O Banco Central do Brasil divulgou há pouco o resultado do IBC-Br de setembro desse ano. O indicador que é visto como uma prévia do PIB brasileiro, registrou no período uma contração marginal mensal de 0,06%, abaixo do esperado pelos analistas (+0,20%). O número de agosto foi revisado de -0,77% para -0,81%, reforçando a visão de que o número de setembro ficou bem aquém do estimado pelo mercado.
Diante do resultado de setembro, a economia brasileira acumula crescimento 2,77% nos nove primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2022.
Já no acumulado em 12 meses, a expansão em setembro foi de 2,50%, registrando a quinta desaceleração seguida nessa base de comparação.
A contração mensal pelo segundo mês consecutivo do IBC-Br e a quinta desaceleração seguida no acumulado em 12 meses, reforça a visão do mercado de que o Copom seguirá cortando em 0,5 p.p. a taxa Selic nas próximas decisões.
Com a economia dando claros sinais de arrefecimento, não haverá pressão inflacionária pelo lado da demanda, permitindo a autoridade monetária do país a seguir com seu ciclo de afrouxamento monetário na reunião do dia 13 de dezembro e nas duas primeiras decisões de 2024.
Em linha com esse sentimento, a curva de juros recua nessa sexta-feira em toda a curva, com maior força nos vencimentos mais longos. Vejam abaixo o gráfico com o desempenho diário nos últimos trinta dias dos contratos de juros futuros com vencimento em jan/25, jan/26 e jan/30. Como podemos observar, estão na mínimas em um mês.
A continuidade da queda da taxa de juros ao longo de 2024 é importante para reacelerar a economia brasileira ao longo do ano que vem.
Após um ótimo desempenho no primeiro semestre desse ano, fruto da super safra dos grãos e aumento dos gastos do governo, a economia brasileira vem perdendo folego desde o início do segundo semestre e para voltar a crescer em bom nível, é importante a continuidade do ciclo do afrouxamento monetário em 2024.
O risco para a continuidade no corte da taxa Selic ao longo de todo o ano que vem é a política fiscal, pois se o governo falhar grosseiramente no cumprimento da meta primária estipulada para 2024, o dólar voltará a se valorizar e impulsionará a inflação, obrigando o Copom a interromper o ciclo de queda de juros.
71,5 milhões de toneladas de oleaginosas e grãos foram colhidas na Ucrânia.
As culturas de cereais e leguminosas foram colhidas em uma área de 9.840.000 ha com produtividade de 5.210 kg/ha.
SEMEADURA
Até 06 de novembro de 2023, a Ucrânia semeou quase 5,5 milhões de hectares de culturas de inverno para a safra 2024.
Em 6 de novembro de 2023, a Ucrânia semeou 5,5 milhões de hectares de culturas de inverno para a safra de 2024.
Em 14 de novembro, a área total de culturas de grãos de inverno na Ucrânia era de 4,514 milhões de hectares, informou o serviço de imprensa do Ministério da Política Agrária.
Em particular, o trigo de inverno foi semeado em uma área de 3,968 milhões de hectares, a cevada – 469.000 hectares e o centeio – 77.000 hectares.
PREÇOS
O ataque ao graneleiro no porto de Odesa levou a um forte aumento dos preços do trigo.
Portanto, os futuros de grãos de dezembro são assim:
– Os preços do trigo soft de inverno em Chicago aumentaram 3,8% para USD 217,6/mt;
– As cotações do trigo duro de inverno em Kansas City aumentaram 3,6% para USD 240,7/mt;
– Os preços do trigo duro de primavera em Minneapolis aumentaram 1,6% para USD 270,2/mt;
– O trigo na Euronext de Paris subiu 1,5% para 252,5 dólares/mt.
O Bureau of Labor Statistics (BLS) divulgou na última terça (14) os dados de inflação ao consumidor (IPC) nos EUA referente ao mês de outubro. O índice núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, registrou alta de 0,2% na comparação mensal, levemente abaixo do esperado pelos analistas e do reportado em setembro (0,3%).
