O IBGE divulgou na manhã dessa quinta-feira (26) o IPCA-15 de outubro, que registrou alta mensal no período de 0,21%, ligeiramente acima do esperado pelo mercado (0,20%), mas abaixo da alta de 0,35% reportado em setembro.
No acumulado em 12 meses, o IPCA registrou aceleração pelo terceiro mês seguido, subindo de 5,00% em setembro para 5,05% em outubro. O resultado do décimo mês do ano nessa base de comparação também ficou marginalmente acima do esperado pelos analistas (5,04%).
No acumulado do ano de 2023 registrou alta de 3,96% até outubro.
Entre os nove grupos pesquisados pelo IBGE, sete registraram alta na variação mensal. O grupo que teve o maior impacto inflacionário em outubro foi Transportes, ao registrar alta mensal de 0,78% e impacto de 0,16 p.p. sobre o índice geral.
Dentro desse grupo, o item passagem aérea gerou o maior impacto inflacionário com forte alta mensal de 23,75%, após ter subido 13,29% em setembro.
Ainda no grupo Transportes, também foi registrado forte alta de 5,64% no transporte por aplicativo.
Os outros seis grupos que também reportaram inflação no décimo mês do ano foram: Habitação (0,26% e impacto de 0,04 p.p.), Artigos de residência (0,05% e impacto de 0,00 p.p.), Vestuário (0,33% e impacto de 0,02 p.p.), Saúde e cuidado pessoal (0,28% e impacto de 0,04 p.p.), Despesas pessoais (0,31% e impacto de 0,03 p.p.) e Educação (0,07% e impacto de 0,00 p.p.).
Dois grupos registraram deflação mensal em outubro, sendo alimentação e bebidas novamente a reportar a maior variação negativa, com queda de 0,31% e impacto de -0,07 ponto percentual. Em junho, julho, agosto e setembro, esse grupo havia reportado deflação de 0,51%, 0,40%, 0,65% e 0,77%, respectivamente.
Dentro do grupo Alimentação e bebidas, a maior pressão de baixa no preço veio do item alimentação no domicílio (-0,52%), refletindo as quedas nos valores dos seguintes subitens: leite longa vida (-6,44%), feijão-carioca (-5,31%), ovo de galinha (-5,04%) e das carnes (-0,44%). No lado das altas, o arroz (3,41%) e as frutas (0,71%) subiram de preço.
Na ponta contrária, o item alimentação fora do domicílio registrou alta mensal de 0,21%, refletindo o aumento de 0,22% na refeição e queda de 0,11% nos lanches.
O outro grupo a reportaram deflação em outubro foi Comunicação, com queda de 0,29% e impacto de -0,01 ponto percentual sobre o índice geral.
A aceleração no acumulado em 12 meses do IPCA-15 de outubro, não muda a visão de expectativa de que o Copom irá manter o ritmo de queda da taxa Selic em 0,5 p.p. nas duas últimas reuniões desse ano. Dessa forma, a taxa de juros no Brasil deverá encerrar 2023 em 11,75%.
Com cinco dos nove grupos registrando desaceleração na variação mensal e seis grupos reportando desaceleração em 12 meses, o cenário inflacionário segue benigno no país, possibilitando a nossa autoridade monetária a seguir cortando a taxa Selic nos encontros dos dias 01º de novembro e 13 de dezembro.
Para o ano que vem, o ritmo de corte de juros terá grande dependência da condução da política fiscal no país. Se o governo conseguir entregar as contas públicas relativamente em ordem, como sugere a meta de resultado primário, o Banco Central brasileiro poderá seguir cortando a taxa Selic no ritmo atual, levando a taxa de juros a encerrar 2024 ao redor de 9%.
Porém, se o governo falhar e ocorrer uma deterioração das finanças públicas, o corte de juros será bem mais limitado e a taxa Selic poderá seguir acima de dois dígitos até o final de 2024.
Assim como para a tendencia do câmbio no ano que vem, a política fiscal também será a responsável por direcionar a política monetária no país.
Muita atenção aos dados fiscais que o governo divulgará ao longo do primeiro semestre de 2024. Eles serão cruciais para direcionar o rumo dos nossos ativos no mercado financeiro e a condução da política macroeconômica do país.
