O IBGE divulgou na manhã de 6-ªfeira o IPCA de outubro, que registrou alta mensal no período de 0,24%, levemente abaixo do esperado pelo mercado (0,29%) e do reportado em setembro (0,26%).
No acumulado em 12 meses, o IPCA registrou desaceleração pela primeira vez em quatro meses, recuando de 5,19% em setembro para 4,82% em outubro. O resultado também ficou um pouco abaixo do esperado pelos analistas (4,87%).
No acumulado do ano de 2023 registrou alta de 3,75% até o décimo mês do ano.
Entre os nove grupos pesquisados pelo IBGE, oito registraram alta na variação mensal.
Os dois grupos que tiveram os maiores impactos inflacionários em outubro foram Alimentação e Transportes.
Após registrar deflação por quatro meses consecutivos, o grupo Alimentação e bebida registrou alta mensal de 0,31% em outubro e impacto de 0,07 ponto percentual sobre o índice geral.
Dentro desse grupo, o item alimentação no domicílio subiu 0,27% no décimo mês do ano, refletindo as seguintes variações: batata-inglesa 11,23%, cebola 8,46%, frutas 3,06%, arroz 2,99% e carnes 0,53%. No lado das quedas, foram destaques o leite longa vida -5,48% e o ovo de galinha -2,85%.
Ainda nesse grupo, o item alimentação fora do domicílio subiu 0,42%, refletindo as altas da refeição (0,48%) e do lanche (0,19%).
O segundo grupo de maior pressão inflacionária foi Transportes, com alta mensal de 0,35% e impacto de 0,07 p.p. sobre o índice geral. Dentro desse grupo, o destaque ficou para as passagens aéreas com forte alta mensal de 23,70%, após disparar 13,5% no mês anterior.
A alta em outubro está associada ao aumento de 21,4% no preço do querosene de aviação praticado pela Petrobrás no fim de setembro. Outro fator é a proximidade do fim do ano, elevando a demanda.
Amenizando o impacto inflacionário do item passagens aéreas sobre o grupo Transportes, o item combustível registrou queda mensal de 1,39%, influenciado pela queda de 1,53% na gasolina, recuo de 0,96% no etanol e baixa de 1,23% no gás veicular. Na ponta contrária, o preço do óleo diesel subiu 0,33%.
Os outros seis grupos que também reportaram inflação no décimo mês do ano foram: Habitação (0,02% e impacto de 0,00 p.p.), Artigos de residência (0,46% e impacto de 0,02 p.p.), Vestuário (0,45% e impacto de 0,02 p.p.), Saúde e cuidado pessoal (0,32% e impacto de 0,04 p.p.), Despesas pessoais (0,27% e impacto de 0,03 p.p.) e Educação (0,05% e impacto de 0,00 p.p.).
O grupo comunicação, o único a reportar deflação, registrou queda de 0,19% e impacto de -0,01 ponto percentual sobre o índice geral.
A leve desaceleração inesperada do IPCA de outubro, reforça a visão da ata do Copom divulgada na última terça-feira, na qual sinalizou mais duas quedas de 0,5 p.p. nas duas próximas decisões do colegiado que ocorrerão nos dias 13 de dezembro desse ano e 31 de janeiro do ano que vem.
Dessa forma, a taxa de juros no Brasil encerrará 2023 em 11,75% e chegará a 11,25% no último dia do primeiro mês de 2024.
Com a inflação registrando alta mensal abaixo do esperado pelo terceiro mês seguido em outubro, poderia suscitar especulação no mercado sobre uma aceleração no ritmo do afrouxamento monetário. Porém, com a expectativa inflacionária muito perto do teto da meta desse ano e o risco fiscal para 2024, não há espaço para um corte de juros mais pronunciado no curto prazo.
Com relação ao tamanho do ciclo de afrouxamento monetário ao longo de 2024, o Copom tem deixado claro que dependerá do rumo da política fiscal no ano que vem. Segundo o comunica do da última decisão:
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.
