O Banco Central do Brasil divulgou 3ª-feira o resultado do IBC-Br de outubro desse ano. O indicador que é visto como uma prévia do PIB brasileiro, registrou no período uma contração marginal mensal de 0,06%, um pouco abaixo do esperado pelos analistas (+0,10%).
Vale salientar que o resultado de outubro marcou o terceiro mês seguido de contração da atividade econômica do país, segundo o Banco Central. O número de setembro foi revisado de -0,06% para -0,05%. Em agosto a queda havia sido de 0,71%.
Diante do resultado de outubro, a economia brasileira acumula crescimento 2,36% nos dez primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2022.
Já no acumulado em 12 meses, a expansão em setembro foi de 2,19%, registrando a sexta desaceleração seguida nessa base de comparação.
A contração mensal pelo terceiro mês consecutivo do IBC-Br e a sexta desaceleração seguida no acumulado em 12 meses, coloca pressão sobre o Copom para acelerar o ritmo de corte de juros ao longo de 2024.
Na decisão da Copom da semana passada e da ata divulgada ontem, a autoridade monetária brasileira reforçou a sua expectativa de continuar reduzindo a taxa Selic no ritmo de 0,5 p.p. nas próximas reuniões. O Copom cita a expectativa inflacionária para 2024, 2025 e 2026 acima do centro da meta para não aumentar o tamanho no corte da taxa de juros.
Porém, com a economia dando claros sinais de arrefecimento e a inflação desacelerando mais que o esperado como mostrou o resultado do IPCA nos últimos dois meses, o mercado começa a pressionar o Copom para realizar cortes de juros maiores ao longo do ano que vem.
Porém, com a economia dando claros sinais de arrefecimento e a inflação desacelerando mais que o esperado como mostrou o resultado do IPCA nos últimos dois meses, o mercado começa a pressionar o Copom para realizar cortes de juros maiores ao longo do ano que vem.
Em linha com esse sentimento, toda a curva de juros recua nessa quarta-feira. Vejam abaixo o gráfico com o desempenho diário nos últimos noventa dias dos contratos de juros futuros com vencimento em jan/25, jan/26 e jan/30. Como podemos observar, estão na mínimas em três mês e traz pressão sobre o Copom para acelerar o ritmo de corte de juros ao longo de 2024.
A elevação do rating soberano do Brasil de -BB para BB pela agência de classificação Standard & Poor’s divulgado na terça-feira (19) é outro fator de pressão sobre o Copom acelerar o ritmo de queda de juros.
Apesar das pressões, a nossa autoridade monetária deverá manter o tamanho do afrouxamento monetário em 0,5 p.p. nas duas primeiras decisões de 2024, principalmente, por conta das expectativas inflacionárias.
Mas caso a inflação siga surpreendendo positivamente e as projeções de inflação melhorem para mais próximo do centro da meta, será factível um corte maior de juros a partir da decisão do dia 08 maio. Antes teremos as reuniões nos dias 31 de janeiro e 20 de março.
A continuidade da queda da taxa de juros ao longo de 2024 é importante para reacelerar a economia brasileira ao longo do ano que vem.
Após um ótimo desempenho no primeiro semestre desse ano, fruto da super safra dos grãos e aumento dos gastos do governo, a economia brasileira vem perdendo folego desde o início do segundo semestre e para voltar a crescer em bom nível, é importante a continuidade do ciclo do afrouxamento monetário em 2024.
O risco para a continuidade no corte da taxa Selic ao longo de todo o ano que vem é a política fiscal, pois se o governo falhar grosseiramente no cumprimento da meta primária estipulada para 2024, o dólar voltará a se valorizar e impulsionará a inflação, obrigando o Copom a interromper o ciclo de queda de juros.
O BEA (Bureau of Economic Analysis) divulgou há pouco o PCE Core (Personal Consumer Expenditures), que é o principal índice de inflação utilizado pelo Fed para adoção de política monetária nos EUA.
Referente a novembro, o índice que excluí a variação do preço de alimentos e energia, registrou alta mensal de 0,1%, levemente abaixo do esperado pelos analistas (0,2%) e em linha com o mês anterior.
No acumulado em 12 meses registrou recuo de 3,4% em outubro para 3,2% no décimo primeiro mês do ano, também ligeiramente abaixo do esperado pelo mercado (3,3%). Vale salientar que essa foi a quarta desaceleração consecutiva nessa base de comparação. Porém, o número segue acima da meta de inflação que é de 2%.
O índice cheio do PCE registrou queda mensal de 0,1% em novembro, 0,1 p.p. abaixo do esperado pelo mercado e do reportado no mês anterior (0,0%). A diferença entre o índice cheio e o núcleo na variação mensal ocorreu por conta da pressão deflacionária exercida pelo grupo energia.
