O Banco Central do Brasil divulgou na manhã dessa sexta-feira o resultado do IBC-Br de novembro do ano passado. O indicador que é visto como uma prévia do PIB brasileiro, registrou no período um crescimento marginal mensal de 0,01%, um pouco abaixo do esperado pelos analistas (+0,10%).
Vale salientar que o resultado de novembro interrompeu uma sequência de três meses seguidos registrando retração. O número de outubro foi revisado de -0,06% para -0,18%.
Apesar do desempenho ruim entre agosto e novembro, a economia brasileira acumula crescimento 2,40% nos onze primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2022.
Já no acumulado em 12 meses, a expansão em outubro foi de 2,40%, registrando reaceleração após seis meses consecutivos de desaceleração nessa base de comparação.
O desempenho anêmico da economia brasileira entre agosto e novembro do ano passado, sinaliza que não haverá pressão inflacionária de demanda no país no curto prazo. Esse sentimento reforça a expectativa do mercado de que o Copom terá espaço para seguir cortando a taxa Selic ao longo desse ano.
Com as expectativas inflacionárias ancoradas abaixo do teto da meta para 2024 e os próximos anos, além da falta de pressão da demanda doméstica, a autoridade monetária brasileira poderá seguir cortando a taxa de juros no nosso país em 0,5 p.p. nas próximas reuniões do Copom, como o próprio Banco Central já sinalizou que irá fazer. Portanto, o número divulgado nessa sexta só reforça a visão da nossa autoridade monetária.
Em linha com essa visão, o Boletim Focus do Banco Central mostra que os analistas e economistas esperam que a taxa Selic encerre esse ano em 9%, ou seja, um ciclo de corte de 2,75 p.p. em 2024 sobre a taxa de juros atual (11,75%).
Diante da expectativa de continuidade do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil ao longo desse ano, a tendencia é que a economia brasileira volte a reacelerar de fato, principalmente, a partir do segundo semestre de 2024, quando os efeitos de uma política monetária menos restritiva serão mais notados na economia real do país.
Vale lembrar que a política monetária no Brasil demora em média 6 meses para impactar a atividade econômica. Ou seja, os cortes que ocorrerão de juros no primeiro semestre desse ano só terão efeito positivo sobre a nossa economia ao longo do segundo semestre, especialmente, no final do ano.
Os preços do trigo iniciaram o ano praticamente lateralizados, devido a baixa liquidez de negócios que costuma acontecer nesta época. Os moinhos demonstram-se bem estocados e com baixa necessidade de reposições, já que a demanda por farinhas durante o verão não costuma ser muito aquecida.
Com a ajuda que a Noruega e Reino Unido estão fornecendo para Ucrânia agir mais ofensiva no Mar Negro, a Rússia está diminuindo o seu domínio na região.
A pergunta que fica, é se a Ucrânia de fato investiria contra os portos russos no Mar Negro? Ainda não sabemos, mas fato é que os reforços estão chegando.
Além do fornecimento de novas equipes e armamentos, o Ministério da Defesa britânico, também enviou recentemente dois navios da classe Sandown, com o propósito de ajudar os navios ucranianos a encontrar explosivos deixados pelos russos no mar. Essa medida, além de ajudar na defesa da Ucrânia, pode permitir que Kiev aumente as exportações na rota comercial do Mar Negro.
A pouca oferta de trigo de boa qualidade na nova temporada, fez os preços do trigo saltarem na reta final de 2023, mesmo na colheita da safra e com isso, os patamares atuais acompanham os níveis da paridade de importação.
Com a entrada da safra da Argentina, cuja colheita já está próxima de 95% e uma produção estimada em mais de 15 Mi t, o saldo exportável de trigo argentino, deverá ficar entre 10-11 Mi t.
Ou seja, ainda que o Brasil tenha a necessidade de importar cerca de 7 Mi t de trigo ao longo do ano, não há preocupação quanto a falta de trigo. Especialmente porque, os preços do trigo da Argentina voltaram a ficar competitivos e seu ritmo de comercialização segue lento, criando uma barreira para elevações significativas.
Ao se estendermos para o cenário externo, buscando uma tendência sobre como os preços deverão se comportar nos próximos meses, temos o fraco ritmo da exportação americana de trigo.