Resumindo, se o governo tiver comprometimento com a responsabilidade fiscal, a taxa de juros no Brasil tende a encerrar o ano que vem abaixo de 10%, em torno de 9%. Mas se houver irresponsabilidade, fechará acima de dois dígitos, ao redor de 10,50%. Portanto, quem definirá o rumo da política monetária será a política fiscal, como é o usual em nosso país.
A Associação Ucraniana de Grãos (UGA) melhorou a previsão para a colheita de grãos e oleaginosas na Ucrânia.
A Associação Ucraniana de Grãos (UGA) atualizou a estimativa da safra potencial de grãos e oleaginosas na Ucrânia em 2023, elevando-a em 1,1 milhão de toneladas, para 81,6 milhões de toneladas, também superior ao número do ano passado (73,8 milhões de toneladas).
“A previsão constante de aumento para a safra deste ano se deve às condições climáticas favoráveis e à melhor produtividade das lavouras. Desta vez, a colheita melhorou devido ao aumento da safra esperada de milho e girassol”, informou a assessoria de imprensa da UGA no dia 3 de novembro.
A Ucrânia continua colhendo safras tardias de grãos e oleaginosas – até o dia 2 de novembro, 66,2 milhões de toneladas da safra foram colhidas, incluindo:
Girassol – 4,8 milhões de ha (94% da área) foram debulhados com uma produtividade média de 2.370 mil kg/ha, sendo 11,3 milhões de toneladas;
Soja – 1,8 milhão de ha (97%) foram debulhados com rendimento médio de 2.630 de kg/ha, e 4,6 milhões de toneladas foram colhidas.
Milho – 2,4 milhões de ha (60%) foram debulhados com rendimento médio de 7.080 de kg/ha, sendo colhidas 17,1 milhões de toneladas.
Dados: Ministério da Política Agrária
SEMEADURA
Até 06 de novembro de 2023, a Ucrânia semeou quase 5,5 milhões de hectares de culturas de inverno para a safra 2024.
Em 6 de novembro de 2023, a Ucrânia semeou 5,5 milhões de hectares de culturas de inverno para a safra de 2024.
Em particular foram semeados:
Trigo – 3,86 milhões de hectares;
Canola – 1,14 milhões de hectares;
Cevada – 442 mil hectares.
EXPORTAÇÃO
A taxa de exportação do grão ucraniano no início de novembro é metade do ano passado.
De acordo com dados operacionais do Serviço de Alfândega do Estado, até 6 de novembro, desde o início da safra 2023/24, a Ucrânia exportou 9,794 milhões de toneladas de grãos e leguminosas, das quais 550 mil toneladas foram embarcadas no mês corrente. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa do Ministério de Política Agrária da Ucrânia.
O indicador especificado de exportação sazonal é visivelmente inferior ao do ano passado, quando 14,272 milhões de toneladas foram embarcadas até 7 de novembro, das quais 1,07 milhão de toneladas foram exportadas em novembro.
LOGÍSTICA. INVESTIGAÇÃO DOS PORTOS.
As tropas russas atacaram mais uma vez a infraestrutura portuária de Odesa. Este já é o 21º ataque direcionado da Rússia após deixar o acordo de grãos. Durante esse período, o país terrorista danificou mais de 160 instalações de infraestrutura e 122 veículos. Um navio civil que transportava minério de ferro para a China também foi danificado em 8 de novembro.
Infelizmente, o foguete russo matou uma pessoa (ele era ucraniano) e feriu três membros da tripulação – cidadãos das Filipinas.
A Rússia provou mais uma vez que não existem normas de direito internacional para ela e é a principal ameaça à segurança e ao comércio mundiais. Mas, apesar dos riscos, cinco navios estão indo para os portos de Great Odesa.
O movimento das embarcações continua pelo corredor marítimo ucraniano, tanto para a saída quanto para a entrada dos portos de Odesa.