Em novembro, o grupo energia registrou forte queda mensal de 2,7%, após forte baixa de 2,7% em outubro. No acumulado em 12 meses, o custo da energia para as famílias norte-americanas registrou forte deflação de 6,0%.
A forte queda mensal no custo de energia refletiu a forte desvalorização de 9,51% no preço médio diário do barril do petróleo na bolsa norte-americana. No décimo primeiro mês do ano, o preço médio diário do barril foi de US$ 77,33, contra US$ 85,46 em setembro.
Já o preço dos alimentos registrou queda mensal de 0,1% em novembro, 0,3 p.p. abaixo do verificado no mês anterior. No acumulado em 12 meses recuou de 2,4% em outubro para 1,8% no décimo primeiro mês do ano.
Juntamente com o índice inflacionário PCE Core, o BEA divulga também os dados de consumo pessoal e renda pessoal.
O consumo cresceu 0,2% em novembro em relação ao mês anterior, ficando em linha com o esperado pelo mercado. O contínuo crescimento da renda dos trabalhadores norte-americanos nos últimos meses, seguiu dando sustentação ao crescimento da demanda interna em novembro.
E por falar em renda, após subir 0,3% em outubro, registrou alta de 0,4% em novembro, também dentro da expectativa dos analistas. A escassez de mão-de-obra disponível segue obrigando as empresas a elevarem o salário ofertado tanto para contratar novos colaboradores, quanto para reter seus talentos. Esse movimento tem possibilitado ganho para a renda das famílias, que por sua vez, mantém o consumo aquecido, apesar da inflação elevada na maior economia do mundo.
A desaceleração maior que o esperado para o PCE Core em 12 meses, aumenta a visão dos investidores de que o Fed irá iniciar o ciclo de afrouxamento monetário em março do ano que vem.
Segundo o FedWatch da CME, o mercado vê 83% de chance de a autoridade monetária norte-americana realizar o primeiro corte da taxa de juros em março de 2024. Há uma semana atrás essa probabilidade era de apenas 70%.
Diante do aumento das chances de um corte de juros já na reunião de março, os ativos de risco ao redor do globo operam com ganhos nessa sexta-feira. As bolsas norte-americanas registram ganhos entre 0,2% e 0,45%, enquanto o dólar IDX recua 0,3%. Já as bolsas na Europa que operavam com perdas de 0,2% antes da divulgação dos dados do PCE Core, agora operam em leve alta de 0,05%.
Beneficiado pelo apetite ao risco no exterior, os ativos brasileiros também performam de forma positiva. O Ibovespa registra alta de 0,2%, renovando a máxima histórica intradiária a 132.414 pontos, enquanto o real se valoriza 0,45% frente a divisa norte-americana. O dólar comercial é cotado a R$ 4,8670, próximo das mínimas em quase cinco meses (R$ 4,84).
E o viés segue de alta para os ativos de risco no exterior e no Brasil, para o curto e médio prazo.
A Ucrânia quase concluiu a colheita de safras tardias de grãos e oleaginosas – até 15 de dezembro, 78,3 milhões de toneladas da safra foram colhidas.
➡️ girassol: foram debulhados 5 milhões de ha (99% da área), com produtividade média de 2.380 kg/ha, e colhidos 12 milhões de toneladas de MT;
➡️ soja: 1,8 milhão de ha (100%) foram debulhados com produtividade média de 2.650 kg/ha, 4,8 milhões de toneladas foram coletados.
➡️ milho: 3,6 milhões de ha (88%) foram debulhados com produtividade média de 7.700 kg/ha, 27,4 milhões de toneladas foram colhidas.
EXPORTAÇÃO
Exportação de grãos e oleaginosas na campanha de comercialização 2023/2024 a partir do meio do mês – dinâmica dos últimos 5 meses.
Os preços do trigo no Brasil subiram fortemente no mês de novembro, mesmo com a região Sul estando em época de colheita, dado o contexto de quebra de safra, tanto em termos qualitativos, como quantitativos.
Embora o cenário seja de estabilidade e até mesmo de queda nas cotações nos últimos dias, já que muitos moinhos já pausaram suas atividades devido a chegada do final do ano. A perspectiva para 2024, é que os preços se mantenham firmes, já que o lado da demanda seguirá enfrentando dificuldades para aquisição de trigo de boa qualidade.
No Paraná, a safra teve uma queda de 21% sobre o potencial produtivo, ficando estimada em 3,6 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, a produção caiu praticamente pela metade e mais de 80% do trigo colhido não terá classificação para uso na indústria na fabricação de farinhas.
Mesmo assim, a região Sul do Brasil deverá ofertar 84% do trigo brasileiro, cuja produção está atualmente estimada em 8,1 milhões de toneladas pela Conab.
