Comentários do proprietário e CEO Taurus Trade LLC exclusivamente para a Agrinvest Commodities.
Como os comerciantes e agricultores utilizam o novo corredor de navios e quais são os planos e perspectivas para esse caminho em geral?
No momento, mais de 100 navios já passaram pelo novo corredor. Quase todas as culturas de exportação foram exportadas, como milho, soja, canola, trigo, farelo de girassol e óleo. Os primeiros embarques foram bastante cautelosos e retiraram principalmente o que sobrou após o fim do acordo de grãos. Mas depois dos primeiros casos de sucesso, os comerciantes começaram a abrir compras em portos de águas profundas. Espero que o corredor de cereais ucraniano traga efectivamente a liquidez desejada para o mercado e permita ao agricultor vender o seu produto ao preço de que necessita. Afinal, as perspectivas são as melhores possíveis e essa chance deve ser aproveitada ao máximo.
Ok, mas há algumas semanas, as tropas russas atingiram um navio mercante, que estava em um dos portos de Odesa, como resultado do qual o piloto morreu. Em relação à situação geral, a embarcação continua entrando, isso afetou os preços e o frete?
Após o ataque à embarcação e a morte do piloto, todo o mercado esperava um aumento nas taxas de frete, uma diminuição nas escalas de navios para portos de águas profundas e um aumento nas taxas de seguro. No entanto, isso não aconteceu. O frete continuou seu declínio gradual para os principais destinos, o fluxo de navios definitivamente não diminuiu e todos que planejavam carregar e passar pelo corredor de grãos ucraniano não mudaram seus planos.
Qual a situação com a plenitude dos portos e a possibilidade técnica de embarque devido aos constantes ataques de incêndio?
Em geral, há capacidades mais do que suficientes para armazenamento e transbordo de grãos nos portos de Odesa, Chornomorsk e Pivdennyi. O mercado está apenas aquecendo nesta base, então há um lugar para armazenar e não há fila para uma vaga. Além disso, há muitos comerciantes que tentam carregar parcialmente mercadorias sobre rodas, a fim de minimizar o risco de que um foguete ou drone atinja o armazém, e eles terão perdas de volume. Portanto, essa opção de carregamento misto reduz a carga sobre a infraestrutura portuária em termos de armazenagem, mas aumenta a pressão sobre o componente logístico, que é sempre um problema durante a temporada. Em geral, o descascamento e os danos não são tão críticos quanto possível, porque graças à pronta resposta dos estivadores, o grão, que foi descascado, pode ser salvo sem perda de qualidade ou grande quantidade.
ATAQUES RUSSOS À UCRÂNIA PARECEM NÃO FAZER MAIS EFEITO PARA OS PREÇOS DO TRIGO
Na noite de teça-feira (21), a Rússia atacou novamente o porto de Odesa, na Ucrânia. Os futuros do trigo chegaram a encerrar a sessão de ontem em alta, motivados por este ataque, mas também, por uma rodada de compras técnicas dos traders, já que no dia anterior, o cereal negociado na CBOT alcançou as suas mínimas de 36 meses novamente.
Hoje, os futuros do trigo em Chicago chegaram a subir 8 centavos por bushel no início da manhã, mas agora, já devolveram parte dos seus ganhos, com o mercado voltando a normalizar o cenário de risco na região do Mar Negro. O que há alguns meses era considerado um risco enorme de navegação, devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, parece agora ser considerado o curso normal das exportações ucranianas.
Tirando todas as limitações que a Ucrânia continua enfrentando em relação a sua produção agrícola, comercialização e capacidade de escoamento. Nos últimos dias, o ritmo de embarques de grãos melhorou.
De acordo com os dados do Serviço de Alfândega da Ucrânia, na temporada 23/24, iniciado em 1º de julho, o país conseguiu escoar 12,003 milhões de toneladas de grãos, incluindo 2,973 milhões de toneladas no mês de novembro. Isso está apenas 500 mil toneladas atrás do que foi exportado em todo o mês de novembro de 2022, ou seja, ainda é possível que o país consiga ultrapassar este número até o final do mês.