No acumulado em 12 meses recuou de 4,1% no nono mês do ano para 4,0% em outubro, também ligeiramente abaixo da expectativa do mercado que era de estabilidade em 4,1%. Vale salientar, que essa é a menor alta desde maio de 2021 (3,8%).
Apesar da sétima desaceleração seguida, o resultado acumulado em 12 meses segue ainda muito acima da meta que é 2%.
Já o índice cheio registrou estabilidade, também levemente abaixo da estimativa do mercado (0,1%) e aquém do registrado em setembro (0,4%). No acumulado em 12 meses recuou de 3,7% em setembro para 3,2% em outubro, ligeiramente abaixo do projetado pelos analistas (3,3%).
Vale lembrar, que o Banco Central dos EUA (FED) adota os índices inflacionários núcleo para adoção de sua política monetária, uma vez que eles sinalizam melhor a tendência de preço sem impactos sazonais e choques pontuais de oferta, como ocorre nos preços de energia e alimentos.
O grupo moradia segue sendo o principal responsável pela pressão inflacionária no índice núcleo no acumulado em 12 meses. Em outubro, esse grupo registrou alta mensal de 0,3%, 0,3 p.p. abaixo do observado em setembro.
No acumulado em 12 meses recuou de 7,2% em setembro para 6,7% no décimo mês do ano, renovando a menor variação nessa base de comparação desde setembro do ano passado (6,6%).
A desaceleração do grupo moradia reflete a queda do preço dos imóveis norte-americanos, como podemos observar no gráfico abaixo. Em linha com essa visão, após dezenove meses seguidos de aceleração no custo de moradia, entre setembro de 2021 e março de 2023, em outubro registrou a sétima desaceleração seguida, reforçando a visão de que o pior já passou.
O recuo no preço dos imóveis nos EUA reflete o aumento da taxa de juros nos EUA, que impulsionou de 3% para 7,61% o custo do financiamento imobiliário na terra do tio Sam e derrubou a demanda por moradia própria.
Em linha com essa visão de menor demanda pela casa própria, o número de vendas de casas usadas em setembro desse ano registrou 3,96 milhões de unidades no acumulado em 12 meses, número bem abaixo dos 6,5 milhões de moradias vendidas em janeiro de 2022. Desde que o Fed começou a elevar a taxa de juros nos EUA em março de 2022, o número de casas vendidas vem recuando continuamente.
Os outros grupos que compõe o índice núcleo tiveram o seguinte desempenho na variação mensal em outubro: Veículos novos (-0,1%), Carros e caminhões usados (-0,8%), Vestuário (+0,1%), Produtos médicos (+0,4%), Serviços de transporte (+0,8%) e Serviços de assistência médica (+0,3%).
A estabilidade na variação mensal do índice cheio só foi possível graças a deflação registrada no grupo energia, que reportou recuo de 2,5% em outubro frente ao mês anterior. Nos dois meses anteriores o grupo energia havia registrado altas mensais de 5,6% em agosto e 1,5% em setembro.
A queda do preço do petróleo e seus derivados no mercado internacional ao longo do mês de outubro derrubou o custo da energia. No décimo mês do ano, o preço médio diário do barril do petróleo na bolsa norte-americana foi de US$ 85,47, contra US$ 89,10 em setembro. Ou seja, uma forte queda de 4,07%.
Já o grupo alimentos nos EUA registrou alta mensal de 0,3% em outubro, 0,1 p.p. acima do registrado no mês anterior. Apesar da aceleração na variação mensal, a alta acumulada em 12 meses recuou pelo décimo quarto mês seguido, cedendo de 3,7% em setembro para 3,3% no décimo mês do ano.
Esse movimento de desaceleração acompanha o rumo desse grupo em outros países do globo, refletindo a queda do preço das commodities agrícolas no mercado internacional ao longo desse ano. Em 2022, o início da guerra entre Rússia e Ucrânia impulsionou o preço dos grãos (trigo, milho e soja), o que encareceu o custo dos alimentos ao redor do mundo. Sem esse fator altista em 2023, há um natural arrefecimento do preço dos alimentos.