Durante o final de outubro e novembro do ano passado, a China foi bastante ativa em suas compras de trigo dos EUA, que estavam em suas mínimas de 3 anos, voltando a ficar atrativos no mercado de exportação. Contudo, em dezembro e começo de janeiro, a demanda chinesa sumiu e além disso, houveram rumores de cancelamentos de compras, pressionando as cotações da CBOT.
A demanda por trigo americano está anêmica e o cereal dos EUA voltou a ficar mais caro que outros players, como Rússia e França. Com os estoques finais de trigo mais elevados nos EUA, Chicago não encontra forças para subir e com isso, os preços internacionais devem seguir com impasses para recuperação.
Resumindo: Os preços do trigo brasileiro já estão próximos dos níveis da paridade de importação; o trigo argentino está bastante competitivo – atraindo compras de importação; a entrada da safra de verão pode criar uma disputa com o trigo nacional por espaço e logística; teremos uma janela de exportação de trigo no Porto de Rio Grande até no máximo abril; os preços internacionais do trigo não apresentam sinais de elevação, dada a fraca demanda internacional e estoques razoáveis, especialmente nos EUA – que direciona os preços na CBOT.
1.Exportações de grãos ucranianos em 2023/24 MY ultrapassaram 20 milhões de toneladas
De acordo com os dados operacionais do Serviço de Alfândega do Estado, até 12 de janeiro, desde o início da campanha de comercialização 2023/24, a Ucrânia exportou 20,239 milhões de toneladas de grãos e leguminosas, das quais 1,773 milhão de toneladas foram embarcadas neste mês.
Em termos de culturas, desde o início da atual safra, foram exportados:
🔹Trigo: 8,069 milhões de toneladas (8,802 milhões de toneladas em 2022/23);
🔸Milho: 10,85 milhões de toneladas (13,626 milhões de toneladas em 2022/23).
FRETE
Na semana passada, os preços de frete para o transporte de grãos dos portos fluviais do Danúbio permaneceram praticamente estáveis. Por sua vez, as taxas de transporte dos portos de águas profundas de Odesa para handysizes continuam diminuindo, e no segmento de panamaxes, também houve um enfraquecimento nos custos de frete. Isso foi relatado pela Atria Brokers.
Em 14 de dezembro, as taxas para o transporte de milho em 6.000 mt dos portos de Reni e Izmail permaneceram no nível da semana passada: em direção à costa leste da Grécia – 32-34 USD/mt, ao Mediterrâneo oriental – 38-40 USD/mt, à costa leste da Itália – 41-43 USD/mt, Israel – 43-46 USD/mt, Espanha 46-48 USD / mt, Sevilha espanhola – 48-50 USD/mt. O frete para Mármara diminuiu em 1 USD/mt para 28 USD/mt. O frete para o transporte de milho por handysizes na direção dacosta mediterrânea da Espanha diminuiu em 2-3 USD/mt para 38-40 USD/mt, a costa mediterrânea do Egito – em 2 3 USD/mt para 35-36 3 USD/mt, Itália e Tunísia – em 1-2 3 USD/mt para 37-39 3 USD/mt e 40-42USD /mt de acordo.
As taxas de frete para o transporte de milho por panamaxes dos portos de Odesa, Pivdennyi e Chornomorsk nadireção da China diminuíram em 5-6 USD/mt para 70-72 USD/mt, na costa mediterrânea da Espanha – em 1 USD/mt para 44-46 USD/mt.
As taxas para o transporte de milho por barcaças para Constanta diminuíram 1-2 EUR/mt para 20 EUR/mt, enquanto para as taxas de girassol para Ruse/Silistra caíram 4 EUR/mtpara 26 EUR/mt.
COLHEITA
Nas últimas duas semanas, 220 mil toneladas de milho foram colhidas na Ucrânia.
A colheita de milho da safra 2023 continua. Assim, até 11 de janeiro, o grão foi debulhado em 3,643 milhões de hectares, dos quais 28,368 milhões de toneladas foram colhidas com um rendimento de 77,9 centners/ha, informou a assessoria de imprensa do Ministério da Política Agrária da Ucrânia com referência a informações operacionais sobre o andamento da campanha de colheita.