Por outro lado, ao compararmos o acumulado do ano/safra atual com o do ano passado, na mesma época de 2022, a Ucrânia havia exportado 16,632 milhões de toneladas.
Desta forma, com um ritmo de comercialização mais lento, os estoques internos de países como os Estados Unidos, França e Rússia, estão maiores que o esperado, o mantém esse impasse para a recuperação dos preços do trigo ao menos no curto prazo.
Por outro lado, as exportações de trigo russo para o mês de novembro, foram revisadas para baixo. Incialmente, a previsão das exportações estavam em 4,65 milhões de toneladas, mas devem ficar em 4,35 milhões de toneladas. Isso fica um pouco abaixo do ritmo de 4,74 milhões de toneladas do ano passado.
Apesar disso, a pressão por queda nos preços do trigo da Rússia parece já estar passando. Desde agosto até agora, os preços do maior exportador global de trigo estavam recuando, diante da época de colheita e riscos de guerra. Mas, com a diminuição da pressão sobre a oferta e menor interesse de venda por parte dos produtores, que já estão concentrados no plantio da safra nova, os preços estão esboçando recuperação, desde a semana passada.
A procura por trigo da Rússia também aumentou nos últimos dias, tanto no mercado interno, como de exportação, para os próximos meses. Os contratos de venda futura do trigo russo em novembro, estão em 2,8 milhões de toneladas, contra 2,0 milhões de toneladas do mesmo período de outubro.
Se os preços do trigo da Rússia continuarem subindo, isso deve contribuir para um suporte de alta para as cotações ao redor do globo, especialmente para o trigo americano e europeu.
O ano de 2023 está sendo marcado por eventos climáticos extemos. A rápida transição de um forte La Niña para um forte El Niño bagunçou o clima no planeta, resultando em temperaturas acima da média para boa parte do globo, chuvas muito acima da média para algumas regiões e muito abaixo em outras.
Para a safra brasileira, há dois meses não se falava em quebra, os principais players do mercado acreditavam em uma safra cheia com potencial de produção de 170 milhões de toneladas de soja, as previsões climáticas eram positivas com boas chuvas no radar para o sul e para o centro-oeste para o mês de outubro, porém tudo mudou.
As chuvas de outubro não vieram para a região centro-oeste e nas previsões foram postergadas para início de novembro, até aí tudo bem, o problema é que essas chuvas também não chegaram e até o dia 20 deste mês a seca permanece em grande parte do MT e MS. O estrago já está feito, já existe uma quebra cujo tamanho ainda não sabemos, mas já estimasse que 155 milhões de toneladas é um teto para a produção brasileira. Como se não bastasse, os produtores do Rio Grande do Sul já reportam um dos maiores atrasos de plantio da história, devido aos elevados volumes de chuva, e a necessidade de replantio por excesso de umidade. Uma produção sub 150 milhões é preocupante, principalmente para as esmagadoras de soja.
MARGEM DE ESMAGAMENTO
Num cenário de safra cheia, as processadoras de soja não precisam alongar os volumes comprados e competir mais acirradamente pela soja com as tradings, o preço da soja tende a se manter pressionado melhorando a margem de esmagamento. Os principais disruptores deste cenário são: 1) Margem de esmagamento positiva na China, que permite que os chineses paguem mais pela soja, tirando a competitividade das esmagadoras brasileiras, e 2) Quebra de safra no Brasil, que favorece uma comercialização mais lenta pelo produtor, e suporta o preço da soja no interior, reduzindo a margem de esmagamento. Este ponto é o que devemos observar durante o ano de 2024, comercialização mais lenta com os produtores segurando a venda da soja buscando preços mais altos.
Diante deste cenário a estratégia da processadora deve ser de aproveitar as janelas de venda do produtor e alongar ao máximo sua cobertura, evitando a originação de curto prazo.
SAFRA ARGENTINA
A definição da safra da Argentina é a única possibilidade de mudança neste cenário. O país é o maior exportador de farelo e óleo de soja no mundo, a estrutura logística e tributária favorece a exportação dos produtos em detrimento a soja, portanto, qualquer problema climático por lá influencia diretamente estes produtos.