A contínua desaceleração do índice núcleo no acumulado em 12 meses, reforçou a visão do mercado de que o Fed não irá mais subir a taxa de juros nos EUA, tanto na decisão de dezembro desse ano quanto nos encontros do ano que vem. Vale lembrar que a taxa de juros norte-americana está em uma banda entre 5,25% e 5,50%, maior nível em quase vinte e três anos.
Com a inflação desacelerando continuamente, dados de atividade econômica sinalizando fraqueza, no setor imobiliário e arrefecimento no mercado de trabalho, os investidores apostam que a taxa de juros em dezembro será mantida inalterada.
Em linha com essa visão, após a divulgação do dado de inflação nos EUA, o mercado vê 100% de chance de estabilidade na decisão do dia 13 de dezembro ante 57% de probabilidade há um mês atrás.
Ademais, os investidores passaram a precificar 60% de chance de a autoridade monetária norte-americana iniciar o ciclo de queda de juros na reunião de maio do ano que vem. Há um mês atrás, essa probabilidade era de 24%.
TRIGO VOLTA A FLERTAR COM AS MÍNIMAS DO ANO NA CBOT
Os futuros do trigo registraram sua 3ª sessão consecutiva de queda na 5ª-feira (16), na Bolsa de Chicago. O contrato de mar/24, fechou cotado a US$ 5,82/bushel, sendo a sua quarta pior cotação para o vencimento. Esses níveis contam com um spread de apenas 20 centavos por bushel ante ao menor nível alcançado pelo contrato.
O contrato do trigo dez/23, que está muito próximo do vencimento, fechou cotado a US$ 5,53/bu, com apenas 10 centavos por bushel de alta em relação as mínimas do ano, de US$ 5,43/bu – patamar este, que também renovou as mínimas de 36 meses para o trigo ao final de setembro.
Embora os estoques globais de trigo estejam caminhando para o seu quarto ano consecutivo de queda, sendo o menor nível desde 2014/15. Quando observamos o cenário de curto prazo, os preços internacionais continuam pressionados pela grande oferta de trigo na região do Mar Negro, assim como, por um baixo ritmo das exportações de EUA e UE.
Mesmo com quebras significativas ocorrendo com a produção de trigo no Hemisfério Sul, Austrália (-14 MMT), Argentina (-4 MMT) e Brasil (-2,3 MMT). Alguns players produtores e exportadores, encontram-se com um saldo exportável de trigo em níveis razoáveis, atrelados a uma demanda mais fraca nesta reta final do ano.
Desta forma, com um ritmo de comercialização mais lento, os estoques internos de países como os Estados Unidos, França e Rússia, estão maiores que o esperado, o mantém esse impasse para a recuperação dos preços do trigo ao menos no curto prazo.
Entre todos os fatores que limitam a alta do trigo, ou melhor, que puxam o cereal para baixo, o principal deles é a grande concorrência de trigo russo e ucraniano, sendo despejados no mercado a preços muito descontados. Diria então, que para os preços terem fôlego para subir, a demanda internacional não poderia mais contar com a oferta de trigo desses dois países. Quando isso deverá acontecer?
Durante os meses de janeiro e fevereiro, a Rússia costuma diminuir sua capacidade de execução nos portos, devido ao mal tempo. Isso abre espaço para que os compradores possam demandar de trigo de outros players, incluindo, EUA e UE, o que traria algum suporte de alta para o trigo na CBOT/KCBT e Euronext.
Outro ponto importante para ser acompanhado, é a movimentação de compras de trigo pela China, que teve uma forte perda de qualidade na safra 23/24, diante das chuvas que ocorreram em plena colheita de trigo no gigante asiático. O USDA trabalha com 12 milhões de toneladas de trigo que poderão ser importadas pela China na nova temporada, mas já há rumores de que os números possam superar as 14 milhões de toneladas.
Enfim, é importante frisar, que em termos de volume, o mercado global ainda conta com níveis confortáveis de trigo, ainda que seja o menor nível de estoque em 8 anos. Porém, a preocupação está relacionada com a oferta restrita de trigo bom para moagem.
