O Bureau of Labor Statistics (BLS) divulgou há pouco os dados de inflação ao consumidor (IPC) nos EUA referente ao mês de setembro. O índice núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, registrou alta de 0,3% na comparação mensal, em linha com o esperado pelos analistas e do reportado em agosto.
No acumulado em 12 meses recuou de 4,3% no oitavo mês do ano para 4,1% em setembro, em linha com a expectativa do mercado. Vale salientar, que essa é a menor alta desde setembro de 2021 (4,0%). A desaceleração em setembro ocorreu por fator estatístico, já que em setembro de 2022 havia registrado alta mensal de 0,6%.
Apesar da sexta desaceleração seguida, o resultado acumulado em 12 meses segue ainda muito acima da meta que é 2%.
Já o índice cheio registrou alta mensal de 0,4%, levemente acima da estimativa do mercado (0,3%), mas abaixo do registrado em agosto (0,6%). No acumulado em 12 meses registrou estabilidade em 3,7% no nono mês do ano, ligeiramente acima do projetado pelo mercado (3,6%).
Vale lembrar, que o Banco Central dos EUA (FED) adota os índices inflacionários núcleo para adoção de sua política monetária, uma vez que eles sinalizam melhor a tendência de preço sem impactos sazonais e choques pontuais de oferta, como ocorre nos preços de energia e alimentos.
O grupo moradia segue sendo o principal responsável pela pressão inflacionária no índice núcleo no acumulado em 12 meses. Em setembro, esse grupo registrou alta mensal de 0,6%, 0,3 p.p. acima do observado em agosto.
Porém, no acumulado em 12 meses recuou de 7,3% em agosto para 7,2% no nono mês do ano, renovando a menor variação nessa base de comparação desde novembro do ano passado (7,1%).
Em setembro de 2022 havia reportado alta mensal de 0,7%. Portanto, a desaceleração no acumulado em 12 meses ocorreu por efeito estatístico.
A desaceleração do grupo moradia reflete a queda do preço dos imóveis norte-americanos, como podemos observar no gráfico abaixo. Em linha com essa visão, após dezenove meses seguidos de aceleração no custo de moradia, entre setembro de 2021 e março de 2023, em setembro registrou a sexta desaceleração seguida, reforçando a visão de que o pior já passou.
O recuo no preço dos imóveis nos EUA reflete o aumento da taxa de juros nos EUA, que impulsionou de 3% para 7,67% o custo do financiamento imobiliário na terra do tio Sam e derrubou a demanda por moradia própria.
Em linha com essa visão de menor demanda pela casa própria, o número de vendas de casas usadas em agosto desse ano registrou 4,04 milhões de unidades no acumulado em 12 meses, número bem abaixo dos 6,5 milhões de moradias vendidas em janeiro de 2022. Desde que o Fed começou a elevar a taxa de juros nos EUA em março de 2022, o número de casas vendidas vem recuando continuamente.
Os outros grupos que compõe o índice núcleo tiveram o seguinte desempenho na variação mensal em setembro: Veículos novos (+0,3%), Carros e caminhões usados (-2,5%), Vestuário (-0,8%), Produtos médicos (-0,3%), Serviços de transporte (0,7%) e Serviços de assistência médica (+0,3%).
O grupo energia foi o responsável pela variação mensal do índice cheio ter ficado acima do índice núcleo. Em setembro, o grupo energia registrou forte alta mensal de 1,5%, após disparar 5,6% em agosto. A alta do nono mês do ano é fruto do forte aumento de 2,1% no preço da gasolina e 8,5% no valor do óleo diesel.
A alta do preço do petróleo e seus derivados no mercado internacional ao longo do mês de setembro impulsionou o custo da energia em setembro. No nono mês do ano, o preço médio diário do barril do petróleo na bolsa norte-americana foi de US$ 89,10, contra US$ 81,32 em agosto. Ou seja, uma forte alta de 9,57%, que impulsionou o custo principalmente do óleo diesel.
Os estoques norte-americanos de petróleo na mínimas históricas e a redução de oferta pela Arábia Saudita e Rússia, elevaram significativamente o custo do ouro negro em setembro.