Hoje não existe ameaça climática para o período de desenvolvimento da safra por lá, porém este ano os modelos vêm errando muito, e se as projeções começarem a indicar a possibilidade de redução da produtividade por lá, os preços do farelo de soja devem ficar mais elevados por mais tempo, melhorando a margem de esmagamento aqui no Brasil.
Em um cenário de quebra no Brasil e safra cheia na Argentina as margens de esmagamento devem cair no Brasil principalmente no primeiro semestre do ano, agora uma quebra na Argentina pode manter as margens suportadas durante o ano de 2024.
Dados do dia 13 de Novembro
A semana passada se encerrou com uma queda superior a 5,0% nos preços da ureia CFR Brasil. As cotações do nitrogenado foram observadas entre US$365-380/t. Assim, nos últimos trinta dias, os preços da ureia já recuam cerca de 10%.
Em relação ao sulfato de amônio, o movimento foi muito semelhante ao vivenciado na ureia. Os preços do SAM são observados entre US$185 e 205/t, ou seja, em sete dias, houve uma retração de aproximadamente 6,0%. Segundo o MDIC, de janeiro a outubro, as importações de sulfato de amônio foram de 3,8 milhões de toneladas, praticamente o mesmo montante do ano passado. Além disso, para os próximos 50 dias, há mais de 1,5 milhão de toneladas em nomeação.
Portanto, em 2023, devemos receber novamente por volta de 5,0 milhões de toneladas, sendo que grande parte desse volume é de origem chinesa.Percebe-se que, embora haja uma movimentação por parte dos produtores para as compras de fertilizantes visando a segunda safra, a intensidade desse movimento não é suficiente para garantir os preços fortalecidos do N. Além disso, especula-se que exista uma grande quantidade de ureia e de sulfato de amônia prevista para chegar até o final do ano que ainda não foi vendida. Além do Brasil, essa derroca nos preços da ureia também é vivenciada em outras localidades. No Egito, os preços FOB estão na casa de US$390/t; nos EUA, as referências FOB NOLA pairam em US$ 330/st, ou seja, em uma semana, os preços naquele país caíram US$15/st. Se por um lado a ureia e o sulfato estão em queda, por outro lado, as cotações da amônia ainda se mostram firmes. Os preços na Índia subiram US$30/t e são vistas próximas a US$570/t CFR. Por fim, o nitrato de amônio se mostrou estável e os preços CFR Brasil ficam ao redor de US$245/t. No mercado doméstico brasileiro, os preços da ureia ainda não deram sinais claros de queda. O índice semanal de preços da ureia acompanhado pela Agrinvest Commodities aponta para uma tonelada a R$2.580/t. Em Rondopólis, as cotações do nitrogenado ficam entre US$525-545/t FOB.
Para os fosfatados no Brasil, os preços do superfosfato simples mostraram sinais de queda, enquanto o superfosfato triplo e o MAP se mantiveram estáveis. As cotações do MAP CFR Brasil estão na faixa de US$560-565/t, com poucos lotes sendo negociados. Já o superfosfato simples, os preços do 19% são reportados entre US$180-190/t, e o 20% fica entre US$205-215/t CFR. As importações de fosfatados no Brasil continuam a mostrar recordes. Os dados divulgados pelo MDIC apontaram que nos primeiros dez meses do ano desembarcaram nos portos brasileiros cerca de 4,31 milhões de toneladas de MAP, o maior valor histórico para o período. No cenário internacional, a companhia indiana NFL recebeu uma oferta de
50.000 toneladas de DAP a US$595,10/t CFR. Os preços vistos estavam estáveis em comparação aos níveis observados no final de outubro. Contudo, a contraproposta da empresa foi extremamente agressiva; a NFL se propôs a pagar US$490/t, ou seja, mais de US$100/t abaixo do que o mercado ofertou. Isso é uma resposta direta aos cortes dos subsídios para os fosfatados, o que tirou o poder de compra dos importadores. Logicamente, o negócio não foi concretizado.
Outra notícia que balançou o mercado global esteve ligada à China. Segundo os “players”, o país poderá impor novos entraves para a exportação nos próximos meses. Até o momento, a informação não foi oficializada, e o fato também não afetou as cotações dos fertilizantes à base de P. Esse ponto precisará ser muito bem acompanhado, sobretudo no primeiro trimestre de 2024.
