Isso quer dizer que a originação deve estar $1,2 por bushel acima do preço de venda no Fob para começar a fazer sentido a reversão para o mercado interno. Ainda está distante. Hoje a margem negativa varia de estado para estado. Se o exportador precisa originar no MT e GO a margem negativa beira os 80 centavos por bushel. Mas se o milho sair do MS e PR a margem negativa é um pouco menor, perto dos 60 centavos. Tem tradings comprando milho para fevereiro em Imbituba, possivelmente milho verão do Rio Grande do Sul. Hoje a ideia de venda de milho Janeiro/fevereiro no Norte do Rio Grande do Sul está em R$ 70,0 a saca ou R$ 77,0 posto em Imbituba – custo de originação de +185h. Para fevereiro o exportador poderia estar embarcando soja ou farelo em Imbituba, mas a pouca oferta e possível atraso da colheita da soja não ajuda. É provável que no Arco Norte e em Santos o programa do milho se encerre em janeiro, o que me mostra que os prêmios da soja janeiro e fevereiro ainda estão muito descontados. Nessa semana o embarque fevereiro em Paranaguá foi negociado a -10sh e um barco para embarque na 1ª quinzena de fevereiro em Itaco é ofertado a +15sh, o que seria pelo menos +20sh para um embarque fevereiro cheio – ou +30sh em Santos. Veja como a coisa parece apertada para o começo da safra – o spread entre o papel em Paranaguá e um Cargo Santos girou nessa temporada em torno de 70 centavos por bushel, Santos mais caro. Isso devido à ineficiência em Paranaguá e custos por atraso. Para piorar a conta, o custo por atraso subiu muito, de $22 mil para $32 mil.
Rápidas da manhã: Bolsas continuam subindo no Ocidente. O SP500 vai encerrar a semana com ganho de 2,8%, 7ª semana seguida de alta; Bolsas de emergentes forte alta também – a Bovespa acumula alta de quase 3%; O CSI300 encerrou a semana com queda de 1,7%, a 5ª semana seguida. O governo chinês está preocupado com a fraqueza da economia, mas não falou em aumento de gastos; petróleo subindo 0,5% e ouro 0,6%; Índice de commodities da Bloomberg subindo 0,6%; todos de olho na reabertura das licenças de exportação na Argentina; modelos mostram mais chuvas a partir de 3ª-feira e queda nas temperaturas;
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 08 de dezembro, os analistas alteraram suas expectativas para o IPCA, o PIB e o dólar ao final desse ano. A projeção para a taxa Selic ao final de 2023 ficou inalterada.
O destaque do relatório ficou para a alta na estimativa do PIB desse ano, que saltou de 2,84% para 2,92%. Essa melhora refletiu o resultado acima do esperado para o PIB do terceiro trimestre de 2023.
A taxa cambial ao final desse ano foi revisada para baixo, de R$ 4,99 para R$ 4,95, refletindo o excelente momento da balança comercial do Brasil.
A projeção para o IPCA de 2023 sofreu uma queda de 4,54% para 4,51%.
O mercado manteve em 11,75% ao ano a projeção para a taxa Selic ao final desse ano e ficou em linha com o ocorrido após o Copom cortar em 0,5 p.p. a taxa de juros no país na quarta (13).
DESTAQUES
Soja: As vendas vieram perto da banda de baixo das estimativas. A China comprou 718 mil toneladas, sendo 196 mil como troca de destino desconhecido – dentro do esperado. Na semana passada traders reportaram vendas de pelo menos 12 barcos para a Sinograin para embarque de janeiro a março. Essa semana a Sino continua comprando. A grande pergunta é quanto ainda a Sino teria para comprar nos EUA. Traders nos EUA falam que se não fosse a Sino, a demanda estaria muito parada.
Farelo: Filipinas comprou 190 mil toneladas, o que já era esperado.
Milho: O milho americano passou a ser mais competitivo para embarque janeiro em relação ao Brasil. Grandes importadores na Ásia foram compradores de milho americano essa semana. Reportes de vendas de milho Fob PNW a níveis bem competitivos.
Trigo: A China comprou 1,12 milhão de toneladas, o que já era esperado também. A China está precisando de trigo de boa qualidade.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a segunda semana de dezembro 1,19 milhão de toneladas. Em dezembro de 2022 o total foi de 1,94 milhões de toneladas.
As exportações em sete meses desse ano atingiram volumes máximos na série histórica. Estão nomeadas para dezembro exportação de 2,69 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 101,90 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 78,72 milhões de toneladas, consequência da quebra da safra no país.