PREÇOS
Em um futuro próximo, os preços do milho na Ucrânia começarão a subir.
Atualmente, os preços do milho na Ucrânia “caíram” devido ao excesso de oferta nos elevadores, e os comerciantes estão tentando reduzir os preços de compra. Mas, no início da próxima semana, os preços dos grãos começarão a subir. Esta previsão foi feita em 16 de janeiro por especialistas do centro analítico da cooperativa agrícola “PUSK”, criado no âmbito do Conselho Agrário da Ucrânia (UAC), informou o serviço de imprensa da UAC.
Já em 19 de janeiro, os preços do milho no porto de Odesa estão previstos em USD 158-164 por mt, e em 26 de janeiro, USD 160-165 por mt é esperado.
Dados do dia 15 de Janeiro
A segunda semana de 2024 foi marcada por uma “virada de chave” nas cotações da ureia ao redor do globo. Primeiramente, o desenrolar do tender indiano mostrou que os vendedores seguem uma filosofia semelhante à observada em alguns momentos de 2023. Mesmo tendo volumes a serem ofertados, os “players” não estão dispostos a fazer “qualquer” negócio. Para compreendermos melhor a situação do tender, é importante conhecermos a dinâmica das licitações promovidas pelo gigante asiático. Primeiramente, a companhia indiana recebe as ofertas e os preços; em um segundo momento, a empresa faz uma contraproposta visando angariar o maior volume no menor preço da licitação;
Por fim, a empresa toma a posição final. Neste tender, promovido pela NFL, foram ofertadas por 21 diferentes empresas mais de 2,7 milhões de toneladas. Os menores preços observados foram: Costa Oeste: US$ 316,80 CFR; Costa Leste: US$ 329,40 CFR. Portanto, a National Fertilizers Limited fez a contraproposta para os participantes visando levantar o maior volume possível nos menores preços ofertados. Contudo, poucos players se interessaram pelo negócio. A companhia indiana conseguiu concretizar a compra de 647 mil toneladas, sendo 150 mil toneladas para a costa oeste e 497 mil para a costa leste do país asiático. Essa quantidade foi considerada abaixo das expectativas, criando assim um fundamento que poderia firmar os preços da ureia no curto prazo. Se não bastasse isso, o mercado se deparou com grandes movimentações no Egito, um grande fornecedor de fertilizantes nitrogenados para nações europeias e alguns vizinhos asiáticos. Segundo fontes locais, por volta de 200 mil toneladas de ureia foram negociadas na semana passada, fazendo com que os preços saltassem de US$ 330/t FOB para US$ 375/t FOB. Nessa conjuntura, os preços da ureia em todas as partes do globo sofreram incrementos. No Brasil, as ofertas encerraram a semana a US$ 350/t CFR, contra US$ 320/t na primeira semana de 2024.
Quanto ao sulfato de amônio, o movimento de alta foi mais contido. Todavia, sabe-se que um incremento nos preços da ureia tende a também pressionar o SAM. Se por um lado os preços da ureia sofreram incrementos, por outro lado, as cotações da amônia no sudeste asiático recuaram entre US$ 35-40/t nos últimos dias. No mercado doméstico brasileiro, as cotações da ureia tiveram incrementos de US$20-30/t. Alguns vendedores ainda mantiveram os preços do começo de janeiro, contudo, de modo geral, pode-se dizer que a ureia passou de US$380-390/t FOB Paranaguá na primeira semana de 2024 para US$405-410/t na última sexta-feira. O índice semanal de preços em reais por tonelada mostrou que as cotações do fertilizante subiram aproximadamente R$90,00/t, alcançando a marca de R$2.320/t.
Para os fosfatados, não tivemos grandes alterações nas cotações. O MAP permanece na faixa de US$555-565/t CFR Brasil. Nas demais localidades, com exceção dos EUA, o sentimento foi semelhante. Segundo fontes locais, as barcaças de DAP FOB Nola foram negociadas a US$615/st, ou seja, em sete dias vivenciamos um incremento de US$35/st nas cotações. Esse fator acaba sendo um entrave para vermos quedas nas cotações no mercado brasileiro. Embora a demanda local esteja enfraquecida, o quadro global não incentiva retrações neste momento.