Atualmente, seis navios com 231 mil toneladas de produtos agrícolas a bordo deixaram os portos da Grande Odessa e seguem em direção ao Bósforo. Mais cinco navios aguardam para seguir para os portos para serem carregados.
A China reportou uma grande produção para a sua safra de trigo 23/24, alcançando níveis quase recordes. Avaliando as estimativas do USDA, a produção de trigo chinês na atual temporada ficou em 137 milhões de toneladas, uma baixa de 3 milhões de toneladas em relação as 140 milhões de toneladas estimadas inicialmente. Ainda assim, em volume, esta seria a segunda maior safra do país.
Entretanto, o que não vem sendo comentado pelo gigante asiático é a qualidade dos grãos, atingidas por fortes chuvas durante a colheita. A quantidade da safra nada diz sobre a qualidade do trigo, que foi drasticamente afetada. Mas o que isso tem haver com os preços globais do cereal?
Ao final de maio, a China estava em plena colheita de trigo, quando a província de Henan, que representa ¼ da produção de trigo na China, acabou recebendo um nível elevado de chuvas em poucos dias, sendo estas precipitações, sendo a pior dos últimos dez anos.
Com o clima bastante úmido, parte do trigo da China foi destinado para uso em ração. Em um levantamento realizado há poucos dias pela Bloomberg, as estimativas são que cerca de 30-40 milhões de toneladas de trigo da China da safra 23/24 não atenderam o padrão da indústria e foram classificados como ração.
Em análise do USDA, as chuvas de maio e junho fez com que 30% da safra fosse prejudicada por grãos germinados e mofados.
Em meio a uma divergência de uma grande produção de trigo reportada pela China (com qualidade questionável), preços do trigo em alta no país e os compradores chineses ampliando fortemente suas aquisições de trigo na França e EUA, o mercado já começa a avaliar que a demanda de importação da China deverá ser maior que as estimativas do USDA de outubro, de apenas 11 milhões de toneladas, o que fica 2 milhões de toneladas a menos que o ano anterior.
Na temporada 22/23, das 14 milhões de toneladas adquiridas pela China, mais de 40% do trigo foi obtido na Austrália, que neste ano, deverá ter seu saldo exportável limitado diante da forte quebra da safra, que saiu de 40 milhões de toneladas do ano passado, para atuais 26 milhões de toneladas em 23/24. É por este motivo, que a China tem diversificado suas compras de trigo entre UE e EUA.
Lembrando que a maior parte do trigo importado pela China é de alta qualidade, sendo destinado para uso na produção de farinhas.
Diante da possibilidade da China aumentar sua demanda de importação na temporada 23/24 devido a sua oferta restrita de grãos de boa qualidade, ao mesmo tempo em que o seu maior fornecedor (Austrália), está sofrendo com a quebra na produção pela seca, os preços globais do trigo possuem um importante suporte de alta.
Além disso, os estoques globais do trigo caminham para o seu quarto ano de aperto, ficando em seus menores níveis desde a safra 2015/16. Quando observamos a relação estoque x uso, sem os estoques da China, que hoje representam quase metade dos estoques globais de trigo, a relação estoque x uso cai para os seus menores patamares desde a safra 2008, que marcou a quebra na safra de trigo do Hemisfério Norte.
Enfim, hoje os preços do globais do trigo, especialmente o cereal americano, ainda possuem um impasse para valorização, mesmo com os estoques globais apertados e países importantes reportando queda na produção, já que a Rússia e a Ucrânia, continuam fornecendo trigo na exportação a preços muito descontados. Mas à medida que a China passe a demandar por mais trigo importado e a Rússia complete sua cota de exportação na primeira metade da temporada 23/24, que se encerra em dezembro, o cenário se torna mais favorável para uma apreciação dos preços do trigo.