Já o grupo alimentos nos EUA registrou leve alta mensal de 0,2% em setembro, em linha com o registrado nos dois meses anteriores. Diante desse resultado, a alta acumulada em 12 meses recuou pelo décimo terceiro mês seguido, cedendo de 4,3% em agosto para 3,7% no nono mês do ano.
Esse movimento de desaceleração acompanha o rumo desse grupo em outros países do globo, refletindo a queda do preço das commodities agrícolas no mercado internacional ao longo desse ano. Em 2022, o início da guerra entre Rússia e Ucrânia impulsionou o preço dos grãos (trigo, milho e soja), o que encareceu o custo dos alimentos ao redor do mundo. Sem esse fator altista em 2023, há um natural arrefecimento do preço dos alimentos.
A contínua desaceleração do índice núcleo no acumulado em 12 meses, mantém a visão do mercado de que o Fed não deverá mais elevar a taxa de juros na maior economia do mundo nas duas reuniões que faltam em 2023. Vale lembrar que a taxa de juros norte-americana está em uma banda entre 5,25% e 5,50%, maior nível em quase vinte e três anos.
Com a inflação desacelerando continuamente, dados de atividade econômica sinalizando fraqueza, especialmente, no setor imobiliário, e alta do rendimento dos títulos do tesouro dos EUA reduzindo a oferta de crédito, os investidores apostam que a taxa de juros em novembro será mantida inalterada.
Em linha com essa visão, o mercado vê 89% de chance de estabilidade na decisão do dia 01º de novembro ante 11% de probabilidade de um aperto monetário de 0,25 ponto percentual. Há um mês atrás, os investidores viam 56% de chance de manutenção dos juros, 41% de alta de 0,25 p.p. e 3% de um aperto de 0,5 ponto percentual.
Porém, o resultado acima do esperado para o índice cheio elevou o risco de um aperto monetário na decisão de dezembro. Ontem, segundo o FedWatch, os investidores enxergavam 26% de chance de alta de 0,25 p.p. na última decisão do Fomc do ano. Após o número do IPC cheio de hoje, essa probabilidade aumentou para 36%. Já a possibilidade de manutenção dos juros até o final de 2023 recuou de 72% ontem para 60% hoje. Ainda 4% veem chance de alta de 0,5 ponto percentual.
Apesar do mercado manter uma aposta majoritária de que a taxa de juros nos EUA ficará estável até o final do ano, os investidores tem uma reação negativa a divulgação do dado, por conta do resultado do índice cheio acima do esperado.
As bolsas europeias e norte-americanas que operavam com ganhos entre 0,2% e 0,6% antes da divulgação dos números de inflação, operam na estabilidade nesse momento.
Já o dólar IDX que registrava queda de 0,15% antes dos números serem reportados, agora opera com alta de 0,5%. Os pares do Real, como Peso Mexicano e Rand da África do Sul passam a registrar perdas significativas. A moeda mexicana registra queda de 0,78% enquanto a divisa sul-africana se deprecia 0,96%.
Como é feriado nessa quinta-feira no Brasil, não há negociações do dólar comercial e do Ibovespa. Porém, no exterior os nossos ativos operam com perdas. O dólar futuro (vencimento nov/23) na bolsa de Chicago é cotado agora a 5,0770, alta frente ao fechamento do after market de ontem que foi de R$ 5,0640. E as ações brasileiras negociadas no exterior operam com perdas de 0,2%.
Depois de acumular consecutivas desvalorizações desde o mês de junho. Nas últimas semanas, o farelo se estabilizou nos menores patamares do ano, mas não encontrava força para recuperação. Mas parece que neste mês de outubro, o cenário está mudando, ao menos de forma regionalizada.
Estamos vendo uma reação de alta nos preços do farelo de trigo, principalmente para os moinhos do Rio Grande do Sul, diante do aumento da procura, muito em função das chuvas, mas também, pela paralização para expurgo de algumas plantas importantes, reduzindo a oferta de farelo de trigo nesta semana.
As incertezas quanto a qualidade do trigo gaúcho da safra nova, assim como a pressão por baixa nos preços das farinhas, também está desacelerando a moagem de algumas indústrias, que estão produzindo menos farelo.