Os preços do KCl não sofreram mudanças significativas nos últimos sete dias. As cotações CFR Brasil permanecem em torno de US$ 300/t. No mercado doméstico brasileiro, o sentimento de excesso de oferta ainda está presente, e as compras antecipadas para a safra 2024-25 serão fundamentais para orientar os preços do fertilizante a médio e longo prazo.
Divulgado há pouco pelo NOPA, o esmagamento dos EUA bateu novo recorde e os estoques comerciais de óleo de soja sobem mais que o esperado.
ESMAGAMENTO
As processadoras americanas esmagaram 195,33 milhões de bushels (5,32 milhões de toneladas) em dezembro, acima da expectativa do mercado de 193,12 milhões de bushels (5,25 milhões de tons). O volume foi recorde absoluto, acima do recorde anterior de 189 milhões de bushels em outubro de 2023.
O aumento do volume esmagado no país não é novidade, o aumento dos incentivos para utilização de biocombustíveis fomentou o investimento na construção de novas plantas de esmagamento. Na temporada de 2023/24 o aumento da capacidade de esmagamento está estimado em aprox. 6 milhões de toneladas, e nas 2 temporadas seguintes mais 10 milhões de toneladas de capacidade deverão ser adicionadas.
Este volume todo adicional atenderá ao mercado de óleo de soja, transformando o farelo em um subproduto que pressionará os preços tanto no mercado interno americano quanto no mercado internacional. Vale lembrar que a capacidade de exportação de farelo nos EUA é limitada à aprox. 1,3 milhões de toneladas por mês, portanto o mercado doméstico deverá sofrer maior pressão.
ESTOQUES DE ÓLEO DE SOJA
Também foi divulgado o volume disponível de óleo de soja em estoque no mercado interno americano. O número também surpreendeu o mercado para cima, com leitura em 1,360 bilhões de libras (617 mil tons) verus 1,291 bilhões de libras (586 mil tons) esperado pelo mercado.
Apesar do volume ser maior que o esperado, ainda é o menor volume disponível de óleo de soja nos últimos 5 anos para o período. O gráfico abaixo mostra a sazonalidade dos estoques de óleo de soja nos EUA.
Ontem tivemos um dia bom para a soja. O flat price subiu. Os Futuros da CBOT novamente confirmaram o suporte da 6ª-feira passada nos 12,00 no março. Os prêmios começaram a subir ontem na parte da tarde no destino. Falaram que uma grande tradings havia subido suas ofertas em 7 centavos. Os prêmios no Fob Paranaguá acabaram firmando também. O fevereiro foi negociado a -75h na 4ª-feira e ontem a -70sh. O março foi negociado a -85sh na 4ª-feira e ontem a -77sh. Será que batemos no fundo do flat price no destino e também no Fob? Pontos positivos: 1) estabilização do farelo e dos óleos em Dalian e basis mais firmes do farelo; 2) margens melhores na China; 3) ontem as vendas de farelo foram maiores – mas ainda muito fracas; 4) basis da soja mais firmes no destino; 5) margem de originação negativa – as tradings estão vendendo no destino abaixo do custo de originação no Fob e no interior, o que não é sustentável por muito tempo. Conforme as ofertas vão ficando mais escassas no interior, a tendência é a elevação dos basis locais e encarecimento da originação. O que contribui com isso são aos boas margens de esmagamento no Brasil para março. Nessa semana os prêmios do farelo caíram forte no Brasil, isso porque as indústrias conseguiram andar com a originação, pagando acima da paridade de exportação, outro fator que também encarece o custo de originação. Ainda é muito cedo para dizer que batemos no fundo, mas o ritmo do farmer selling será fundamental. Não podemos esquecer que muitos produtores ou estão perto do breakeven ou estão no prejuízo, em especial no Mato Grosso, onde a produtividade média está perto de 50 sacas e o custo foi maior que o esperado devido ao replantio. Lembrando que o MT é o motor do farmer selling e também da exportação. No ano passado, no dia 1º de julho, o FS no MT já havia passado de 80%, enquanto nos demais estados entre 50% e 60%.