Além disso, os estoques globais do trigo caminham para o seu quarto ano de aperto, ficando em seus menores níveis desde a safra 2015/16. Quando observamos a relação estoque x uso, sem os estoques da China, que hoje representam quase metade dos estoques globais de trigo, a relação estoque x uso cai para os seus menores patamares desde a safra 2008, que marcou a quebra na safra de trigo do Hemisfério Norte.
O oil-share é a participação do óleo de soja em comparação à receita dos produtos da soja (farelo e óleo). Nas últimas semanas o óleo na Cbot perdeu aproximadamente 10 pontos percentuais em relação ao farelo, atingindo a mínima desde o início de 2021.
APAGÃO DO FARELO
O principal motivo que provocou esse movimento foi a forte valorização do farelo de soja na Cbot. A redução de oferta do produto na Argentina, a redução da capacidade logística no sul do Brasil em combinação com a piora no clima para o plantio no MT, forçou a demanda internacional de farelo a ir buscar as importações nos Estados Unidos.
O volume comprometido para exportação no país é o maior em 10 anos, com 4,8 milhões de toneladas vendidas para safra 2023/24. Até o mês de setembro o mercado como um todo estava precificando que o aumento da capacidade de esmagamento de soja nos Estados Unidos iria suprir tranquilamente a demanda. Os players estavam short. As esmagadoras com o farelo vendido antecipado e os consumidores comprando da mão-pra-boca.
O fator que desencadeou a explosão do preço do farelo foi o atraso das indústrias em largarem suas fábricas no início de outubro (mês que marca o início da safra para o farelo). Muitos problemas técnicos forçaram as novas fábricas a atrasarem e não conseguirem largar o esmagamento durante o mês de outubro, e para cumprir com as vendas tiveram que comprar farelo no mercado interno, e os consumidores que estavam aguardando o grande volume de oferta em outubro tiveram que sair correndo para comprar e fazer a cobertura para o inverno, gerando o famoso “short squeeze”. Os preços subiram $66/t em outubro como consequência.
Os analistas americanos já dizem que as indústrias que estavam com problemas nas operações já estão conseguindo rodar parcialmente as indústrias, logo estarão 100% operacionais, o que deve retirar uma parte do prêmio de risco adicionado às cotações.
ÓLEO DE SOJA CBOT
O movimento do óleo de soja foi o contrário, o interesse inteiro dos fundos de investimento agora virou para o farelo. A história de aumento da demanda por óleo de soja para atender ao mercado de biocombustíveis ficou em segundo plano. Os fundos venderam as posições em óleo de soja e compraram posições em farelo. Na prática os fundos venderam o oil-share na Cbot.
Porém a situação de oferta e demanda dos EUA para o óleo de soja não justifica os preços terem caído tanto. O estoque final de óleo da safra 22/23 foi revisado para baixo e é o menor em 9 anos, com 1,6 bilhões de libras, mesmo com o volume de esmagamento de soja recorde em setembro. A demanda interna continua muito forte, com os incentivos para o consumo de biocombustíveis chegando a $3,00/gln ($800/ton).
Logo, o fundamento deve voltar a chamar atenção do mercado, fortalecendo as cotações na Cbot e consequentemente o oil-share.
Dados do dia 30 de Outubro
As cotações da ureia CFR Brasil tiveram pequenas movimentações ao longo da última semana, com os preços atuais variando entre US$ 390-400/t. Na segunda-feira passada, o mercado global recebeu a notícia de que o Egito sofreria cortes no fornecimento de gás natural, o que impactaria diretamente na produção de ureia. Naquele momento, os preços da ureia FOB Egito subiram mais de US$ 30,00/t, passando de US$ 385/t para US$ 405/t. Todavia, esse movimento não afetou as cotações da ureia em outros polos. Os preços no Oriente Médio ficaram entre US$ 360-385/t FOB, ou seja, praticamente inalterados nos últimos sete dias. Em relação ao sulfato de amônio, as cotações sofreram uma leve retração, voltando para a casa de US$ 200/t CFR Brasil.