Com a oferta limitada de farelo no RS, já que muitos moinhos estão com os contratos de fornecimento fechados para este mês, tendo pouca disponibilidade de farelo no spot, parte da demanda está migrando para outros estados, como SC e PR.
Falando em PR, alguns moinhos locais também estão limitando sua moagem de farinhas para tentar conter a pressão sobre os preços, principalmente das farinhas comuns, que estão com oferta abundante, o que também limita a oferta de farelo de trigo, num momento em que a procura está aumentando.
Contudo, os moinhos paranaenses reportam que por aqui, os preços não subiram tanto, como se viu no RS, porque a pressão sobre a oferta e preços do milho muito barato, apesar de estarem mais firmes nos últimos dias, ainda continua uma recuperação mais expressiva nas cotações do subproduto de trigo.
Mínima e máxima por região:
– Rio Grande do Sul: R$ 600-700 por tonelada FOB à granel
– Santa Catarina: R$ 650-750 por tonelada FOB à granel
– Oeste-PR: R$ 630-680 por tonelada FOB à granel
– Norte-PR: R$ 600-700 por tonelada FOB à granel
– Curitiba/Ponta Grossa-PR: R$ 600-650 por tonelada FOB à granel
– São Paulo-Capital: R$ 680-750 por tonelada FOB à granel
Tomando como referência o preço do kg de energia do milho no dia 10/10, com base na cotação Esalq, temos o valor de R$ 0,86/kg (alta de R$ 0,04 na variação semanal) – enquanto que o farelo de trigo em SP à granel, registrou R$ 0,48 por kg de energia (alta de R$ 0,02 na variação semanal). Dessa forma, a relação de troca continua favorável para o farelo de trigo, com uma correlação de 56%, a média histórica fica na faixa de 80%. Para melhor entendimento, hoje 1 saca de milho, compra 1,80 sacas de farelo de trigo. O gráfico abaixo demonstra a evolução dessa relação de troca nos últimos meses.
O IBGE divulgou na quarta-feira (11) o IPCA de setembro, que registrou alta mensal no período de 0,26%, abaixo do esperado pelo mercado (0,34%), mas levemente acima da alta de 0,23% reportado em agosto.
No acumulado em 12 meses, o IPCA registrou aceleração pelo terceiro mês seguido, saltando de 4,61% em agosto para 5,19% em agosto. O resultado também ficou abaixo do esperado pelos analistas (5,27%).
No acumulado do ano de 2023 registrou alta de 3,50% até o nono mês do ano
Entre os nove grupos pesquisados pelo IBGE, seis registraram alta na variação mensal.
O grupo que teve o maior impacto inflacionário em setembro foi Transportes, com forte alta de 1,40% na variação mensal e impacto de 0,29 p.p. sobre o índice geral.
Dentro desse grupo, o item que gerou o maior impacto inflacionário foi combustível, que registrou forte alta mensal de 2,70%. Entre os subitens do combustível tivemos as seguintes variações: gasolina (2,80%), óleo diesel (10,11%), etanol (-0,62%) e gás veicular (0,66%).
O reajuste promovido pela Petrobrás nos preços da gasolina e óleo diesel a partir do dia 16 de agosto é que justificou essa forte pressão inflacionária desses dois combustíveis.
Ainda no grupo Transportes, também foi registrado forte alta de 13,47% nas passagens aéreas, em ajuste após ter recuado 11,69% em agosto.
O segundo grupo a apresentar maior pressão inflacionária foi Habitação, com variação mensal de 0,47% e impacto de 0,07 p.p. sobre o índice geral.
Nesse grupo, o destaque inflacionário ficou para a energia elétrica residencial com alta de 0,99%, em decorrência de reajustes aplicados em três áreas de abrangência do índice: São Luís (10,74%), Belém (3,00%) e Vitória (0,65%).
Os outros quatro grupos que registraram alta mensal foram:
Vestuário (0,38%), Saúde e cuidados pessoais (0,04%), Despesas pessoais (0,45%) e Educação (0,05%).
Três grupos registraram deflação mensal em setembro. O grupo de maior pressão deflacionária pelo quarto mês seguido foi Alimentação e bebidas.