Importante dizer também que provavelmente teremos mais pressão de venda pela frete, da Argentina e do Sul do Brasil, onde a safra pode ser recorde e os produtores ainda não venderam. Ontem comentei sobre isso:
Pensando em produção, farmer selling e logística, a soja do RS e da Argentina entrará no pipeline ao mesmo tempo. O Produtor argentino vendeu até agora 4,4 milhões de toneladas de uma safra de 52 milhões, 8,5%. O produtor gaúcho vendeu 8% de uma safra que pode chegar a 22-23 milhões, segundo estimativa das tradings. O programa de exportação de soja da Argentina pode chegar a 8-10 milhões de toneladas, variando conforme as margens das indústrias e possíveis mudanças no mandatório do biodiesel – as províncias argentinas encaminharam proposta de aumento gradual na mistura ao governo, em troca de apoio. Vai sair de 10% para 12% até janeiro de 2025. No Rio Grande do Sul o programa deve ser 11-13 milhões de exportação, entre maio e dezembro. Junte o Uruguai com mais 2,5 milhões de toneladas para essa mesma janela de exportação. Isso quer dizer que vamos ter um pipeline de 22-25 milhões de toneladas de soja a partir de maio, oferta de soja que ainda não veio a mercado – quase 100% do farmer selling da Argentina e do Rio Grande do Sul são para as indústrias. A diferença é que no ano passado não tivemos essa pressão de venda. O programa argentino e uruguaio foi de menos de 5 milhões e o programa do Rio Grande do Sul foi de 8,5 milhões, porém grande parte dessa soja veio de outros estados, aproveitando a ociosidade do porto. Temos que juntar esses números com a redução do programa de exportação no Norte. Nos negócios que estão saindo no CFR China, já dá para ter uma noção que a combinação de fraca demanda da China e produtores no Norte perdendo dinheiro vai acabar em um programa de soja mais curto, menor. Quanto menor vai depender de dois fatores: 1) será que as margens na China irão melhorar ainda no 1º semestre, ou somente no 2º?; 2) o outro fator é a entrada do milho safrinha. Provavelmente vamos ter milho mais cedo em uma parte do MT. A troca do programa da soja para o milho vai ser mais cedo ou mais tarde a depender da margem de originação de ambos. Hoje a margem de originação da soja está negativa – a diferença do custo de comprar a soja e levar até a China é menor do que o preço de venda, muito diferente em relação ao ano passado (margens de originação positivas durante o ano todo). No final, essa conta toda, maior programa de exportação no Sul da América do Sul, ARG+UR+RS, e menor no MT é que vai direcionar os nossos basis no interior e os prêmios nos portos. Hoje o mercado assume que tudo bem: dada uma demanda da China capenga e uma provável compensação do Sul com o Norte, o balanço segue confortável.
O programa de exportação e soja brasileiro está crescendo rápido. Nomeações de 4,6 milhões de toneladas, sendo 3 milhões para janeiro e 1,6 milhão para fevereiro. Em relação à semana passada as nomeações cresceram 1,1 milhão de toneladas. Paranaguá é o maior, com 1,3 milhão de toneladas. Essas nomeações em Paranaguá são do ano passado. Tem navio de em Paranaguá nomeado em novembro. Imagino que com a colheita avançando no Mato Grosso do Sul e no Paraná, o lineup em Paranaguá vai crescer rápido e o waiting time também. Hoje o spread entre Paranaguá e Santos está em 25 centavos por bushel. No ano passado passou de 70 centavos. A diferença esse ano é que não temos milho em Paranaguá. No ano passado o lineup de milho em Paranaguá no final de janeiro estava em 1,5 milhão de toneladas e em Santos perto de 1 milhão. No Brasil todo o lineup do milho em janeiro do ano passado estava em mais de 7 milhões – hoje está em 2,3 milhões. Colheita mais rápida de soja e menos milho em lineup em todo Brasil. A oferta de soja para China está vindo mais cedo e mais concentrada, o que se soma à baixa demanda. Resultado: basis no destino em queda e margem de originação negativa. Hoje saíram negócios para embarque abril a +35sk. Com frete Santos-N.China a $41,1 a tonelada, a venda a +35sk equivale a um cargo em Santos a -73sk ou Paranaguá a -98sk. Ontem o trade level do abril em Paranaguá foi de -75sk. Isso quer dizer que as tradings estão vendendo no destino abaixo do paper Paranaguá, muito diferente do ano passado, quando a margem de originação foi positiva durante o ano todo. Essa situação, somada ao baixo farmer selling, podem dar firmeza aos prêmios como vimos nessa 5ª-feira.