Por fim, para o nitrato de amônio, os preços na origem, ou seja, FOB Báltico, estão próximos de US$ 200/t, o que aponta para uma cotação CFR Brasil entre US$ 240-245/t.
Em relação ao mercado doméstico brasileiro, poucas mudanças foram vistas. Os preços da ureia FOB Rondonopolis ficam próximos de US$ 540/t FOB. No porto de Paranaguá, aumentaram os rumores de que a tonelada de ureia estaria a US$ 460/t FOB, contudo, não foram confirmados negócios a esses níveis. Os preços atuais FOB Paranaguá estão na casa de US$ 475/t. Na última sexta-feira, a ANDA divulgou os dados de entrega de fertilizantes no Brasil. Quanto aos nitrogenados, observou-se uma retração nos volumes entregues em 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Em relação ao abastecimento de N no Brasil, os lineups apontam para mais de 1,0 milhão de toneladas de ureia previstas para o mês de novembro, o que deixaria o quadro de oferta bastante favorável. Analisando o comportamento das aquisições no Brasil, as compras para a 2ª safra, à medida que a semeadura da soja avança, os produtores se encontram a tomar suas posições de insumos; contudo, o percentual atual é consideravelmente inferior às médias dos últimos cinco anos para o período.
No segmento dos fosfatados, os preços do MAP tiveram uma leve alta na última semana,situando-se entre US$ 555-565/t CFR Brasil. Há um sentimento de que ainda existe escassez de produtos a curto prazo no mercado doméstico brasileiro. Além disso, as entregas de fertilizantes fosfatados cresceram mais de 10% em 2023 em comparação ao ano passado.
Na cena internacional, as cotações do DAP FOB China oscilam entre US$ 580-585/t, com poucas alterações nos últimos sete dias. Já na Índia, os preços atuais se aproximam de US$ 595/t CFR; no entanto, os cortes nos subsídios do país deixam os importadores com um prejuízo de aproximadamente US$ 80/t. Portanto, presume-se que a demanda da Índia diminuirá nos últimos meses de 2023. Vale pontuar que o país asiático importou um grande volume de DAP durante o esse ano. Nos EUA, o Departamento de Comércio (DOC) revisou as tarifas de importação de fosfatados de origem marroquina e russa. No caso da OCP, o governo estabeleceu uma redução na alíquota, passando de 19,97% para 2,21%. Por outro lado, para a companhia russa PhosAgro, ocorreu o oposto, com a alíquota aumentando de 9,19% para 28,5%. Isso poderá impactar diretamente nos fluxos para o país; no entanto, a curto prazo, não se esperam alterações nos fundamentos dos preços devido a essa decisão. No mercado doméstico brasileiro, os preços do MAP FOB Rondonopolis ficam próximos de US$ 700/t, enquanto o superfosfato simples CFR Brasil está na faixa de US$ 220/t.
O cloreto de potássio tem apresentado ligeiras quedas nos últimos trinta dias. As cotações nesse momento estão entre US$330-345/t CFR Brasil. No mercado doméstico brasileiro, os preços do KCl são vistos entre US$370-385/t FOB Rondopolis. Até mesmo, segundo a ANDA as entregas de potássio em agosto foram 50% superiores ao ano passado, mostrando que o “apetite” de compra dos sojicultores voltou a crescer em 2023.
Outubro vai ser o divisor de águas – atualizado (dia 28/out)
Enso: O NOAA está mantendo sua projeção para a anomalia da temperatura das águas na região 3.4 para os meses de dezembro a fevereiro. Hoje a leitura está em +1,45 °C, a qual deve ainda subir para +1,8 °C. As projeções do NOAA mostram que as águas nas regiões 3.4 e também na região 1+2 começarão a se resfriar durante o ano de 2024, o que afastaria a possibilidade de um super El Niño.