O grupo Alimentação e bebidas registrou queda de 0,71% em setembro, após recuar 0,85% em agosto. O impacto deflacionário no nono mês do ano desse grupo foi de -0,15 ponto percentual.
Dentro desse grupo, o item de maior pressão deflacionária foi alimentação no domicílio com forte baixa de 1,02%. Essa variação refletiu a queda no preço dos seguintes subitens: batata-inglesa (-10,41%), da cebola (-8,08%), ovo de galinha (-4,96%), leite longa vida (-4,06%) e carnes (-2,10%). Já o arroz (3,20%) e o tomate (2,89%) subiram de preço.
A alimentação fora do domicílio reportou leve alta de 0,12% e desacelerou ante o mês anterior (0,22%). As altas da refeição (0,13%) e do lanche (0,09%) foram menos intensas do que as observadas em agosto (de 0,18% e 0,30%, respectivamente).
O segundo grupo de maior pressão deflacionária no nono mês do ano foi Artigos de residência, com queda mensal de 0,58% e impacto de 0,02 p.p. sobre o índice geral.
O terceiro grupo a registrar deflação foi comunicação (-0,11%).
O resultado um pouco abaixo do esperado do IPCA de setembro, reforça a visão do Copom na manutenção do ritmo de queda da taxa Selic em 0,5 p.p. nas duas últimas reuniões desse ano. Dessa forma, a taxa de juros no Brasil deverá encerrar 2023 em 11,75%.
A piora do humor externo nas últimas três semanas, que levou o dólar comercial no Brasil a subir de R$ 4,86 para 5,17 nesse período, gerou apreensão aos investidores em nosso país de que o Copom teria que reduzir o ritmo de queda de juros para cortes de 0,25 ponto percentual.
Porém, com a inflação registrando alta mensal abaixo do esperado pelo segundo mês seguido em setembro, corrobora com o sentimento de que a autoridade monetária brasileira segue tendo espaço para manter o ritmo de afrouxamento monetário de 0,5 p.p. da taxa Selic nas decisões dos dias 01º de novembro e 13 de dezembro.
Ademais, sete dos nove grupos pesquisados registraram desaceleração no acumulado em 12 meses, sinalizando que a inflação no país segue comportada. E se não fosse o reajuste no preço dos combustíveis realizado em agosto pela Petrobrás, o Brasil teria registrado deflação em setembro.
Entretanto, uma aceleração no ritmo de queda de juros é inviável nesse momento, pois as expectativas inflacionárias seguem acima das metas para 2023, 2024 e 2025. Para esse ano segue acima do teto da meta e para o ano que vem e 2025 acima do centro da meta. Portanto, sem espaço para um corte mais pronunciado da taxa de juros no país pelo menos até o final desse ano. Dessa forma, tudo indica que haverá mais duas quedas totalizando 1 ponto percentual até o final de 2023.
CONAB REBAIXA A PRODUÇÃO DE TRIGO 2023 NO BRASIL
A Conab revisou há pouco a sua estimativa de produção da safra de trigo 2023 do Brasil. O corte realizado pela entidade foi de 358 mil toneladas em relação as previsões de produção do mês de setembro, ficando agora em 10,459 milhões de toneladas.
Essa queda na produção de trigo, reflete a perda de rendimento e qualidade das lavouras do Sul do Brasil, principalmente do Rio Grande do Sul, que está sofrendo com chuvas abundantes e contínuas desde o mês de setembro.
Em termos de produção, ainda estamos falando de uma safra acima de 10 milhões de toneladas, que corresponde a mais de 82% da demanda nacional, que é prevista na nova temporada em 12,7 milhões de toneladas.
No entanto, o que traz forte preocupação para a indústria moageira de trigo, é a qualidade do cereal que está sendo colhido.
Enquanto os estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia e Goiás tiveram bons rendimentos e boa qualidade do trigo já colhido, a região Sul apresenta um grande percentual das lavouras ainda em campo, principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o que mantem a preocupação com a cultura, que ainda pode sofrer mais perdas até o final da temporada.
No Paraná, a colheita do trigo já ultrapassa 70% das áreas, mas as lavouras que ainda restam para ser colhidas, possuem alto risco agroclimático, diante das precipitações que ocorreram no último final de semana e pelas previsões de chuvas que ainda estão por vir nos próximos 15 dias.