Devemos entrar 2024, com muitos produtores mostrando dificuldades em escoar o trigo ração, especialmente de SC e PR, com poucos compradores locais capazes de absorver este produto. Triticultores do RS, seguem direcionando este tipo de trigo para exportação, mas com alguma dificuldade também, já que boa parte dos lotes estão com níveis de vomitoxina acima do padrão ideal.
Enquanto isso, os produtores que ainda detêm o trigo de PH 78 estão firmes nos valores pedidos e mantendo-se restritos aos negócios em sua maioria, acreditando que os preços podem ser maiores no período crítico da entressafra.
Vale lembrar, que nesta temporada, o mercado precisa estar atento aos desdobramentos da safra e ritmo de exportação do trigo da Argentina, já que nosso ritmo de compras de trigo importado será maior. Com a troca de governo na Argentina e mudança na política cambial do país, o que se viu nos últimos dias é um mercado de exportação mais aquecido e mais rentável ao produtor argentino, que poderá ser mais flexível na comercialização, que vinha a passos muito lentos nos últimos meses.
Estamos próximos do final de ano e com isso, muitos moinhos já estão paralisando suas atividades, reduzindo a oferta de farelo de trigo. Com uma menor disponibilidade do produto, os preços do subproduto estão se mantendo firmes e registraram ainda, elevações moderadas nesta última semana em algumas regiões.
Por outro lado, com essa reta final de 2023, há certa dificuldade na contratação de fretes e por esta razão, os estados de SC e RS, sinalizaram que os preços do farelo de trigo ficaram praticamente estáveis.
A perspectiva para o início de 2024 é que as cotações sigam se recuperando, depois de alcançar a mínima de quase 3 anos durante o mês de agosto de 2023. A alta nos preços do milho e restrição na oferta do cereal por parte dos produtores, também corrobora para este cenário.
Além disso, a valorização dos preços do trigo de boa qualidade e restrição na oferta, o que deve levar os compradores a importar trigo mais cedo na nova temporada a custos mais altos, também deverá contribuir para os moinhos trabalhem com maior cautela no próximo ano. Isso deve evitar, que os preços do farelo de trigo depreciem significativamente, igual ao movimento que foi visto no ano que está se encerrando.
Vale reforçar ainda, que a firmeza nos preços do milho tem contribuído para que a relação de troca com o farelo de trigo ainda se mostre bastante favorável ao derivado. Essa é uma conta que vem sendo bastante considerada pela indústria de rações.
Mínima e máxima por região:
·Rio Grande do Sul: R$ 780-830 por tonelada FOB à granel
·Santa Catarina: R$ 760-830 por tonelada FOB à granel
·Oeste-PR: R$ 780-900 por tonelada FOB à granel
·Norte-PR: R$ 750-830 por tonelada FOB à granel
·Curitiba/Ponta Grossa-PR: R$ 740-800 por tonelada FOB à granel
·São Paulo-Capital: R$ 800-850 por tonelada FOB à granel
Tomando como referência o preço do kg de energia do milho no dia 19/12, com base na cotação Esalq, temos o valor de R$ 0,96/kg (estável variação semanal) – enquanto que o farelo de trigo em SP à granel, registrou R$ 0,58 por kg de energia (alta de R$ 0,01 na variação semanal). Dessa forma, a relação de troca entre o milho por farelo de trigo, está com uma correlação de 61%. Ou seja, hoje 1 saca de milho, compra 1,64 sacas de farelo de trigo. O gráfico abaixo demonstra a evolução dessa relação de troca nos últimos meses.
Nos últimos três anos, o Brasil bateu recorde atrás de recorde de esmagamento de soja, fomentado por alguns fatores geopolíticos, políticas internas e fatores climáticos.
Em 2021 a crise energética que afetou boa parte do mundo aumentou a necessidade de consumo de diesel fóssil, impulsionando o preço do petróleo de 51 dólares para 85 dólares o barril, uma alta de 66% em menos de um ano. Essa alta acabou levando o preço do óleo de soja junto, o que está ligado ao biodiesel, melhorando a margem de esmagamento no Brasil e no mundo.
Este movimento de alta foi culminar em março de 2022 com a invasão da Rússia à Ucrânia, quando o preço do petróleo atingiu a máxima de 2008 em 130 dólares. Além disso, o trânsito de navios pelo Mar Negro paralisou, retirando cerca de 8 milhões de toneladas de óleo de girassol do mercado. Este cenário, juntamente com a quebra da safra brasileira, suportou as margens de esmagamento durante o ano de 2022.
Para 2023, o incentivo ao esmagamento veio através da quebra de safra de soja na Argentina, reduzindo a oferta em mais de 25 milhões de toneladas por lá, suportando o preço do farelo e consequentemente a margem de esmagamento no Brasil e no mundo.