Argentina: As temperaturas na Argentina devem subir para os próximos dias, mas as chuvas deverão permanecer mal distribuídas. A produção de trigo e o plantio do milho 1ª campanha estão sendo prejudicados. Em novembro o plantio da soja terá início. As tradings estão ofertando soja para embaraque maio e junho de 2024.
Brasil: A queda do AAO para a fase negativa reforça as previsões de mais chuvas para o Norte do Brasil. No entanto, o modelo Europeu continua mostrando chuvas abaixo do normal e temperaturas acima do normal para as próximas 4 semanas. O atraso do plantio no MT parece cada vez mais uma realidade. Há muitos reportes de replantio e antecipação do ciclo das variedades mais precoces.
O USDA “jogou água no chopp”. Aumentou as produtividades de milho e soja nos EUA e também os estoques de passagem. Os produtores do Leste do Cinturão já vinham twittando produtividades melhores, especialmente para o milho. Para o milho o USDA aumentou a produção nos EUA e na Ucrânia em 5,8 milhões de toneladas e as exportações dessas duas origens em 3,4 milhões. Para o Brasil o USDA ainda não mexeu, mas terá que reduzir o programa de exportação de milho 2023/24. Hoje o USDA projeta 55 milhões para o calendário outubro-setembro. Eu diria que não deve passar de 45 milhões. Redução da área de milho safrinha no Mato Grosso entre 20% e 30% é quase um consenso entre produtores e revendas. A venda de sementes de milho nos demais estados ainda está muito atrasada, sem falar na tecnologia. Ouvi falar que produtores estão procurando semente de R$ 500 o saco, quando as melhores tecnologias ainda estão girando acima dos R$ 900. Para a soja o USDA elevou a produção americana em 680 mil toneladas e aumentou o processamento de soja na China em 1 milhão. Para a China o mais interessante foi a redução do estoque inicial. Como as processadoras não carregam estoque, a redução de 3 milhões de toneladas de estoque inicial seria o estoque das reservas. O que o USDA está dizendo é que a Sinograin virou a temporada com uma reserva menor. Esse ano as compras de soja da Argentina e dos EUA para reservas foram muito menores. Nessas últimas duas semanas a Sinograin comprou 60 barcos de soja nos EUA – estimativas de mercado. Falam que a Sino deve comprar nessa temporada 12 milhões de toneladas, 3 a 4 milhões a mais do que normalmente compra. Parece que o USDA também vê a mesmo. No final das contas, o USDA ainda está esperando o desenvolvimento do clima no Brasil para fazer ajustes mais agressivos para a soja e milho, o que só deve acontecer em janeiro.
A semana vai chegando ao fim com farelo novamente liderando as altas. A soja tem queda acumulada de 13 centavos, o milho 10 centavos de queda e o trigo 5 centavos de alta. O farelo dezembro tem alta acumulada de 5 dólares por tonelada curta e quase 75 dólares de alta em cinco semanas. O lineup de farelo na Argentina e no Brasil continua caindo, abrindo mais espaço para o farelo americano. O USDA não elevou o tamanho do programa de exportação, mesmo com o ritmo muito acima do projetado – o programa americano de farelo está 40% acima do ritmo da temporada passada para uma projeção de crescimento de apenas 5%. No geral o aperto do mercado de farelos continua, incluindo o farelo de peixe. O El Niño e a indefinição do Peru quanto à cota de pesca estão levando os preços do farelo de peixe para novas máximas. O farelo de soja superconcentrado é um substituto ao farelo de peixe, produto que hoje está sendo bastante procurado. Para os produtores brasileiros de soja n-GMO essa é uma boa informação. O Brasil é o maior produtor de farelo de soja SPC, produzido a partir da soja n-GMO para atender os europeus. A Bunge comprou a Imcopa e a Selecta, grandes produtores de SPC.