O BEA (Bureau of Economic Analysis) divulgou na sexta-feira (27) o PCE Core (Personal Consumer Expenditures), que é o principal índice de inflação utilizado pelo Fed para adoção de política monetária nos EUA.
Referente a setembro, o índice que excluí a variação do preço de alimentos e energia, registrou alta mensal de 0,3%, em linha com o esperado pelos analistas e 0,1 p.p. acima do registrado no mês anterior.
Apesar da aceleração na variação mensal, no acumulado em 12 meses registrou recuo de 3,8% em agosto para 3,7% no nono mês do ano, também em linha com o esperado pelo mercado. Vale salientar que essa foi a segunda desaceleração consecutiva nessa base de comparação. Porém, o número segue bem acima da meta de inflação que é de 2%.
O índice cheio do PCE registrou alta mensal de 0,4% em setembro, 0,1 p.p. acima do esperado pelo mercado, mas em linha com o reportado no mês anterior. A diferença entre o índice cheio e o núcleo na variação mensal ocorreu por conta da pressão inflacionária exercida pelo grupo energia.
Em setembro, o grupo energia registrou forte alta mensal de 1,7%, após disparada de 6,1% em agosto. No acumulado em 12 meses, o custo da energia para as famílias norte-americanas registrou aceleração, passando de -3,6% em agosto para 0% no nono mês do ano.
A forte alta mensal no custo de energia pelo segundo mês seguido refletiu a forte valorização de 9,6% no preço médio diário do barril do petróleo na bolsa de Nova York (WTI) em setembro (US$ 89,10 o barril) na comparação com agosto (US$ 81,32 o barril).
As medidas adotadas pela Arábia Saudita e Rússia para reduzir a oferta da commodity impulsionou o preço do petróleo no nono mês do ano.
Já o preço dos alimentos registrou alta mensal de 0,3% em setembro, 0,1 p.p. acima do verificado no mês anterior. Entretanto, no acumulado em 12 meses recuou de 3,1% em agosto para 2,7% no nono mês do ano.
Juntamente com o índice inflacionário PCE Core, o BEA divulga também os dados de consumo pessoal e renda pessoal.
O consumo cresceu 0,7% em setembro em relação ao mês anterior, ficando acima do esperado pelo mercado (0,5%). O contínuo crescimento da renda dos trabalhadores norte-americanos nos últimos meses, seguiu dando sustentação ao crescimento do consumo em setembro.
E por falar em renda, após subir 0,4% em agosto, registrou alta de 0,3% em setembro, levemente abaixo do esperado (0,3%). A escassez de mão-de-obra disponível segue obrigando as empresas a elevarem o salário ofertado tanto para contratar novos colaboradores, quando para reter seus talentos. Esse movimento tem possibilitado ganho para a renda das famílias, que por sua vez, mantém o consumo aquecido, apesar da inflação elevada na maior economia do mundo.
O resultado do PCE Core em 12 meses registrando desaceleração pelo segundo mês seguido e atingindo o menor nível desde agosto de 2021 (3,6%), reforça a visão dos investidores de que o Fed não irá mais elevar a taxa de juros em 2023 na maior economia do mundo.
Esse sentimento reflete as expectativas do mercado com relação ao nível que a taxa de juros estará nos EUA nas decisões dos dias 01º de novembro e 13 de dezembro.
Segundo o FedWatch da CME, o mercado vê 99% de chance de manutenção da taxa de juros entre 5,25% e 5,50% na reunião da semana que vem e 80% na última decisão do ano.
Diante dessas apostas bastante majoritárias de estabilidade na taxa de juros na maior economia do mundo, as divisas de países emergentes tiveram uma performance bastante positiva na última sessão da semana.
O Real passou a se valorizar 0,9% frente ao dólar, cotado a R$ 4,9450, menor valor desde o dia 22 de setembro (R$ 4,9351). Já os pares de a nossa moeda como o Rand da África do Sul valorizaram 0,85% frente ao dólar e o Peso Mexicano 0,40%.
Na semana, a moeda brasileira foi a divisa de melhor performance entre as 40 principais moedas do globo. O Real acumulou nesse período valorização de 1,75% ante 1,10% do Rand da África do Sul e 0,80% do Peso Mexicano.