De janeiro a novembro o Brasil embarcou para a China 71,19 milhões de toneladas, contra 55,36 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,98 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 6 dias úteis de dezembro 2 milhões de toneladas. Em dezembro do ano passado o total foi de 6,24 milhões de toneladas.
Nos últimos quatro meses as exportações de milho atingiram recorde na série histórica. Estão nomeadas para dezembro exportação de 5,17 milhões e para janeiro 1,10 milhão de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 51,94 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 46,59 milhões de toneladas, e no ano retrasado 20,78 milhões de toneladas.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 13,13 milhões de toneladas do cereal, sendo o recorde mensal 3,46 milhões em outubro. Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gigante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo embarcou até a segunda semana de dezembro 813 mil toneladas. No décimo segundo mês de 2022 o total foi de 1,14 milhão de toneladas.
No terceiro e no quarto bimestre do ano as exportações ficaram acima de 2 milhões de toneladas, com uma média de 2,30 milhões de toneladas. Estão nomeadas para
dezembro exportação de 1,54 milhão de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 23 milhões de toneladas (volume recorde) – no ano anterior o total foi de 20,36 milhões.
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 2,11 milhões de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a segunda semana de novembro 91,1 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 175,73 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,36 milhão de toneladas da fibra natural – no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,63 milhão, e do ano retrasado 1,74 milhão. O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 176,08 mil toneladas de janeiro a novembro.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 6 dias úteis de dezembro 64,9 mil toneladas. Em novembro de 2022 o volume total foi de 152,03 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,79 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China representa 60,4% das vendas brasileiras e comprou de janeiro a novembro 1,08 milhão de toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,14 milhão de toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a segunda semana de dezembro 30,10 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 100,42 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,08 milhão de toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado o volume foi de 988,5 mil toneladas. De janeiro a novembro a China comprou 361,80 mil toneladas da carne suína brasileira, contra 406,35 mil toneladas em 2022.
Brasil: Boletim Focus
Europa: Inflação ao consumidor
Brasil: Ata do COPOM
EUA: Licenças de construção casas novas
China: Taxa de juros - PBOC
Brasil: IBC-Br
EUA: Confiança consumidor
EUA: Vendas de casas usadas
Brasil: Relatório trimestral inflação
Brasil: Reunião CMN
EUA: PIB
EUA: Vendas semanais
Brasil: Confiança consumidor
EUA: Pedidos de bens duráveis
EUA: Inflação consumo das famílias - PCE
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AS COMMODITIES ESTÃO BARATAS: Não sei se vocês acompanharam o comunicado do Fed. Foi histórico. Uma virada que o mercado já vinha antecipando, mas que ainda podia ser marcada por frustrações. Um trecho importante (a tradução não está ao pé da letra), “é provável que não vamos mais subir os juros… os integrantes do Fed estão dizendo que é momento apropriado para corte de juros. Estamos atentos aos riscos de manter as taxas de juros altas por muito tempo… sabemos que esse é um grande risco e queremos evitá-lo”. Os integrantes do Fed projetaram três cortes de 25 pontos base em 2024, mas o mercado já está precificando seis cortes no total. Hoje temos o BC Europeu. Talvez venha mais tímido, mas com certeza mais corajoso de também falar em cortar juros. Para nosso BC, sem dúvida esse é o sinal verde que faltava para o Focus voltar a falar em Selic de 8% para 2025. O resultado:
·Rendimento dos títulos de 10 anos perdeu os 4% pela primeira vez desde julho – chegou a passar dos 5% em outubro;
·SP500 bateu 4720, máxima do ano e perto da máxima histórica (4808);
·Dow renovou máxima histórica a 37.170;
·DI Janeiro 2026 a 9,74%, mínima de 2 ½ anos;
…E PARA O BRASIL: Do ponto de vista da competitividade, tudo indica que o dólar vai perder valor, trazendo impactos para o Brasil – olhando fundamentos e o movimento das curvas de juros e as expectativas de inflação, o dólar no mercado internacional vai continuar perdendo valor.
Juros e câmbio
DI Jan 2026 (linha cheia, dir.) e Câmbio (linha pontilhada, esq.)
A queda das taxas de juros no Brasil de longo prazo (os DI´s) mostra que o mercado está mais confiante em um cenário de inflação mais acomodado, além do diferencial de juros que agora está mais favorável ao Brasil, permitindo quedas maiores na Selic – com tudo mais constante. O cenário é favorável para a apreciação do real.
Para o cenário de câmbio para 2024 a maré não deve ser tão favorável ao Brasil. As commodities estão com preços bem menores em USD no mercado internacional, a demanda da China por minério está menor e a produção de grãos brasileira será menor.