ARGENTINA
Além dos fatores citados acima, nos últimos três anos a Argentina sofreu com o La Niña, levando a três quebras consecutivas de safra, sendo a última a mais severa. Para 2024 o cenário já é diferente, o plantio está adiantado, a umidade nos solos está aumentando e as previsões de chuvas são boas, indicando uma recuperação total do potencial de produção de soja – estimativas em 50 milhões de toneladas.
Em 2023, a Argentina deve esmagar cerca de 27 milhões de toneladas de soja, 11 milhões a menos que em 2022 e 14 milhões a menos que em 2019 (último ano de safra cheia), graças ao estoque de passagem e às importações do Brasil e Paraguai.
Com a eleição de Xavier Milei e suas medidas pró-economia, a inflação pode dar sinais de desaceleração ainda em 2024 o que aproximaria a cotação do câmbio blue (965 pesos) com o oficial (800 pesos), o que traria segurança ao produtor na venda de sua soja. Neste cenário o volume de esmagamento de soja no país poderá voltar a subir, especialmente a partir de abril.
Além dos fatores citados acima, nos últimos três anos a Argentina sofreu com o La Niña, levando a três quebras consecutivas de safra, sendo a última a mais severa. Para 2024 o cenário já é diferente, o plantio está adiantado, a umidade nos solos está aumentando e as previsões de chuvas são boas, indicando uma recuperação total do potencial de produção de soja – estimativas em 50 milhões de toneladas.
Em 2023, a Argentina deve esmagar cerca de 27 milhões de toneladas de soja, 11 milhões a menos que em 2022 e 14 milhões a menos que em 2019 (último ano de safra cheia), graças ao estoque de passagem e às importações do Brasil e Paraguai.
Com a eleição de Xavier Milei e suas medidas pró-economia, a inflação pode dar sinais de desaceleração ainda em 2024 o que aproximaria a cotação do câmbio blue (965 pesos) com o oficial (800 pesos), o que traria segurança ao produtor na venda de sua soja. Neste cenário o volume de esmagamento de soja no país poderá voltar a subir, especialmente a partir de abril.
O esmagamento na Argentina poderá atingir 37 milhões em 2024, 10 milhões a mais que neste ano. Porém a demanda por farelo parece que não crescerá na mesma proporção, o que tem levado os compradores, seja no mercado interno ou externo, a evitarem o alongamento da cobertura de soja – as compras estão muito no spot.
Em 2023 o volume esmagado pelo Brasil e Argentina somados será de aproximadamente 80 milhões de toneladas. Para 2024, somando 10 milhões ao esmagamento da Argentina, o volume combinado iria para 90 milhões. Diria que não há demanda para todo esse farelo, o que já se traduz em margens muito ruins.
BRASIL
Os grandes concorrentes das esmagadoras brasileiras são os esmagadores na China e na Argentina.
A China por sustentar os preços da soja no mercado interno brasileiro quando sua margem está boa. Para 2024 o cenário de margens na China não é favorável, isso porque se espera redução da população de suínos e queda no consumo de rações – as margens estão muito negativas devido ao excesso de capacidade de produção.
Já a Argentina concorre com o Brasil como maior exportador de farelo e óleo de soja do mundo, colocando pressão sobre os preços dos derivados.
Com a potencial safra cheia de soja e a desvalorização do cambio oficial, a comercialização de soja na Argentina deve andar mais rápido que o normal – as indústrias poderão se alongar mais na cobertura. A logística argentina é mais barata que a brasileira e as indústrias locais são mais competitivas que as brasileiras na exportação, pela proximidade ao porto de escoamento e qualidade do farelo – o padrão de exportação na Argentina possui proteína mínima mais alta e fibra máxima mais baixa que o padrão ANEC. Portanto não haverá espaço para um volume cheio de esmagamento nos dois países e a indústria brasileira deverá perder este espaço em 2024.
As exportações brasileiras de farelo e óleo de soja bateram recordes nos últimos dois anos, resultado da guerra Rússia-Ucrânia em 2022 e a quebra na Argentina em 2023.
Exportado Farelo: 20,4 milhões em 2022 e 21,8 milhões em 2023 (projeção)
Para 2024, até esse momento, não há ameaças aparentes à oferta internacional, tanto para o farelo quanto para o óleo, o que leva a crer que os volumes de exportação deverão voltar ao normal – em torno de 1,2 milhão de toneladas para o óleo e 17 milhões para o farelo.
Para o óleo de soja a diferença do volume de exportação será em grande parte anulada pelo aumento da mistura de biodiesel em 2 pontos percentuais a partir de março do próximo ano – se espera um crescimento do consumo interno de óleo de soja em 1 milhão de toneladas para 2024, para 6,4 milhões.
Já para o farelo a necessidade de produção de óleo indicará o volume produzido e exportado de farelo, que deverá ficar próximo a 21 milhões de toneladas. Logo, em 2024, o balizador do volume de esmagamento no Brasil deverá novamente ser o óleo de soja.