Além da expectativa de manutenção dos juros nos EUA, o forte fluxo comercial para o nosso país ajuda a impulsionar a cotação da moeda brasileira.
Reforçando essa visão, na quinta-feira (26) o Banco Central divulgou o fluxo cambial acumulado desse mês até o dia 20 de outubro. Nesse período, ficou positivo em US$ 3,375 bilhões, fruto de US$ 2,365 bilhões pelo canal comercial e US$ 1,010 bilhão pelo fluxo financeiro.
No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 24,035 bilhões, o maior desde 2011, enquanto o fluxo comercial registra saldo positivo de US$ 45,214 bilhões, o maior desde 2007.
COLHEITA
Quase 40 milhões de toneladas de grãos e 10 milhões de toneladas de girassol foram colhidas na Ucrânia.
EXPORTAÇÃO
Durante a operação do corredor marítimo, a Ucrânia exportou quase 700 mil toneladas de grãos.
Em setembro, a exportação de produtos agrícolas ucranianos somou 3,6 milhões de toneladas, mas é necessário exportar cerca de 6 milhões de toneladas por mês.
Foi o que disse o ministro da Política Agrícola da Ucrânia, Mykola Solskij, durante a reunião do Conselho de Agricultura e Pescas da UE.
“Em agosto, abrimos um corredor temporário pelo Mar Negro. Funciona graças ao apoio das nossas forças armadas e à confiança dos parceiros internacionais. A cada dia, o número de embarcações que entram nos portos aumenta. Durante a operação do novo corredor, 38 embarcações entraram nos portos, mais de 30 saíram, claro que nem todas com grãos. Mas conseguimos exportar quase 700 mil toneladas de grãos. Mas a maioria dos nossos produtos é atualmente exportada através do Danúbio através da Roménia”, disse Solskyi.
Os futuros do trigo obtiveram boa recuperação nos preços no decorrer de outubro, depois de fechar o último dia de setembro em suas mínimas de três anos. na Terça-feira, o contrato de dez/23 está em US$ 5,81 por bushel, representando uma alta de 7,19% em relação a mínima de US$ 5,42 por bushel registrada em 29/set. Nos últimos dias, porém, o grão negociado na Bolsa de Chicago apresenta certa resistência para obter ganhos mais significativos, mesmo com o aperto global de estoques, sinalizado pelo relatório de O&D de outubro.
A falta de boas notícias com relação a demanda de exportação de trigo dos EUA, associada a estoques maiores que o esperado do trigo de inverno americano, que teve um forte aumento na produção do relatório trimestral de final de setembro, pressionando os futuros da KCBT, também trazem certa limitação para uma recuperação mais expressiva para CBOT.
Outro ponto que permanece no radar, é a oferta abundante de trigo russo a níveis descontados na exportação no curto prazo, retirando a demanda de importação de outros players, como EUA e UE, que apresentam atraso em seu programa de exportação. A figura abaixo, mostra o ritmo das vendas liquidas semanais e exportação de trigo americano nos últimos meses. Note, que durante várias semanas, as vendas (linha pontilhada) e embarques (linha reta) ficaram muito abaixo da média de três anos para o mesmo período (área cinza do gráfico). Contudo, nos últimos dias, com as quedas recentes, o trigo americano está começando a voltar ficar interessante no mercado de exportação, mas ainda enfrente forte concorrência do trigo da Rússia.
Atenção também, para o spread do trigo Hard (KCBT) com o trigo de soft da CBOT, que diminuiu bem nas últimas semanas, depois de ter alcançado um nível recorde de US$ 2,15 em maio/23, diante de um cenário de quebra na produção da safra de inverno americana, que na verdade, foi um pouco maior que o esperado e isso só foi confirmado pelo levantamento dos estoques trimestrais do final de setembro, em que o USDA elevou a oferta do trigo de inverno americano em 1,5 mmt.
Com o spread atualmente na faixa de 76 centavos por bushel, alguns compradores já começam a mostrar mais interesse pelas compras dos grãos americanos, este é o menor spread entre o trigo hard e soft desde março deste ano.
O farelo de soja vem sendo o grande destaque do complexo da soja nas últimas duas semanas. O movimento começou no dia 12 de outubro, quando o USDA não revisou para cima o estoque final de soja nos EUA, pegando o mercado de surpresa. Após este movimento, alguns fatores levaram o preço do farelo a subir 12% em duas semanas.