Na China, por exemplo, pelo menos 30-40 milhões de toneladas da última colheita foram classificadas como trigo ração. No Brasil, das 8,7 milhões de toneladas da produção, quase 3 milhões de toneladas não deverão atender os padrões da indústria. Logo, se a demanda por trigo de moagem, for maior na nova temporada, isso possivelmente irá resultar na valorização dos preços internacionais do trigo a partir do segundo bimestre do próximo ano.
O oil-share é a participação do óleo de soja em comparação à receita dos produtos da soja (farelo e óleo). Nas últimas semanas o óleo na Cbot perdeu aproximadamente 10 pontos percentuais em relação ao farelo, atingindo a mínima desde o início de 2021.
APAGÃO DO FARELO
O principal motivo que provocou esse movimento foi a forte valorização do farelo de soja na Cbot. A redução de oferta do produto na Argentina, a redução da capacidade logística no sul do Brasil em combinação com a piora no clima para o plantio no MT, forçou a demanda internacional de farelo a ir buscar as importações nos Estados Unidos.
O volume comprometido para exportação no país é o maior em 10 anos, com 4,8 milhões de toneladas vendidas para safra 2023/24. Até o mês de setembro o mercado como um todo estava precificando que o aumento da capacidade de esmagamento de soja nos Estados Unidos iria suprir tranquilamente a demanda. Os players estavam short. As esmagadoras com o farelo vendido antecipado e os consumidores comprando da mão-pra-boca.
O fator que desencadeou a explosão do preço do farelo foi o atraso das indústrias em largarem suas fábricas no início de outubro (mês que marca o início da safra para o farelo). Muitos problemas técnicos forçaram as novas fábricas a atrasarem e não conseguirem largar o esmagamento durante o mês de outubro, e para cumprir com as vendas tiveram que comprar farelo no mercado interno, e os consumidores que estavam aguardando o grande volume de oferta em outubro tiveram que sair correndo para comprar e fazer a cobertura para o inverno, gerando o famoso “short squeeze”. Os preços subiram $66/t em outubro como consequência.
Os analistas americanos já dizem que as indústrias que estavam com problemas nas operações já estão conseguindo rodar parcialmente as indústrias, logo estarão 100% operacionais, o que deve retirar uma parte do prêmio de risco adicionado às cotações.
ÓLEO DE SOJA CBOT
O movimento do óleo de soja foi o contrário, o interesse inteiro dos fundos de investimento agora virou para o farelo. A história de aumento da demanda por óleo de soja para atender ao mercado de biocombustíveis ficou em segundo plano. Os fundos venderam as posições em óleo de soja e compraram posições em farelo. Na prática os fundos venderam o oil-share na Cbot.
Porém a situação de oferta e demanda dos EUA para o óleo de soja não justifica os preços terem caído tanto. O estoque final de óleo da safra 22/23 foi revisado para baixo e é o menor em 9 anos, com 1,6 bilhões de libras, mesmo com o volume de esmagamento de soja recorde em setembro. A demanda interna continua muito forte, com os incentivos para o consumo de biocombustíveis chegando a $3,00/gln ($800/ton).
Logo, o fundamento deve voltar a chamar atenção do mercado, fortalecendo as cotações na Cbot e consequentemente o oil-share.
Dados do dia 06 de Novembro
As cotações da ureia CFR Brasil tiveram pequenas movimentações ao longo da última semana, com os preços atuais variando entre US$ 390-400/t. Na segunda-feira passada, o mercado global recebeu a notícia de que o Egito sofreria cortes no fornecimento de gás natural, o que impactaria diretamente na produção de ureia. Naquele momento, os preços da ureia FOB Egito subiram mais de US$ 15,00/t, passando de US$ 385/t para US$ 405/t. Todavia, esse movimento não afetou as cotações da ureia em outros polos. Os preços no Oriente Médio ficaram entre US$ 360-385/t FOB, ou seja, praticamente inalterados nos últimos sete dias. Em relação ao sulfato de amônio, as cotações sofreram uma leve retração, voltando para a casa de US$ 200/t CFR Brasil.
Por fim, para o nitrato de amônio, os preços na origem, ou seja, FOB Báltico, estão próximos de US$ 200/t, o que aponta para uma cotação CFR Brasil entre US$ 240-245/t.