Em Santa Catarina, por enquanto, as principais regiões produtoras de trigo, dizem que as chuvas podem impedir novas aplicação de fungicidas, mas que por serem lavouras de plantio mais tardio, por enquanto, o trigo ainda não sofreu grandes impactos e segue em bom desenvolvimento.
Entretanto, no Rio Grande do Sul, o cenário é de grande apreensão. A Emater-RS prevê uma perda de 20% na produção de trigo em relação as estimativas iniciais, mas traders já comentam que esse número pode ser muito maior, na casa de 40% ou mais. Isto porque, as chuvas ainda continuam, impedindo os tratos
culturais adequados e perante o excesso de umidade que permeia a cultura desde final de agosto, os problemas causados pelos ataques de doenças, como brusone, sepitória e giberela, estão se agravando.
Desta forma, mesmo que os rendimentos não sejam tão gravemente impactados, mantendo a safra volumosa, a principal preocupação é com a qualidade do grão, onde parte deste trigo não terá padrão para uso na indústria e terá que ser destinada para uso em ração.
Nesta madrugada foram divulgados os estoques de óleo de palma na Malásia para o mês de setembro, e alguns números chamaram a atenção.
Já era esperado pelo mercado uma alta dos estoques, por conta da sazonalidade de aumento de produção desta época do ano. O estoque subiu de 2,11 milhões de toneladas em agosto para 2,31 milhões, uma alta de mais de 9%.
Para a demanda o mercado tinha expectativa de um volume de exportações de 1,32 milhões de toneladas, porém o número surpreendeu com 1,2 milhões apenas. O que justifica o baixo apetite dos principais importadores como Índia e China, é a estabilização do consumo agora no final do ano, período que sazonalmente o consumo é maior. Os estoques de óleo de palma nestes países estão em níveis confortáveis tirando o apetite de compra.
A notícia continua a impor pressão sobre o preço do óleo de soja na Cbot, que já acumula queda de mais de 15% desde o início de setembro. O período de entrada da entrada da safra nova de soja norte-americana tem pressionado os preços do complexo soja na Cbot, para o óleo de soja em particular a entrada em operação de novas plantas de esmagamento de soja e usinas de biodiesel pressiona o preço do crédito do biodiesel, também conhecido como RIN, no mercado doméstico. O volume de esmagamento nos EUA deve bater recorde na temporada 2023/24.
As distribuidoras (demandantes do RIN), por sua vez, não tem pressa para comprar os créditos por conta da grande oferta advinda da entrada da safra, porém o valor do crédito já está 35% mais barato do que era no início de setembro. Considerando o tamanho dos incentivos ao consumo de biocombustíveis nos Estados Unidos, principalmente oferecidos pelo maior estado consumidor de combustível no país, a Califórnia, os preços já estão ficando bem atrativos. O RIN hoje é negociado a U$ 0,915 por galão, e os incentivos somados para utilização de biocombustíveis na Califórnia chegam a ultrapassar os U$ 3,00 por galão.
Dados do dia 25 de Setembro
A semana passada ainda foi marcada pelos desdobramentos envolvendo o último tender indiano de ureia. Dada a quantidade do nitrogenado adquirida até o momento, a Índia deverá promover mais um leilão nas próximas semanas. Esse fato deixa uma incerteza quanto ao direcionamento dos preços. Inclusive, as cotações da ureia CFR Brasil ficaram na casa de US$ 405-410/t; ofertas acima desses valores estavam com “0 liquidez”. Analisando o comportamento dos preços da ureia nas últimas três semanas, percebe-se que as cotações recuaram por volta de 8,0%, mesmo assim seguem superiores aos valores vistos no final do mês de agosto, momento no qual as negociações aconteciam abaixo de US$ 350/t CFR Brasil.