BIODIESEL NO BRASIL
Ontem tivemos mais uma novidade em relação ao mandatório da utilização do biodiesel no Brasil, alteração da programação em 2024 passando diretamente para 14% a partir de março e 15% em 2025 – além do aumento, houve a suspenção da liberação das importações. A tabela abaixo mostra que a cada 1 ponto percentual de variação no mandatório, a demanda por óleo de soja varia 460 mil toneladas, considerando que o óleo de soja responde por 75% da utilização total para produção do biodiesel. A tabela também mostra que a projeção do consumo total de óleo de soja no Brasil em 2024 para o biodiesel será de aproximadamente 6,4 milhões de toneladas (6,1 milhões considerando o aumento a partir de março).
PROJEÇÃO ESMAGAMENTO 2024
A tabela abaixo mostra a projeção para o esmagamento de soja no Brasil em 2024 tomando por base a demanda de óleo de soja, que será o principal direcionador do volume esmagado. A redução da demanda do mercado externo, que será ocupada pela Argentina, será em partes compensada pelo aumento do mandatório, porém não suficiente para aumentar a demanda total de óleo de soja. Como resultado, o volume total de esmagamento no Brasil deverá cair para 52,5 milhões de toneladas.
Dados do dia11 de Dezembro
Os preços da ureia CFR Brasil subiram entre US$20-30/t na semana passada em comparação aos valores registrados no final de novembro. Isso levou as cotações do fertilizante nitrogenado, que anteriormente alcançaram US$300/t CFR no mês passado, a situarem-se na faixa de US$330-350/t no dia 08/12. Nos EUA, houve um movimento semelhante, com as barcaças FOB Nola aumentando entre US$20-30/st e sendo negociadas entre US$315-325/st. Já no Egito, os preços da ureia se mostraram mais estáveis, encerrando a última semana em torno de US$345/t FOB. No que diz respeito ao sulfato de amônio, observou-se um leve movimento de alta, com os preços variando entre US$165-175/t CFR Brasil, enquanto as ofertas já alcançam US$180/t. De acordo com os “players“, esses aumentos nos preços dos fertilizantes nitrogenados refletem o aumento da atividade no mercado global. Além disso, também houve um aumento no frete marítimo, um tema a ser discutido na página 06. No mercado doméstico brasileiro, os preços também encerraram a semana passada entre US$20-30/t acima dos praticados em novembro. As cotações da ureia FOB Paranaguá atingiram US$430/t enquanto em Rondonópolis, os preços observados ficaram na faixa de US$480-490/t FOB. O Índice semanal divulgado pela Agrinvest Commodities também registrou um aumento de aproximadamente R$95/t, alcançando R$2.380/t. No caso do sulfato de amônio, as cotações seguiram uma trajetória semelhante à da ureia. Atualmente, os participantes do mercado estão aguardando a demanda para a 2ª safra. Apesar do aperto na janela de compras, muitos produtores não estão demonstrando interesse em adquirir insumos para 2024. Por fim, em relação às importações, o mês de novembro demonstrou um fortalecimento tanto para o sulfato de amônio quanto para a ureia. Segundo o MDIC, os volumes importados de ureia no décimo primeiro mês do ano superaram 840 mil toneladas, em comparação às 680 mil toneladas do mesmo período do ano passado. Quanto ao sulfato de amônio, a soma dos meses de outubro e novembro ultrapassou 1,5 milhão de toneladas, representando o maior volume histórico para o período.
Mais uma vez, os preços do MAP terminam a semana praticamente estáveis. Nos últimas trinta dias, as cotações do fertilizante fosfatado permaneceram entre US$555-565/t CFR Brasil. Todavia, algumas ofertas foram vistas a US$580/t. No cenário internacional, as cotações do DAP FOB Nola foram impulsionadas nos últimos sete dias. Os preços saíram de US$545/st no final de novembro para US$570/st no início de dezembro. Já os preços do MAP são vistos nos arredores de US$600-615/st. Segundo as fontes locais, os estoques americanos estão baixos. Na Ásia, os preços do DAP também subiram. Os paquistaneses compraram volumes dos marroquinos a US$620/t CFR, ou seja, as cotações praticados naquela região estão US$60/t acima das observados no MAP para o Brasil. Quanto ao superfosfato simples, alguns rumores de negócios foram ouvidos a US$195/t (19%). Ou seja, teríamos um incremento em comparação ao mês anterior, contudo, ainda não há confirmação de preços a esses níveis. No mercado doméstico brasileiro, os preços do superfosfato simples foram indicados a US$350-360/t (23%) na região norte do Mato Grosso. Já o MAP FOB Paranaguá está entre US$620-635/t. Por fim, mesmo com importações recordes no Brasil, as cotações do fosfato monoamônico não apresentam nenhum sinal de queda, sustentado pelo que estamos vendo no cenário internacional.