Em relação ao mercado doméstico brasileiro, poucas mudanças foram vistas. Os preços da ureia FOB Rondonópolis ficam próximos de US$ 540/t FOB. No porto de Paranaguá, aumentaram os rumores de que a tonelada de ureia estaria a US$ 460/t FOB, contudo, não foram confirmados negócios a esses níveis. Os preços atuais FOB Paranaguá estão na casa de US$ 475/t. Na última sexta-feira, a ANDA divulgou os dados de entrega de fertilizantes no Brasil. Quanto aos nitrogenados, observou-se uma retração nos volumes entregues em 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Em relação ao abastecimento de N no Brasil, os lineups apontam para mais de 1,0 milhão de toneladas de ureia previstas para o mês de novembro, o que deixaria o quadro de oferta bastante favorável. Analisando o comportamento das aquisições no Brasil, as compras para a 2ª safra, à medida que a semeadura da soja avança, os produtores se encontram a tomar suas posições de insumos; contudo, o percentual atual é consideravelmente inferior às médias dos últimos cinco anos para o período.
No segmento dos fosfatados, os preços do MAP tiveram uma leve alta na última semana,situando-se entre US$ 555-565/t CFR Brasil. Há um sentimento de que ainda existe escassez de produtos a curto prazo no mercado doméstico brasileiro. Além disso, as entregas de fertilizantes fosfatados cresceram mais de 10% em 2023 em comparação ao ano passado.
Na cena internacional, as cotações do DAP FOB China oscilam entre US$ 580-585/t, com poucas alterações nos últimos sete dias. Já na Índia, os preços atuais se aproximam de US$ 595/t CFR; no entanto, os cortes nos subsídios do país deixam os importadores com um prejuízo de aproximadamente US$ 80/t. Portanto, presume-se que a demanda da Índia diminuirá nos últimos meses de 2023. Vale pontuar que o país asiático importou um grande volume de DAP durante o esse ano. Nos EUA, o Departamento de Comércio (DOC) revisou as tarifas de importação de fosfatados de origem marroquina e russa. No caso da OCP, o governo estabeleceu uma redução na alíquota, passando de 19,97% para 2,21%. Por outro lado, para a companhia russa PhosAgro, ocorreu o oposto, com a alíquota aumentando de 9,19% para 28,5%. Isso poderá impactar diretamente nos fluxos para o país; no entanto, a curto prazo, não se esperam alterações nos fundamentos dos preços devido a essa decisão. No mercado doméstico brasileiro, os preços do MAP FOB Rondonopolis ficam próximos de US$ 700/t, enquanto o superfosfato simples CFR Brasil está na faixa de US$ 220/t.
O cloreto de potássio tem apresentado ligeiras quedas nos últimos trinta dias. As cotações nesse momento estão entre US$330-345/t CFR Brasil. No mercado doméstico brasileiro, os preços do KCl são vistos entre US$470-485/t FOB Rondopolis. Até mesmo, segundo a ANDA as entregas de potássio em agosto foram 50% superiores ao ano passado, mostrando que o “apetite” de compra dos sojicultores voltou a crescer em 2023.
Novembro vai ser o divisor de águas – atualizado (dia 11/Nov).
AAO: O AAO deverá cair para fase negativa nos próximos dias, o que reforça a potencial reversão do padrão de clima seco na parte central do Brasil e muita chuva para a parte Sul. Essa mudança deve acontecer mais para o final do mês. Nos últimos 30 dias o EC foi mais assertivo em relação ao GFS. A vantagem é de 3 pontos percentuais. A figura 2 ainda mostra que o modelo EC ainda mostra uma tendência de clima mais quente e seco que o normal para todo o Centro-Norte do Brasil.
Argentina: As temperaturas na Argentina devem subir para os próximos dias, mas as chuvas deverão permanecer mal distribuídas. Nos Pampas os volumes de chuvas continuarão abaixo do normal e no Norte acima do normal. As chuvas chegaram tarde para o trigo, mas podem ser benéficas para a soja.