No Oriente Médio, as cotações da ureia estavam próximas de US$ 405/t FOB. Já no Egito, os preços observados partiram de US$ 415-420/t FOB. Quanto ao sulfato de amônio, as cotações também apresentaram ligeiras quedas, com os preços entre US$ 205-210/t CFR Brasil. Por fim, o nitrato de amônio acompanha seus pares e também recua. No mercado doméstico brasileiro, as cotações dos nitrogenados não tiveram grandes mudanças na última semana. O índice de preços regionais de ureia acompanhados pela Agrinvest Commodities apontou que as cotações da ureia ficaram com uma média de R$ 2.700-2.800/t. No Mato Grosso, as cotações do nitrogenado FOB Sinop foram recebidas na casa de US$ 550/t. No entanto, o sentimento de baixa liquidez ainda permanece muito presente. Outro fato que volta a ser discutido no mercado global é o aumento nas cotações do gás natural na Europa. Os preços da commodity energética no velho continente estão buscando as máximas de abril deste ano. Todavia, os estoques europeus continuam superiores às médias históricas para o período. Nos próximos meses, as temperaturas começam a recuar no continente, aumentando as preocupações quanto ao uso de gás.
Após quarenta dias de certa estabilidade, na semana passada, as cotações do MAP CFR Brasil apresentaram um aumento de US$ 20/t e buscaram a marca de US$ 550/t, atingindo a máxima do início de maio deste ano. Mesmo com o aumento, os preços dos fosfatados no Brasil se mostram inferiores aos praticados no sudeste asiático. Países como Índia, Paquistão e Bangladesh estão adquirindo DAP próximo de US$ 600/t CFR. E os chineses estão vendendo DAP entre US$ 575-580/t FOB. A razão para essa diferença é fundamentada por uma demanda mais aquecida na Ásia. Segundo fontes locais, os indianos consumiram grandes quantidades de fosfatados no mês de agosto. Além disso, as importações de DAP na Índia superaram 3,97 milhões de toneladas nos primeiros sete meses de 2023, um crescimento de 50% em comparação ao mesmo período do ano passado, consolidando-se como o maior volume importado da história, considerando o período de janeiro a julho. Ainda em relação aos indianos, nas próximas semanas, os “players” ficarão atentos aos anúncios dos subsídios para a próxima temporada, o que influencia diretamente os preços praticados naquele país. No mercado doméstico brasileiro, percebe-se uma falta de disponibilidade de fosfatados para o curto prazo. Algumas empresas só trabalham com entrega para novembro. Os preços do MAP no porto de Paranaguá tiveram um aumento nesta semana, passando de US$ 580/t FOB para US$ 610/t. Já em Rondonópolis, as cotações ficaram estáveis.
Mais uma vez, sem grandes novidades, os preços do Cloreto de Potássio não apresentaram variações consideráveis nos últimos sete dias. Os preços permanecem em torno de US$ 350/t CFR Brasil. Na cena internacional, Bangladesh anunciou um novo tender para adquirir cloreto de potássio. Além disso, os indianos devem reduzir os subsídios para as aquisições de potássio visando a próxima temporada, denominada Rabi; os cortes devem ficar em torno de 15%. Isso é previsto, uma vez que os preços do cloreto recuaram em comparação ao início do ano, ou seja, os incentivos tendem a diminuir. No mercado doméstico brasileiro, as cotações permanecem estáveis, com preços próximos a US$ 500/t FOB Rondonópolis.
O padrão AAO permanecerá em sua fase negativa nos próximos 10 dias, mantendo o padrão para a América do Sul.
AAO: A Oscilação Antártica (Antartic Oscillation – AAO) ou Modo Anular Sul (Southern Annular Mode – SAM) é o principal modo de variabilidade climática natural da circulação extratropical no Hemisfério Sul (HS) – UNIFEI.
O SAM é representado por uma oscilação nos valores dos sistemas de pressão superficial entre médias e altas latitudes do Hemisfério Sul. Este padrão de teleconexão pode ser quantificado pelo Índice de Oscilação Antártica (Antarctic Oscillation Index – AAO), o qual pode ser neutro, positivo ou negativo.
Clima: Nos próximos 15 dias, a presença do AAO negativo vai favorecer a manutenção do padrão visto até nos últimos dias. Clima seco no Centro Oeste e temperaturas elevadas. O Mato Grosso vai receber de 15 a 50 mm a menos que o normal para essa época.
Já o Rio Grande do Sul e a Argentina continuarão recebendo mais chuvas que o normal e temperaturas mais amenas que o normal. As figuras abaixo mostram os acumulados desde julho no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso, também como as previsões de chuvas para 15 dias.