O ano de 2023 está se consolidando como um recorde para as importações de cloreto de potássio. Segundo o MDIC, o Brasil já importou mais de 12,3 milhões de toneladas do fertilizante, ou seja, um milhão de toneladas a mais que no ano passado. Assim, os preços continuam próximos das mínimas do ano, sendo negociados a US$320/t CFR Brasil. Um termômetro importante a ser observado é o comportamento das compras antecipadas para a safra 2024-25. Um aumento na procura pelo fertilizante poderia ocasionar um incremento nos preços.
Argentina: Uma frente fria se aproxima da Argentina para a próxima semana, derrubando as temperaturas e trazendo bons acumulados para as regiões de milho e soja. Os volumes ficarão até 100 mm acima da média. As chuvas também devem favorecer o Paraguai e parte do Brasil.
Brasil: O clima vai continuar mais quente que o normal até 4ª-feira, quando o EC mostra mais chuvas para a parte central do Brasil. As chuvas previstas devem ocorrer entre 4ª-feira (20) até sábado (23) – mais uma vez o modelo postergou a chegada das chuvas para a parte central. Os volumes ainda são abaixo do normal, o que vai manter a situação de estresse às plantas. Grande parte do MT está na fase de enchimento de grão, período em que a planta necessita de muita umidade.
Umidade: Os mapas ao lado mostram as a umidade no solo no dia 12 desse mês e a mudança projeta para o dia 19. Como se pode ver, a umidade mais uma vez irá cair, isso devido à combinação de temperaturas muito elevadas e poucas chuvas.
Foram destaques dessa semana: O Canal de Suez, a Sino continua comprando soja nos EUA e a forte queda dos derivados da soja.
Fretes de containers na rota China-Europa saltaram mais de 40% em poucos dias. No começo da semana as duas maiores movimentadoras de containers do mundo, a MSC e a Maersk, abandonaram a navegação pelo Canal de Suez devido aos ataques dos rebeldes do Yemen. Hoje a Hapag-LIoyd também jogou a toalha, vai começar a desviar todos os navios Ásia-Europa para o Cabo da Boa Esperança (COGH). O frete de contêiner China-Mediterrâneo subiu mais de $1000 por container para $2413 – Reuters. Os Houthis continuam usando drones do Irã para atacar navios, principalmente navios carregando petróleo. Os fretes de cargas secas acumulam alta de 12% na variação mensal, penalizando em especial os EUA. A alta do frete vinha sendo absorvida pelas origens, através de prêmios no Fob mais baixos. Para o Golfo esse cenário é especialmente negativo. A logística do milho e da soja dos EUA embarcado pelo Golfo sofreram dois fortes encarecimentos, o primeiro relacionado ao canal do Panamá e agora o Canal de Suez. Agora os grãos americanos embarcados pelo Golfo precisam passar pelo COGH, aumentando em 10 dias o tempo de ida e 10 dias a volta. O resultado é que o spread Golfo-China e Santos-China subiu muito – quanto mais alto pior para a competitividade americana. Esse spread estava em 25 centavos por bushel em julho, saltando para 30 centavos em outubro e agora para 41 centavos. O pesadelo logístico vai continuar afetando muito a competitividade americana, o que não é bom para os futuros na CBOT.
Os derivados da soja na CBOT perderam muito valor nas últimas semanas. As eleições presidenciais na Argentina foram definidas no dia 19 de novembro, vitória inesperada de Milei. Desde então, a soja na CBOT caiu 3%, o óleo 5,1% e o farelo 12,7%. Os prêmios da soja no Brasil subiram nesse período para a safra nova, o que está relacionado à quebra de safra e ao baixíssimo farmer selling – os prêmios da soja subiram de 15 a 20 centavos por bushel. Já os prêmios do óleo e do farelo recuaram, mesmo com a queda dos futuros. Na Argentina e no Brasil os prêmios do óleo recuaram 2 cents por libra peso e os prêmios do farelo em Paranaguá permaneceram estáveis – o embarque fevereiro perdeu $8 por tonelada curta e os demais ficaram estáveis. No Brasil as margens de esmagamento recuaram de +$20 por tonelada para margem negativa em $25 por tonelada. Temos hoje uma situação muito atípica – margens negativas na Argentina, Brasil e na China. As margens nos EUA pioraram, mas ainda são positivas. O Brasil vai elevar o mandatório de biodiesel de B12 para B14, o que vai retirar da exportação algo próximo de 700 a 900 mil toneladas de óleo de soja. A capacidade de processamento no Brasil vai crescer 10 mil por dia em 2024. Se o biodiesel sozinho vai conseguir manter margens positivas no Brasil é uma pergunta ainda sem resposta. No entanto, o que o mercado está precificando é o Brasil vai trazer mais farelo para o mercado, o que também ajudou no movimento dos preços do complexo e queda das margens. Hoje o que o mercado está precificando no complexo da soja é: menos soja no Brasil, aumento do processamento na América do Sul e um mercado com um excedente de farelo que ainda não se sabe se a demanda irá absorver – os EUA devem trazer 600 mil toneladas a mais de farelo na exportação.