Brasil: Os modelos continuam mostrando temperaturas muito mais elevadas que o normal para 10 dias. As temperaturas podem ficar até 10 °C acima da média. Os modelos também mostram que as chuvas continuarão mal distribuídas e em menor volume que o normal. A exceção é o Rio Grande do Sul com volumes acima, estado que pode receber até 250 mm a mais que o normal.
Os futuros da soja continuam caindo. Chuvas ontem em algumas cidades do MT. É verdade que muitos ainda não receberam chuvas, mas o modelo Europeu e o Alemão continuam mostrando uma sequência muito boa de chuvas até a próxima 5ª-feira. Nesse momento está chovendo em Sinop e todo o Norte do MT. Chuvas no Goiás, Tocantins e Maranhão também.
Os prêmios da soja no Fob Paranaguá e os basis da soja CFR China estão mais firmes. Ontem corretores confirmaram negócios a -60h e -55h no março. O dia encerrou com vendedor no março a -45h. O fevereiro subiu forte também. Na 6ª-feira passada, o comprador estava no -70h. Ontem o mercado fechou com vendedor a -10h e comprador a -25h. No geral, temos uma alta de 40 centavos por bushel nos prêmios em Paranaguá. Os basis no interior começaram a subir também. Negócios reportados em Nova Maringá-MT a $23 a saca para entrega fevereiro, bem acima da paridade de exportação. Nessa semana os corretores comentam sobre falta de oferta nos prêmios, o que está relacionado à falta de interesse de venda no interior. Ontem conversei com produtores do Mato Grosso. Falar em vendas não há a menor possibilidade com as incertezas que muitos estão enfrentando. É geral que todos querem ver como a soja vai se comportar após as chuvas que estão previstas já a partir desse final de semana. Muitos falam que o replantio deve acelerar após as chuvas, mas ainda é difícil dizer qual o tamanho da área. O encurtamento do ciclo da soja será um fator muito importante na definição final da produtividade. Muitos falam que mesmo com o retorno das chuvas e queda das temperaturas, a quebra no Mato Grosso pode ser de 15%, algo entre 6 e 7 milhões de toneladas. As indicações de preços para a safra nova no Mato Grosso começaram a subir nos últimos dias, mas os basis locais ainda me parecem muito descontados, tendo em vista o crescimento da demanda local para processamento, o crescimento da capacidade de exportação pelo Arco Norte e a quebra de safra. Fora isso, continuo pensando em como um programa de milho menor no Norte irá impactar no programa da soja. Tudo indica que o programa da soja pode ganhar mais espaço.
O custo de originação mais caro da soja no Brasil já começa a ser sentido no destino também. No overnight da 4ª-feira falaram em negócios para embarque março a +48h no CFR China, pelo menos 15 centavos de alta em relação à semana anterior (CFR é o preço no destino, com frete incluso). Ontem à tarde brokers falaram em negócios no destino a +130h e +135h para embarque fevereiro, alta de 25 centavos em relação à semana anterior. Hoje comentaram sobre negócios a +137h e +138h. Parece que o clima adverso no Norte do Brasil começou a preocupar as processadoras privadas na China. Além disso, a soja brasileira parece muito barata, tanto olhando para a soja americana, como também em relação ao histórico – com exceção desse ano. Outras vezes comentei que uma quebra no Norte é muito diferente de uma quebra no Sul. Uma quebra no Norte do Brasil é muito diferente em relação a uma quebra na Argentina. A soja do Norte é a primeira soja a ser processada e é a soja que dá início ao programa de exportação brasileiro. Além disso, o programa de exportação pelo Arco Norte e Santos cresceu muito nos últimos anos, o que torna a oferta de soja e milho nos estados do Norte vital para os exportadores – em 2020-21 o volume total embarcado de soja nos portos de Paranaguá, Rio Grande e São Francisco foi de 38 milhões de toneladas, o que correspondeu a 45% do total nacional. Esse ano o total embarcado por esses portos ficará muito parecido, mas a proporção em relação ao volume total vai cair para perto de 30%. Isso quer dizer que os portos do Arco Norte e Santos cresceram em volume em participação, mais um fator de forte dependência do milho e da soja produzidos nos estados do Norte, principalmente o Mato Grosso. Além disso, programas maiores no Norte exigem compromissos logísticos maiores também, ferrovia e barcaças. Para 2024 traders comentam que praticamente 100% da capacidade logística de barcaças e ferrovias já foi vendida, sendo que a tarifa foi reajustada em 25% a 35% em relação a esse ano. Isso quer dizer que a multa por não uso do take-or-pay ficou mais onerosa. Com a redução da oferta de milho safrinha, o milho brasileiro provavelmente vai ficar acima do nível de venda dos demais exportadores, o que vai reduzir o tamanho do programa para 2023-24. A proporção soja-milho dentro do programa de exportação dos terminais do Norte provavelmente será maior para a soja em 2024.