Também foi destaque nessa semana a carne suína na China e a deflação. Os índices de preços ao consumidor na China em outubro vieram novamente com variação negativa no anual e no mensal. O índice de inflação das empresas veio com deflação pelo 13 mês seguido. Excesso de produção e consumo lateral é o nome do problema. A economia da China é movida por diretrizes do governo, sempre acompanhadas de incentivos como redução de impostos e crédito à vontade. Assim foi a diretriz para o aumento da produção de carne suína em 2018-19. Quase sempre as diretrizes acabam em excessos de capacidade, margens pequenas e muita alavancagem. Na microeconomia dizemos que a alocação de recursos está ineficiente. Na macroeconomia dizemos que a economia chinesa padece de distorções estruturais. Já falam sobre excessos de capacidade na produção de baterias elétricas. Muda o produto, mas o processo é o mesmo. A carne suína caiu 30,1% na variação anual. Sozinha a carne suína representa 1/3 do CPI, o índice de preços ao consumidor. O ministro da Agricultura falou no mês passado sobre a necessidade de redução do número de matrizes, de 42,4 milhões para 41 milhões. Não é o que se hoje. Na semana passada a Logda Foods anunciou uma nova planta com capacidade de abate de 1 milhão de animais por ano. Essa será um dos maiores complexos integrados.
Rápidas da manhã: Bolsas no Ocidente de lado; na Ásia em queda. O CSI300 (China) encerrou em queda de 0,73% nessa 6ª-feira; petróleo em alta de 0,5% acima dos $76 o barril; ouro caindo 0,3% e o Bitcoin caindo 0,5%; o IDX estável; câmbio na China novamente acima dos 7,30; variação negativa no anual e no mensal para o CPI e PPI na China – o risco de deflação continua; temperaturas recordes no Brasil e Paraguai para a próxima semana e risco de enchentes para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os modelos mostram grande divergência de acumulados para a janela de chuvas 11-15 dias – o GFS bem mais seco que o EC.
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 03 de novembro, os analistas mantiveram inalteradas as suas expectativas para o IPCA, PIB, a taxa cambial e a taxa Selic ao final de 2023.
O mercado manteve a projeção do IPCA de 2023 em 4,63%. Eles aguardam o resultado do IPCA de outubro que foi reportado na sexta-feira (10) para realizar novo ajuste.
A projeção para o PIB brasileiro esse ano foi mantida em crescimento de 2,89%, após duas semanas seguidas de queda.
O mercado manteve pela décima terceira semana seguida em 11,75% ao ano a projeção para a taxa Selic ao final desse ano, sugerindo mais uma queda de 0,5 p.p. na última reunião do ano, que ocorrerá no dia 13 de dezembro.
A taxa cambial ao final desse ano também foi mantida inalterada em R$ 5,00. A sazonalidade de valorização do dólar no final é que faz com que o mercado projete dólar mais alto que o nível atual (R$ 4,94).
Novamente boas vendas de algodão. As vendas de farelo voltaram a acelerar. As vendas de milho também cresceram. A média móvel de 4 semanas acelerou para todos os produtos, com exceção do farelo.
DESTAQUES
Soja: As vendas ficaram perto da banda de baixo das estimativas. A China comprou 692 mil toneladas, incluindo a troca de 264 mil de destinos desconhecidos. A posição da China nos EUA está em 12 milhões de toneladas – no ano passado estava em 18,5 milhões de toneladas. A Sinograin, gestora das reservas da China, está comprando soja americana para embarque de dezembro a fevereiro e soja Argentina para junho. Traders na China falam que suas compras serão maiores esse ano.
As vendas da próxima semana deverão ser realmente grandes para a soja. Desde 5ª-feira passada a Sinograin comprou mais de 60 barcos de soja nos EUA.
Farelo: Depois de semanas de fortes vendas, o encarecimento do flat price acabou reduzindo o interesse dos compradores. Os prêmios no Brasil caíram bem nas últimas duas semanas, deslocando a demanda. Ainda corre por fora a forte redução do processamento na Argentina para os próximos meses.