A Argentina começou a sentir os efeitos de um desentendimento
diplomático com a China. Vimos exemplos da Austrália e do Canadá entre 2018 e 2020. No caso do Canadá foi a prisão de uma executiva da Huawei e no caso do Austrália foram as acusações sobre a responsabilidade do Covid. A China suspendeu a aprovação de uma linha d e financiamento de $6,5 bilhões com a Argentina. O motivo: o posicionamento de Milei, crítico feroz da China. A China tem na Argentina muito investimentos – o pacote tradicional: produção de energia, transmissão, transporte e exploração de recursos naturais (petróleo e lítio). Antes das eleições a Argentina estava olhando para comprar caças JF-17, fabricação chinesa. Agora Milei quer comprar F-16s usados, fabricação americana. Já sabemos onde isso vai dar. São exemplos de uma mini-guerra fria, onde os países devem escolher seu lado. Milei parece que escolheu, o que já traz consequências. Normalmente a Sino compra metade da soja exportada pela Argentina para suas reservas, algo entre 3 a 4 milhões de toneladas. Mesmo sendo muito mais barata que a soja americana, a Sino continua comprando nos EUA – nessa semana 12 navios pelo menos. Isso quer dizer que vai sobrar mais soja na Argentina em 2024, ou para esmagamento, ou para exportação. Ou termos mais farelo e óleo, ou mais soja argentina indo para esmagamento em outros países. Provavelmente os prêmios na Argentina irão cair rápido, na medida que o produtor argentino vender e mais soja do Paraguai vai para o Brasil, isso porque a Argentina não vai precisar importar muito – o Paraguai está ofertando no Brasil para janeiro e fevereiro.
Rápidas da manhã: Bolsas americanas de lado. Mercado de olho no PCE, gasto do consumidor nos EUA. Ontem o PIB americano do 3º tri foi revisado para baixo; mais uma semana de queda para as bolsas na China – 6ª seguida; IDX caindo, petróleo em leve alta a $74,5 o barril; países estão tentando encontrar um meio termo entre Israel e o Hamas. Todos preocupados com o Canal de Suez, em especial a Europa. Fretes continuam subindo; fundos continuam adicionando venda aos contratos agrícolas; boas chuvas para todo o centro oeste nas últimas 72 horas.
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 15 de dezembro, os analistas alteraram suas expectativas para o IPCA e o dólar ao final desse ano. As projeções para o PIB a taxa Selic ao final de 2024 ficaram inalteradas.
O destaque do relatório ficou para a queda na estimativa do IPCA desse ano, que recuou de 4,51% para 4,49%. Essa melhora refletiu o resultado levemente abaixo do esperado para o IPCA de novembro.
A taxa cambial ao final desse ano foi revisada para baixo, refletindo o excelente momento da balança comercial do Brasil e a melhora do humor no exterior. O mercado cortou a projeção ao fim de 2023 de R$ 4,95 para R$ 4,93.
A projeção para o PIB de 2023 ficou estável em 2,92% e a taxa Selic ao final do ano que vem em 9,25%.
DESTAQUES
Soja: As vendas vieram dentro das estimativas e com expressivo aumento em relação a semana anterior. A China comprou 785 mil toneladas, sendo 134 mil como troca de destino desconhecido.
Farelo: México comprou 111 mil toneladas, o que já era esperado.
Milho: O milho americano teve queda de 29% nas vendas em relação a semana anterior, mas ficou dentro do esperado pelo mercado. O México liderou as compras, levando 346,5 mil toneladas.
Trigo: Depois do forte apetite da China nas vendas da semana passada, o ritmo de vendas caiu 78%. Com isso, os números vieram na banda debaixo das estimativas. O principal destino foi o México, levando 97,9 mil toneladas. A queda também se deve a uma maior competitividade da Rússia, que voltou para o mercado de exportação de trigo nos últimos dias.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a terceira semana de dezembro 2 milhões de toneladas. Em dezembro de 2022 o total foi de 1,94 milhões de toneladas.
As exportações em sete meses desse ano atingiram volumes máximos na série histórica. Estão nomeadas para dezembro exportação de 1,76 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 101,77 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 78,72 milhões de toneladas, consequência da quebra da safra no país.