ARGENTINA
O esmagamento acumulado de soja na Argentina até setembro está 8 milhões de toneladas abaixo do mesmo período em 2022 e 12 milhões abaixo do que em 2021.
Durante o mês de setembro o governo argentino divulgou mais uma rodada do Dólar Soja, incentivando a comercialização da soja e consequentemente fomentando o esmagamento. O volume esmagado pelo país em setembro foi de 1,89 milhões de toneladas, o mais baixo em 9 anos, porém só sendo possível por conta do Dólar Soja. Agora em a expectativa do mercado é que o volume de esmagamento para outubro seja abaixo de 1,5 milhões e para novembro algo próximo de 1 milhão de toneladas, ou seja, não há mais soja no país. Esta situação leva ao mercado importador a transferir sua demanda para o segundo maior exportador de soja no mundo, o Brasil. Como está a logística brasileira?
BRASIL
Não é novidade que o clima tem castigado a logística brasileira neste segundo semestre. Pouca chuva na região norte, reduzindo o nível dos rios de escoamento no Pará, encarecendo o frete e atrasando o escoamento. Chuvas atrasadas no MT, prejudicando o avanço do plantio, e muita chuva na região sul, atrasando o enorme programa de soja e farelo principalmente no porto de Paranaguá. O Brasil está com dificuldade para atender a demanda proveniente da Argentina, e aí tornando o terceiro maior exportador de farelo de soja no mundo mais atrativo, os Estados Unidos.
ESTADOS UNIDOS
A safra de soja americana sofre uma queda de produção de aproximadamente 10 milhões de toneladas por conta do clima quente e seco, porém o país tem perdido cada vez mais share de mercado de exportação de soja para o Brasil. O foco por lá agora é o esmagamento, diversos investimentos foram feitos em indústrias processadoras de soja para atender ao mercado de biocombustíveis (óleo de soja), que entrarão em produção nesta safra, mais especificamente no início de outubro. Portanto o grande consenso do mercado para a relação de oferta de demanda do farelo de soja nos EUA seria de um drástico aumento da oferta, o que deixou o seu mercado interno comercial “vendido”, ou seja, comprando da mão para a boca. Porém a largada das plantas de esmagamento não está saindo de acordo com o previsto, muitas novas esmagadoras ainda não conseguiram largar suas plantas (3 semanas atrasadas), gerando um aperto (short squeeze) para quem contava com estas entregas, forçando os compradores a saírem em busca do farelo custe o que custar. Este cenário elevou os preços no mercado interno americano e com a combinação das vendas para exportação mega aquecidas (Brasil e Argentina com dificuldades) levou os preços a subirem 16% desde o relatório de oferta e demanda do USDA no dia 12 de outubro, atingindo as máximas em 2 meses.
Dados do dia 18 de Outubro
O mercado global de fertilizantes nitrogenados ainda busca uma direção mais clara. Agora, além de olharmos para a China e a Índia, também precisaremos acompanhar como o conflito entre Israel e o Hamas impactará na cadeia global de fertilizantes. Na semana passada, os preços da ureia CFR Brasil foram reportados em diferentes níveis. Houve indicações de cotações entre US$ 405 e US$ 425/t CFR. No mercado futuro (negociações na CBOT), os preços recuaram de maneira generalizada. Na sexta-feira, as cotações do contrato de novembro eram vistas entre US$ 390 e US$ 400/t CFR Brasil. No Oriente Médio, os preços para o mesmo vencimento estavam entre US$ 380 e US$ 390/t FOB.