Rápidas da manhã: A semana encerra muito bem para as bolsas americanas. O SP500 acumula uma alta de 2,3%; CPI baixo do esperado, mercado de trabalho menos apertado, encontro relativamente amigável entre Biden e Xi e o congresso americano aprovou sem discussões uma nova extensão do teto do endividamento; na China vemos o contrário. O CSI300 encerrou a semana com queda de 0,55%. Os dados na China foram melhores em outubro, o BC injetou recordes de liquidez, mas o sentimento continua cambaleando; petróleo vai encerrar a semana com queda acumulada de 4,8%, a 4ª semana de forte queda; o IDX vai encerrar a semana com queda de 1,5%, a maior queda semanal em 18 semanas; O EC e o modelo Alemão continuam mostrando bons acumulados a partir de domingo para todo o Norte e parte central do Brasil. Soja na CBOT caindo;
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 10 de novembro, os analistas alteraram apenas as suas expectativas para o IPCA. As projeções para o PIB, a taxa cambial e a taxa Selic ao final de 2023 ficaram inalteradas.
Refletindo o resultado abaixo do esperado do IPCA de outubro (Expectativa: 0,29%/Real: 0,24%), o mercado reduziu a projeção do IPCA de 2023, cortando de 4,63% para 4,59%.
A projeção para o PIB brasileiro esse ano foi mantida em crescimento de 2,89% pela segunda semana seguida.
O mercado manteve pela décima quarta semana consecutiva em 11,75% ao ano a projeção para a taxa Selic ao final desse ano, sugerindo mais uma queda de 0,5 p.p. na última reunião do ano, que ocorrerá no dia 13 de dezembro. A taxa cambial ao final desse ano também foi mantida inalterada em R$ 5,00. A sazonalidade de valorização do dólar no final do ano é que faz com que o mercado projete dólar mais alto que o nível atual (R$ 4,90).
Novamente boas vendas de algodão. As vendas de milho ficaram acima do esperado e da soja dentro do esperado. As vendas da soja foram puxadas pelas grandes compras da Sino, o que já está precificado.
DESTAQUES
Soja: As vendas ficaram perto da banda de baixo das estimativas. A China comprou 2,6 milhões de toneladas, incluindo a troca de 198 mil de destinos desconhecidos. Destinos desconhecidos compraram 721 mil toneladas. Traders na Ásia estimam compras da Sino de 62 barcos de soja americana para embarques de dezembro a fevereiro. A posição da China nos EUA está em 18 milhões de toneladas – no ano passado estava em 24 milhões de toneladas.
Farelo: Depois de semanas de fortes vendas, o encarecimento do flat price acabou reduzindo o interesse dos compradores. Os prêmios no Brasil caíram bem nas últimas duas semanas, deslocando a demanda. Ainda corre por fora a forte redução do processamento na Argentina para os próximos meses.
Milho: O milho americano passou a ser mais competitivo para embarque janeiro em relação ao Brasil. Grandes importadores na Ásia foram compradores de milho americano essa semana. Reportes de vendas de milho Fob PNW a níveis bem competitivos.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a segunda semana de novembro 1,81 milhão de toneladas. Em novembro de 2022 o total foi de 2,52 milhões de toneladas.
As exportações em março, maio, junho, agosto, setembro e outubro desse ano atingiram volumes máximos na série histórica. Estão nomeadas para novembro exportação de 3,32 milhões de toneladas e para dezembro 2,21 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 100,23 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 78,72 milhões de toneladas, consequência da
quebra da safra no país.