Rápidas da manhã: Bolsas americanas subindo; A discussão sobre quantos cortes de juros continua; bolsas na China encerram em queda pela 3ª semana seguida; todos no aguardo de estímulos mais pesados que nunca vêm; a situação do canal de Suez está cada vez mais complicada. Os fretes estão subindo e a inflação pode começar a subir também. A Maersk, maior operadora de container do mundo, fala em vários atrasos em vários portos; petróleo subindo 0,4% a $74,4 o barril; a Bolsa de Cereales trouxe novamente melhora para as condições das lavouras de milho e soja; clima benéfico para o Brasil e mais seco para a Argentina; prêmios da soja mais firmes no destino e no Fob Paranaguá; saiu o 1º navio de milho importado da Argentina para o Nordeste. A conta da importação de milho para Sul está próxima;
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 12 de janeiro, os analistas reduziram as suas expectativas para inflação e câmbio no país. As projeções para o PIB e a taxa Selic ao final de 2024 ficaram inalteradas.
O destaque do relatório ficou para a queda na projeção do dólar ao final de 2024, que recuou de R$ 5,00 para R$ 4,95. A expectativa de início do ciclo de queda de juros nos EUA a partir da decisão do Fed em março e a robustez da balança comercial no Brasil, colocam um viés de desvalorização para o valor da moeda norte-americana no curto e médio prazo em nosso país.
Refletindo uma projeção de dólar mais baixo esse ano, a projeção do IPCA foi reduzida de 3,90% para 3,87%.
A taxa Selic ao final desse ano foi mantida em 9,00% ao ano e o PIB com crescimento de 1,59%.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a segunda semana de janeiro 1,35 milhão de toneladas. Em janeiro de 2022 o total foi de 839,60 mil toneladas.
A exportação total de soja em 2023 ficou em 101,86 milhões de toneladas, recorde na série histórica devido à grande produção de 154,61 milhões de toneladas. Em 2022 o total foi de 78,73 milhões e em 2021 86,10 milhões de toneladas. De janeiro a dezembro do ano passado o Brasil embarcou pra China 74,49 milhões de toneladas, 38,93% superior ao ano anterior.
Estão nomeadas para janeiro exportação de 1,99 milhões de toneladas, portanto, o comprometido para o mês é de 3,34 milhões de toneladas – se todo o volume nomeado for embarcado será recorde para o mês.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 9 dias úteis de janeiro 2,70 milhões de toneladas. Em janeiro do ano passado o total foi de 6,13 milhões de toneladas.
Estão nomeadas para janeiro exportação de 1,55 milhão de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 53,97 milhões de toneladas – na safra 21/22 foram embarcadas 46,56 milhões de toneladas, e na safra 20/21 20,78 milhões de toneladas.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 15,17 milhões de toneladas do cereal, sendo o recorde mensal 3,46 milhões em outubro. Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gigante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo embarcou até a segunda semana de janeiro 1,05 milhão de toneladas. No primeiro mês de 2023 o total foi de 1,40 milhão de toneladas.
A exportação total de farelo de soja em 2023 ficou em 22,60 milhões de toneladas, recorde na série histórica. Em 2022 o total foi de 20,36 milhões e em 2021 17,15
milhões. Os principais compradores do farelo brasileiro na safra 22/23 foram: Tailândia (3,06 mmt), e Indonésia (3,77 mmt). Para o óleo de soja o Brasil iniciou 2023 atingindo recordes no volume embarcado, no entanto, por conta da queda das margens de esmagamento, o volume diminuiu no final do ano sendo exportado no total 2,14 milhões de toneladas, inferior a safra 21/22 que embarcou 2,39 milhões de toneladas.