Os priemiros números do tender indiano serão conhecidos nos próximos dias, lembrando que os ofertantantes poderão realizar suas propostas até o dia 20 de outubro. Até lá, os traders devem se manter mais cautelosos em suas posições. O foco principal estará no volume que os indianos irão receber de oferta e também nos preços. Segundo alguns rumores, as cotações dessa vez podem vir abaixo de US$ 400/t, lembrando que na última licitação as menores cotações vistas ficaram entre US$ 400 e US$ 405/t. No entanto, o volume adquirido nesses níveis ficou muito aquém das expectativas. Portanto, enquanto não houver uma definição clara dos acontecimentos envolvendo o gigante asiático, a posição dos compradores e também dos vendedores deve ser mais cautelosa. Ainda em relação à Ásia, existe uma grande incógnita sobre como a China irá se comportar nesse tender e qual será o apetite dos fornecedores em participarem do próximo tender. No mercado doméstico brasileiro, o índice de preço semanal acompanhado pela Agrinvest Commodities apontou para uma cotação de R$ 2.790/t, ou seja, em reais por tonelada, os preços tiveram uma leve arrefecida, reflexo do fortalecimento do real em relação ao dólar. As compras para a 2ª safra estão muito atrasadas, e com a semeadura da soja, espera-se um maior aquecimento nas negociações. Em Rondonópolis, as cotações da ureia ficam perto de US$ 540/t FOB. Por fim, para o sulfato de amônio, os preços atuais estão entre US$ 215 e US$ 220/t CFR Brasil.
No que diz respeito aos fosfatados, o maior destaque da semana é o aumento nos preços no mercado doméstico brasileiro. As cotações do MAP no interior do Brasil já estão sendo vistas acima de US$ 700/t, atingindo as máximas de abril deste ano. Com esses últimos incrementos, os preços acumulam uma alta de 25% nos últimos 100 dias. Os preços CFR Brasil ainda permanecem em US$ 550/t sem alterações na semana. Globalmente, as cotações FOB China também não tiveram grandes mudanças, com os preços naquela região variando entre US$ 575-580/t FOB. Para os indianos, os preços neste momento ficam próximos de US$ 600/t CFR. Quanto ao superfosfato simples, os preços estão entre US$ 220-240/t CFR Brasil. Para as compras de 2024-25, ouvem-se preços de SSP (21% de P2O5) a US$ 370/t FOB Rondonópolis. Por fim, para o superfosfato triplo, as cotações estão perto de US$ 430/t CFR.
As cotações do cloreto de potássio permanecem praticamente estáveis nos últimos sete dias. Os preços atuais estão na faixa de US$ 345-350/t CFR Brasil. No mercado doméstico brasileiro, as cotações apresentaram leves quedas nos últimos quinze dias. Considerando os níveis de preços vistos no Mato Grosso, as cotações reportadas ficaram em US$ 470-480/t FOB Rondonópolis. Um destaque importante recente foi o anúncio da Canpotex, a principal representante comercial na venda de KCl em todo o mundo. A empresa canadense anunciou que já está completamente comprometida até 31 de dezembro deste ano, o que significa que não assumirá mais compromissos até o final do ano. Este aviso é de grande importância para o mercado global de potássio. Nos últimos 100 dias, os preços do KCl não demonstraram grandes variações. Declaração da Canpotex:
Devido à crescente demanda por potássio e ao forte compromisso nos principais mercados offshore, a Canpotex está totalmente comprometida com os embarques de potássio até 31 de dezembro de 2023. Esta demanda está sendo apoiada por fundamentos sólidos para commodities agrícolas em inúmeras regiões em crescimento. Além disso, continua a haver um forte foco na segurança alimentar em muitos dos mercados da Canpotex.
Outubro vai ser o divisor de águas – atualizado (dia 21/out)
AAO: O AAO deverá cair para fase negativa para os próximos dias, o que reforça a reversão do atual padrão de clima seco na parte central do Brasil e muita chuva para a parte Sul. Essa mudança deve acontecer mais para o final do mês. Nos últimos 30 dias o EC foi mais assertivo em relação ao GFS.
A vantagem é de 10 pontos percentuais. A figura 1 ainda mostra que o modelo EC ainda mostra uma tendência de clima mais quente e seco que o normal para todo o Centro-Norte do Brasil.
Argentina: As temperaturas na Argentina devem subir para os próximos dias, mas as chuvas deverão permanecer mal distribuídas. A produção de trigo e o plantio do milho 1ª campanha estão sendo prejudicados.
Brasil: A queda do AAO para a fase negativa reforça as previsões de mais chuvas para o Norte do Brasil. No entanto, o modelo Europeu continua mostrando chuvas abaixo do normal e temperaturas acima do normal para as próximas 4 semanas. O atraso do plantio no MT parece cada vez mais uma realidade. Segundo o IMEA, o plantio da soja chegou a 35,1% contra 41,35% no ano passado. A região mais atrasada em relação ao ano passado é a região Sudeste.