De janeiro a outubro o Brasil embarcou para a China 66,61 milhões de toneladas, contra 53,22 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,93 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 7 dias úteis de novembro 2,39 milhões de toneladas. Em novembro do ano passado o total foi de 5,89 milhões de toneladas.
Em setembro e outubro as exportações de milho atingiram recorde na série histórica. Estão nomeadas para novembro exportação de 5,09 milhões e para dezembro 3 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 46,77 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 46,59 milhões de toneladas, e no ano retrasado 20,78 milhões de toneladas.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 10,40 milhões de toneladas do cereal, sendo 2,37 milhões em agosto, 3,30 milhões em setembro e 3,46 milhões em outubro (recorde mensal). Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gigante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo embarcou até a segunda semana de novembro 726,3 mil toneladas. No décimo primeiro mês de 2022 o total foi de 1,50 milhão de toneladas.
As embarcações mensais desaceleraram após 4 meses seguidos de volumes acima de 2 milhões de toneladas. Estão nomeadas para novembro
exportação 1,58 milhão de toneladas e para dezembro 927,69 mil toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 22 milhões de toneladas. O principal comprador de farelo do Brasil essa temporada é a Tailândia (2,79 mmt), seguido pela Indonésia (2,96 mmt).
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 2,013 milhões de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a segunda semana de novembro 108,8 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 268,63 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,13 milhão de toneladas da fibra natural – no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,62 milhão, e do ano retrasado 1,74 milhão. O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 155,04 mil toneladas de janeiro a outubro.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 7 dias úteis de novembro 73,2 mil toneladas. Em novembro de 2022 o volume total foi de 148,26 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,67 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China representa 61% das vendas brasileiras e comprou de janeiro a outubro 968,99 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,21 milhão de toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a segunda semana de novembro 38,6 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 90,88 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,02 milhão de toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado o volume foi de 988,6 mil toneladas. De janeiro a outubro a China comprou 336,25 mil toneladas da carne suína brasileira, contra 363,57 mil toneladas em 2022.
China - Decisão da Taxa de Juros
Brasil - Boletim Focus
EUA: Indicadores Antecedentes
EUA: Condições das lavouras
EUA: Índice de Atividade Fed Chicago
EUA: Vendas de Casas Usadas
EUA: Pedidos de Bens Duráveis
EUA: Pedidos seguro desemprego
EUA: Índice de Confiança da Universidade de Michigan
EUA: Estoque semanal de Petróleo e derivados
EUA: Ata da reunião do Fomc
EUA: Feriado do Dia de Ação de Graças (mercado fechado)
Europa: PMI Composto
Alemanha - PIB do 3º trimestre
Brasil: Confiança do Consumidor FGV
EUA: Vendas Semanais USDA
EUA: PMI Composto
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O GRANDE PERDEDOR: Novamente a semana foi muito negativa para o petróleo. A redução das tensões no Oriente Médio e o menor crescimento global voltam a derrubar os preços de energia.
Os PMI industriais desde o Ocidente até o Oriente continuam caindo, um importante driver quando se pensa em consumo de combustíveis. A queda da produção industrial ao longo das cadeias globais não afeta somente o consumo de energia elétrica, mas afeta também o transporte de mercadorias.
RALLY DAS BOLSAS: Essa semana foi muito positiva para as bolsas americanas. O SP500 acumula uma alta de 2,3%, 3ª semana seguida de valorização
O CPI nos EUA veio abaixo do esperado em outubro, o mercado de trabalho americano mostra mais sinais de redução do apertado, encontro relativamente amigável entre Biden e Xi Jinping em São Francisco e o congresso americano conseguiu aprovar sem muitas discussões uma nova extensão do teto do endividamento.
A PIOR BOLSA DO MUNDO: As bolsas na China continuam performando muito mal. Nesse início de semana as ações de tecnologia na China estavam subindo, embaladas pelo encontro entre Xi Jinping e Joe Biden. Pontos importantes:
Xi se encontrou pessoalmente com Biden na 4ª-feira (15). O encontro ocorreu em São Francisco, durante o evento de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico. Os preparativos foram feitos através da comunicação e muitos gestos simbólicos.