Estão nomeadas para janeiro exportação de 963 mil toneladas, portanto, o comprometido para o mês é de 2,01 milhões de toneladas. Se todo o volume nomeado for embarcado, será recorde para o mês.
O programa de exportação de algodão embarcou até a segunda semana de janeiro 124,2 mil toneladas. No mesmo mês de 2023 o total foi de 123,98 mil toneladas.
A exportação total de algodão em 2023 ficou em 1,62 milhões de toneladas, o menor valor desde a safra 18/19 quando foram embarcadas 1,61 milhões de toneladas. Em 2020 e 2021 as exportações ficaram acima dos 2 milhões de toneladas. A China comprou 776,65 mil toneladas em 2023, seguido do Bangladesh que comprou 207,77 mil toneladas.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 9 dias úteis de dezembro 86,80 mil toneladas. Em janeiro de 2023 o volume total foi de 159,65 mil toneladas.
A exportação total de carne bovina em 2023 ficou em 1,99 milhões de toneladas, volume recorde e bem próximo ao ano
anterior, quando foram embarcadas 1,98 milhões de toneladas.
A China representa 60% das vendas brasileiras e comprou em 2023 1,19 milhão de toneladas, enquanto no mesmo período de 2022 o volume foi de 1,24 milhão de toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a segunda semana de dezembro 37,20 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 86,92 mil toneladas.
A exportação total de carne suína em 2023 ficou em 1,20 milhão de toneladas, volume recorde na série histórica. No mesmo período de 2022 o total foi de 1,09 milhão de toneladas.
A China representa 32,6% das vendas brasileiras e comprou em 2023 388,35 mil toneladas, enquanto no mesmo período de 2022 o volume foi de 459,93 mil toneladas. A queda das compras do gigante asiático foi substituída pelo maior volume de compra de outros dois países: Hong Kong (122,76 mil toneladas) e Filipinas (119,21 mil toneladas.).
Estrategista de Commodities
(41) 3094.0228
marcos@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
(41) 3094.0221
eduardo@agrinvest.agr.br
Analista Macro
(41) 3094.0220
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Mercado de Trigo
(41) 3094.0357
guilia.zenidin@agrinvest.agr.br
Analista de Fertilizantes
(41) 3094.0229
jefersonsouza@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
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Mais uma semana de queda para as bolsas na China. Foi mais uma semana de queda generalizada para ações de consumo, alimentos e tecnologia. Sem estímulos mais robustos os investidores continuam muito pessimistas com o desempenho da economia.
Nessa semana vimos o PIB do 4º trimestre e o pIB fechado para 2023. O crescimento foi de 5,2%, acima da meta de 5%. O lado ruim é que a base de comparação é fraca e muito concentrada novamente na manufatura e projetos de infraestrutura. A ociosidade da indústria chinesa continua crescendo e a espiral deflacionária está cada vez mais enraizada.
Os fretes de containers na rota China-Europa saltaram mais de 40% em poucos dias. As duas maiores movimentadoras de containers do mundo, a MSC e a Maersk, estão retomando aos poucos a navegação pelo Canal de Suez devido aos ataques dos rebeldes do Yemen. A Maersk fala em atrasos em vários pontos. O trafego pelo canal está cada vez menor, o que vai acabar gerando escassez de mercadorias principalmente para a Europa.
O Reino Unido e os EUA continuam atacando as bases do Houthis no Yemen. O líder promete retaliações. O frete de contêiner China-Mediterrâneo subiu mais de $1000 por container para $2413 – Reuters.
Os futuros do milho na B3 continuam afundando. O milho no spot está caindo em todas as praças, derrubando o indicador Esalq. Dois motivos: entrada da safra verão e a relação milho-soja.
Produtores e cooperativas estão vendendo milho de olho na relação milho-soja no físico. A relação de troca registrou dois movimentos bem distintos, uma alta forte e uma queda mais forte ainda.
O movimento de descida foi muito mais rápido que o de subida, o que se deve à forte queda do flat price da soja na exportação. Com a relação muito mais favorável à venda do milho e a rentabilidade muito ruim para a soja, produtores e cooperativas começaram a oferta o milho e não a soja. O resultado foram dois: queda dos futuros e inversão da curva na B3 – a curva saiu de um forte carry para inversão em apenas seis pregões.