Foram destaques essa semana: O milho da Ucrânia, as vendas de farelo nos EUA e o clima no Brasil.
Ontem pela manhã circularam notícias de suspensão do corredor protegido na Ucrânia. Depois a nota oficial falou que continuava em operação, mas o mal tempo vinha atrapalhando. Ontem falei com um comprador da Turquia. Ele havia comprado quatro navios de milho, sendo que dois estão carregados, mas ainda não podem sair do porto. Ele falou de vários problemas que têm tornado a execução de navios na Ucrânia uma grande dor de cabeça. Se o corredor vai operar ou não me parece secundário. O ponto é que a Ucrânia ainda precisa vender 20 milhões de toneladas de milho até final de julho. Para esse volume, vai precisar do mercado de navios Panamax, concorrendo com o Brasil e com os EUA. Os prêmios no Brasil não saíram do lugar nessas últimas duas semanas. Me parece que as tradings aqui não consideram que a Ucrânia conseguirá ofertar muitos navios para novembro, dezembro e janeiro. De fato, apesar de barato, essa semana havia apenas uma oferta de milho posto China para novembro. Me parece que o Brasil continua sendo a origem mais barata e confiável para os próximos três meses posto na Ásia. Mas é fato também que a China está muito ausente. Ontem o milho em Henan bateu as mínimas do ano. Circularam rumores de que a Sinograin pode parar de comprar milho em algumas localidades, aumentando a pressão de venda – a Sino possui uma política de preço mínimo ao produtor.
Final de ano se aproximando e novamente o farelo de soja se torna o líder da alta. No final de 2021 os futuros do farelo subiram mais de 68% entre outubro e março. O motivo foi a escassez de lisina, substituto sintético ao farelo de soja – aminoácido sintético produzido na China. O motivo foi a falta de energia na China, misturado ao covid e a ordem de despoluição do ar no norte da China como preparação para as olimpíadas de Inverno em Pequim. Em 2022 foi a vez da quebra da safra de soja na Argentina. Os futuros subiram 28% entre novembro e março. Esse ano o mercado de farelo vive o efeito real da quebra na Argentina. Durante o ano todo é como se as fábricas na Argentina estivessem consumindo todo o estoque de soja disponível na sua despensa, somando a oferta do Paraguai e parte da safra do Mato Grosso do Sul escoada pelo rio Paraguai. O processamento de soja na Argentina caiu em relação ao ano passado, mas manteve uma média mais ou menos constante de processamento de 2,4 milhões de toneladas e uma média mensal de exportação de farelo em 1,4 milhão de toneladas. Daqui para frente essas médias deverão cair bem, restando ao Brasil e aos EUA neutralizar esse efeito. Para o Brasil atender a demanda externa de final de ano nunca é fácil. Menos soja, dúvidas em relação ao tamanho da safra e as incertezas quando ao ciclo de chuvas – os mapas mostram que as chuvas podem se estender no Norte do Brasil, o que atrasaria não só o plantio por falta de umidade, mas também pode atrasar a colheita. Além da oferta de soja reduzida, ainda há a logística. O excesso de chuvas e falta de oferta de elevação são barreiras ao crescimento do programa de farelo. Além disso, muitas fábricas no Brasil ainda precisam entrar em manutenção. Se o Brasil não vai conseguir ofertar muito, resta então aos EUA dar conta do recado. Ontem mais uma semana de fortes vendas de farelo, mais de 500 mil toneladas, sendo que Filipinas ficou com 40%. A posição da Ásia nos EUA esse ano está bem maior que o ano passado, tradicionais compradores do farelo da Argentina. O programa americano de farelo está 40% acima do ano passado, ritmo de crescimento muito forte, mas que deve desacelerar a partir de maio, quando a Argentina já começa a ofertar a níveis mais competitivos. Há um cenário sendo construído de escassez de capacidade de processamento nos EUA, isso está muito claro. Ele só não é maior agora porque algumas plantas de diesel renovável ainda não conseguiram entrar em operação, motivo pelo qual o óleo está fraco – demanda adicional que não entrou. Ouvi dizer essa semana que o Brasil está exportando óleo de soja para a Europa, óleo que está virando diesel renovável que irá para os EUA, operação que se enquadra na geração de RIN´s. De olho nessa escassez de capacidade de processamento a Dreyfus anunciou essa semana mais uma fábrica em Ohio. Só lembrando que a capacidade de crescimento de área de soja nos EUA e canola no Canadá é muito limitada.