Os preços do KCl estão retornando às mínimas do ano. As cotações observadas na semana passada já situaram-se entre US$330-340/t CFR Brasil. As importações de cloreto de potássio em 2023 podem atingir um novo recorde histórico, dependendo da eficiência portuária será possível alcançar um montante superior a 2021, quando o Brasil importou cerca de 12,78 milhões de toneladas. As cotações no mercado doméstico brasileiro ficam próximas de US$405/t FOB Paranaguá, e em Rondopolis, as indicações pairam em torno de US$470-485/t FOB.
Novembro vai ser o divisor de águas – atualizado (dia 18/Nov)
AAO: O AAO deverá se manter na fase negativa nos próximos 15 dias, o que reforça a chance de chuvas para a região Norte do Brasil. A mudança de padrão . Essa mudança deve acontecer mais para o final do mês. Nos últimos 30 dias o EC foi mais assertivo em relação ao GFS com uma vantagem de 12 pontos percentuais.
A figura 2 ainda mostra que o modelo EC ainda mostra uma tendência de clima mais quente e seco que o normal para todo o Centro-Norte do Brasil.
Argentina: As temperaturas na Argentina devem subir para os próximos dias, mas as chuvas deverão permanecer mal distribuídas. Nos Pampas os volumes de chuvas continuarão abaixo do normal e no Norte acima do normal. As chuvas chegaram tarde para o trigo, mas podem ser benéficas para a soja.
Brasil: Os modelos continuam mostrando temperaturas muito mais elevadas que o normal para 10 dias. As temperaturas podem ficar até 10 °C acima da média. Os modelos também mostram que as chuvas continuarão mal distribuídas e em menor volume que o normal. A exceção é o Rio Grande do Sul com volumes acima, estado que pode receber até 250 mm a mais que o normal.
Foram destaques essa semana: Clima mais benéfico no Brasil, o biodiesel no Brasil e lento farmer selling do milho.
O NOAA mudou novamente sua projeção de El Niño. A temperatura das águas na região 3.4 não deve subir muito mais e deve começar a cair um pouco antes de dezembro. Alguns dias atrás, o NOAA mostrava que a anomalia das temperaturas continuaria alta até janeiro, quando então começaria a cair. A temperatura das águas na região 1+2 deve cair também, águas que banham a costa do Chile e do Rio Grande do Sul. O índice AAO deve permanecer em sua fase negativa por mais 14 dias, associado à neutralidade do Madden-Julian. Não sou meteorologista, mas os caras do Refinitiv falam que tudo isso é favorável para mais chuvas na região Amazônica. Por isso, houve mudança no padrão de anomalia de chuvas para dezembro. No último mapa de anomalias, os meteorologistas projetam chuvas dentro do normal para a região central e acima do normal para o Paraná. Produtores de grupos de Whats APP que participo, ainda falam que haverá quebras no Mato Grosso e outros estados, mas reconhecem que as condições melhoraram. No geral, as tradings estão com estimativa média de 159,5 milhões de toneladas e as consultorias com média de 158,5 milhões. Ainda é uma safra grande, mas faz parte desses números uma produção de mais de 21 milhões no Paraná e quase 22 milhões no Rio Grande do Sul. O mapa para dezembro mostra muita chuva para o Paraná e gradual redução para o Rio Grande do Sul. O ponto é que para Chicago continuar subindo, a produção brasileira precisa ser bem menor, sub-150 milhões, o que reduziria a oferta de soja para fevereiro e março, a exemplo de 2022, quando os prêmios no Brasil passaram de 130 centavos por bushel em fevereiro, embarque março. Gosto da venda do futuro novembro a 1300 e a venda da call 1400 no novembro a 55 centavos. Se os futuros subirem, você vai estar vendido em 01 volume a $13,00 e outro volume a $14,55, preço médio de venda de 02 volumes a $13,78. Se o mercado não subir, você estará vendido em 1 volume a $13,55. Por que no novembro? Acredito em alta dos basis ao longo do ano.