Milho: O milho americano passou a ser mais competitivo para embarque janeiro em relação ao Brasil. Grandes importadores na Ásia foram compradores de milho americano essa semana. Reportes de vendas de milho Fob PNW a níveis bem competitivos.
Europa - PMI composto
Brasil - Boletim Focus
Brasil - Condições das lavouras
Europa - Índice ZEW de confiança
Europa - PIB do 3º trimestre
Brasil - Setor de Serviços IBGE
EUA - Índice de Preço ao Consumidor
China - Produção Industrial
China - Vendas no Varejo
Brasil - Feriado – Mercado fechado
Europa - Produção Industrial
EUA - Vendas no Varejo
EUA - Índice de Preço ao Produtor
EUA - NY Empire Manufatura
EUA - Estoque semanal de Petróleo e derivados
Brasil - IBC-Br (Índice de atividade econômica)
EUA - Vendas semanais
EUA - Pedidos seguro desemprego
EUA - Filadélfia Fed Manufatura
EUA - Produção Industrial
Europa - Índice de Preço ao Consumidor
EUA - Permissão de construção de casas
Estrategista de Commodities
(41) 3094.0228
marcos@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
(41) 3094.0221
eduardo@agrinvest.agr.br
Analista Macro
(41) 3094.0220
thiago.davino@agrinvest.agr.br
Mercado de Trigo
(41) 3094.0357
guilia.zenidin@agrinvest.agr.br
Analista de Fertilizantes
(41) 3094.0229
jefersonsouza@agrinvest.agr.br
Analista do Complexo da Soja
(41) 3094.0200
guilherme.jacomini@agrinvest.agr.br
EM QUEM ACREDITAR?
O assunto é a desglobalização, ou divórcio entre China e o Ocidente. Três fundamentos que caracterizam a evolução da globalização moderna: o comércio, o fluxo de capital e o fluxo de pessoas. Nos últimos anos poderíamos incluir também o fluxo da informação. Para esse último dado, ainda não existe estatísticas.
Nesse post, vou falar apenas do fluxo de capital – como falam os economistas, “não existe capitalismo sem capital”, isso porque é o acúmulo de capital que possibilita o crescimento da capacidade produtiva (PIB).
Fluxo de capital para China: Os dados da balança de pagamentos da China, dado não oficial, mostram que o IED (investimento estrangeiro direto) caiu para o nível mais baixo das últimas duas décadas. Esta medida ampla inclui os lucros retidos de empresas estrangeiras que são mantidos na China – fluxo de entrada menos o de saída. Esse número é calculado numa base líquida, o que significa que qualquer repatriação de lucros de empresas estrangeiras estabelecidas na China reduzirá o IED. É isso que está acontecendo. A figura mostra que o NET do fluxo das empresas está negativo pela 1ª vez na história dessa estatística. Pode-se dizer que essa é uma reversão sem precedentes desde que a China foi aceita na OMC em 2001
PIOR DESEMPENHO
O petróleo é um dos ativos de pior desempenho no mês. A queda na semana passada foi de quase 11%, seguida de queda de mais de 5% essa semana.
Apesar da continuidade dos cortes da OPEP+ nesse ano, o preço do petróleo continua preso em um canal de variação de $15 por barril – entre $70 e $85 o barril. Na reunião desse mês, a Arábia Saudita disse que vai estender o corte de 1 Mbd até o final do ano e a Rússia vai estender seu corte de 300 mil bd também até o final do ano.
O motivo é a fraca demanda e menor crescimento global. A produção da OPEP está correndo em linha com 27 Mbd, menor volume desde agosto de 2021, sendo que a produção dos Sauditas está em menos de 9 Mbd, menor produção desde maio de 2021. Os cortes só deixam\ claro que a oferta global está acima da demanda, principalmente quando se fala de Ásia, região de maior crescimento no consumo de energia e que vem recebendo o excedente da Rússia a preços descontados. A classe de energia dentro do índice da Bloomberg é a pior desempenho esse ano com queda acumulada de mais de 22%.