O padrão de Clima no Brasil segue o mesmo. No Sul muita chuva. Previsões para hoje e amanhã de grandes volumes para o Sul do Paraguai, Santa Catarina, Sul do Paraná e Norte do Rio Grande do Sul. Na faixa de transição entra o Sul e a parte de Central do Brasil deve chover também. Para o Mato Grosso, Norte de Goias e Tocantins os mapas mostram chuvas para esse final de semana, mas os volumes serão bem reduzidos comparado ao Sul. As temperaturas continuarão altas. O plantio segue avançando, mas as condições não são boas. Grandes grupos no Oeste do Mato Grosso já falam em replantio de soja. Agrônomos e revendas falam em replantio no Mato Grosso até esse momento em 5%. Falam que deveria ser maior, se não fosse o custo alto – de 8 a 10 sacas por hectare. O modelo Europeu reduziu as chuvas para os próximos cinco dias, mas aumentou os volumes a partir do dia 04 de novembro. Isso quer dizer que serão mais 8 dias de poucos chuvas e temperaturas elevadas, o que só vai fazer a necessidade de replantio maior. Na minha opinião o preço ainda não está refletindo o risco de atraso do programa da soja no Norte e também o risco de redução da oferta no Norte do Mato Grosso e Tocantins. Qual a diferença de quebra 5 milhões de toneladas no Norte e no Sul. Na planilha nenhuma, mas na prática muita diferença. A soja do Norte é a primeira soja a ser processada no país e é a primeira soja a dar início ao programa de exportação. Pouca oferta de soja no Norte em janeiro sempre é um problema.
Rápidas da manhã: Bolsas no ocidente subindo. O CSI300 foi o destaque de alta da semana. As bolsas na China encerram a semana com alta de 1,5%; na China falam em mais estímulos e mais empresas falando em recompra de ações – a ideia é que as ações na China estariam perto das mínimas; petróleo em alta de 2,5% a $85,25; ouro e IDX estáveis; o EC reduziu o volume de chuvas para os próximos 7 dias para o Norte do Brasil. Mais chuvas para o próximo final de semana.
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 20 de outubro, os analistas reduziram as suas expectativas para o IPCA e PIB desse ano. Já as projeções para a taxa cambial e a taxa Selic ao final de 2023 foram mantidas inalteradas.
Refletindo o resultado abaixo do esperado para o IPCA de setembro e o reajuste de -4% no preço da gasolina na semana passada, o mercado reduziu de 4,75% para 4,65% a projeção do IPCA de 2023. Dessa forma, a expectativa inflacionária para esse ano está agora abaixo do teto da meta, algo que não ocorria desde o dia 15 de junho de 2022, quando era de 4,73%. A projeção atual é a menor desde o dia 08 de julho do ano passado, quando foi de 4,49%.
Após três semanas de estabilidade na projeção, a estimativa para o crescimento do PIB desse ano registrou uma queda marginal, recuando de 2,92% para 2,90%. O resultado pior que o esperado para o IBC-Br de agosto motivou esse recuo.
E a expectativa da taxa Selic foi mantida em 11,75% ao final desse ano e o câmbio em R$ 5,00.
Boas vendas de milho, soja e farelo na semana. Além de vender bem, os embarques da soja aceleraram. China presente na soja.
DESTAQUES
Soja: As vendas ficaram perto da banda de cima das estimativas. A China comprou 1,17 milhão de toneladas na semana, aumentando sua posição nos EUA para quase 11,2 milhões de toneladas – no ano passado estava em 16,5 milhões. A soja americana é a mais barata posto China para a janela novembro e dezembro. Reporte de washouts de soja brasileira para embarque curto. Parece que a China comprou mais soja do que vai precisar para embarque novembro.
Farelo: Mais uma semana forte de vendas. O programa americano está bem adiantado. Os prêmios na América do Sul estão subindo, tornando o farelo americano competitivo.