A soja na CBOT caminha para encerrar a semana com alta de 28 centavos por bushel. Essa é a 1ª alta semanal em 7 semanas. A colheita no Meio Oeste já passou dos 70%. A pressão sobre os basis nos EUA deve ser bem menor em 2 semanas. No Brasil a pressão de venda também está muito baixa. O farmer selling dessa semana vai ser menor que a semana anterior – menos de 1 milhão de toneladas. Na Argentina falam que há menos de 1 milhão de toneladas de soja na mão dos produtores. A Argentina vai ter soja somente em maio. No Paraguai falam que o farmer selling está acima dos 90% para a safra velha. O produtor americano não vende. Falam que está bem capitalizado. A curva do flat price (CBOT + basis) diz para ele segurar até pelo menos fevereiro – o flat price está em carry. Me falaram que o produtor americano está fazendo contratos de soja a fixar com custo mensal de 4 centavos por bushel por mês. Além desse custo, ainda há o financeiro, o qual está enorme – 8 centavos por mês. Para o produtor americano ganhar dinheiro, o flat da soja terá que subir 12 centavos por bushel por mês. O produtor americano está pouco vendido, esperando uma logística mais barata, principalmente as barcaças, e estaria apostando em uma quebra/atraso no Brasil.
Resumindo, não há muito farmer selling para entrar nos próximos 3 meses, mas me parece que há muito farmer selling para entrar na janela de fevereiro a julho. Como a China vai se comportar
nesse cenário? Vai diminuir as compras e o processamento nos próximos 3 meses e depois aumentar quando o farmer selling começar a andar? O que tenho observado é isso mesmo. As compras aumentam quando a oferta vem e as compras reduzem quando a pressão de venda cai – não há pressão de alta. Esse comportamento garante que a estratégia continue sendo compra “da mão pra boca”.
Ontem o USDA fez seus ajustes. Olhando para o Brasil, o USDA aumentou a capacidade de exportação para 2023-24 em quase 5 milhões de toneladas, somando açúcar, farelo, milho e soja. O total seria de quase 207 milhões de toneladas. O USDA considera a produção de milho no Brasil em 129 milhões de toneladas para 2023-24 e exportação de 55 milhões. Nos números do USDA, a produção 22-23 foi de 137 milhões e as exportações em 57 milhões – a exportação é janela outubro-setembro. Eu diria que o potencial de produção de milho é menor e o programa de exportação também, o que daria mais espaço para a soja. O USDA vê exportações de soja para 23-24 em 97,5 milhões (Out-Set). Esse é o grande jogo para o comportamento da CBOT. No próximo ano, passando a especulação de área e o Weather Market, o que vai definir o comportamento dos futuros da soja será o potencial do programa de exportação brasileiro. Com um programa de exportação potencialmente maior e mais longo, novamente os EUA deverão começar com um programa muito pequeno. Novamente, a única forma para manter os futuros da soja em um nível alto viria de uma redução na produção americana (necessariamente redução de área). De curto prazo, me parece que os futuros da soja bateram no fundo, sazonal, não só porque a oferta está reduzida de curto prazo, mas também porque o Brasil não tem logística para tocar dois programas de exportação – milho e soja. Ontem comentei sobre a logística do Arco Norte, o que acaba reforçando a visão de fundo feito para Chicago.
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 06 de outubro, os analistas elevaram suas expectativas para a taxa de câmbio ao final desse ano. Já as projeções para o IPCA, o PIB e a taxa Selic ao final de 2023 foram mantidas inalteradas.
Refletindo a forte aversão ao risco que o mercado financeiro global vem passando desde a última decisão do Fomc nos EUA no dia 20 de setembro, quando o Fed elevou sua expectativa para a taxa de juros ao final de 2024 e 2025, os analistas elevaram sua projeção para o dólar ao final desse ano. Passou de R$ 4,95 para R$ 5,00.
A projeção do PIB desse ano seguiu em 2,92%, do IPCA em 4,86% e a expectativa da taxa Selic foi mantida em 11,75% ao final desse ano.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a primeira semana de outubro 1,08 milhão de toneladas. Em outubro de 2022 o total foi de 3,80 milhões de toneladas.