A manchete do Globo fala em fim da lua-de-mel entre o Governo e as usinas de Biodiesel. A ANP aprovou a importação de biodiesel até no máximo de 20% do mandatório. Isso quer dizer que no pior cenário para o setor de biodiesel, a mistura pode ir a 13% como previsto, mas na prática, recuaria para 10,4% em caso de importação dos 20%. Segundo a regra, as distribuidoras precisam comprar antecipadamente 80% do seu mandatório e os demais 20% no spot. Nesse caso, sobraria mais óleo para a exportação do que sobrou esse ano, pressão acentuada para os prêmios do óleo e sobre as margens de esmagamento. No entanto, para a medida dar certo, a PPI do biodiesel importado deverá chegar nas refinarias abaixo do preço interno. No Brasil, o preço do biodiesel CIF refinarias é balizado pela PPE do óleo de soja, mais o custo industrial e o frete até as unidades de refino. Será que o biodiesel importado conseguiria chegar mais barato que o bio nacional? Acho que a medida tem muito mais um caráter político que prático. Me parece que a importação se tornaria viável somente em caso de falta de o óleo de soja no Brasil.
Nessa semana a taiwanesa MFIG comprou milho via tender, confirmando que o milho do Brasil está fora do jogo. A empresa de Taiwan comprou via tender (licitação de compra) 65 mil toneladas de milho para embarque Jan-Fev a 157 centavos por bushel sobre o contrato março posto no destino (+157h CFR Taiwan). Com frete de 68 centavos por bushel, esse milho teria sido negociado abaixo de 90 centavos no Fob. Ofertas do Brasil para Taiwan seriam na casa dos +198h. Coreia do Sul também comprou milho. O preço foi a +174,4h CFR Coreia. As tradings falam que foi do Brasil. Com frete de 94 centavos por bushel, corresponderia a um prêmio Fob de +80h, pelo menos 20 centavos abaixo das ofertas atuais, o que só mostra que o Brasil está caro. Nessa semana corretores da Agrinvest reportaram negócios em Goiás e no Paraná. O custo de originação variou entre +130h até +145h, muito acima portanto do nível que o mercado externo está pagando. Por isso já vemos uma queda acentuada no ritmo de nomeações. Até agora o Brasil embarcou 41,7 milhões de toneladas de milho e há 2,4 milhões nomeados para esse mês e 5,6 milhões para dezembro. Se todo o volume nomeado for embarcado, chegaremos ao final de dezembro com 49,7 milhões embarcados. Do jeito que o milho brasileiro está caro, não acredito em mais de 3 milhões de exportação em janeiro. De um programa de exportação potencial de 58 milhões de toneladas, diria que vamos fechar com 53 milhões. Vamos ter um estoque de passagem maior, o que faria um colchão para uma safrinha menor. No Mato Grosso, depois de muito tempo fora do mercado spot, as usinas de etanol voltaram para as compras para entrega janeiro. As compras podem ser para carregar até a safrinha? Faz sentido se você olhar para o farmer selling para safrinha 2024 de apenas 9% no Mato Grosso, quando o normal seria vendas de pelo menos 30% em outros anos.
Rápidas da manhã: Bolsas de lado no Ocidente. O Nasdaq renovou máximas do ano; CSI300 na China encerrou hoje com queda de 0,5%; petróleo em queda de 0,75% a $76 o barril; a OPEP+ adiou a reunião para o dia 30 – lá vem mais cortes? A demanda global está fraca, essa é a leitura; índice de commodities da Bloomberg caindo 0,1%; ouro e IDX estáveis; chuvas no Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul nas últimas 48 horas. Plantio de soja na Argentina avançou bem na semana passada – parece que vem uma safra cheia;
O Banco Central divulgou na última segunda-feira a atualização das projeções das principais instituições financeiras do país para os indicadores macroeconômicos mais relevantes do Brasil.
Para a semana encerrada no dia 17 de novembro, os analistas alteraram suas expectativas para o IPCA e o PIB. As projeções para a taxa cambial e a taxa Selic ao final de 2023 ficaram inalteradas.