De janeiro a novembro o Brasil embarcou para a China 71,19 milhões de toneladas, contra 55,36 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,98 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 11 dias úteis de dezembro 3,68 milhões de toneladas. Em dezembro do ano passado o total foi de 6,24 milhões de toneladas.
Nos últimos quatro meses as exportações de milho atingiram recorde na série histórica. Estão nomeadas para dezembro exportação de 3,61 milhões e para janeiro 1,75 milhão de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 52,71 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 46,59 milhões de toneladas, e no ano retrasado 20,78 milhões de toneladas.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 13,13 milhões de toneladas do cereal, sendo o recorde mensal 3,46 milhões em outubro. Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gigante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo embarcou até a terceira semana de dezembro 1,15 milhão de toneladas. No décimo segundo mês de 2022 o total foi de 1,14 milhão de toneladas.
No terceiro e no quarto bimestre do ano as exportações ficaram acima de 2 milhões de toneladas, com uma média de 2,30 milhões de toneladas. Estão nomeadas para dezembro exportação de 991,79 mil toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 22,8 milhões de toneladas (volume recorde) – no ano anterior o total foi de 20,36 milhões.
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 2,11 milhões de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a terceira semana de novembro 134,6 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 175,73 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,40 milhão de toneladas da fibra natural – no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,63 milhão, e do ano retrasado 1,74 milhão. O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 176,08 mil toneladas de janeiro a novembro.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 11 dias úteis de dezembro 97,4 mil toneladas. Em novembro de 2022 o volume total foi de 152,03 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,88 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China representa 60,4% das vendas brasileiras e comprou de janeiro a novembro 1,08 milhão de toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,14 milhão de toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a terceira semana de dezembro 47,40 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 100,42 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,13 milhão de toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado o volume foi de 988,5 mil toneladas. De janeiro a novembro a China comprou 361,80 mil toneladas da carne suína brasileira, contra 406,35 mil toneladas em 2022.
Estrategista de Commodities
(41) 3094.0228
marcos@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
(41) 3094.0221
eduardo@agrinvest.agr.br
Analista Macro
(41) 3094.0220
thiago.davino@agrinvest.agr.br
Mercado de Trigo
(41) 3094.0357
guilia.zenidin@agrinvest.agr.br
Analista de Fertilizantes
(41) 3094.0229
jefersonsouza@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
(41) 3094.0200
guilherme.jacomini@agrinvest.agr.br
RISCO DE INFLAÇÃO: Fretes de containers na rota China-Europa saltaram mais de 40% em poucos dias. No começo da semana as duas maiores movimentadoras de containers do mundo, a MSC e a Maersk, abandonaram a navegação pelo Canal de Suez devido aos ataques dos rebeldes do Yemen. Hoje a Hapag-LIoyd também jogou a toalha, vai começar a desviar todos os navios Ásia-Europa para o Cabo da Boa Esperança (COGH). O frete de contêiner China-Mediterrâneo subiu mais de $1000 por container para $2413 – Reuters.
Quem está preocupado com essa situação é a Europa, isso porque todas as mercadorias importadas da Ásia pesam pelo Suez e grande parte do seu petróleo importado. Como isso afetará os preços ao consumidor ainda é uma incógnita.
MILHO NA CHINA EM QUEDA:
O milho na China continua caindo. Na semana o milho no spot o milho encerrou com queda de 1,7%, renovando mínima de mais de 3 anos. Corretores na China falam em dois pontos:
1) o pessimismo quanto ao consumo de rações para os próximos meses. Nada mudou quanto ao cenário interno de prejuízo dos suinocultores e provável redução do número de animais. A produção de rações cresceu 5% no ano até outubro. O ritmo de crescimento do abate animais das Top 3 vem caindo nos últimos meses, o que já mostra um início de ano mais lento para o consumo de rações. O que todos imaginam é que as grandes operações terão que reduzir o abate devido à forte piora da liquidez e destruição de caixa;
2) A queda do preço do milho nos leilões de compra do governo é outro ponto negativo para os preços internos. Aqui acabe uma reflexão, na verdade um questionamento: as importações de trigo e soja por parte das estatais está muito forte, principalmente trigo. A China já tem nos EUA 2,2 milhões de toneladas de trigo americano, ou 15% do programa. A China também vem sendo compradora agressiva de trigo no Canadá, Europa e Austrália. A China tem no Brasil mais de 15 milhões de toneladas de milho em seu nome e na soja a Sino comprou mais de 120 barcos nos EUA desde o início de novembro. O governo fala que a produção de grãos foi recorde, um sucesso, mesmo com um ano “pra lá de miserável”. Ondas de calor, chuva na colheita de trigo de inverno, dois tufões e alagamentos nas principais regiões produtoras de milho. Os preços do milho estão caindo na China, o que dá a impressão de uma grande safra e pressão de venda, mas as compras das estatais não param de crescer.