Em setembro, as exportações de soja atingiram recorde na série histórica, superando a máxima anterior de 4,82 milhões de 2021. Estão nomeadas para outubro exportação de 5,93 milhões de toneladas e para novembro 2,49 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 96,75 milhões de toneladas.
De janeiro a setembro, o Brasil embarcou para a China 61,74 milhões de toneladas, contra 47,26 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,8 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 5 dias úteis de outubro 2,35 milhões de toneladas. Em outubro do ano passado o total foi de 6,78 milhões de toneladas.
Em setembro, as exportações de milho atingiram recorde na série histórica, superando a máxima anterior de 6,44 milhões em 2019. Estão nomeadas para outubro exportação de 7,73 milhões e para novembro 2,10 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 40,01 milhões de toneladas.
No acumulado do ano, o Brasil embarcou para a China 6,93 milhões de toneladas do cereal, sendo 2,37 milhões em agosto e 3,29 milhões em setembro (recorde mensal). Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gingante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo de soja embarcou até a primeira semana de outubro 476 mil toneladas. No nono mês de 2022 o total foi de 1,76 milhão de toneladas.
As embarcações mensais desaceleraram após 4 meses seguidos de volumes acima de 2 milhões de toneladas. Estão nomeadas para outubro exportação de 1,55 milhões de toneladas e para novembro 683 mil toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 19,66 milhões de toneladas. O principal comprador de farelo do Brasil essa temporada é a Tailândia (2,64 mmt), seguido pela Indonésia (2,55 mmt).
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 1,93 milhão de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a primeira semana de outubro 27 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 260,11 mil toneladas.
Esse foi o segundo melhor setembro da série histórica, ficando atrás apenas de setembro do ano passado. No acumulado do ano foram exportadas 815 mil toneladas da fibra natural – no mesmo período do
ano passado o volume foi de 1,16 milhão de toneladas.
O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 140,36 mil toneladas de janeiro a setembro.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 5 dias úteis de outubro 38,10 mil toneladas. Em outubro de 2022 o volume total foi de 187,79 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,45 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China comprou de janeiro a setembro 851,48 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 916,99 mil toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a primeira semana de outubro 20,9 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 96,41 mil toneladas.
Esse foi o terceiro melhor setembro da série histórica. No acumulado do ano foram embarcadas 912,6 mil toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado foram embarcadas 897,7 mil toneladas. No primeiro semestre, a China comprou 311,10 mil toneladas da carne suína brasileira, volume 2% superior a 2022.
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LIQUIDEZ: Redução da liquidez. Esse foi o tema de alguns integrantes do Fed nos últimos dias. Alguns deles acreditam que o dólar alto, a redução do balanço do Fed e o rally dos rendimentos dos títulos americanos de 10 e 30 anos são elementos contracionistas.
De fato, alguns indicadores de condições de acesso ao crédito continuam mostrando aperto das condições gerais, tanto para empresas como para as pessoas.
CONSUMO: Destaque para a queda das ações das empresas de luxo. A China esteve em feriado durante os dias 29 de setembro ao dia 7 desse mês. As viagens dentro da China cresceram 71,3% na comparação anual e 4,1% em relação a 2019.
O crescimento de 4,1% ficou até abaixo dos 8% estimado pelo Ministro da Cultura e Turismo. Esse foi o primeiro grande feriado da China sem a interferência do zero-covid e sem a própria ameaça do covid. Parece que a economia da China não está terrível, mas longe de ser aquela Brastemp.
Consumo: Destaque para a queda das ações das maiores empresas europeias de artigos de luxo. A LVMH, dona de muitas marcas conhecidas das mulheres, divulgou seu balanço na semana passada. A receita cresceu 9%, mas ficou bem abaixo do esperado. A empresa já falou que para frente o cenário não é dos melhores. As vendas nos EUA e na Europa estão caindo – inflação e juros altos. Mas o que todos queriam ver eram os comentários sobre suas vendas e crescimento na China, o mercado que mais cresce. Frustrou também. O motivo é que os consumidores chineses estão muito mais “mão fechada” para esse tipo de gasto.