Ainda refletindo o resultado abaixo do esperado do IPCA de outubro, o mercado reduziu a projeção do IPCA de 2023, cortando de 4,59% para 4,55%.
A projeção para o crescimento do PIB brasileiro desse ano recuou de 2,89% para 2,85%, após duas semanas seguidas de estabilidade. O resultado abaixo do esperado para o IBC-Br de setembro justificou essa queda na estimativa.
O mercado manteve em 11,75% ao ano a projeção para a taxa Selic ao final desse ano, sendo a décima quinta semana de estabilidade na expectativa para a taxa de juros no país.
A taxa cambial ao final desse ano também foi mantida inalterada em R$ 5,00. A sazonalidade de valorização do dólar no final é que faz com que o mercado projete dólar mais alto que o nível atual (R$ 4,90).
Novamente boas vendas de algodão. As vendas de milho ficaram acima do esperado e da soja dentro do esperado. As vendas da soja foram puxadas pelas grandes compras da Sino, o que já está precificado.
DESTAQUES
Soja: As vendas ficaram perto da banda de baixo das estimativas. A China comprou 2,6 milhões de toneladas, incluindo a troca de 198 mil de destinos desconhecidos. Destinos desconhecidos compraram 721 mil toneladas. Traders na Ásia estimam compras da Sino de 62 barcos de soja americana para embarques de dezembro a fevereiro. A posição da China nos EUA está em 18 milhões de toneladas – no ano passado estava em 24 milhões de toneladas.
Farelo: Depois de semanas de fortes vendas, o encarecimento do flat price acabou reduzindo o interesse dos compradores. Os prêmios no Brasil caíram bem nas últimas duas semanas, deslocando a demanda. Ainda corre por fora a forte redução do processamento na Argentina para os próximos meses.
Milho: O milho americano passou a ser mais competitivo para embarque janeiro em relação ao Brasil. Grandes importadores na Ásia foram compradores de milho americano essa semana. Reportes de vendas de milho Fob PNW a níveis bem competitivos.
O programa de exportação brasileiro de soja embarcou até a terceira semana de novembro 3,07 milhões de toneladas. Em novembro de 2022 o total foi de 2,52 milhões de toneladas.
As exportações em março, maio, junho, agosto, setembro e outubro desse ano atingiram volumes máximos na série histórica. Estão nomeadas para novembro exportação de 1,76 milhão de toneladas e para dezembro 2,89 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 101,13 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 78,72 milhões de toneladas, consequência da quebra da safra no país.
De janeiro a outubro o Brasil embarcou para a China 66,61 milhões de toneladas, contra 53,22 milhões de toneladas na média dos últimos dois anos. Nesse mesmo período o Brasil embarcou 3,93 milhões de toneladas de soja para a Argentina, volume recorde – em todo o ano passado foram embarcadas para o país vizinho apenas 289 mil toneladas.
O programa de exportação brasileiro de milho embarcou nos primeiros 11 dias úteis de novembro 4,19 milhões de toneladas. Em novembro do ano passado o total foi de 5,89 milhões de toneladas.
Em setembro e outubro as exportações de milho atingiram recorde na série histórica. Estão nomeadas para novembro exportação de 3,44 milhões e para dezembro 4,93 milhões de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 48,89 milhões de toneladas – em todo o ano passado foram embarcadas 46,59 milhões de toneladas, e
no ano retrasado 20,78 milhões de toneladas.
No acumulado do ano o Brasil embarcou para a China 10,40 milhões de toneladas do cereal, sendo 2,37 milhões em agosto, 3,30 milhões em setembro e 3,46 milhões em outubro (recorde mensal). Na temporada passada, quando iniciou as negociações de compra do milho brasileiro por parte do gigante asiático, foram embarcadas de fevereiro a janeiro 2,14 milhões de toneladas.
O programa de exportação de farelo embarcou até a terceira semana de novembro 1,20 milhão de toneladas. No décimo primeiro mês de 2022 o total foi de 1,51 milhão de toneladas.