Milho: Os EUA continuam vendendo milho para compradores tradicionais como México e Japão. O milho americano não é competitivo posto Ásia.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a terceira semana de outubro 3,86 milhões de toneladas. Em outubro de 2022 o total foi de 3,80 milhões de toneladas.
Em setembro as exportações de soja atingiram recorde na série histórica, superando a máxima anterior de 4,82 milhões de 2021. Estão nomeadas para outubro exportação de 1,98 milhão de toneladas e para novembro 5,52 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 98,74 milhões de toneladas.
De janeiro a setembro o Brasil embarcou para a China 61,74 milhões de toneladas, contra 47,26 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,8 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 14 dias úteis de outubro 5,89 milhões de toneladas. Em outubro do ano passado o total foi de 6,78 milhões de toneladas.
Em setembro as exportações de milho atingiram recorde na série histórica, superando a máxima anterior de 6,44 milhões em 2019. Estão nomeadas para outubro exportação de 2,82 milhões e para novembro 6,65 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 43,33 milhões de toneladas.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 6,93 milhões de toneladas do cereal, sendo 2,37 milhões em agosto e 3,29 milhões em setembro (recorde mensal). Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gigante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo de soja embarcou até a terceira semana de outubro 1,25 milhão de toneladas. No nono mês de 2022 o total foi de 1,76 milhão de toneladas.
As embarcações mensais desaceleraram após 4 meses seguidos de volumes acima de 2 milhões de toneladas. Estão nomeadas para outubro exportação
665 mil toneladas e para novembro 1,61 milhão de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 20,65 milhões de toneladas. O principal comprador de farelo do Brasil essa temporada é a Tailândia (2,64 mmt), seguido pela Indonésia (2,55 mmt).
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 1,95 milhão de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a terceira semana de outubro 153,7 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 260,11 mil toneladas.
Em setembro foram embarcadas 186,53 mil toneladas, o melhor setembro da série histórica e o maior volume mensal embarcado em 2023. No acumulado do ano foram exportadas 941,70 mil toneladas da
fibra natural – no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,16 milhão de toneladas.
O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 140,36 mil toneladas de janeiro a setembro.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 14 dias úteis de outubro 133,6 mil toneladas. Em outubro de 2022 o volume total foi de 187,79 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,55 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China representa 56,76% das vendas brasileiras e comprou de janeiro a setembro 851,48 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 916,99 mil toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a terceira semana de outubro 50,9 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 96,41 mil toneladas.
Em setembro foram embarcadas 107,45 mil toneladas, o terceiro melhor setembro da série histórica. No acumulado do ano foram exportadas 942,7 mil toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado o volume foi de 897,7 mil toneladas. No primeiro semestre a China comprou 311,10 mil toneladas da carne suína brasileira, volume 2% superior a 2022.
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ESTÍMULOS: O governo chinês anunciou mudanças quanto à meta de déficit fiscal do governo central. O déficit vai subir de 2% do PIB para 3% do PIB.
Essa mudança deve trazer para o mercado um adicionou de investimento/gasto de até 1 trilhão de iuan.
A finalidade será investimentos em infraestrutura de distribuição e conservação de água, transporte e mobilidade.
A figura mostra o estoque de minério de ferro nos portos chineses e o comportamento dos preços. Veja que o estoque de minério em 105 milhões de toneladas é o menor desde 2016, dando suporte aos preços.
BOLSAS NA CHINA: Em linha com as mudanças de déficit fiscal, as bolsas na China reagiram essa semana. O CSI300 encerrou essa semana com alta de quase 1,5% depois de queda de 4% na semana passada.
Além dos estímulos fiscais, mais empresas estão anunciando planos de recompra de ações. A análise é que as ações estão provavelmente no fundo do poço, sendo que seu valor já teria precificado grande parte dos fundamentos negativos.
O RALLY DO FARELO: Os futuros do farelo na CBOT foram o destaque novamente dessa semana. O farelo dezembro na CBOT encerrou a semana com ganho de $20 por tonelada curta, 4ª semana de alta seguida – alta acumulada de $70 por tonelada curta em três semanas. Os prêmios na Argentina, Brasil e nos EUA têm se mantido firmes, mesmo com o rally na bolsa. O flat price do farelo continua subindo, melhorando as margens de esmagamento.