As embarcações mensais desaceleraram após 4 meses seguidos de volumes acima de 2 milhões de toneladas. Estão nomeadas para novembro exportação 961,67 mil toneladas e para dezembro 1,70 milhão de toneladas, portanto, o comprometido no ano é de 22,67 milhões de toneladas. O principal comprador de farelo do Brasil essa temporada é a Tailândia (2,79 mmt), seguido pela Indonésia (2,96 mmt).
O Brasil também exibe recorde nas exportações de óleo de soja, que atingiram no acumulado do ano 2,043 milhões de toneladas.
O programa de exportação de algodão embarcou até a terceira semana de novembro 169,20 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 268,63 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,18 milhão de toneladas da fibra natural – no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,62 milhão, e do ano retrasado 1,74 milhão. O principal destino do algodão brasileiro nessa temporada é Bangladesh, que comprou do Brasil 155,04 mil toneladas de janeiro a outubro.
O programa de exportação de carne bovina embarcou nos primeiros 11 dias úteis de novembro 119 mil toneladas. Em novembro de 2022 o volume total foi de 148,26 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,72 milhão de toneladas de carne bovina brasileira. A China representa 61% das vendas brasileiras e comprou de janeiro a outubro 968,99 mil toneladas, enquanto no mesmo período do ano passado o volume foi de 1,21 milhão de toneladas.
O programa de exportação de carne suína embarcou até a terceira semana de novembro 57,60 mil toneladas. No mesmo mês de 2022 o total foi de 90,88 mil toneladas.
No acumulado do ano foram exportadas 1,09 milhão de toneladas, volume recorde. No mesmo período do ano passado o volume foi de 988,6 mil toneladas. De janeiro a outubro a China comprou 336,25 mil toneladas da carne suína brasileira, contra 363,57 mil toneladas em 2022.
Brasil: Boletim Focus
Brasil: Investimento estrangeiro direto
EUA: Vendas de casas novas
EUA: Condições das lavouras
Brasil: - IPCA-15
EUA: Confiança do consumidor
Europa: Clima de negócios
Europa: Confiança do consumidor
Brasil: Relação dívida/PIB
Brasil: Inflação às empresas
Brasil: Empregos - CAGED
EUA: PIB
China: PMI
Brasil: Reunião CMN
Europa: Inflação ao consumidor
EUA: Vendas semanais
EUA: Inflação consumo das famílias - PCE
China: PMI Caixin
Brasil: Produção industrial
EUA: PMI Industrial
EUA: Discurso de Powell
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O FIM DA LUA-DE-MEL: A manchete do Globo fala em fim da lua-de-mel entre o Governo e as usinas de Biodiesel. A ANP aprovou a importação de biodiesel até no máximo de 20% do mandatório. Isso quer dizer que no pior cenário para o setor de biodiesel, a mistura pode ir a 13% como previsto, mas na prática, recuaria para 10,4% em caso de importação dos 20%. Segundo a regra, as distribuidoras precisam comprar antecipadamente 80% do seu mandatório e os demais 20% no spot. Nesse caso, sobraria mais óleo para a exportação do que sobrou esse ano, pressão acentuada para os prêmios do óleo e sobre as margens de esmagamento. No entanto, para a medida dar certo, a PPI do biodiesel importado deverá chegar nas refinarias abaixo do preço interno. No Brasil, o preço do biodiesel CIF refinarias é balizado pela PPE do óleo de soja, mais o custo industrial e o frete até as unidades de refino. Será que o biodiesel importado conseguiria chegar mais barato que o bio nacional? Acho que a medida tem muito mais um caráter político que prático. Me parece que a importação se tornaria viável somente em caso de falta de o óleo de soja no Brasil.
O MILHO BRASILEIRO FICOU CARO
Nessa semana a taiwanesa MFIG comprou milho via tender, confirmando que o milho do Brasil está fora do jogo. A empresa de Taiwan comprou via tender (licitação de compra) 65 mil toneladas de milho para embarque Jan-Fev a 157 centavos por bushel sobre o contrato março posto no destino (+157h CFR Taiwan). Com frete de 68 centavos por bushel, esse milho teria sido negociado abaixo de 90 centavos no Fob. Ofertas do Brasil para Taiwan seriam na casa dos +198h. Coreia do Sul também comprou milho. O preço foi a +174,4h CFR Coreia.